Luz Negra I - Oculta escrita por Beatriz Christie


Capítulo 8
Capítulo 8 - A Proposta


Notas iniciais do capítulo

Espero que haja sol no caminho que escolherem trilhar, que sempre tenham alguém com quem contar e que sejam fortes caso em algum momento se sintam sozinhas (os). Feliz Natal, Beijos- Beatriz ♥



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"Carregadores?" O que raios era isso?! A reação de tia Deborah me fez entrar em pânico também, mesmo que eu não fizesse idéia do que isso era.
–- O que a senhora disse há pouco?
–- Nada filha, nada! Não é nada.- ela disse com urgência. Estava claro que essa não era a verdade.
–- Pode ser tudo, menos "nada". Olhe só pra senhora!
–- Eu só... esqueci meus remédios da pressão!- ela olhou em volta, sem conseguir me encarar.
–- Por favor, tia Deborah! A senhora não tem pressão alta, nem baixa e nem nada! Não minta, eu te conheço e ouvi o que a senhora falou!

A demora de Deborah me causava cada vez mais aflição, parecia que quanto mais eu perguntava, menos atenção ela me dava. Então, decidi tomar uma abordagem diferente.
–- Tia Déborah, por favor. Eu preciso que a senhora se acalme e me fale, o que são carregadores?
–- Shhh! Shhh! A voz é algo muito forte! Não fale de algo que não deseja atrair á você! - ela me repreendeu, seu olhar parecia um tanto paranóico e suas mãos tremiam enquanto ela fazia sinal para que eu me calasse.

Eu nunca acreditara em fantasmas ou qualquer tipo de coisa sobrenatural. Não sou essas garotas fanáticas por zumbis ou vampiros. Caso tia Deborah tivesse simplesmente levado meu relato á sério e me dito coisas como "Isso é coisa da sua cabeça" ou "Você está passando por um momento difícil", provavelmente com o tempo eu teria acreditado na teoria da própria Amanda para o meu acidente e tentaria dizer a mim mesma que aquela névoa nunca tentara me matar. Mas, a reação de Deborah me fez levar a sério e sentir tanto medo quanto ela de algo que, até segundos atrás, eu não sabia que existia.
–- A senhora não vê? Se a senhora não me ajudar, eu estou completamente á deriva! Isso. Essa coisa. Tentou me matar! Como vou me defender de algo que não conheço? Só a senhora pode me ajudar, eu não sei o que fazer. Mas, pelo visto, a senhora sabe.

Tia Deborah caiu em prantos. Ela chorou e chorou. Chorou como se não fosse parar mais. Chorou mais em 10 minutos do que eu achei que alguém pudesse chorar.
–- Eu falei pra sua mãe! Falei que não iria adiantar! Mas ela sempre foi teimosa, assim como você. - ela parou por um instante de chorar e me olhou nos olhos- Mas, nós somos o que somos. Todos temos nossa essência - ela disse, enxugando o rosto.
–- Eu... continuo sem entender. - me entristeci. - Se a senhora não me ajudar, vou ter de procurar outra pessoa ou investigarei por conta própria.
–- Não! Você deve evitar ficar sozinha, entendeu? Cuidado com as pessoas, nem tudo é o que parece.
–- A senhora quer me dizer, por que não diz de uma vez?! - aquilo já estava me aborrecendo de verdade. -Vou começar a achar que a senhora está simplesmente surtando!
–- Eu estou velha, é só isso. Me perdoe filha. Tudo isso mexeu muito comigo. Eu vou pra casa agora e você deve descansar.- ela se levantou da cadeira. Me abraçou e beijou-me a testa. Quando abriu a porta, deu de cara com Andrew, que chegara com seu suco.
–- Aqui está. - ela pareceu que nem o viu e passou direto por ele. - A...a senhora não quer mais?

