E o Amargo Vira Doce escrita por Iulia


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Oi. Como eu não gosto de perder meu tempo lendo coisas que não me interessam, vou fixar o hábito de passar um resumo antes do capítulo em si: Eles foram pra missão e estão caminhando pra chegar de fato no Snow. Se esforce pra ler aí, tá longo, mas tá loko. Ah. Eu não sei escrever ação, porque sou meio louca e lerda, então vão ver uma guerra acontecer pelos olhos de uma louca lerda que aqui é representada pela Clove. E eu dividi os capítulos errado. Essa parte logo no começo, que certo personagem morre, deveria estar no anterior, pra amenizar um pouco o fim broxa dele.



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E nós fazemos isso até a tarde do dia seguinte, quando eles nos avisam que querem um pontoprop muito mais “emocionante”. Temos coisas reais a fazer. Eles deixam um quarteirão para nós, com dois casulos realmente ativos. Um tem um arroio de tiros. O outro possui uma rede que prende o alvo.

Enquanto colocamos o equipamento de proteção, usado pelos reais combatentes, fico sabendo que vão jogar até bombas de fumaça pra parecer mais real. Armada até os dentes com as facas e os vários revólveres, ajudo Cato a resolver sua complicada situação com o equipamento e vejo Boggs entregando a Peeta a arma com balas de festim.

– De qualquer modo, não sou muito bom de mira.

E se vira para Pollux. Eu estou novamente entretida em jogar minhas facas pra cima e pra baixo até notar que todo mundo está olhando pro ex Conquistador, que ainda está encarando fixamente Pollux.

– Você é um Avox, não é? Dá pra ver pelo jeito que você engole. Havia dois Avox comigo na prisão. Darius e Lavinia, mas os guardas só os chamavam de ruivos. Eles tinham sido serviçais no Centro de Treinamento, então foram presos também. Assisti aos dois sendo torturados até a morte. Ela teve sorte. Eles usaram uma voltagem excessiva e o coração dela parou de bater, Mas ele levou dias pra morrer. Surras, mutilações. Não paravam de fazer perguntas, mas ele não tinha como falar, só conseguia emitir uns horríveis sons animalescos. Eles não queriam informações, entende? Eles queriam que eu visse tudo.

Ele acaba seu relato afobado olhando ao redor, esperando uma resposta. Fico calada.

– Verdadeiro ou falso? – não há resposta. – Verdadeiro ou falso?

– Verdadeiro. Pelo menos, pelo que eu sei... é verdadeiro – Boggs corta o silêncio.

– Foi o que pensei. Não havia nada... grandioso nisso.

Ele se afasta, falando qualquer uma de suas maluquices.

Katniss vai abraçar Gale e meu olhar acaba de encontrando com o dele. É engraçado ver esse ódio.

Nós todos avançamos pelas ruas e alcançamos nosso alvo, o quarteirão com os dois casulos. Boggs nos mostra tudo no Holo, um mapa super tecnológico. O que atira está no começo da descida, em cima do toldo de um prédio. O outro fica quase na outra esquina. Quando eles chamam voluntários para ativar o sensor corporal, Cato e eu nos viramos imediatamente um pro outro. Não pra pedir permissão, claro, deve ser só porque sabemos o quão instáveis nós somos. Para nós, é um caminho curto entre “Não, eu nunca vou” e o “Dane-se, eu faço o que eu quiser.” Ficamos nos encarando intimidantemente até constatarmos que somos os únicos além de Peeta a não levantar a mão.

De um modo ou de outro, vamos todos ser concertados por Cressida e só depois que ela posiciona os cinegrafistas, é que avançamos. Temos que quebrar mais umas janelas. Gale vai para a verdadeira missão, atingir o casulo. Nos jogamos contra o chão dramaticamente, mas Cressida precisa de closes. Temos que repetir nossas expressões e eu não posso me conter quando vejo o quão essas pessoas não sabem nada sobre atuar, forçando tanto suas expressões que é demais. Todo mundo começa a rir. Até Boggs prende um sorriso.

– Entre nos eixos, Quatro-Cinco-Um – é o que ele fala antes de ter as pernas arrancadas por uma bomba.

