Fiquei ali, sentada, vendo Apolo andando para lá e para cá conversando com alguns sátiros, ninfas e espíritos do vento sobre como queria que fosse a festa. Apolo é o deus dos solteiros então, como todo solteiro, ele está sempre em festas. Como ele também é o deus da música, então cuida dessa parte. Vi Dionísio com ele e percebi que estava feliz. Depois deparei com Hefesto e seus ajudantes indo até o palácio, levando alguma máquina enorme embaixo daquele pano. Resolvi ficar ali, não queria ver a geringonça que Hefesto tinha. Talvez seja uma televisão enorme que possa transmitir os jogos olímpicos ou que esteja conectado com algum acampamento onde os semideuses estejam lutando.

De repente tive uma ideia. Deitei na grama e tentei tirar um cochilo. Quando abri os olhos, lá estava eu no meu palácio novamente. Sei que todos estão entretidos, então aproveitei para dar uma fugidinha. No palácio tudo estava tranquilo, fui ao encontro de Kira e vi que estava tudo em ordem. Não queria sair de lá, estava me sentindo tão bem no meu lugar. A brisa, a energia, o cheiro... Tudo estava igual, me sentia em casa novamente. Sei que merecia aquele dia de folga do Monte Olimpo, afinal aquele lugar me irrita. Como a noite tem uma festa, então precisava de um pouco de paz e sossego. Estava com tantas saudades da minha antiga cama que fui direto para lá e resolvi tirar um cochilo. Dormir feito um anjo.

Acordei com alguém chamando o meu nome.

— Alexis, acorde.

Quando olhei para cima, vi Ártemis sorrindo.

— Estava com tanto sono assim que acabou dormindo aqui fora?

Esfreguei os olhos e vi que estava de volta ao Olimpo. Estava anoitecendo. Levantei e abracei Ártemis.

— É bom vê-la. Estava pensando um pouco e não percebi que dormir.

— Percebo que o Olimpo está com esse ar monótono porque as portas estão fechadas, por isso não acatei as ordens de meu pai.

— Fez bem. Não aguento mais ficar aqui.

— Ser a protegida de Zeus não é nada legal. Vamos, daqui a pouco a festa irá começar e Apolo me encheu para vir.

Fomos em direção ao palácio grego e depois seguimos ao grande salão de festas. Os gêmeos são os meus melhores amigos deuses, eles sempre me defenderam e estavam ao meu lado. É muito bom rever Ártemis. Quando chegamos ao salão, vimos uma decoração de flores, parecia até que era primavera. Tinham vários tipos de flores e vários perfumes diferentes também. Dessa vez as ninfas exageraram na decoração de flores. Apolo estava olhando tudo e entortando o nariz, como já estava perto da hora, então não daria tempo para trocar a decoração. De repente vi Apolo bater as mãos e as flores queimaram até sumirem, depois apareceu Dionísio com as videiras. Fazer o quê? Coisa de deus. Tinha uma mesa com comidas e bebidas dos deuses, alguns espíritos dos ventos apareceram para servirem os deuses. Também tinha um globo brilhante bem no meio do salão. Apolo nos viu, sorriu e veio até nós.

— Que bom que está aqui, maninha. Pensei que perderia a festa do ano.

— Tenho que vir. Sei que você choraria feito um bebê sem a minha ilustre presença.

— Quanta humildade.

— Digo o mesmo para o seu exagero na mensagem do convite.

— Eu não exagerei, só estava querendo impressionar.

— Impressionar com aquela poesia ridícula? Se é que aquilo pode ser chamado de poesia.

— Ok, acabou o amor de irmãos, tudo bem? A festa daqui a pouco começa, então se comportem. – Falei.

Apolo cruzou os braços e saiu de perto de mim e Ártemis. Ela estava achando graça.

— Agora ele irá me ignorar a festa inteira.

— Claro! Você feriu o ego dele.

Ela riu.

— Mais tarde falo com ele.

Os deuses começaram a chegar. Hefesto, Hermes, Ares, Afrodite, Hera e Zeus. Poseidon fez uma chegada muito teatral e Zeus só revirou os olhos. Hades apareceu logo em seguida com Perséfone. Todos ficaram surpresos com a chegada deles e Hades não gostou muito da atenção.

— O que foi? Fui convidado. Agora parem de me encarar.