Meu quarto ficava no fim do corredor, era a última porta de frente para o comprido corredor de quartos. De modo que pudemos a ver, até que desaparecesse entrando no elevador. Andrew ficou com a maior cara de interrogação do mundo, só não maior do que a minha, é claro.
–-Eu demorei tanto assim?- ele disse amuado - É que as filas estavam enormes.
Essa hora todas as visitas vão comprar seus jantares lá em baixo e...
Percebi que mal estava ouvindo o que ele dizia. Havia muitas coisas em minha cabeça para processar. Elas eram mais importantes do que o restaurante do hospital, mas me senti mal por Andrew achar que a reação de tia Deborah era culpa dele.
–- Desculpe, amor. Não foi você, foi culpa minha. Eu e Deborah não tivemos uma conversa muito agradável...
–- Você e a Deborah? Sério? Vocês sempre foram mais ligadas até do que você e sua... - ele cortou a fala, mas eu sabia o que ele queria dizer.
–- Minha mãe. Tudo bem, você pode falar dela sem problemas. Está mais do que na hora de eu aprender a conviver com isso. Eu já devia ter superado...
–- Não! Não fique triste você também. Você tem que ficar bem, pra gente sair daqui logo. Olhe, sua garganta já melhorou muito, muito mesmo. - ele disse, animado.
–- É, isso é verdade. - no calor da discussão, eu mal percebi que minha voz realmente estava voltando. Mal me recordava de que ela estivera tão ruim.
–- Viu! Um motivo pra você ficar feliz. - Andy aproximou-se da cama. Então, me encolhi para um canto, assim ele poderia deitar-se comigo. -- Pra mim isso não é tão bom. Vou perder minha princesa robô e você vai voltar a ser uma princesa comum. - ele disse, aconchegando-se ao meu lado. -- Nossa, cara. Eu estou com sono, de verdade!
–- Como se fosse difícil ver você com sono, né?- brinquei, aninhando-me nele. Pela primeira vez, senti minha cabeça doer.- Ouch! Tinha me esquecido desse machucado idiota!
–- Quer que eu chame o médico?
–- Não, não precisa. O horário de visitas já passou. Caso te vejão, o mandarão embora.
–- É mesmo! Ai, ai... Comigo aqui você está triste e com dor. Se continuar assim, não vão mais deixar você me ver. - ele disse rindo, antes de me ver revirar os olhos. -Tá pensando o que? As enfermeiras já conhecem meu codinome das ruas.
–- Ah, você tem um apelido das ruas agora?- não pude deixar de rir.
–- Claro! "O Destruidor". Ao menos é assim que se referiram á mim no jornal. - ele disse, com um sorriso convencido.
–- Quer dizer então que os campos de futebol viraram ruas? Hmm, prossiga.
–- Você é muito chata menina! - ele disse rindo, e virando-se para mim - Desse jeito, vou ter que fazer uma coisa...
Andrew ergueu-se um pouco e deixou seu rosto parado assima do meu. Ficamos alguns segundos nos olhando, e então nos beijamos.

Andy, era engraçado como falar esse nome me trazia milhares de lembranças. Mesmo estando com ele naquele momento, era como se no começo do namoro nós fossemos outras pessoas. Aquele cara que sempre fora o palhaço da turma, um dia tentara zoar da garota tímida da sala, ao menos ele achava que eu era tímida. Só não contava que ela fosse lhe dar um fora diante de todos. Depois disso, no colegial, é estranho eu sei, mas nos tornamos amigos. Amigos de verdade. Faziamos tudo juntos, até nossos amigos se uniram e nos transformamos em um único grupo. Então, comecei a sair e me divertir. A vida era fácil, mas de lá pra cá, muitas coisas mudaram.

–- Sinto sua falta.- andrew sussurrou em meu ouvido, assim que parou de me beijar. Então foi beijando minha bochecha até parar em minha boca novamente. - Mesmo com os seus atrasos. Eu sinto falta de ter você, seu cheiro no meu carro de manhã. Sinto falta de ter você dormindo comigo a tarde depois dos treinos. Sinto falta de ouvir os seus blá blá blás com a Luna...
–- Também sinto, amor. - eu disse, enquanto o abraçava e beijava mais intensamente.

Nós eramos como peças. Peças de um mesmo quebra-cabeças. Dei meu primeiro beijo com ele, apesar de meu coração parecer que ia saltar para fora de meu corpo, não fora nada difícil como diziam. Tudo com ele parecia fácil. Éramos como melodias, na mesma sincronia.

Andrew parou de me beijar novamente.
–- Quero te fazer uma proposta.- ele disse, me encarando.
–- Quer que eu me torne a Senhora Willians?- eu disse, levantando uma sobrancelha em tom de gozação.
–- Sim. O que você me diz?-- ele continuava me encarando.
–- Eu gosto do seu sobrenome. Mellany Willians Vidalgo. - continuei rindo.
–- Estou falando sério. Mellany, as coisas não são as mesmas desde que você se mudou.
–- Eu sei- eu disse com pesar.- Parece até mais do que meia hora de distância. Quando eu comprar um carro as coisas ficarão mais fáceis. Ainda não te contei, mas eu não vou mudar mais de colégio. Eu ia fazer uma surpresa.
–- Não é só isso. Daqui a poucos meses o ano acaba. E depois? Vamos pegar nossos carros para nos vermos 4 vezes por semana? Eu quero você Mellany, quero você comigo todos os dias. Pra sempre. Você aceita se casar comigo no ano que vem?


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Notas finais do capítulo

UUh, fortes emoções. Corri aqui mesmo em véspera de Natal pra deixar esse capítulo pra vocês. Espero que gostem!