*******

Perco os sentidos. Grito e cambaleio para trás e não faço a menor ideia do que está acontecendo. A proximidade, os respingos de sangue, seus membros espalhados.

Recuo e recuo. Demoro a reparar que esse som agudo e estridente está sendo provocado por mim.

Mas outra explosão me mantém paralisada, imóvel, muda.

Fico em choque tempo suficiente pra Katniss se ajoelhar ao lado dele e Homes a empurrar com uma caixa de primeiros socorros. Ele pede o Holo e transfere o comando pra ela. Não desvio o olho da cena e tampouco sei o que está acontecendo, mas há gritos. Mitchell foi lançado pra longe.

Nós não estávamos simplesmente gravando um pontoprop como sempre?

Eu respiro fundo e tento associar os acontecimentos, mas ainda não acabou. Enquanto eles tentam salvar Boggs, uma coisa preta corre pela rua. Uma onda. Incontestavelmente mortal. Não é líquido. Nem sólido. Se comporta como os dois, entretanto.

– Preparar para retirada!

Independente do que significa, essa série de acontecimentos não é uma boa notícia.

– Cato! Cato! – começo a berrar saindo do estupor, tentando enxergar alguma coisa na cortina de fumaça. Tropeço em pedaços de ladrilho até alguém agarrar meu braço e berrar instruções apressadas, apontando para as pedras. Ajudo Gale a explodir uma trilha do lado oposto das pedras, na direção do outro lado do quarteirão. Em seguida, outra bomba é explodida e essa abre um buraco na rua. – Não vai dar certo, inferno, desiste! Cato!

Mas eu dou meia volta quando outra armadilha é detonada. Não posso distinguir o porquê, mas vejo o líquido escarlate jorrando de Mitchell como se houvessem aberto torneiras em cada poro de seu corpo.

Eu estou correndo na sua direção e Gale e Legg 1 estão atirando logo acima, nos cabos da sua rede. Me ajoelho ao seu lado e embora Katniss já tenha dito para ele não se mexer, digo novamente, procurando algum jeito de ajudá-lo. Olho em volta em busca de algum material.

Pensa, Clove, pensa. Isso é sério.

O que poderia cortar ferro?

– Eu vou cortar isso. Aguenta só mais um pouco, se você não se mexer...

– Clove!

Alguém começa a me puxar pelo braço pra dentro de um apartamento e o cheiro da onda é tão forte e ela é tão indiscutivelmente tóxica que minha visão está embaçada. Não posso fazer mais nada além de ajudar Castor e Pollux a acalmar Peeta. Eu tento sobrepor minha voz, mas a gritaria além é a maior e eu não sei como tranquilizar alguém se estou desesperada. Dou uma tapa na sua cara e berro mais alto. Olho em volta e estamos em uma sala, em cima de veludo rosa e branco. Jackson aparece com algemas que ajudo a colocar. Ele começa a estapear todo mundo e o prendem no closet. Assim que o fazem, começo a caminhar até a porta, cambaleando, sentindo o peso de todas as possibilidades negativas, lamentando a falta de chances.

– Cadê o Cato? Cato!

Eu quero chorar quando o vejo entrando com Finnick, carregando Messalla. Todo mundo cai na cozinha.

Mas cair é um luxo. Gale pronuncia uma única palavra que injeta ação imediata em todos nós. “Gás.”

Ajudo a pegar qualquer pano para colocar em cima das rachaduras e buracos que a onda causou.

– Mitchell? – alguém pergunta, enquanto eu rastejo até Cato e o abraço, fechando os olhos e pressionando minha testa contra sua têmpora.

Não há resposta. Nem sequer me deixaram tentar ajudá-lo.

– O quê? Boggs? Boggs? – Katniss está gritando, o Holo em suas mãos. Boggs disse suas últimas palavras. E parece que elas sequer foram certamente compreendidas.

Quando penso que me recompus, minha primeira observação é que o ritmo dos protestos de Peeta cessou. Mas falo outra coisa:

– Vamos sair daqui logo. Todos os casulos dessa rua estão ativos, já nos viram nas câmeras de segurança.

