Edward POV.

Nós dois nos entregamos a um fim de tarde cheio de prazer e luxúria. Quando estávamos completamente extasiados dormimos um nos braços do outro. E a sensação de vê-la respirar calmamente ao meu lado era indescritível.

You’re Not Sorry – Taylor Swift

Bella POV.

A sensação de ser tomada pelos braços de Edward foi mais prazerosa do que antigamente. O desejo latente que eu ainda sentia por ele era completamente visível em cada suspiro e gemido que saía da minha boca e Edward não ficava atrás, eu senti o seu desejo pulsando entre minhas pernas durante os nossos atos... Era inquestionável: eu ainda o amava, tanto quanto antes... Dormi em seus braços, o efeito do vinho ainda em minhas veias.

Todo esse tempo que eu estava esperando você vir
Eu te dei todas as chances e você sempre me desaponta
E levou muito tempo querido, mas eu entendi qual é a sua
E você pensa que ficaremos bem de novo, mas não desta vez

Mas o fato de ter feito sexo com Edward Cullen não tapava o sol com a peneira. Eu podia amá-lo mais do que nunca, mas o que ele fez comigo há dois anos é imperdoável. A traição é o que eu não suporto, ainda tem outras pessoas envolvidas nisso também... Deus! O que eu fiz? Não podia ter me entregado de bandeja, como uma presa fácil.

Fui tirada da minha inconsciência acordando para a minha realidade. Eu havia dormido em seus braços e por mais que meu coração faltasse sair pela boca por este fato, eu não podia me deixar levar. Edward não passava de um sedutor. Para me tirar de meus devaneios, senti uma mão ao redor da minha cintura, acariciando minha barriga com movimentos leves, um suspiro involuntário escapou pela minha boca e eu recebi uma risada rouca em meu ouvido, me fazendo arrepiar por completo.

Você não tem mais que ligar,
Eu não vou atender ao telefone
Essa foi à última gota,
Não quero me machucar mais.
E você pode dizer que você sente muito
Mas eu não acredito em você querido como eu acreditava antes,
Você não está arrependido não, não, não, não...

- Eu sei que você está acordada, Bella. – aquela voz rouca e completamente sedutora falou em meu ouvido novamente, e ainda mordiscou minha orelha.

Eu tinha que me desvencilhar daquela máquina de sedução o mais rápido possível, senão eu me renderia novamente e será tarde demais para mim. Tentei me levantar, mas fui impedida por um braço forte em minha cintura, eu queria chorar.

- Me solta, Edward. – falei com a voz fraca, porém firme.

E graças aos céus ele me soltou. Sentei-me na cama e abaixei a cabeça, e com as minhas mãos peguei em meus cabelos desgrenhados. Queria arrancá-los um a um, só de arrependimento. Eu era uma completa idiota, aquilo era um erro. Senti o lado de a minha cama afundar mais, era Edward que estava se sentando também.

Parecendo tão inocente
Eu talvez acreditasse em você se eu não te conhecesse
Poderia ter te amado por toda a minha vida
Se você não tivesse me deixado esperando no frio
E você teve seus segredos
E eu estou cansada de ser a última a saber
E agora você está me pedindo para escutar
Porque isso sempre funcionava antes

- O que você tem Bella? – ele me perguntou, tocando em meus ombros e com a voz preocupada.

Mas era muito hipócrita mesmo! Desvencilhei-me bruscamente de seu toque e olhei pra ele, a fúria estava me dominando. Edward me encarava completamente confuso, mas eu não cairia, não mais.

- O que eu tenho? – minha voz saiu esganiçada, tamanho era o ódio, e ele me encarava mais confuso ainda – Eu tenho problemas com você, Edward Cullen! – esbravejei me levantando avidamente da cama e levando o lençol comigo.

- Espera Bella, você não se lembra do que aconteceu? – Edward me perguntava aturdido e pegou um travesseiro pra cobrir suas partes íntimas.

- Mas é claro que me lembro, tanto que me arrependo ao máximo! – praticamente gritei.

- Arrepende? – me perguntou, triste.

- LÓGICO! – berrei – Isso foi um erro, Edward, um tremendo erro. – senti as lágrimas transbordarem os meus olhos.

- Erro?! – perguntou, já irritado – Você bem que não achou isso enquanto gemia descontroladamente o meu nome, não é?

Você não tem mais que ligar,
Eu não vou atender ao telefone
Essa foi à última gota,
Não quero me machucar mais.
E você pode dizer que você sente muito
Mas eu não acredito em você querido como eu acreditava antes,
Você não está arrependido não, não, não, não...

