- Ei, Sango, você não acha que a Kagome anda meio esquisita ultimamente? – Shippo perguntou. Ele estava sentado no ombro da exterminadora e brincando com a pequena bebezinha que estava amarrada nas costas da moça.

- Como assim, Shippo?

- Bom, ela tinha melhorado um pouco, mas faz um mês que ela voltou a ficar meio pra baixo, não sei. – Ele disse em um tom preocupado. – E, Sango, eu tenho quase certeza que é por causa do Kouga.

A moça riu levemente e apenas concordou com a cabeça.

-x-

O príncipe terminou de vestir suas pelagens e correu porta afora.

- Kouga?! Aonde você vai com tanta pressa? – Ginta perguntou, quase sendo derrubado.

- Eu vou visitar a Kagome. – Ele respondeu com um sorriso enorme. – Já faz um mês que eu não a vejo! – Assim que ele terminou de explicar ele voltou a correr, transformando-se em um tornado.

-x-

Kagome estava ajudando a velha Kaede com a janta daquela noite quando o monge entrou na cabana.

- Miroku! Nossa, você voltou cedo hoje.

- Ah, pois é. – Ele sorriu para as duas. – Senhora Kaede, eu consegui mais algumas frutas para nosso jantar hoje. O pessoal pagou bem dessa vez. – Ele disse rindo e se sentou. Ele estudou Kagome por um tempo antes de continuar. – Ah sim, Kagome, eu encontrei alguém no caminho de volta...

- Ah é? Quem era Miroku? – Ela perguntou, dando mais atenção à sopa do que à notícia.

- Só o Kouga. – Ele disse em um tom casual e voltou a estudá-la. A velha Kaede também se virou para ver sua reação.

- K-Kouga? – Ela perguntou, não acreditando no que seus ouvidos escutaram.

- Mhm...

- E para onde ele estava indo?

- Na verdade ele mandou um recado para você. Vou repetir com as exatas palavras dele: Ei, você não é o monge safado que é amigo da Kagome? Diga a ela para me encontrar na floresta onde a gente se encontrava há um mês. Diga que eu vou estar à sua espera. – Ele sorriu e Kaede arregalou os olhos.

A sacerdotisa realmente conseguia imaginar o Kouga falando isso, com as mãos na cintura, o olhar confiante e o sorriso convencido nos lábios.

- Kagome, querida, você andava se encontrando secretamente com o príncipe lobo?

- E-erm. Sim, Kaede.

- Mas eu achava que vocês crianças não se viam há anos!

- Bem, ele veio me visitar mês passado e nós continuamos a nos encontrar por alguns dias. – Ela disse um pouco envergonhada. – Ele teve que voltar para sua tribo porque eles acabaram de sair de uma grande guerra... Mas parece que ele está de volta. – Ela explicou, um sorriso suspeito brotando em seus lábios.

- Entendo. Bem criança, não deixe o coitado do homem esperando!

- C-claro que não! A senhora cuida do resto da janta por mim? – Ela perguntou, já na porta.

- Sim, agora vá Kagome. – A velha senhora disse com um sorriso e depois se dirigiu ao Miroku. – Você sabia disse monge?

- Sim, a Sango já havia me contado.

- E você acha que ela está...

- Acho. – Ele deu um sorriso sincero. – Bem, talvez não ainda, mas isso não demora... E logo logo ela mesma vai perceber o que aconteceu com ela.

-x-

‘Espero que aquele monge tenha feito o que pedi. Já era pra Kagome ter chegado!’ O youkai pensava, mas seus pensamentos foram interrompidos por uma voz chamando pelo seu nome.

- Kouga! Kouga, Kouga! – A bela voz de Kagome soava pela clareira. – Kouga, desculpe. Desculpe a demora. – Ela disse tentando recuperar o fôlego.

‘Ela veio correndo... Ela veio correndo para me ver!’ Kouga pensou, seus olhos azuis brilhando e seu conhecido sorriso brotando em seu rosto moreno.

- Como estão as coisas lá na alcateia? – Ela perguntou, ainda sem ar.

- Está tudo maravilhosamente bem. Nós passamos o último mês arrumando tudo do jeito que era antes. A Tribo do Leste está em pé mais uma vez! – Ele disse, obviamente orgulhoso de seu trabalho.

Kagome sorriu e ele percebeu que ela realmente estava feliz por ele e principalmente feliz por seus companheiros. ‘Como que eles não gostariam dela? Ela dá tanta importância para eles, mesmo nem os conhecendo ou fazendo parte da tribo.’ E foi aí que ele percebeu, seus olhos azuis se arregalaram de entusiasmo. ‘Mas ela poderia fazer parte da tribo!’

- Kagome, eu sei que isso parecerá loucura, principalmente porque eu acabei de ter essa ideia, mas eu tenho algo a propor...

- Diga Kouga. – Ela insistiu, curiosa.

- O que você acha de vir comigo para tribo? – Ele pegou suas mãos igual ele fazia nos velhos tempos e a encarava diretamente nos olhos. Ele a viu corar e não pode deixar de pensar no quão fofa e querida que ela era.

- Alguns dias, para uma visita, é isso que você quer dizer? – Ela perguntou completamente envergonhada.

- Só se for uma visita permanente. – Ele piscou para ela. – Venha morar comigo na alcateia, Kagome. Você não tem nada a perder. Você pode voltar e visitar seus amigos quando quiser, eu lhe trago.

Ela estava completamente surpresa. Tá, ela sabia que ele a amava, mas jamais passou pela sua cabeça que ele um dia fosse pedir para ela morar com ele, principalmente quando ele sabia que ela não sentia a mesma coisa por ele.

O Kouga percebeu que ela estava hesitando e seu coração imediatamente protestou decepcionado.

- E-eu não sei Kouga... Eu não acho que eu iria conseguir me acostumar vivendo em uma tribo de lobos... – Kagome disse, abaixando a cabeça para fugir de seu olhar. – Eu vou pensar, prometo. – Ela finalmente decidiu com um suspiro. – Mas eu não dou certeza que minha resposta seja sim. É uma proposta que vai mudar tudo pra mim Kouga! Deixe-me pensar por uma semana nisso, por favor.

O sorriso voltou aos seus lábios. Pelo menos ela iria pensar! O que mais ele poderia querer na vida além de ter a Kagome fazendo parte de sua alcateia? Assim ele estaria um passo a frente em conquistá-la.

- Pois bem. Eu voltarei em uma semana, amor. – Ele se abaixou para pegar algumas flores e dar a ela como sempre fazia. Depois ele beijou-lhe a testa e sumiu estrada a fora.