Todos estavam sentados em um círculo na cabana da Velha Kaede comendo o jantar. Kagome sabia que a hora tinha chegado para dar a triste notícia aos seus amigos, mas estava difícil. Ela não sabia nem como começar. Como Inuyasha nunca fazia suas refeições junto ao grupo, ninguém estranhou sua ausência.

- Kagome, Kagome! Conte-nos o que aconteceu com você e o Inuyasha! O que vocês dois conversaram tanto a sós! - Shippo pediu inquieto. Ele estava esperando o dia inteiro por essas respostas e, sem querer, ajudou Kagome a começar a contar.

- Aconteceu alguma coisa entre Inuyasha e você? - O monge perguntou surpreso, já tirando conclusões precipitadas e provavelmente pervertidas.

- Não Miroku! Não do jeito que você está pensando! – Ela diz rapidamente. - Nós conversamos... Ele me contou sobre umas ideias que ele tinha e tomou uma decisão bem importante...

- Do que você está falando? - Perguntou a caçadora. - Por que ele não vem aqui e nos conta ele mesmo?”

- Porque... - Ela suspirou. - Porque ele não pode. Ele foi embora.

- O que? O Inuyasha foi embora? Mas como assim, para aonde ele foi?

- Sim. Ele disse que tudo aqui na vila, principalmente eu, o lembrava da Kikyo, e isso só o deixava cada dia pior. Então ele decidiu partir, andar pelo mundo sem rumo, sem parar. Apenas andar.

- Talvez essa seja a melhor opção para ele mesmo...- Miroku pensou alto.

- Acho que ele fez uma escolha sabia. É lógico que vou sentir falta daquele hanyou, e ele provavelmente sentirá nossa falta também, mas ele não poderia ficar aqui por muito mais tempo... Ficar aqui o estava matando. - Sango disse.

Kagome concordou com a cabeça.

- Antes de partir ele me disse que manteria todos nós, o mais próximo de uma família que ele já teve, em seu coração para todo o sempre. Acho muito difícil nós um dia cruzarmos caminhos com ele novamente, mas sei que ele jamais nos esquecerá. Ele nos ama.

Após terminarem a refeição, a Kagome passou a noite inteira com Shippo que estava bem abalado com a notícia. Apesar de tudo, ele gostava muito de Inuyasha, e Inuyasha dele. Para dormir, Kagome teve que cantar várias canções de ninar até o pobre kitsune finalmente parar de chorar e adormecer.

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A jovem sacerdotisa estava mais uma vez na clareira. O pequeno Shippo acordara melhor e decidiu ir trabalhar com Miroku. Ela não havia contado a ninguém sobre a visita do Kouga, e Shippo não havia lembrado. A partida de Inuyasha era mil vezes mais importante.

Ela se sentou na grama fofa, esperando o lobo chegar.

Kouga estava correndo em direção à clareira e já podia sentir a doce fragrância de flores que ele tanto adorava. Porém, não era o cheiro das flores que lá havia, mas sim o de Kagome.

- Olá Kagome. – Ele disse ao chegar, sentando-se ao lado da moça. – Como você está nesta bela tarde?

- Não estou tão bem assim. – Ela disse após suspirar. – Contar a todos sobre Inuyasha ontem não foi fácil.

- Entendo...

- O coitado do Shippo chorou a noite toda, até eu conseguir fazê-lo se acalmar e dormir. Podia não parecer, mas ele e Inuyasha eram muito próximos. Eles se gostavam bastante apesar de sempre estarem brigando.

O lobo podia perceber que Kagome ainda estava triste por causa de Inuyasha, e agora estava ainda mais triste por causa de como Shippo tinha ficado ao receber a notícia. Ela tratava o kitsune como se ele fosse seu próprio filhote, e ele admirava isso nela mais do que qualquer outra de suas qualidades. Ele a abraçou.

- Vai ficar tudo bem, Kagome. Talvez demore um pouco, mas ele vai entender que Inuyasha precisava partir.

Ela fez que sim com a cabeça, ele tinha razão. Kagome o abraçou de volta, sentindo-se estranhamente confortável desse jeito. Ela nunca havia abraçado ele por vontade própria antes. Eles ficaram por um tempo assim, se abraçando, e quando se soltaram, deitaram na grama e ficaram observando as nuvens passearem pelo céu azul daquela tarde.

- Eu amo isso em você. – Kouga disse do nada.

- Ama? Ama o quê? – Ela perguntou confusa.

- O jeito como você se preocupa com seus amigos, principalmente o pequeno youkai raposa. – Ele sorriu. – Você cuida dele como se ele fosse seu filhote, como se ele tivesse nascido de você. Eu não duvido que você faria qualquer coisa por ele.

- Bem, nós nos conhecemos há tanto tempo e o coitadinho perdeu os pais tão cedo. E de qualquer forma, o Miroku, a Kirara, a Sango, o Shippo, a Senhora Kaede e eu somos uma família. Nós sempre fomos.

- Mesmo assim. Não há muitas mulheres, sejam elas youkais ou não, que adotariam um filhote assim tão facilmente e com tanto carinho e amor. É uma atitude tão bonita de se tomar. Você seria uma ótima mãe, Kagome.

Ela sorriu, mas sentiu suas bochechas esquentando. Ela nunca havia prestado atenção nesse lado do Kouga. No fundo, ele não era apenas o youkai lobo metido e ridiculamente confiante que ele aparentava ser. Ele era muito sentimental, e se importava com os outros, com família e amigos. Você poderia chamá-lo de um homem nobre. Ela não pode deixar de pensar que ele também seria um ótimo pai, mas, assim que ela percebeu o que estava se passando em sua mente, ela corou ainda mais e afastou os pensamentos.

Os dois continuaram a conversar sobre assuntos triviais e, no final, ela acabou concordando em retornar amanhã para se encontrar com ele. Era divertido tê-lo por perto. Ele também fazia parte da família de Kagome, e ela o amava. Provavelmente não como ele gostaria que ela o amasse, mas ela o amava ainda assim.