E o Amargo Vira Doce escrita por Iulia


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

'Tá que pariu, mais um trailer!
Apenas essa frase é o que eu gostaria de dizer pra vocês, já que foi ela me motivou a postar agora. Eu sinto muito, mas estou escrevendo corrido, ou seja, não estou separando os capítulos, de modo que o fim deles tende a ficar meio broxa. Mas, enfim, no próximo as coisas realmente começam a acontecer, já que eles saem pra aquela missão agourenta lá e dá tudo errado. E é isso.



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Me despedir do pessoal de casa é uma tarefa árdua e complexa para a qual não estou preparada.

Minha mãe tenta ser firme. Ela diz que colocou no mundo uma vencedora que não vai morrer num lugar onde as pessoas incrustam jóias nos cílios, mas deixa umas lágrimas caírem. Meu pai estala a língua e diz que tudo está bem, como se eu fosse boa o suficiente pra ele sequer ter de se preocupar. De repente, ele sente que eu passo longe demais disso pra ser sensato demonstrar a inquietação.

Meus irmãos confiam em mim o suficiente pra agirem tranquilamente. Mas Harry, não. Esse cara se agarra a minhas pernas e chora tanto que fico desconcertada. Seu avô tem de puxá-lo e o trancar no compartimento. Assim que ele bate a porta, peço perdão pelo constrangimento. Ele não é de falar muito, então só anui e me estende a mão. A aperto, sorrindo cordialmente.

Eu não encontro Enobaria em lugar nenhum. Volto para meu compartimento, agora vazio, e espero pouco tempo até baterem na porta.

– Oi – digo, desconcertada. – Quer entrar?

– Vamos pular essa parte, Clove, vim só me despedir.

– Ah. Bom. Se despeça, então – dou de ombros, sorrindo.

– Eu não vou admitir que você morra na praia. Não ouse brincar lá, eu não treinei uma perdedora. Pelo menos uma vez na sua vida, trabalhe decentemente e se esforce pra não morrer.

– Ok – respondo automaticamente, acostumada demais com todas essas instruções frenéticas e ferozes de Enobaria. Então eu a abraço, porque talvez não esteja tudo ok e eu morra lá, na praia, como ela diz.

– Não morra, Clove.

– Não vou.

Ela se separa, me lança mais um olhar que poderia ir de raiva a angústia e sai andando rapidamente. Tomo banho e vou me deitar. Sequer abro os olhos quando Cato abre a porta, ainda que ele faça barulho o suficiente pra eu poder dizer que essa é exatamente sua intenção. Só me viro pra falar com ele quando está se deitando.

– Não vai se despedir?

– Já fui. Sua mãe ficou chorando.

– Eu sei. E o seu irmão?

– Ele diz que não quer ficar sozinho. Que a gente tem que voltar.

– Nós vamos. Voltar por ele – isso é uma promessa.

– Espero que sim, Clove – ele fala com o tipo de advertência em tom de ameaça com a qual as pessoas avisam as outras que elas estão ferradas se algo der errado.

– Pode ter certeza, querido.

Eu não estou esperando realmente que dormiríamos, mas não estamos conversando, porque Cato está antipático demais esse tempo todo. Mas ele se vira pra mim umas horas mais tarde.

– Clove.

– O que é?

– Eu sinto muito. Por tudo que eu fiz com você desde que a gente se conhece.

Me viro pra ele também, quase assustada.

– Ok, eu sei. Cato. Eu estou sacando a sua. Não faz drama.

– Sério. Eu não fiz nada por mal, exceto naquele tempo que eu odiava você e queria te matar. O resto foi porque eu fiquei nervoso com você, mas nada foi pra ter magoar de verdade.

– Aham, eu entendo. Idem, você sabe.

– Eu sei.

– Você parou com a idiotice, não foi? Então eu posso dormir com você?

– Pra mim você já estava fazendo isso, mas tudo bem, anã. Venha.

Então eu me deito perto dele, o apertando e deixando que ele mexa no meu cabelo.

Milagrosamente, conseguimos dormir. No outro dia, eu acordo realmente nervosa e tendo semi-ataques de nervos até Cato ter que me beijar o tempo todo e andar apertando minha mão. Estou me sentindo uma Annie Cresta indo pra guerra. Claro que é um pouco patético.

