O Improvável Não É Impossível escrita por Mrs Lelê


Capítulo 26
A batalha - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o parte 2. Espero que gostem, pq eu realmente gostei do capítulo!(é o mais longo até agora)
Então, sem mais embromation, aqui está:



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Horace voltara ao morro para avaliar a situação da batalha. Quem é que estaria ganhando?

Um barulho cortou o céu escuro e caiu com estrondo no chão no caminho por onde o cavaleiro passava. Não era uma flecha, era alguma coisa bem maior. Curioso, mas também assustado com o que poderia ser, se aproximou, pois por que alguém jogaria uma pedra naquele lugar? Seria mais sensato atirar nos arqueiros que descansavam, mas que poderiam trazer prejuízo com alguma futura saraivada.

Com passos lentos foi se aproximando. Até que se viu de frente a um corpo. Mas este por alguma razão lhe parecia estranhamente familiar. Talvez fora a falta de luz e visão que o tenha feito demorar tanto para perceber, ou talvez fora a posição estranha em que o corpo se encontrava, mas Bob era quem estava alí. Prendendo a respiração se abaixou e o virou. Tentando se convencer de que talvez tivesse se enganado e que a adrenalina da batalha o estava fazendo ver coisas, mas nem ele mesmo acreditava no que dizia. E ao terminar de virar soltou o ar tristemente ao confirmar suas suspeitas.

Tentou dizer alguma coisa, mas só o que saiu de sua boca foi um som estranho. Seus olhos se enchiam de lágrimas.

–B-Bob? –conseguiu dizer finalmente. De todos no grupo ele foi o que mais simpatizou com Bob. Talvez apenas menos do que Kyle.

–Bob! –Tentou de novo, agora mexendo freneticamente os ombros do homem, numa tentativa de acordá-lo.

–Ho...race? –perguntou fazendo uma pausa no meio da palavra. Estava realmente muito fraco. Ele mesmo sabia que estava muito fraco.

–Quem...quem...Salter? – Tentou dizer Horace, mas parecia ter se esquecido de como falar. Foi interrompido pelo bondoso velho.

–Salter é... um homem frio...mas aquele covarde ...não... teve coragem... de me matar.

Horace permaneceu em silêncio, por isso o velho continuou.

–Achou... que ...talvez... me mandando de volta assim... pudesse ...amedrontar ...a todos.

Horace ficou em silêncio outra vez, só agora percebendo que ele também possuía o corpo cheio de marcas que formavam palavras.

–Eu... –começou, mas foi interrompido novamente. Mesmo a beira da morte o velho continuava com seu costume de falar e falar.

–Me faça um favor... –perguntou Bob. –...meu... ultimo...desejo.

Horace assentiu as lágrimas correndo por seu rosto vendo que o velho agora reunia todas suas forças para sua última frase.

–Dê umas boas palmadas naquele garoto desobediente. –e assim fechou os olhos calmamente se preparando para o sono eterno. Horace enterrou o rosto contra seu peito.

Sentia uma mistura de emoções. Raiva, tristeza, bondade...vingança. Com muito prazer ele iria realizar o desejo de Bob. Salter iria receber mais do que umas simples palmadas, se dependesse dele.

Salter, quando garoto havia sido aprendiz de Bob. Mas quando cresceu alimentou o mal. Entendia a relação quase paternal que os dois havia em algum momento tido. Talvez quase como Halt e Will. Mas depois de todo o ocorrido, Bob ficara extremamente desapontado e se sentira culpado e tentava a todas maneira deter o ex aprendiz e concertar seu erro, mas que ele próprio sabia que não dependia dele, que por mais que tentasse ele não conseguiria.

Um homem passou correndo, e se aproximou. Quando chegou mais perto, Horace o reconheceu como Kyle. A relação dele com Bob também era muito forte e ao vê-lo assim caiu de joelhos, quando as forças neles cederam.

–leve-o a um lugar seguro. –disse Horace com a voz aguda pelas lágrimas – temos uma guerra para ganhar.

E assim se afastou das duas figuram abaixadas e se aproximou da batalha. O som do metal contra metal cada vez mais forte, os gritos de dor cada vez mais audíveis, e o acampamento, que continuava em chamas a não ser por algumas barracas onde o fogo fora controlado. Era para uma delas que ele ia. Era Salter quem ele queria.