– Seguramente – Castor me apóia. – Todas as ruas estão recheadas de câmeras de seguranças. Aposto que liberaram a onda preta manualmente quando nos viram gravando o pontoprop.

– Nossos radiocomunicadores ficaram mudos quase que imediatamente. Provavelmente algum dispositivo de pulsação eletromagnética. Mas vou levá-los de volta ao acampamento. Me dá o Holo.

Jackson estende a mão para Everdeen. Que puxa a coisa junto ao peito.

– Não. Boggs deu pra mim.

– Deixe de ser ridícula.

– É verdade. Ele transferiu a evacuação com prioridade de segurança para ela quando estava morrendo. Eu vi.

– E por que ele faria uma coisa dessas?

Todo mundo se vira pra Katniss, esperando que ela seja muito brilhante agora pra sair dessa.

– Porque estou numa missão especial para a presidenta Coin. Acho que Boggs era a única pessoa que sabia disso.

É obviamente uma mentira.

– Para assassinar o presidente Snow antes que as perdas de vidas nesta guerra tornem nossa população insustentável.

– Não acredito em você. Na condição de sua comandante atual, ordeno que você transfira para mim a evacuação com prioridade de segurança.

– Não. Isso seria uma violação direta das ordens da presidenta Coin.

Apontam as armas. Fico surpresa quando a mira da minha é posicionada na direção de Jackson. Em parte, faço isso seguindo Cato. O fito com uma expressão que traduz minha confusão, mas ele só me encara de volta. Dou de ombros e o imito.

– É verdade. É por isso que a gente está aqui. Plutarch quer que isso seja transmitido pela TV. Ele acha que se a gente conseguir filmar o Tordo assassinando Snow, isso acabará a guerra.

Imaginando que eu seria avisada sobre essa mudança de planos súbita, fico incerta sobre se essa arma realmente deveria estar apontada para Jackson.

– E por que ele está aqui?

– Porque as duas entrevistas pós-Jogos com Caesar Flickerman foram filmadas nos aposentos pessoais do presidente Snow. Plutarch acha que Peeta pode ser de alguma utilidade como guia num local que mal conhecemos.

– Se querem uma opinião sincera, temos que sair daqui. Agora. Quem não quer ir com a Everdeen, volta pro acampamento. Eles vão estar aqui daqui a pouco – Cato se pronuncia.

Homes abre cautelosamente o closet e acha o corpo desmaiado de Peeta, que coloca nos ombros.

– Pronto.

– Talvez eu deva fazer isso – Cato se oferece. Homes dá de ombros e o entrega. Parece que é só o peso de uma partícula de poeira pra ele.

– Vão levar o... – tenho dificuldade em pronunciar o nome de uma pessoa cujas pernas eu acabei de ver sendo arrancadas – comandante?

– Não podemos levá-lo. Ele entenderia – Finnick me responde, pegando a arma do recém morto e colocando no ombro. – Vá na frente, soldado Everdeen.

Katniss para, olha pro Holo por um tempo e assume que não sabe mexer, dizendo que Boggs falou que Jackson a ajudaria.

Depois de dar uma bronquinha nela, Jackson toma as rédeas da situação.

– Se a gente sair pela porta da cozinha, tem um pequeno pátio e depois os fundos de uma outra unidade de prédios de esquina. Estamos olhando para uma panorâmica das quatro ruas que se encontram na interseção.

“Isso vai dar errado”, falo mudamente para Cato, franzindo os lábios e me encostando na parede. Ele olha por cima do ombro delas, unindo as sobrancelhas pra tentar entender, ajeitando o Conquistador nos ombros como um saco de batatas.

– Vistam suas máscaras. Vamos sair por onde entramos.

É a decisão de Katniss Everdeen.

– Você está louca?! Quer nos matar com todos aqueles casulos ativos, idiota? – exclamo imediatamente. Não sou a única. Todo mundo achou a ideia o cúmulo da estupidez.

– Se a onda era assim tão poderosa, então pode ter ativado e absorvido todos os casulos em nosso caminho.

– E se não? E se formos atacados por teleguiadas assim que pusermos o pé lá fora? – continuo.