Mas chega um momento em que eu me acalmo. Respiro fundo, prendo meu cabelo, tomo consciência dos milhares de armas em nossa posse. Entro no aerodeslizador. Pousamos no 12. Quero sair correndo de volta agora, mas ignoro os restos que um dia foram humanos e entro no trem. Está lotado.

A viagem dura dois dias. Deito no ombro de Cato e durmo o máximo que posso. Quando estou acordada, fazemos umas brincadeiras idiotas e todo mundo olha pra gente quando rimos muito alto. Não me importo muito. As pessoas tem que rir um pouco, já vão chorar o suficiente quando chegarem. Inclusive conversamos um pouco com outras pessoas e disputamos umas quedas de braços trapaceiras, porque estou certa de que Cato faz alguma coisa estranha pra conseguir vencer todo mundo sempre. Gale tenta nos repreender com seu olhar.

Quando chegamos, dentro de um túnel da montanha da Capital, há mais seis horas de caminhada nos aguardando, feita apenas sobre uma linha verde pra marcar o jeito certo de voltarmos a superfície.

O acampamento rebelde conta com dez quarteirões além da estação de trem deles. Já está cheio de soldados e barracas, ainda que essa parte só esteja no poder dos rebeldes a mais ou menos uma semana. Eles tiraram os Pacificadores daqui, e agora, eles estão todos no interior da Capital. Eles nos indicam o espaço onde deveremos montar as barracas.

Mitchell pergunta sobre o risco de bombardeios e como somos os únicos do distrito 2 aqui, há vários olhares dirigidos em nossa direção quando a resposta é que não há o risco, considerando que a força aérea deles foi destruída no ataque a nossa casa. Parabenizam Gale e, quando caminho para ultrapassá-lo, sussurro um “parabéns, Gale” venenosamente. Eu acho que ele quer me puxar pelo cabelo e arrastar minha cara nas pedras.

Como ninguém possui mais força aérea, esperamos que não haja muitos mais danos. Se restou algum com o lado deles, provavelmente Snow vai usar pra fugir.

Os dias restantes são mortalmente inúteis. Ao menos para nosso esquadrão. Eles nos gravam atirando em coisas inúteis só pra dar efeito, falando que se atirássemos só nos casulos, eles saberiam que estamos com o programa. Mas acho que é só pra não corrermos riscos reais. É patético, mas engraçado. Uma vez Cato se corta com um caco de vidro cor de rosa e eu pergunto se eles não querem o maquiar pra parecer que tem mais sangue e fazermos assim uma ceninha dramática. Me ofereço pra me jogar no chão e pingar uma lágrimas. Eles chegam a pensar sobre o assunto, mas decidem que ainda não é a hora.

Eu não faço nada, realmente. Às vezes fico na barraca olhando pro teto e às vezes observo os soldados reais fazendo coisas. Mas tudo é inútil, porque eu sequer uso minha barraca e esses soldados logo vão morrer. A realidade é que tenho que dormir com Cato, mesmo que talvez isso seja proibido. Ninguém fala nada. Talvez finjam que não vêem.

Enquanto monto e desmonto meu revólver na beira da barraca, Finnick vem falar comigo.

– Gale não vê a hora de vocês irem embora – ele começa, se sentando ao meu lado e sorrindo amigavelmente.

– Gale tem um sonho impossível. Nós não vamos embora – respondo, olhando para uma peça que encaixo com tanta força que deve ter quebrado.

– Bom. Então deveriam começar a se entender.

– Não estou interessada nisso.

– Ficará quando precisar que ele salve sua vida.

– Não me esforço em vão. Ele não vai salvar minha vida.

– Gale é uma boa pessoa, Clove. Ele não iria deixar ninguém morrer só por causa de um desentendimento.

– Você viu o que ele fez no meu distrito. Não foi uma boa pessoa e deixou todo mundo morrer por causa de um desentendimento – me levanto, levando a arma junto.

– Por que você fica agindo assim aqui? É mecanismo de defesa? – Finnick dispara, enquanto eu me afasto. Me viro de novo pra ele, lentamente, pra que ele se arrependa de ter me chamado.

– Está falando do quê?

– Você não é assim – então ele sorri, como se tivesse sacado a minha. – As pessoas contam histórias suas que não tem nada a ver com isso aí que você está interpretando.