Dito isso, todo mundo voltou a conversar e a música começou a tocar. Hefesto foi acompanhar Afrodite na pista. Era muito engraçado aquele casal. Afrodite dançando lindamente enquanto Hefesto tentava acompanha-la, tropeçando por causa da perna capenga. Eu e Ártemis começamos a rir.

Apolo colocou uma caixa no canto do salão com vários apetrechos de festa. Afrodite ficou com uma coroa brilhante e um cachecol peludo rosa; Hefesto pegou uns óculos que acompanhavam um nariz enorme com bigode. Dionísio usava uma gravata borboleta enorme e que acendia algumas luzes coloridas e apagava, ele fazia uma dança meio do Egito, imitava aquelas imagens das pirâmides e balançava a cabeça. Hilário. Hades pegou um chifre que brilhava; Perséfone usava uma coroa de flores. Poseidon estava todo colorido, tinham várias pulseiras nos braços e dançava muito animado. Hermes usava uns óculos com formato de estrela e uma cartola, ele estava com o seu caduceu balançando no ar, as cobras não estavam gostando muito do balanço. Ares estava com um chifre e uma gravata brilhante. Ele puxava Afrodite para dançar quando Hefesto não estava olhando. Hera usava uns óculos enormes e rosa choque, ela dançava com Hermes e eles riam tanto. Zeus estava com um colete branco que brilhava e estava perto da mesa, parado, apenas observando todos dançarem. Ele sorria. Apolo apareceu perto de mim e Ártemis usando uma cartola roxa, uma gravata roxa e umas pulseiras coloridas.

— Vocês duas não ficarão de fora do ridículo.

Ele pegou um colar em forma de lua e que brilhava e colocou em Ártemis. Também colocou uns óculos com formato de meia lua nela. Em mim botou uma coroa de folhas de loureiro, uma gravata cinza que brilhava e duas pulseiras.

— Pronto. Todos estão ridículos. Vamos dançar.

Ele me puxou e Ártemis também. Começamos a rir no meio da pista. Dançávamos debilmente. Zeus entrou no meio fazendo a dança do ridículo. Eu não sabia se ria ou se dançava. Perséfone também dançava, mas Hades era o único que ficava de fora, com cara feia. Como Apolo era a alma da festa, então era ele que tinha que puxar todo mundo. Ele puxou Hades para o meio da pista e começou a mexer a cintura do mesmo.

— Vamos, tio, tem que dançar para se divertir! – gritou Apolo.

Hades começou a revirar os olhos e botou as duas mãos na cabeça e rebolou de má vontade.

— Ah, ele precisa de um incentivo. Perséfone.

Perséfone parou bem na frente dele, o puxou para mais perto e segurou sua cintura fazendo com que ele imitasse os movimentos dela. Hades deu um sorrisinho travesso. Depois de um tempo, ele já estava dançando loucamente. Até Hades nessa loucura. Eu e Ártemis cansamos de rir e dançar ao mesmo tempo, então saímos e fomos comer algo.

— Só o meu irmão para animar isso aqui.

— Tem razão. E aí, se acertaram?

— Conversei com ele quando nos puxou para dançar, está tudo bem.

— Que bom.

De repente a música lenta começou e os casais começaram a se formar. Ares puxou Afrodite e nisso Hefesto não gostou. Hera dançava com Zeus. Hades com Perséfone. Poseidon não tinha trazido a mulher, então me puxou para dançar. Apolo levou Ártemis para a pista de dança, afinal as únicas pessoas que ela dançaria só eram Apolo e Zeus. Dionísio puxou uma ninfa para dançar. Hermes balançava para lá e para cá com o seu caduceu. Hefesto foi o único que sobrou. Ele ficou só comendo e bebendo com raiva de Ares. Poseidon estava um pouco bêbado e não dançava bem, ele só falava besteiras.

— Alexis, você está tão linda esta noite. Ainda bem que não perdemos uma beldade como você.

— Será que Anfitrite irá gostar dessa sua atitude?

Ele riu.

— Ela não está aqui.

— Que bom. Ela também não irá ver o tapa que irei te dar.

E a minha dança com Poseidon terminou com uma boa marca vermelha dos meus cinco dedos no rosto dele. O ouvi suspirar.

— Ainda vou conquista-la.

Vai sonhando. Hermes me viu sozinha em um canto e me puxou para dançar. Começamos a fazer uma dança engraçada e rimos muito. Estragamos a música lenta. De repente começou uma música agitada e eu e Hermes continuamos nossa dança louca. Admito que estava me divertindo muito. Até que tive uma ótima ideia de ter a festa, pensei.