Queria chegar lá o mais rápido possível. A idéia de ir até onde todos os cavalos estavam em segurança, para montar Kicker e chegar muito mais rápido era tentadora, mas sabia que havia enormes chances de seu enorme cavalo de batalha não passar despercebido e ser machucado, e ele não queria isso.

Correu o mais rápido que pode, com a espada desembainhada, caso alguém decidisse atacá-lo. No trajeto, três homens decidiram atacar o “garoto”, mas todos foram recompensados com um belo ferimento mortal.

Tornando a correr, após derrotar o terceiro soldado, ele entrou no acampamento. Agora só restava encontrar Salter. Imaginou que seria extremamente óbvio ele se esconder na barraca maior, portanto ele descartou essa idéia.

No caminho encontrou um homem. Parecia assustado e também do exército de Salter. Seria uma vítima perfeita. Passando ao seu lado, com um movimento rápido, que já havia realizado várias vezes em inimigos desde que passou a ir a missões com Halt e Will, ele o prendeu contra uma árvore. Levantando-o alguns centímetros por conta da diferença de altura, e que também ajudava a parecer mais ameaçador.

Não foi preciso muito esforço para retirar a informação do homem. Como ele havia percebido, ele já estava assustado antes.

A barraca indicada parecia estar sem proteção, a não ser por um guarda aparentemente bastante inexperiente, que ao ver Horace ficou em posição de defesa, mas que logo foi derrotado também como os outros. O cavaleiro entrou e deu de cara com uma poltrona.

–Finalmente. Achei que o corpo não tinha sido recebido–disse uma voz grave e ameaçadora por traz da poltrona com aparente preocupação. –Já estava imaginando que ninguém iria vir.

Assim que escutou isso percebeu seu erro. Olhando ao redor viu dezenas de homens cobertos por uma capa cinza e armados com cintos cheio de facas e adagas, que rapidamente se ocuparam em fechar a única saída, protegendo-a. Era uma emboscada. Tudo havia sido planejado. O corpo de Bob que ele sabia que atrairia alguém, o guarda na porta para tornar verídico, ele ser inexperiente para deixar passar quem quer que fosse vingar a morte do velho. Não se surpreenderia se até o homem assustado que lhe deu a informação também fosse parte do plano.

–Ora, ora, ora. Mas se não é o cavaleiro da folha de carvalho? –disse a mesma voz confiante, só que desta vez Salter havia aproveitado o momento em que o guerreiro refletia sobre o seu erro e saiu da poltrona, ficando de frente. –Você deve ser o Horace. –disse abrindo um sorriso. –devo dizer que ouvi falar muito sobre você.

Horace se surpreendeu e franziu as sobrancelhas involuntariamente. O homem parado a sua frente não era definitivamente o Salter que ele imaginara. Magro e alto, de seu tamanho. Se não tivesse acumulado tanta maldade, provavelmente se daria bem com as mulheres. Mas o que mais o surpreendeu é que era bastante jovem. Por alguma razão, ele o imaginava por volta dos 30 anos, mas ele era apenas um garoto. Definitivamente não tinha mais do que 25, 22 anos talvez.

–Você se dá conta que cometeu um grande erro? –perguntou tirando Horace dos seus pensamentos.

Horace agora conseguia ouvir claramente a voz de Sir Rodney. “Não se desconcentre! Sempre tenha em mente uma possível emboscada!”. Mas não adiantava nada se lembrar disto depois de ter cometido o erro.

–É engraçado como a sede por vingança não deixa as pessoas capazes de reconhecer um veneno, não acha? –disse Salter novamente. Horace não respondeu, e também não achava engraçado. Salter andava pela cabana, come se estivesse refletindo sobre alguma coisa bastante interessante. Percebendo o silêncio do cavaleiro ele decidiu parar de brincar, era hora de fazer o que realmente importava.

–Horace eu vou te dar uma chance...uma chance de você sair vivo se me ajudar a... –mas foi interrompido por um Horace furioso

–Você não merece a ajuda de ninguém! Eu nunca vou te ajudar seu filh... –mas foi interrompido por um tapa no rosto. Salter havia se aproximado.

Horace se preparou para desembainhar a espada. De acordo com as informações que Bob havia dito alguns dias antes, seu ex aprendiz nunca fora muito bom com espadas. Achava que era um peso extra. Mas era realmente bom com adagas. Essa foi uma das razões pelas que Bob o aceitou! Mas uma adaga curta, não teria a menor chance contra uma longa espada.

