Lágrimas de Sol escrita por Anastacia B, Kah Correia


Capítulo 27
Capítulo 27 - A Viagem


Notas iniciais do capítulo

Segue novo post.
Demorei um pouquinho para postar, por que estou finalizando a fic e vou confessar uma coisa... Está muito difícil rs.
De qualquer forma, estamos na contagem dos três... É este capítulo e mais dois no máximo. Estou decidindo somente se vou dividir em duas partes ou não.
PORTANTO, vamos ver se os leitores(as) fantasmas deixam um recadinho pra gente!!!
Beijos e boa leitura!!!



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Parei de frente a porta de madeira maciça e logo, conferi o endereço no amassado papel, que estava em minhas mãos.

-Tem que ser aqui. – Murmurei para mim mesma e em seguida, ajeitei minha roupa. Com uma batida tímida na porta, aguardei que a abrissem. Não demorou muito, para que uma jovem mulher aparecesse na soleira.

-Boa tarde. Em que posso ajuda-la? – A mulher de aproximadamente trinta anos, me perguntou. Seus olhos eram castanhos e seu cabelo não passava da altura dos ombros.

-Eu... Estou procurando uma pessoa. – Nervosamente, olhei novamente o papel, para conferir que não havia ido ao lugar errado.

-Sim. – A mulher então pareceu intrigada.

-Eu procuro por Isadora Hathaway. – Fui direto ao assunto, voltando a amassar meu papel com o endereço e o colocando, dentro do bolso de minha jaqueta.

-E você quem é? – Sua expressão então suavizou um pouco, embora ela estivesse claramente intrigada.

-Sou sua neta. Rosemarie Hathaway. – Respondi, esperando que a convencesse a me deixar entrar.

A mulher claramente ficou abismada com minha presença. Seus olhos se abriram um pouco mais e sua pele, tomou um tom mais pálido. Ela estava prestes a me responder alguma coisa, quando alguém atrás dela surgiu.

-Quem é, Carolina?  - Uma mão tocou o ombro da jovem e então, eu pude ver realmente de quem se tratava. Com cabelos grisalhos e um longo vestido florido, seria quase impossível não identifica-la. Era minha avó.  Quando ela percebeu minha presença, seus olhos se abriram em choque.

-Rose? – Ela deu alguns passos em minha direção e quando finalmente tocou meu rosto, não consegui evitar começar a chorar. Vendo-me ali tão vulnerável, apenas me abraçou. – Menina, você não esta morta.  – Sua voz era tão chorosa quanto a minha.

-Não vó, eu não estou. – Me abracei a ela, percebendo notavelmente a nossa diferença de altura. Assim como minha mãe, ela era centímetros mais baixa que eu.

Quando nos separamos, ela segurou os dois lados do meu rosto.

-Venha, vamos conversar lá dentro que já esta escurecendo. – Então a segui para dentro da sala, arrastando minha mala.

Paramos em uma acolhedora sala de estar. Sentei em um sofá macio de cor bege e com ajuda de algumas almofadas, mantive minha postura ereta. Minha avó sentou-se de frente a mim e a moça de nome Carolina, apenas nos observava em pé, próximo a porta.

-Como me achou? Eu achei que seu tio nunca permitisse.

-Eu não a achei. Na verdade, foi meu namorado. – Sorri com a lembrança da surpresa de Dimitri.

-Como você saiu daquele lugar para loucos? – Dessa vez, percebi que tinha sua total atenção.

-Eu tive ajuda. – Respondi vagamente, não querendo importuna-la com meus problemas. –Mas agora estou bem.

-Eu vejo. Se tornou uma jovem mulher muito bonita. Faz muito tempo, que sonhei em saber notícias suas. – Ela pareceu triste de repente. – Mas seu tio me disse da última vez que perguntei, que você não poderia receber visitas. Que estava inclusive muito mal de saúde.

-É tudo bobagem. – Virei os olhos. – Há não muito tempo, acabei conseguindo minhas coisas de volta, mas foi somente, por que entrei com um pedido na justiça.

-Eu ainda tenho problemas para acreditar, em como o seu tio pode ter se tornado alguém tão ganancioso.

-Ele sempre teve problemas com papai. Sempre achou que ele o roubava de alguma forma. – Não contive um longo bocejo.

Oh filha, você deve estar cansada. – Ela pausou seus olhos em meu rosto. –Carolina, por favor, veja o quarto de hospedes para minha neta. – A mulher então sinalizou para minha avó e logo partiu.

-Quem é ela, vovó? – Perguntei quando já estávamos sozinhas.

-Carolina é uma mulher que cuida de mim. Ela ficou sem mãe a mais de dois anos e seu pai, nunca soube sua verdadeira identidade. Como eu a conhecia desde menina, pedi que viesse morar comigo. Afinal... – Ela então se levantou. – Eu já estou me tornando uma mulher bem velha e não é bom, ficar sozinha.

-Pode se mudar comigo, para New York – Sugeri, a ajudando a se equilibrar. – Eu também moro sozinha.

-E seu namorado? – Ela sorriu.

-É uma longa história vovó. – Virei os olhos, me sentindo estranhamente em paz. –Te conto com calma.

Ela então sorriu e logo, começamos a caminhar em direção as escadas.

---X---

Encarei durante um bom tempo a xícara branca. Dimitri não estava atendendo ao telefone e isso, me preocupava.

-Seu namorado não atende? – Minha avó perguntou de repente, me fazendo fita-la que agora, cortava uma grossa fatia de bolo de fubá, para mim.

-Ele não esta atendendo. – soltei um longo suspiro e por fim, decidi depositar o celular na mesa de chá. – Mas deve estar ocupado com alguma coisa. – Sorri.