Edward POV.

Eu não acreditava naquilo que estava ouvindo da boca de Bella. Será possível que tudo aquilo que acontecera entre nós durante este fim de tarde não significou nada para ela? Como ela podia se arrepender?

- LÓGICO! – berrou – Isso foi um erro, Edward, um tremendo erro. – e pude ver seus olhos castanhos brilhando, ela estava prestes a chorar.

Mas eu não a pouparia aquilo me irritou. Como assim erro?

- Erro?! – perguntei, a irritação me dominava – Você bem que não achou isso enquanto gemia descontroladamente o meu nome, não é? – debochei.

E ela ficou sem fala, completamente muda.

Você me teve rastejando por você, querido
E isso não teria acabado nunca
Você costumava brilhar tão forte,
Mas eu vi nosso amor se apagar

- Vai ficar muda? – indaguei-a, e ela me encarava furiosa, ainda sem palavras – Vai voltar para cama comigo ou vai ficar aí continuando a achar que tudo foi um erro? Não acha que já sofremos demais? Ainda quer mais um pouco? – sentia a raiva me dominar.

- JUSTAMENTE PELO FATO DE SOFRER DEMAIS É QUE ACHO QUE ISSO É UM ERRO! − ela rebateu, as lágrimas escorriam por sua face – NÃO QUERO COMETER O MESMO ERRO DUAS VEZES! – ela gritava histericamente.

- O AMOR QUE EU SINTO POR VOCÊ É UM ERRO? – berrei, já estava histérico também.

- AMOR? – ela rebateu, sarcasticamente – QUE AMOR É ESSE QUE TRAI? QUE MACHUCA E FAZ DOER?

- Eu sei o que eu fiz contigo, Bella... – comecei, meus olhos se enchiam de lágrimas – E não me orgulho disso, eu me arrependo todos os dias.

- Arrepende? – sua voz afinou e ela já soluçava – Você não passa de um sedutorzinho barato, Edward Cullen. – disse, limpando as lágrimas, com a voz firme.

- Bella, pára com isso. – eu me levantei.

- NÃO SE APROXIME DE MIM! – berrou.

- Ok, Bella. – respirei fundo – Você está pedindo por isso... – ela me olhou confusa – Tem certeza de que tudo que aconteceu entre nós foi só culpa minha, tem? – a instiguei – Você nunca fez nada?

- VOCÊ SEMPRE FOI UM CACHORRO, EDWARD! SEMPRE COM MIL E UMAS MULHERES! SEMPRE! – berrava.

- MAS EU ESCOLHI VOCÊ! – berrei também – EU QUIS FICAR COM VOCÊ, MAS VOCÊ E A SUA INSEGURANÇA... SEU ORGULHO IDIOTA... – comecei a me descontrolar e a me aproximar dela que me olhava chorando compulsivamente.

- E A CULPA É MINHA AGORA? – rebateu – VOCÊ NÃO VAI MUDAR NUNCA! SEMPRE TIRANDO O SEU DA RETA... POR SUA CULPA O MEU FILHO ESTÁ MORTO! – os seus soluços eram bem maiores agora.

E eu estaquei onde estava. Eu sabia que ela ainda me culpava... Não consegui conter as lágrimas.

- NÃO SE ESQUEÇA QUE ELE ERA MEU FILHO TAMBÉM, E A CULPA NÃO É SOMENTE MINHA! – berrei, a dor da perda me corroia por dentro – SE VOCÊ TIVESSE ME FALADO ANTES ISSO NÃO TERIA ACONTECIDO! E ELE OU ELA ESTARIA ENTRE NÓS AGORA! – solucei e ouvi o seu soluço forte.

Bella encostou-se à parede, parecia que ia cair a qualquer momento. Larguei o travesseiro na cama e catei minha cueca que estava no chão ali próximo, coloquei-a de qualquer maneira e fui andando até ela. Eu sabia que a dor devia ser mais intensa para ela, já que ela era a mãe.

Toquei em seus ombros que tremiam devido ao intenso choro e não obtive rejeição.

- Bella, é tão complicado entender que eu te amo? – perguntei, as lágrimas desciam livremente agora.

- Eu... Não... Quero esse... Amor. – disse entre os soluços e meu coração quebrou ao ouvir essas palavras dela.

- Eu te amo, demais... Por favor... – me humilhei a ela.

Peguei em seu rosto com as duas mãos e levantei para ficarmos cara a cara.

