Pelo resto da noite, meu coração parecia uma bomba pulsante prestes a explodir. Nick e eu resolvemos que queríamos mais privacidade, o que era engraçado, já que nosso namoro nem era oficial ainda.

Ficamos passeando pela vizinhança, de mãos dadas. As ruas estavam vazias, o que era bom, já que nós beijamos bastante. Não era o tipo de beijo ardente e desejoso. Era mais para algo bem apaixonado.

Fomos para a minha casa, já que minha mãe não estava lá. Sentamos na grama do quintal. Eu apoei minha cabeça no ombro dele.

- E Josh? - perguntou ele. 

Eu suspirei.

- Eu ia terminar com ele de qualquer maneira pela manhã.

- Por que?

É, Samantha. Por que?

- Por várias razões. - respondi. - Eu já não estou mais apaixonada por ele.

Nick sorriu convencido.

- Oh, é mesmo? Quer dizer que há outro garoto? Quem é ele, Sam?

Eu soquei seu ombro de leve.

- Cale a boca. Além disso... - suspirei. - Ele me traiu.

Ele franziu as sobrancelhas.

- O que?

- Bem, estávamos na balada. E eu vi ele beijando outra garota.

- E ele não estava bêbado?

- Estava. Mas já me disseram que algo que você diz bêbado, é algo que pensava sóbrio. Talvez isso sirva para ações também.

Ele deu de ombros.

- Talvez.

Ficamos em silêncio por alguns momentos. O céu estava negro, haviam muitas estrelas, e era noite de lua cheia.

- Nick? - chamei.

- Hm?

Eu respirei fundo.

- Por que não me chamou para sair antes?

Ele ergueu as sobrancelhas e mordeu o lábio.

- Bem... primeiramente por que estava com Charlotte. E, bem, você não parecia gostar de mim, sabe... dessse jeito. Eu tinha medo de estragar nossa amizade.

- Mas se você gostava de mim este tempo todo, por que começou a namorar Charlotte em primeiro lugar?

Ele riu.

- No começo... Eu gostava de você. Mas não estava apaixonado. Isso começou há alguns meses.

Eu sorri.

- Então... você está apaixonado por mim agora?

Antes que eu pudesse reagir, ele me fez deitar e rolou por cima de mim. 

Nick colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Sim. - sussurrou ele. - Eu estou completamente apaixonado por você.

Eu sorri e o beijei.

( ... )

Acordei com dor nas costas. Sem perceber eu e Nick tínhamos dormido no quintal, e, apesar da grama ser macia, não foi legal dormir no chão.

Notei que NIck provavelmente ia acordar com uma dor horrível no braço que eu estava deitada. Me levantei e fechei os olhos por causa da luz forte do sol.

Eu balancei Nick de leve.

- Nick. - murmurei. - Acorde.

Quando ele não acordou, eu bufei e fui até a sala pegar um copo d'água. Joguei na cara dele.

Ele acordou tossindo, o que devia ser algo ruim, e percebi mais tarde, que ele podia ter sufocado. Mas, qual é, na hora foi tão divertido!

- Samantha! - tossiu ele. - Que merda, garota. Por que você fez isso?

Eu segurei o riso.

- Bem, está na hora de acordar.

- Que horas são?

Dei de ombros.

- Sei lá, umas seis e pouco.

Ele limpou a água do rosto e me encarou.

- Por que? - choramingou ele.

Eu sorri.

- Eu acordei, então não quis ficar sozinha. Estava chato.

Ele revirou os olhos, e cobriu-os com o braço.

Eu peguei sua mão.

- Vem. - falei. - Vou preparar um sanduiche. 

Ele sorriu e se levantou.

Fomos para a cozinha. Ele se sentou na mesa enquanto eu preparava um sanduiche. Quando terminei, me sentei no balcão e dei uma mordida.

- E o meu? - perguntou ele.

Dei de ombros.