– É um risco que vai ter que correr, 2. – Gale me responde. – Ou escolha o caminho mais fácil e volte pro acampamento.

– Eu nunca escolho o caminho mais fácil, 12 – sibilo, apertando minhas mãos como se houvesse facas entre elas.

Há uma série de discussões acerca do visor das câmeras, mas o Caçador descobre brilhantemente que não é corrosivo e temos nossa decisão final. De volta por onde entramos.

Assim que Katniss, que teve de acordar para o fato de que agora tomou a frente, abre a porta da cozinha, espero ficar presa no chão por toda aquela coisa estranha, mas o material continua no mesmo lugar.

– Gel? – estranho, quando o Tordo atesta com a ponta da bota. O quarteirão está cheio de poças pretas. Reconheço o corpo de Mitchell, perto de um cano de revólver. Eu quase quero ter tempo pra pensar sobre o que haveria acontecido se não tivessem me puxado pra dentro antes que eu pudesse concluir o socorro.

– Se alguém precisa voltar, por quaisquer motivos, a hora é essa. Nenhuma pergunta vai ser feita, ninguém vai ficar chateado – a nova líder pronuncia. Cato nem sequer olha em minha direção, ignorando completamente as palavras dela. O que, claro, Gale não faz, pairando um olhar quase desafiador sobre mim. Me viro para ele e retribuo, cruzando os braços.

O gel produz um barulho de sucção, mas não deixa pegadas. Olhando com cuidado ao redor da devastação intensa da onda, meu olhar é atraído para o brilho mínimo de corpos de teleguiadas. Começo a olhar enviesado para Katniss quando visualizo suas mãos mandando um ninho desses seres do inferno para nos matar.

Mas sou obrigada a segui-la através de prédios caídos e camadas espessas variadas da substância até aproximadamente o quarto quarteirão, onde uns bons centímetros foram diminuídos. Começamos a andar na direção de um quarteirão livre dele. Quando paramos em um apartamento, Katniss diz para nós entrarmos antes dela, mas Cato se oferece para resolver o que quer que haja.

– Não é nada – ela diz, desconfiada.

– Se você diz. Homes. Leva o Conquistador pra dentro.

– Vocês vão voltar? – Everdeen questiona, enquanto Homes assume a tarefa de sustentar Peeta.

– Não. Só precisamos conversar.

Você e eu?, quero perguntar, mas se torna um pouco claro quando meu braço permanece preso e todos eles somem de vista, nos olhando hesitantes. Ele acende a lanterna e direciona o raio quase exatamente no meu olho.

– Eu não confio nela, se é o que quer saber – digo, sussurrando, abaixando sua mão.

– Não podemos mais voltar pra esse acampamento sozinhos. A gente morreria.

– Talvez seguir Everdeen por uma missão falsa, traindo Coin, seja um risco de morte muito maior.

– Mas é nossa melhor chance.

Então ele está dando a palavra final. Dou de ombros e suspiro, me encostando na parede e cruzando os braços.

– E pare de dar atenção para o Caçador.

– Então você para de ser gentil demais com a Katniss – disparo, antes que possa me conter. Já é tarde, então fico simplesmente o encarando de volta.

– Clove. Você não pode estar com ciúmes da Everdeen.

– Eu não estou com ciúmes. Só achei estranho.

– Você se dar ao trabalho de reparar no jeito que eu falo com a Chaminha já não é estranho o suficiente, não é mesmo? – ele continua, andando em direção a sala. Estou prestes a segui-lo quando as explosões começam a acontecer, sacudindo um pouco o chão. Assim que elas param, ele se volta pra mim, agarrando meu braço. – Você está bem?

– O que será que foi isso?

Atravessamos a sala, ridiculamente parecida com a anterior e encontramos os olhos arregalados de todo mundo.

– Não foi perto daqui. A uns quatro ou cinco quarteirões daqui – Jackson fala.

– Onde a gente deixou o Boggs – Legg 1 completa.

Um barulho horrível é emitido e chego a colocar a mão no revólver. Mas é só a televisão.