– Contam que eu sou uma doce garota acometida de uma paixão avassaladora pelo meu antigo companheiro de distrito, ornada com um espírito justiceiro e rebelde? Questão de ponto de vista. Reflita sobre o modo como as pessoas usam as palavras.

– Contam que você não deixaria um companheiro morrer.

– Eu deixaria com facilidade qualquer um morrer se passasse a me trazer problemas.

– Eu entendo sobre atuações, cravinho – ele está sorrindo de novo, sacudindo a cabeça e erguendo as sobrancelhas.

– Você não entende nada, Odair. Qualquer coisa diferente disso aqui é uma mentira. Esqueça o que você viu antes.

– Bem, cada um sabe o que é – Finnick se levanta, agindo como o galã que representava na Capital. – Mas eu não diria que uma pessoa que chora quando visita doentes seja capaz de sabotar um companheiro.

Descubro que Finnick me irritou quando desisto de ir atirar e volto pra barraca, subindo o zíper bruscamente e começando a rugir de raiva.

Ele está errado. Isso aqui sou eu. Isso aqui sempre fui eu. O que ele vê acontecendo entre Cato e eu só acontece entre Cato e eu. Longe daquilo, eu sou todo esse ser arrogante e estúpido que não pode se sentar com um cara do seu esquadrão e conversar. E é isso. Danem-se as lágrimas com os doentes e as mãos estendidas para as crianças e os velhos. Eu só sou digna e sei que nós protegemos o mais fraco. Fim de assunto.

Mas mais tarde, as coisas não são exatamente assim. Quando Cato rasteja para a minha barraca de noite, o assunto ainda está latejando na minha mente.

– Cato. Eu sou uma manteiga derretida?

– Claro.

A espontaneidade e o ar de obviedade que ele usa são como uma mão me empurrando pra trás. Permaneço um tempo sentada, olhando pra baixo, tentando entender isso.

– Sério?

– Aham. Você é assim – Cato dá de ombros, arrumando seu saco de dormir.

– E se eu discordar?

– Vai estar errada, como sempre.

– Mas eu não sou assim.

– Qual é, Clove, menos. Todo mundo sabe disso.

– Pode pelo menos me dar um exemplo?

– Eu posso dar vários, mas isso seria humilhante – Cato faz uma pausa pra rir como se soubesse de algo que eu não sei. – Não vou falar nada que me envolva. Você assistia a Colheita e toda vez que via alguém que parecia fraco, desviava o olhar.

– Eu estava indo matar essas pessoas. Pessoas mais fracas que eu.

– Então eu não sei – ele diz, claramente sabendo, só para encerrar logo o assunto e me fazer calar a boca. - Só sei que não botei muita fé em você.

– Não bota ainda?

– Até que boto. Mas você não é capaz de fazer certas coisas.

Fico sem resposta por algum tempo, olhando novamente pra baixo, acho que tentando analisar sua frase. Ele me puxa pra um abraço com o ar conformado e contrariado de quem é forçado pela ação de outras pessoas a fazer alguma coisa.

– Você dá conta. Quem te falou sobre isso?

– Finnick. Nós estávamos falando sobre o Gale e chegamos nesse ponto. De eu não matar um “companheiro”.

– De um modo ou de outro, Clove, você não é todo esse animal que as pessoas dizem. Até que é uma boa pessoa. Vamos dormir agora.

No outro dia, há uma morte. Uma das gêmeas atira num casulo que não manda os mosquitos bestantes que estavam esperando, mas lança dardos de metal pra todos os lados. Ela morre com um no cérebro. Eles entram em contato com Plutarch, então ele diz que vai fazer logo uma substituição.

Passo o resto do dia e a metade do segundo desesperadamente torcendo para não ser qualquer próximo meu, inspirada pela experiência da garota que chamam de Legg 1. Também penso bastante sobre essa conversa de quem eu realmente sou. Mas a primeira questão parece ser mais urgente, de modo que sou a primeira a ver quando o novo membro do esquadrão aparece.

De fato não é qualquer pessoa próxima. É Peeta Mellark. Ele não tem mais algemas ou guardas, mas carrega uma arma. Fico indecisa com relação a guardar ou não as minhas facas, temendo pela minha própria segurança, mas também pelo que o novo psicológico dele pode fazer se me ver com elas novamente.