-Ele é medico, não é? São assim mesmo. – Vovó me ofereceu o prato.

-É mesmo. – Respondi depois de um tempo, entre uma garfada de bolo. –Sabe que eu comentei com ele uma vez, sobre sua torta de maça.

Isso realmente pareceu encabula-la, que sorria de forma tímida agora.

-E o que disse? Tentou ao menos lhe fazer uma torta?

-Vovó nem diga. – Gesticulei com o braço, me sentindo confortável. – Passei longe de tortas, mas lhe fiz outras coisas para comer. Há alguns dias atrás, consegui montar o buffet de aniversário de sua sobrinha. Tudo correu bem. – Dei um longo gole em meu chá de camomila.

-Gostaria de conhecê-lo. Com toda a certeza irei lhes fazer uma visita em New York, mas morar lá. – Ela então pausou e como minha mãe, fez beicinho. – Não acho que conseguiria retomar o resto de meus dias, em uma cidade tão movimentada e tão cheia de lembranças, como aquela.

Aquilo de certa forma me deprimiu um pouco, mas preferi ignorar meu termos. Eu estava mais preocupada com minha avó, do que qualquer outra coisa.

-E como está sua vida aqui? Tem tudo o que precisa? – Passei meus olhos preguiçosamente ao redor, notando a decoração rústica. Bem diferente do que eu estava habituada da última vez que a vi, percebi que sua casa agora era relativamente menor, mas não menos aconchegante.

-Eu tenho tudo o que preciso, não se preocupe querida.

-Se precisar de qualquer coisa, não hesite em me informar. Eu sinto tanto, pelo tempo que perdemos. Jamais perdoarei meus tios– Toquei sua mão por cima da mesa, sentindo o calor materno. O calor que eu tanto ansiei durante muito tempo.

-Agora vamos falar de coisa boas. Vou te ensinar a preparar aquela torta e levar um pedaço, para seu namorado. – Ela sorriu e então se levantou da cadeira, me fazendo segui-la.

Não demorou muito para que finalmente conseguíssemos finalizar a torta e já era final de tarde, quando minha avó se retirou para descansar. Sem muitas opções e sem conseguir contato com Dimitri, acabei adormecendo enquanto assistia a um filme no sofá.

-O que é isso? – Abri um dos olhos, cansada demais para me mexer, mas o barulho do celular era insistente. Lancei um olhar rápido à janela e percebi que já estava escuro lá fora. Provavelmente, ainda era noite. – Alô? – Atendi ser ter o cuidado de olhar no identificador de chamadas.

-Roza? Acordei-te? – A voz mais calma e veluda do mundo, soou do outro lado da linha.

-Na verdade sim.  – Sorri, sentindo minha voz rouca. –Mas agora já levantei. – Sentei então no sofá, cobrindo meus pés já com meias, com a manta xadrez. Minha avó ou possivelmente Carolina, havia me coberto durante meu cochilo no sofá.

-Como foi à viagem? Eu vi suas mensagens, mas meu dia foi um caos. – A voz de Dimitri continuava tranquila, mas eu quase o podia ver, virando os olhos. –Eu tive uma cirurgia bastante demorada hoje.

-Está tudo bem. – O tranquilizei. – De qualquer forma, hoje preparei uma torta de maças.

-Daquelas que sua avó faz? Traz-me um pedaço. – Ele sugeriu.

-Na verdade, a ideia da torta era mesmo para isso. – Ri baixinho. – minha avó me ensinou como faze-la e estou levando um pedaço para você, só que provavelmente, terá que ser em uma segunda fornada. – Passei rapidamente meus olhos sobre a mesa de chá e percebi que mais da metade da torta, já havia sido comida.  –Acho que a comi quase toda.

Dimitri gargalhou do outro lado da linha e não consegui evitar sorrir.

-Ou pode fazê-la aqui mesmo. Sinto sua falta.

-Eu também. Mas ainda vou ficar por alguns dias. – Passei os olhos pelo relógio de pendulo da sala e então percebi, que era quase meia noite. Eu havia dormido um bocado.

-Te espero para o casamento pelo menos? – Dimitri sugeriu e não contive um sorriso.

-Claro que sim, mas desta vez, eu não serei a de branco. – O comentário saiu tão inesperadamente que não consegui conte-lo. Corei.

Houve uma longa pausa e então, Dimitri voltou a falar.

-Vou te deixar descansar então. Amanhã nos falamos. – Sua voz havia mudado um tom. Era quase como se ele estivesse me escondendo algo. – Te amo.

-Está bem. Te amo. – Logo, desliguei o aparelho prateado e voltei a dormir no sofá.

Os outros dois dias, passaram como um borrão. Fiquei o máximo do meu tempo conversando com minha avó sobre histórias em comum e também, sobre meu curso de gastronomia. Nos lembramos centenas de vezes de minha infância e também, no rumo que eu pretendia tomar, para a minha vida. Visitamos casas de vizinhas e também alguns parques. Com minha formatura se aproximando, sua presença era algo que eu não quis cogitar sobre New York. Depois de uma breve insistência, ela acabou cedendo.

Um pouco antes de partir, havíamos conversado novamente sobre sua mudança para minha casa no centro de tudo, mas ela me esclareceu estar muito bem de vida e também, com a companhia de Carolina. Mesmo com meu coração nitidamente ficando ali, acabei encerrando minha viagem com uma promessa de vê-la logo. E se Deus quisesse, isso não tardaria.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam da surpresa da avó dela?
Comentem e se possível, vamos recomendar gente :( faz muiiito tempo que não recebo uma recomendação... estou triste :(