– Está tudo bem! É apenas uma transmissão de emergência. Toda TV da Capital é ativada automaticamente quando isso acontece – Cressida explica. Arranjo um lugar para me sentar e me ver na tela, assim que bomba detonou nas pernas de Boggs. Uma pessoa narra detalhadamente tudo que está acontecendo. É complicado. Mesmo sabendo tudo que vai acontecer, demoro a achar uma lógica nos acontecimentos ou nas nossas ações. Assim que vejo eles me arrastando pra dentro enquanto eu tentava ajudar Mitchell, há apenas mais uma cena do Caçador atirando nos cabos que o mataram e a onda preta cobre toda a câmera.

Nós somos tratados intimamente pelos nomes.

– Não tem nenhuma tomada aérea. Boggs devia estar certo em relação ao número de aerodeslizadores deles – Castor fala.

– Você é esperto – comento, ligeiramente aborrecida. Cato atravessa o olhar por toda a sala até mim e me encara até eu dar de ombros e arregalar os olhos como se estivesse arrependida. Idiota.

Eles tentam nos matar, com Pacificadores mandando projéteis do telhado de frente para o prédio onde estávamos anteriormente. Teriam conseguido se estivéssemos lá, a julgar pelo barulho de explosão há pouco e o amontoado de poeira que vemos.

Então uma repórter está no telhado com os Pacificadores. Podemos ver os prédios em chamas, apinhados de bombeiros tentando controlar o fogo, certos de que as cinzas que verão no fim estarão pousadas sobre nossos corpos.

– Finalmente um pouco de sorte – Homes comenta.

Franzo os lábios pra pensar sobre isso e não tenho muita certeza.

Tudo começou com uma brincadeira. Nós viríamos, gravaríamos umas cenas e poderíamos voltar pro 13 assim que algo desse errado. Agora não podemos mais, porque eles acham que estamos mortos, já que saímos em uma missão suicida com Katniss pra qualquer lugar que der na sua telha. Por nós mesmos.

Não há sorte nenhuma aí.

Lidar com a Capital é ruim, mas se você tem alguma coisa pra se agarrar no 13, ainda há esperanças. Dissiparam elas agora.

– Meu pai. Ele acabou de perder minha irmã e agora... – Legg 1 se pronuncia.

Ela está certa. O pessoal deve estar quebrado agora. Harry não tem mais o Cato. Minha mãe acha que colocou no mundo uma pessoa que morreu num lugar onde as pessoas incrustam jóias nos cílios.

Nossa corda de segurança foi cortada. Não há mais nada que nos prenda.

Enquanto minha mente dispara através de toda essa droga, eles exibem um filme vitorioso sobre nossas mortes. Katniss é a estrela, claro, mas Cato e eu estamos logo atrás, cheios de cenas destrutivas de amostra de nosso poder perigoso, desenfreado e psicótico. Depois eles têm pessoas para discutir sobre a morte de Everdeen. Dizem que Snow fará um pronunciamento oficial. Em seguida a televisão se desliga.

– Não houve contradição – observo, quando minhas esperanças de que o 13 aparecerá dizendo que tudo é uma mentira não são concretizadas.

– Então, agora que a gente está morto, qual é o próximo passo? – o Caçador pergunta.

– Não é uma coisa óbvia? – é Peeta que diz e é assustador vê-lo desperto quando ninguém o viu concretizando tal ato. Ele parece triste enquanto se senta e responde Gale – Nosso próximo passo... é me matar.

– Deixe de ser ridículo – Jackson diz.

– Acabei de matar um membro do nosso esquadrão! – o Conquistador grita. Esse é um fato para o qual não me atentei.

– Você o empurrou para longe de você. Não tinha como saber que ele acionaria a rede naquele ponto exato – Finnick tenta.

– Que diferença faz? Ele morreu, não foi? Eu não sabia. Eu nunca me vi desse jeito antes. Katniss tem razão. Sou um monstro. Sou um bestante. Snow me transformou numa arma!

Depois de lançar um olhar acusador na direção do Tordo, caminho até ele.

– Você não tem culpa. Ela estava errada, você não é um bestante, você está confuso. Só resista. E confie no seu esquadrão – digo, o olhando firmemente.

– Vocês não podem me levar. É só uma questão de tempo até eu matar alguém novamente.