Mas eu não guardo, só o analiso levemente e me junto ao resto do pessoal, que está realmente nervoso com isso. Boggs pega sua arma e diz que vai ligar pra alguém. Dou um jeito de achar Cato, com uma gloriosa expressão de confusão total, e fico perto dele até Peeta dizer:

– Não vai ter problema. A própria presidenta me designou. Ela decidiu que os pontoprops precisavam de um pouco mais de animação.

Antes que tivessem colocado sangue falso no Cato e me feito chorar do lado dele. Isso aqui vai nos trazer problemas. Mas se ela se refere a mortes sangrentas e conflitos dramáticos causados por Snow, Coin vai ter realmente muita animação.

Boggs volta furioso do seu telefonema. Me sento na porta da minha barraca e observo Peeta montar a sua. Cato vem se sentar ao meu lado, sorrindo ironicamente porque tudo está dando errado demais pra fazer qualquer outra coisa. Sorrio de volta.

– Está com medo dele?

– Não. Isso é mais trágico do que assustador.

– Ele vai acabar matando ela.

– Ele foi programado pra isso, não é, querido?

– E ela? Como será que Catnip vai reagir?

Eu rio da falsidade encantadora do meu esposo.

– Sei lá. Ela não parecia ter muitos problemas pra matar ele na primeira arena.

– Clover, querida, qualquer um de nós parecia disposto a matar qualquer um.

– Talvez ela simplesmente largue tudo e fuja.

– Fugir pra onde?

– Você realmente tem que ser muito lerdo pra nunca ter reparado que ela fica andando com um mapa o tempo todo.

– E você tem que ser muito desesperada e neurótica pra achar que a Everdeen vai largar o esquadrão.

– Estou achando que ela quer matar o Snow. Ela não aceitou muito bem essa coisa de ser só pras câmeras – dou uma risadinha com esse comentário final.

– E você vai dizer que aceitou, Clover? Qual é.

– Olha, Cat Cato, eu só quero fazer alguma coisa. Dá no mesmo.

– Eu não acredito em você – Cato fala depois de um tempo me olhando.

– Acredita que eu vou me juntar ao Caçador e a Everdeen em uma missão secreta estupidamente inútil?

– Eu acredito que você é convencida o suficiente pra achar que eu não sei o que você pensa.

– Você não me conhece mais do que eu mesma, querido. Isso é impossível.

Eu não acho realmente que seja, muito menos ele, mas desviamos a atenção quando Katniss chega, parecendo incrivelmente irritada ao olhar para Peeta. Com hostilidade, acusação. Com certo desprezo, uma tentativa de parecer superior.

Isso é estranho. Se parece demais com os olhares que eu lanço para todas as meninas que dão em cima do Cato. E se isso realmente acontece, não é certo. Porque se até mesmo eu, que estava disposta a matar Peeta mais vezes do que poderia contar, sei que essa é uma situação delicada da qual não se espera qualquer cooperação por parte dele, sua eterna amante e idolatrada Katniss não deveria estar o tratando assim.

Eu chego a sentir pena, quando, após uma ressalva de Jackson acerca da incerteza que possui sobre se ela poderia ou não matar Peeta, fala bem alto: “Eu não atiraria no Peeta. Ele já era. Johanna tem razão. Seria exatamente como atirar em um bestante da Capital”.

Mas Boggs a coloca no rodízio.

A hora do jantar é um período tenso para Everdeen. Todo mundo pareceu se dar conta de como ela está sendo egoísta enquanto come.

– Ela é uma cadela com ele – comento com Cato, a observando empinar o nariz e ignorar todo mundo. Eu sei que não sou grande coisa. Mas sei que eu nunca abandonaria alguém que eu disse amar nesse estado.

Ele se vira pra mim, como se jamais tivesse tido ideia do que eu estou falando. Às vezes eu quero matar ele por nunca me levar a sério.

– Katniss, idiota. Katniss e Peeta.

– Ah. Foi um final triste – você pode ver que ele está se voltando para a comida, dando de ombros.

– Não é um final.

– Acha que ele vai voltar ao normal, é? – Cato soa como se me achasse muito ingênua e engraçada.

– Acho que alguém deveria tentar não piorar as coisas.

Cato me lança outro sorrisinho e sacode a cabeça.

– Você é realmente muito chata, anã. E Finnick estava certo. Eu posso sentir o cheiro da manteiga derretendo.