- Me... Solta... – pediu num fio de voz.

- Não. – disse a ela.

E tomado pela dor e a vontade de tentar amenizar a dor em seu coração, beijei-a. Apesar de estarmos banhados de lágrimas, o toque dos meus lábios nos dela me faziam esquecer qualquer outra coisa. Eu queria confortá-la, amá-la como eu deveria ter feito... Sei que disse muitas coisas para ela agora, mas eram somente verdades que precisavam ser ditas. Bella se remexia, tentava se soltar de mim, em vão, eu sou bem mais forte que ela.

Você não tem mais que ligar,
Eu não vou atender ao telefone
Essa foi à última gota,
Não quero me machucar mais.
E você pode dizer que você sente muito
Mas eu não acredito em você querido como eu acreditava antes,
Você não está arrependido não, não, não, não...

Bella POV.

Será que Edward é tão tapado ao ponto de se humilhar mesmo para mim? Como ele tinha a coragem depois de tudo que dissemos...

- Eu te amo, demais... Por favor... – ele murmurou.

Pegou meu rosto com as duas mãos e o levantou, ficamos cara a cara. Eu queria me soltar, mas não tinha forças pra nada.

- Me... Solta... – pedi num fio de voz.

- Não. – ele me disse.

E então somente senti seus lábios perfeitos sobre os meus. Ele forçava um beijo, mas era idiota! Eu já não tinha dito que não o queria? Tentei me soltar, mas Edward me segurava com força. Eu só tinha uma solução para tomar.

Juntei todo o restante de força que eu tinha e dei uma joelhada certeira entre as pernas de Edward e automaticamente ele me soltou, caindo a minha frente, gemendo de dor. Sem esperar mais nada corri para o banheiro e me tranquei lá, deixando o choro me dominar mais ainda.

- QUANDO EU SAIR DAQUI, EDWARD CULLEN, QUERO QUE VOCÊ NÃO ESTEJA MAIS NO MEU APARTAMENTO! – gritei de dentro do banheiro.

Edward POV.

Eu somente senti uma dor filha da puta entre as minhas pernas. Caí no chão de tanta dor, Bella tinha me dado uma bela joelhada nas minhas genitais. Eu estava com muita raiva dela e com muita dor.

- QUANDO EU SAIR DAQUI, EDWARD CULLEN, QUERO QUE VOCÊ NÃO ESTEJA MAIS NO MEU APARTAMENTO! – ela gritou de dentro do banheiro, pelo que parece.

Consegui me levantar e ainda gemi um pouco, ela colocou toda a força que tinha.

- SE É ISSO QUE VOCÊ QUER, EU VOU, MAS DEPOIS NÃO VENHA CHORAR SOB O LEITE DERRAMADO! – gritei puto da vida.

Catei minhas roupas do chão e saí do apartamento dela, fazendo questão de bater com muita força a porta de entrada. Assim que entrei em meu apartamento joguei as minhas coisas no chão e fui para a cozinha. Tirei duas formas de gelo do congelador e tirei os cubinhos de lá, colocando-os numa bolsa térmica e fui para a sala. Peguei meu celular que estava dentro do bolso da calça e me deitei no sofá, colocando a compressa em cima do meu amigo. Gemi de dor.

Bella POV.

Eu não conseguia acreditar naquilo. Eu escorreguei pela parede fria do banheiro e me sentei no chão, pouco me importando com o gelado do mesmo. As lágrimas escorriam livremente pela minha face, mais do que antes.

- SE É ISSO QUE VOCÊ QUER, EU VOU, MAS DEPOIS NÃO VENHA CHORAR SOB O LEITE DERRAMADO! – ouvi-o gritar.

Solucei alto, mas o som foi abafado devido à posição fetal que eu me encontrava. Alguns segundos depois ouvi o som da porta sendo batida com força. Chorei muito, mais do que quando eu perdi o meu bebê. Levantei-me do chão usando o restante da força que tinha, desenrolei o lençol do meu corpo e entrei no Box do chuveiro. Liguei a ducha e deixei a água fria bater em meu corpo, minhas lágrimas se misturavam com ela.

Não sei por quanto tempo fiquei debaixo do chuveiro, não estava nem ligando pra isso. Saí e me sequei lentamente, já estava um pouco mais calma. Coloquei um pijama e resolvi tirar o lençol da cama. Não conseguiria dormir ali, não depois do que fizemos. Troquei toda a roupa da minha cama e me joguei em cima dela. Olhei para o relógio de cabeceira e ainda eram onze e quarenta e cinco da noite. E nada do sono.