– Também não podemos te matar bem aqui – Cato argumenta.

– Talvez vocês achem que é mais gentil simplesmente me deixar em algum lugar. Permitir que eu assuma os riscos sozinho. Mas isso é a mesma coisa que me entregar à Capital. Vocês acham que estariam me fazendo um favor me devolvendo a Snow?

– Não, não achamos por... – começo, sendo interrompida por Gale. Quero puxar essas facas e meter uma bem no pescoço dele, pra que morra engasgado.

– Eu mato você antes que isso aconteça. Prometo.

Peeta não confia.

– Não me parece uma boa ideia. E se você não estiver presente para fazer isso? Quero uma daquelas pílulas de veneno como as que vocês todos têm.

– Não tem nada a ver com você – Katniss fala, depois de um tempo. – Estamos numa missão. E você é necessário nela.

Pelo menos agora está falando alguma coisa que presta.

– Vocês acham que a gente consegue encontrar comida por aqui?

Quando dividem o grupo, prefiro ficar vigiando Peeta. Cato vai procurar comida com os outros e eu me sento do lado do Conquistador, que agora está balbuciando coisas.

– Eles escondiam comida atrás de uma parede de espelho – Cato diz quando volta, me entregando uma lata.

– O que é isso, veneno? – questiono casualmente, revirando a lata pra procurar o rótulo.

– Frango. Você gosta disso – ele afirma, e seria quase como uma intimidação se eu realmente não gostasse.

– É. Obrigada.

As pessoas do 13 ficam horrorizadas com essa coisa do estoque de comida e quantidade dela, mas não há muito a se fazer a não ser comer. Vejo Peeta estendendo uma lata para Katniss, como se soubesse do que ela gosta. E eu acho que é errado, mas Cato pega um pacote de biscoitos só pra gente.

Quando a televisão se liga novamente, chego mais perto dela carregando o pacote, mastigando afobada. E quase caio pra trás quando, precedido do emblema da Capital, o hino começa a tocar e aparecem fotos dos mortos, como nos Jogos Vorazes.

Ver a imagem de Cato supostamente morto me leva de volta a um caminho tortuoso de pesadelos e delírios e eu preciso ir até o lugar da parede de espelho, bater a porta e ficar sozinha, abalada demais pra querer ouvir as palavras de Snow. Mas eu o faço algumas vezes e me apavora imaginá-lo movimentando sua boca nojenta pra dizer que nós não éramos nada além de amantes oportunistas subordinados ao Tordo.

Não posso jogar facas e deixar evidências claras de nossa passagem, então as lanço para o alto. Me encosto na parede espelhada, ignoro meu reflexo e me concentro em não deixar a ponta furar minhas mãos.

– Você vai querer participar das decisões? – Cato pergunta objetivamente, entreabrindo a porta apenas o suficiente para eu ver sua cabeça. Só sacudo a minha, negando. Ele anui e torna a fechar a porta.

Não ouço suas escolhas. Permito que as cores da Capital brinquem com meus sentidos até quase adormecer.

– Você está ok?

É meu esposo de novo. Ele fecha a porta atrás de si, mas não se senta do meu lado.

– Na medida do possível. E você?

– Vivo – ficamos um tempo em silêncio. Eu acho que há uma comunicação mental. Cato diz “Não reclame, eu avisei.” Eu respondo que “Eu sei, você estava certo. Eu sinto muito.” Ele suspira. - Nós temos que ir agora.

– Pra onde?

– Subsolo.

Entreabro os lábios e Gale está novamente plantando uma muda do inferno nas minas do 2. Matando pessoas nascidas no lugar de onde eu vim, debaixo da terra.

Eu não quero ficar debaixo da terra com o Gale.

– Ótimo – falo, me levantando. – Como vamos chegar lá?


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Notas finais do capítulo

Eu acho que só resta uns sete capítulos pra acabar de uma vez essa fase intrigante da minha vida. Ou talvez até menos, se eu continuar a narrar os fatos loukamente desse jeito. Vou tentar. Tchau. Comentem bastante as outras estórias, hein, não se esqueçam. 7bj - e não pensem que eu sou antipática.



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