Como essa questão ainda está me fazendo ficar acordada de noite, essas verdades absolutas e casuais de Cato acerca dela me deixam exasperada e irritada.

– Cala a boca, você não sabe de nada.

– Isso é uma fala da pessoa brilhante que queria conspirar um levante em um trem da Capital.

Isso cala a minha boca. Mais tarde, quando é a guarda de Katniss, eu me esgueiro para sua barraca, porque é mais perto de onde eles estão e eu preciso ouvir melhor isso.

– Oi, Cato – sussurro, chutando de brincadeira sua cara.

– Ah, oi. Veio me visitar, querida?

– Nós somos casados, idiota, nós não temos duas casas – respondo, me sentando perto da porta e tentando ouvir. Mas fica muito frio e eles não falam nada. Então eu chamo Cato pra ficar perto de mim com a desculpa de ouvir qualquer coisa que eu perdi e logo adormeço jogada em cima dele, porque não era mesmo possível que dois sacos de dormir e uma pessoa do meu lado não fossem me aquecer.

E ele não me chama. Ou dorme também. Só acordo novamente quando Finnick sugere que Peeta pergunte o que é real ou não. Ele se pergunta em quem pode confiar e soa quase espirituoso quando ressalva que eles não são seu esquadrão, mas seus guardas. Eles dizem que ele salvou muitas vidas no 13 como se isso fosse só uma dívida.

Então se passa um longo tempo em silêncio. Cato está dormindo do meu lado e logo eu começo a ressonar novamente.

Não vejo o final do doloroso diálogo entre eles.

No outro dia, nós, Katniss, seu amiguinho e Finnick temos de ir atirar em vidro colorido novamente. Eles me elogiam hoje, porque estou excepcionalmente dramática e intensa.

No regresso, o ex Conquistador está sentado com um tanto de pessoas armadas do 13. É intimidante, mas o que eles falam é totalmente normal. É um jogo que inventaram para ajudá-lo, “verdadeiro ou falso”.

Jackson quer colocar eu e Cato no revezamento que envolve Katniss, Gale e Finnick, presumindo que nós também nos conhecemos melhor. Imagino que ninguém do 13 de fato sabe muita coisa acerca do que acontecia nas arenas ou na Turnê, mas estou incerta com essa história. Gale não faz nada pra esconder seu desconforto. Mas isso não é da conta dele.

Claro que a maioria das coisas envolve Katniss. O que não quer dizer que seja menos difícil ouvir ele me perguntar se eu realmente matei algumas várias pessoas nos Jogos. Também não é menos constrangedor quando Cato se cansa de treinar, se sentando do meu lado, e ele o pergunta na minha frente se ele realmente estava ficando com a Glimmer no período. Na verdade tudo sobre nós é horrível. Exceto pequenos detalhes, como falas nossas em festas ou reações nos encontros pós-arena, tudo é sobre mortes e traições e ódio obsessivo.

É horrível, mas eu me esforço para cumprir meus horários e ser gentil e esclarecedora. Às vezes eu faço umas gracinhas e me disponho a rir com ele, mesmo que o que ele esteja falando seja mais doentio do que engraçado. É insensível falar isso, mas sinto que estou me saindo melhor com esse Peeta.

Não são poucos os olhares tortos direcionados a mim porque poucas vezes na minha vida, eu fui tão publicamente doce quanto estou sendo agora, tentando fazer parecer que confio nele e o fazendo desenvolver ideias que deveriam ser óbvias. Pra que ninguém confunda as coisas e passe a se achar meu amiguinho, aumento minha antipatia lá fora.

Além do que, é o mínimo que qualquer um poderia fazer. Até Cato é mais legal com ele, rindo um pouco também. Eu acho que se há um motivo para sermos bons, podemos adicionar mais essa realização a nossa extensa lista de tarefas executadas com perfeição.


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Notas finais do capítulo

Eu já disse o que acontece no próximo, não é? Pois é, então só me resta lamentar mais uma vez acerca da preguiça miserenta de vocês, que são reconhecidamente uma quantidade elevada demais pra nunca ter nenhum comentário. Não é glorioso, queridos, é broxante. Mas já chega, nunca funciona mesmo, né. Tchau, se cuidem aí pra não se foderem muito nessa vida, que eu gosto um pouco de vocês c:



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