- Eu disse que prepararia um sanduiche. Nunca disse que seria pra você.

- Qual é, Sam... Você tirou o dia pra me irritar hoje?

Eu sorri.

- Estou brincando. - entreguei o prato a ele. - Fique com este. Vou fazer outro.

(...)

Nick ficou na minha casa até a hora do almoço, depois eu o mandei embora, por que precisava ir falar com Josh.

Dirigi até a sua casa e subi até o seu apartamento. Estranhei quando encontrei a porta entreaberta.

Bati de leve e resolvi entrar.

- Josh? - chamei. - Olá?

Eu o encontrei em sua cama, dormindo. Fui até ele e sacudi seus ombros.

- Josh. Acorde.

Suspirei quando ele não acordou.

Por que esses garotos eram tão preguiçosos? 

Fui à cozinha e peguei um copo d'água. Joguei na cara de Josh.

Comecei a me preocupar quando, mesmo assim, ele não acordou.

Franzi as sobrancelhas. O que estava acontecendo?

- Josh. - falei alto. -JOSH!

Eu comecei a puxar seus braços.

- Josh Wilson, se isso for algum tipo de brincadeira...

Mas ele não acordou. Chequei seu pulso. Estava muito fraco. Mas ainda está pulsando, pensei, ainda está pulsando.

Quando meus olhos já estavam começando a encherem-se de lágrimas, ele tossiu. Eu solucei e o chamei mais uma vez.

Ele abriu os olhos.

- Sam?

Eu desabei a chorar e o abracei.

- Josh! Oh, meu Deus! Nunca mais fassa isso comigo.

Ele franziu as sobrancelhas.

- Me desculpe. Acho que estava com um sono pesado.

Eu suspirei e sequei minhas breves lágrimas.

- Certo. Escute, precisamos conversar sobre algo sério.

Ele pareceu sair de um transe, como se lembra-se de algo.

- Oh, não. Sam, temos que sair daqui! Eu tenho que ir embora!

Eu o encarei.

- O que? Mas do que é que você está falando? Você quer fugir disso, Josh? Por que...

- Que horas são? - perguntou ele. 

- São umas duas e meia. - respondi incrédula.

Seu rosto perdeu a cor que lhe restava. Ele agarrou minha mão.

- Vamos, Sam. Temos que ir agora!

Ele me arrastou pelo apartamento.

- Josh, do que você está falando? Será que pode me explicar?

Ele parou em frente a porta de entrada e me encarou. Ele tocou minha bochecha, e, por um momento, eu senti seu medo. Medo de algo que eu desconhecia.

- Sam... - disse ele. - Por favor, me perdoe. Eu amo você, e eu nunca devia...

Sejá lá o que fosse que ele ia dizer, não houve tempo. Dois homens encapuzados arromabaram a porta.

Se possível, Josh ficou ainda mais pálido.

Os homens sorriam ameaçadores.

- Josh Wilson. - disse um deles. - Bem, bem. Então, você tem o pagamento?

Josh agarrou minha mão e me puxou para trás dele.

- Não. - respondeu. - Mas eu juro, me deem mais algumas semanas e eu...

- Não, não. Chega de mais tempo. Eu cansei disso. Preciso do dinheiro agora. Tem ou não?

Josh abaixou a cabeça.

- Não.

Eu engoli em seco.

Foi de repente. Eu não esperava que isso acontecesse. O homem mais alto tirou um revolver do casaco e atirou. 

Atirou em Josh. Direto no coração. Simples assim, ele caiu no chão, inconsciente. Com um buraco na blusa, e sangue jorrando dele.

Eu me agachei ao seu lado.

- Josh. - sussurrei com um nó na garganta. - Josh, por favor...

Mas ele não respondeu. Ninguém disse nada. Os homens foram embora. 

E eu mergulhei numa escuridão infinita, ainda sentindo o toque de Josh em minhas mãos.