Rapidamente, na velocidade de um raio, ele tirou a desembainhou e novamente escutou o conhecido som do aço com o couro, que quase chegava a acalmá-lo. Mas antes que pudesse atacar Salter, metade dos homens que estavam na barraca investiram contra ele. Mesmo sendo um exímio guerreiro, era mais do que Horace poderia lidar, e ele sabia disso. Mas mesmo assim não se rendeu assim tão fácil. Continuou se defendendo enquanto podia, ferindo uns quantos homens com cortes superficiais. Tantos homens atacando-o ao mesmo tempo não lhe dava tempo de atacar com mais força e produzir algum resultado satisfatório. Até que finalmente sua espada foi jogada longe. E dezenas de golpes lhe foram dados ao mesmo tempo em qualquer lugar que o inimigo encontrava espaço. Derrotado e exausto, Horace se deixou cair. Mas foi agarrado por dois homens, um por cada braço que o sustentaram.

–Vai me dizer onde estão seus amigos arqueiros? –disse Salter outra vez abandonando o tom gentil da voz que anteriormente usara.

Horace sorriu com desdém numa clara demonstração de que não importava o que lhe fariam, não iria dizer. Seu lábio inferior sangrava e seu corpo inteiro doía. Mas ele não iria abandonar os amigos, muito menos decepcioná-los. E Salter percebeu isso, talvez pela infelicidade do garoto.

–Matem-no– disse ele calmamente. Não havia o menor sentimento de culpa ou remorso, se aquele maldito cavaleiro não queria colaborar, ele não iria obrigá-lo, de qualquer maneira ele também o mataria se tivesse revelado a localização dos amigos.

E depois disso se virou, deixando toda a diversão aos seus homens. Ele tinha assuntos mais importantes para tratar. Tinha arqueiros para matar.

Os guardas nem mesmo esperaram Salter sair da barraca para começar a espancar Horace. Eles sabiam que o chefe gostava de mortes lentas para seus inimigos, por isso tiveram muito cuidado para não bater na cabeça do guerreiro, que agora estava estendido no chão, com os braços sobre a cabeça, numa tentativa inútil de proteger o rosto. Seu corpo sentia pontadas de dor cada vez que o pé de alguém se encontrava com força contra si. Ou às vezes um soco ou outro dos que tentavam inovar golpes.

Finalmente, quando os homens de capa decidiram que não valia a pena se cansar mais, eles pararam e foram embora, para momentâneo alivio de Horace.

Depois de alguns minutos após os homens terem saído, e Horace ter recuperado o fôlego, ele tentou se levantar. Mas descobriu que não conseguia. Faltava-lhe energia para isso. O mais longe que conseguiu foi ter ficado de frente para o teto, deitado de costas, em vez de de lado.

Mais uma vez naquele dia, sentiu uma mistura de sentimentos. A vingança quase não aparecia mais. Não tinha forças suficientes para dar muita atenção a ela, porque quase toda estava concentrada na tristeza. A lona bege no teto começou a ficar borrada e fora de fogo. Nunca mais poderia rever Sir Rodney, nunca mais poderia rever Kyle, Kicker, Alyss, George, nunca mais comeria as tortas de Jenny, assim como nunca reencontraria a cozinheira. Gilan, Letícia, que apesar de conhecer a pouco tempo, havia se tornado uma boa amiga. Nunca mais veria Halt, nem Will e nem...Cassandra. Cassandra. Sentia que a havia decepcionado, a mais que todos. Não ia poder cumprir sua promessa de permanecer vivo até seu casamento. Não se perdoaria se a fizesse sofrer, mas infelizmente, era isso que iria acontecer. Sentia muita pena de quem quer que fosse ter que lhe dar a notícia de que ficara viúva antes mesmo de se casar. Provavelmente seria Will. O arqueiro, com quem vivera inúmeras aventuras, com quem brigara e ajudara. Nunca mais veria o amigo. Nunca mais tomariam café juntos com o rabugento Halt. Ele sentia vergonha do que Halt e Sir Rodney iriam achar dele. De como havia sido estúpido em entrar sem prestar atenção. E assim percebeu que infelizmente Salter tinha razão. A vingança realmente torna uma pessoa cega.


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Notas finais do capítulo

Ai meus deuses! A Dríada vai me matar!!!!!
TT_TT
E aí? Gostaram? Odiaram? Me digam!!
Eu realmente chorei escrevendo este capítulo, mas não espero que vcs tenham pq na verdade eu sou muito emotiva! TT_TT
Beijos queridos, até o próximo