POV PERCY

Acordei talvez cedo demais para uma manhã de folga. As coisas no aquário e no parque estavam meio paradas devido à repentina semana de baixa temperatura, por isso Connor e eu estávamos nos revezando. Na segunda eu fui trabalhar sozinho e hoje era o dia dele. Eu estava oficialmente de folga. Olhei no relógio e vi que ainda eram seis e quarenta da manhã. Annabeth ainda dormia ao meu lado, então resolvi esperar até que o despertador tocasse e a acordasse. Ela era tão linda dormindo. Ficava com uma expressão serena, calma. Por alguns segundos eu até esqueci o quão tempestuosos eram seus olhos.

Biiip. Biiip. Biip. Biiip. O despertador tocou e eu o desliguei. Annabeth abriu os olhos.

-Bom dia. – ela murmurou.

-Bom dia. – respondi com um sorriso.

-Acordou meio cedo pra quem está de folga, não acha?

-Sim. Você vai sair hoje? Tem alguma reunião ou algo do tipo? – perguntei a ela.

-Na verdade, eu tenho que fazer uma revisão do projeto de Apolo, e enviar uma Mensagem de Iris pra ele se estiver tudo em ordem. O quanto antes eu terminar com ele é melhor. O deus sol está bem apressado com a reforma. – ela riu se levantando.

-Oh, certo. Isso demora? Digo a revisão do projeto?

-Não. O que pode demorar é a visita dele. Vou entrar em contato com ele por volta das oito horas. Acho que até lá a carruagem do sol estará por aqui e então não vou atrapalhar a iluminação de nenhum lugar no mundo. Por que Percy?

-Ah, eu queria fazer alguma coisa. Tipo, só nós dois. Já que as crianças vão pro colégio e eu to de folga. Mas tudo bem.

-Oh. A coisa só nós dois pode ser um filme no sofá da sala?

-Se tiver biscoitos azuis pode sim. – eu disse e ela riu.

-O meu Cabeça de Alga não perde a mania, não é?

-Não. – eu ri com ela.

-Vou tomar um banho, revisar o projeto e já aviso Apolo. Assim que ele vá embora podemos ver o filme.

-Perfeito. – eu disse saindo do quarto.

Desci até a cozinha preparar o café da manhã, e enquanto descia ouvi Charles e Silena brigando para usar o banheiro como sempre. Ela perdeu dessa vez.

Depois de vinte minutos todos estávamos sentados à mesa. Logo as crianças, que não são mais tão crianças assim saíram e Annabeth foi para seu escritório revisar o projeto. Depois de arrumar a mesa e lavar a louça, porque eu sou um bom marido e faço essas coisas, fui até a sala de estar para escolher um filme. Enquanto remexia na não tão pequena coleção de DVDs da estante, a campainha tocou.

Andei despreocupadamente até a porta e me surpreendi ao ver quem estava ali. De mochila nas costas e com seu par de muletas.

-Grover! Oh, deuses! Grover! – eu exclamei e abracei meu amigo.

-Béééé! Percy! Que bom que está em casa. Pensei que talvez eu perdesse a viagem. – o sátiro disse enquanto se sentava no sofá.

-O que te traz aqui amigo? Na ultima vez que te vi você estava todo ocupado com as coisas de Senhor da Natureza.

-Ainda estou e é por isso que estou aqui. Eu vim pedir ajuda.

POV CHARLES

A hora do intervalo era com certeza a melhor do dia. Fui até o pátio e encontrei Silena, Jake e aquela amiga loira da Silena, acho que era Hope o nome dela. Eu não gostava daquela menina, ela era muito nojenta e patricinha demais. Ainda não entendo como Silena podia ser amiga dela e ter ficado com tanta raiva da Anna Sophia. E falando na senhorita Stoll, fazia três semanas que eu não a via. Ela tinha voltado para casa da avó e não sabia quando poderia voltar para Nova York. Tentei conversar com ela pela internet, mas nossos horários não batiam, e aí acabávamos sem passar do “Oi, tudo bem?”.

Me sentei ao lado de Jake e percebi o silencio da mesa. Hope encarava Jake de uma forma estranha, Silena estava emburrada e Jake olhava para o pátio. Quando cheguei, engatei uma conversa sobre o time com Jake. Eu queria que ele fizesse os testes que começariam na semana seguinte:

-Vai ser legal cara. Pensa, se tu passar, vamos jogar na mesma equipe.

-Ah, sei não Charlie. Não sou muito bom em basquete.

-Você sabe todas as regras e sabe fazer alguns dribles e jogadas. Você tem ótimas chances. E se você passar, você vai ficando melhor a cada treino. Vai por mim Jake, faça o teste.

-Aposto que você vai ser o melhor jogador do time. – Hope disse com aquela voz toda meiga dela. Jake corou, mas ignorou o comentário.

Só eu achava que aquela amiga da minha irmã estava dando em cima do meu amigo?

-Vou pensar gente. Quando são os testes?

-Começam na próxima semana. O dia ainda não foi definido, mas eu te aviso.

-Quem vai supervisionar?

-O treinador e mais alguns professores. Se o aluno não tiver boas notas, ele pode ser ótimo no jogo que não é selecionado.

-Certo. Acho que estou tranquilo com isso.

Percebi uma mulher com um terninho amarelo se aproximando de nós, com uma prancheta na mão:

-Com licença, Silena e Charles Jackson?

-Aqui. – eu e a Si respondemos juntos.

-Seu pai ligou para nós, pedindo que os mandasse pra casa. Disse que é urgente. Podem pegar suas coisas nos armários, o porteiro já está avisado. – ela disse saindo sem dar mais explicações.

-O que acha que aconteceu? – eu perguntei para minha irmã.

-Não sei. Mas quero descobrir logo, então vamos! – ela disse e saiu sem se despedir dos amigos.

De todas as coisas que eu imaginei que poderiam ser o motivo de tal urgência, nenhuma era tão boa como aquela.