Skyscraper escrita por Constantin Rousseau


Capítulo 11
"I'm nothing"


Notas iniciais do capítulo

"Eu não sou nada"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/306864/chapter/11

Então, finalmente chega a hora. Depois de todo o teatrinho da Garota Quente e seu companheiro de Distrito, depois de todo esse tempo controlando minha raiva. Os Jogos irão começar, e nessa, como em qualquer outra edição, o mais capaz vence. A adrenalina faz meus batimentos acelerarem, meu estômago embrulhar, e mal posso conter a ansiedade no momento em que o aerodeslizador aparece, e ponho os pés nos primeiros degraus da escada que deslizou para baixo.

Não ouço o que me dizem. Nem mesmo tento entender. É um esforço desnecessário, que não me levará a lugar algum, e me deixará ainda mais aflito. Os míseros trinta minutos que passamos dentro daquela bugiganga capitalesca parecem se arrastar cada vez mais lentamente, e tenho a impressão de que jamais sairei dali. É sufocante, e completamente incômodo. Denya, ao meu lado, chiava feito uma chaleira no fogo, como se não pudesse parar de falar durante um só segundo. Pergunto-me se ela foi paga para fazê-lo, embora, de fato, não me interesse pela resposta.

Café da manhã. Água. Dentes escovados. Roupas decentes colocadas.

Meu coração bate tão forte e tão rápido, que mal posso identificar qualquer outro som que não o dele.

Tum-tum. Tento controlar a respiração, a afobação, o desespero para estar na arena e finalmente ter uma arma em mãos. Tum-tum. Tento me recordar de todas as lições que tive, de todos os treinos, de cada momento. Tum-tum. Pergunto-me o que Clove está fazendo agora, e isso, de imediato, desencadeia uma série de pensamentos que eu poderia ter deixado para mais tarde.

Se estivéssemos juntos agora, o que eu lhe diria? Parece tudo tão confuso e assustador. Eu não sou como o garoto do D12. Eu não preciso “me declarar” para toda Panem, não preciso nem mesmo dizer por que estou aqui; não para todos, pelo menos. Se o fizesse, seria tão patético quanto ele. Mas ela se importaria? Olharia novamente para meu rosto, para meus olhos, de maneira diferente? É como se eu já estivesse morrendo. O que, de certa maneira, me torna ainda pior, inferior. Porque, se eu for embora agora, quem irá proteger Clove? Se eu morrer agora, quem irá chorar por minha morte? Parece doentio. Quanto mais tento afastar os devaneios estúpidos, mais força eles parecem ganhar. Quanto mais tento evitá-los, menos sentido as coisas ao meu redor parecem ter.

Eu vou morrer.

Quando finalmente me dou conta disso, o círculo de metal já me empurra para fora do cilindro no qual entrei faz menos de um minuto, para o ar livre. A luz intensa do sol fere meus olhos, mal tenho tempo para processar a informação, enquanto o vento sopra e faz um zunido incessante. Meus ouvidos parecem bem mais sensíveis que o normal, quando a voz de Claudius Templesmith ecoa ao meu redor, anunciando o início de tudo.

Eu vou morrer.

— Senhoras e senhores, está aberta a septuagésima quarta edição dos Jogos Vorazes!

Nunca antes a realidade me atingiu com tanta força.

Eu vou morrer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!