- Estamos à espera – afirmou Draco.

- Lembras-te da Ashley? – perguntou Joseph olhando para Draco.

- Quem? – questionou o loiro.

- Pois, é claro que não te lembras – comentou o garoto de olhos verdes, como se fosse óbvio –A Ashley era uma garota da Lufa-lufa, tinha olhos verdes e cabelo preto como eu, e foi uma das tuas mil e uma ficantes.

- O que isso tem haver com teres torturado a minha namorada? – perguntou Draco, visivelmente irritado.

- Tem tudo haver, acontece que ela era minha irmã, sim, era… A ashley não era como as outras garotas, ela não ficou contigo porque tu eras popular, bonito e rico, ela ficou contigo porque te amava, de verdade, e tu trataste-a como tratas todas as garotas, usaste e deitaste fora. A minha irmã acreditou mesmo que tu a amavas – lágrimas começavam a cair pelos olhos do garoto – e quando percebeu que não, entrou numa profunda depressão, ela não comia, não se divertia, só chorava e sobrevivia – ele falava diretamente para Draco, e nas suas palavras podia-se sentir raiva, nojo e ódio – Até que um dia, ela não conseguiu mais, ela era uma garota sempre alegre, divertida e querida, de quem todos gostavam, e por tua causa, tornou-se em alguém sem vida, sem alegria, um zumbi. Ela acabou por se suicidar – as lágrimas caiam pelo seu rosto e ele nem as tentou esconder – ELA SÓ TINHA 15 ANOS, E ELA MATOU-SE, POR TUA CAUSA, PORQUE TU ÉS UM INSENSÍVEL, SEM SENTIMENTOS E PORQUE TENS UMA PEDRA DE GELO NO LUGAR DO CORAÇÃO – gritou a plenos pulmões. O rosto estava vermelho e cheio de lágrimas.

Luna, que ouvia tudo atentamente, começou também a chorar. Como Draco podia ter feito aquilo? Ela sabia que ele usava as garotas, mas nunca pensou que ele fosse responsável pela morte de alguém. Ela sentia-se magoada, ela sentia raiva de Draco e sobretudo, sentia pena de Ashley e de Joseph, que não tinham culpa de nada.

- É por isso que eu fiz isto, porque ao longo de meses percebi que a única coisa com que te preocupavas, mais do que contigo mesmo, era com ela – afirmou apontando para Luna – E qual era a melhor vingança do que matar a tua namorada, mesmo á tua frente? – perguntou com um sorriso sarcástico e triste.

Draco permanecia pálido, estava parado como uma pedra, não sabia como reagir áquilo. A sua consciência dizia que aquilo era tudo culpa dele, que ele devia fazer algo para se desculpar, mas ele era um Malfoy, ele só tinha agido conforme o que lhe tinham ensinado.

- Não vais dizer nada, Draco? – perguntou Luna encarando-o com aqueles grandes olhos azuis.

- Não tenho nada para dizer – ele afirmou com uma voz fria.

- Eu odeio-te – foram as últimas palavras de Luna antes de sair correndo da casa dos barcos.

Joseph encarou Draco com um olhar de ódio, pegou na sua varinha que estava jogada no chão e acabou por fazer o mesmo que Luna, ir-se embora.

(…)

Luna estava sentada na sua cama com as mãos em volta dos joelhos, puxando-os contra o peito. Não tinha dormido nada naquela noite, mesmo que tentasse, não conseguiria fechar os olhos, não com a cabeça cheia de pensamentos, como ela estava.

Ela nunca se tinha sentido tão desiludida com alguém. A garota não costumava ter muitos amigos, pois poucos eram aqueles que queriam ser amigos da “lunática”. E bem, namorados muito menos, o seu primeiro e único namorado, era Draco. Talvez fosse por isso que ela se sentisse tão desiludida, porque nunca tinha namorado ninguém, então nunca se tinha desiludido assim.

Ela sabia que Draco tinha um passado negro, ela sabia que ele tinha sido uma pessoa má, mas também sabia que isso se devia à educação que tinha recebido.

Mas, nunca sequer imaginara que Draco era o responsável pela morte de alguém. Quer dizer, ela nunca conhecera Ashley, mas ela era uma pessoa, uma garota, um ser humano, e merecia respeito e Draco não tinha tido respeito por ela, tratara-a como lixo e mesmo tendo sido o responsável pela morte dela, nem pediu desculpa, nem tentou fazer algo e muito menos mostrou pena ou arrependimento. Não, ele parecia uma pedra de gelo, sem coração, sem sentimentos. É, talvez Joseph tivesse razão sobre Draco.

- Luna, está tudo bem? – perguntou Caroline. A ruiva tinha acabado de acordar e ao ver a amiga assim, percebeu que algo se passara.

- Não, nada bem, mas deixa para lá – ela afirmou entrando no banheiro para tomar banho.

Depois de tomar banho e mudar de roupa, Luna saiu do salão comunal da Corvinal em direcção ao salão principal, mas pelo caminho encontrou Joseph.

- Podemos falar? – perguntou o garoto com um tom sério.

- Sim – ela entrou numa sala, depois de verificar que estava vazia fez sinal para Joe falar.

- Eu queria pedir-te desculpa por ontem, o que eu fiz foi um crime, usei uma maldição em ti. – ele afirmou de cabeça baixa.

- Eu sei…

- E queria-te pedir para não contares a ninguém, eu sei que não tenho esse direito, sei que te torturei, mas por favor, não contes a ninguém, se não eu vou ir para Azkaban. – ele pediu.

- Eu não conto a ninguém, está descansado – ela sorriu fraco.

- Obrigado, Luna – ele abraçou-a. Ela sentiu-se estranha por estar a abraçar Joseph, afinal ele tinha-a torturado e enganado. Mas ela sabia que no fundo ele era um inocente, vítima de Draco como ela.

(…)

Naquele dia de aulas, Luna tentou ao máximo ignorar Draco, o que não foi fácil. Quando as aulas finalmente acabaram ela fechou-se no seu dormitório a pensar e a reflectir sobre o que fazer em relação a Draco. Ela gostava dele, mas sentia-se tão desiludida.

Os seus pensamentos foram interrompidos por uma luz que saia do seu livro de capa vermelha. Pegou-o e leu o que estava lá escrito.

“Precisamos de nos encontrar, Luna. Daqui a 15 minutos, na sala precisa!”

Ela fechou o livro ignorando as palavras de Draco.

Sentia-se traída, apunhalada e desiludida. A última coisa que ela queria fazer era falar com Draco.