Edward POV.

Eu fiquei um bom tempo com a compressa de gelo em cima do meu amigo. Estava perdido em pensamentos quando senti meu celular vibrar, olhei para o visor e era a minha irmã.

- Oi Alice. – respondi.

- Ei Edward, sabe me dizer o porquê que a Bella não atende o celular dela? – me indagou toda autoritária.

- E eu sou babá de Isabella Swan, Alice? – perguntei ríspido.

- Ih... – murmurou – O que você tem?

- Nada. – bufei.

- Edward, você não me engana maninho. – ela deu uma risadinha – Agora desembucha, anda!

- Eu... – hesitei – Bella e eu não tivemos uma conversa muito amigável.

- O que aconteceu, Ed? – e agora ela estava preocupada.

- Eu disse a você que iria conversar com ela, não disse?

- Sim, você me disse. – concordou.

- Então... – comecei a narrar os fatos pra ela – E para fechar com chave de ouro ela me deu um belo de um chute nas minhas bolas.

E eu só escutei as gargalhadas altas depois que me calei. Que maravilha! Eu conto que meus futuros filhos foram dizimados e ela ri.

Ótimo.

- Alice, menos. – revirei os olhos – O que me deixa mais irritado é que não conversamos como pessoas civilizadas. – suspirei.

- Ai Ed... – ela suspirou depois de se acalmar da crise de risos – Eu sabia que ia dar nisso, vocês dois tinham que conversar calmamente e não ir logo pro sexo... Mas é bem a sua cara fazer isso.

- Alice...

- Olha Edward, vocês dois já ficaram juntos e não deu certo, ela chegou e você ainda não fez nada certo para conquistá-la. – ela me dizia com um fundo de desapontamento – Não vai ser desse jeito que vocês irão voltar a ter um relacionamento.

- Mas Alice...

- “Mas” nada, Edward. – disse, me interrompendo – Pense no que vai fazer depois nos falamos. – encerrou a ligação sem nem esperar eu falar algo.

Eu joguei o celular de qualquer jeito em cima da mesinha de centro em frente ao sofá que eu estava deitado. Bufei de irritação e fechei os olhos... Em minha mente só vinha à imagem das últimas palavras de Bella pra mim.

“- Eu... Não... Quero esse... Amor. – disse entre os soluços e meu coração quebrou ao ouvir essas palavras dela.”

Eu pude sentir toda a dor me contornar, me levando para o mais profundo abismo. Ela não me queria, já tinha desistido de tudo, de nós... Senti as lágrimas escorrer por minhas bochechas, não me importei em limpá-las porque sabia que depois das primeiras viriam outras mais.

Bella POV.

Por mais que eu quisesse dormir eu não conseguia. Fiquei deitada de barriga para cima e olhando para o teto. Eu queria esquecer tudo àquilo que aconteceu há poucas horas, queria tirar Edward Cullen da minha vida... Mas será que eu queria mesmo?

[...]

Os dias se passaram rapidamente. Eu me enfoquei no trabalho cada vez mais e além do que eu estava pintando descontroladamente, só saía do meu ateliê na galeria bem tarde da noite. Eu me sentia só, parecia que depois da minha discussão com Edward um pedaço de mim tinha ido embora com ele. Eu também não o vi mais depois que ele saiu do meu apartamento, tinha vezes que seu carro estava no estacionamento e tinha outras vezes que não estava mais lá, mas por sorte nós dois não nos encontramos pelos corredores do prédio, e olha que a probabilidade é enorme.

Eu nem precisei conversar com a Alice para dizer o que tinha acontecido, Edward já tinha se dado ao trabalho. Ela me compreendeu em termos, mas continuava a insistir que nós deveríamos nos sentar e conversar como pessoas civilizadas que éramos, mas eu evitava qualquer evento que nós dois pudéssemos estar juntos.

Quando menos percebi, o mês de agosto tinha se passado e setembro amanhecia frio. Estávamos no mês do meu aniversário. Eu estava em casa, era uma sexta-feira e eu não me sentia muito bem, estava muito gripada. A televisão da sala falava e eu estava tomando um chá. De repente a campainha tocou, me assustei, não estava esperando ninguém. Coloquei a minha caneca em cima do porta-copo sobre a mesa e me levantei do sofá.

Fui averiguar quem era pelo olho mágico da porta e quase caí pra trás quando vi quem era. Não era possível... Abri a porta ainda aturdida e encarei a figura extremamente sorridente a minha frente.

O que ele queria?