Resolvendo por fim ignorar o telefonema, coloquei o aparelho dentro de meu bolso. Dimitri permanecia em silêncio ao meu lado enquanto seguíamos rumo, à entrada da casa de sua mãe. No terceiro toque a porta foi aberta e um amistoso sorriso de Olena, me fez esquecer os problemas por um momento.

-Rose querida, fico feliz que tenha vindo nos visitar – Ela me abraçou antes mesmo, que eu passasse pela porta. – Quando Dimitri me avisou que traria você, todas nós ficamos muito felizes.

-Fico agradecida por me receber – A abracei de volta, me sentindo aliviada. Logo atrás dela, estava seu neto mais novo, que eu havia visto no Hospital, quando Sofia estava internada. Ele timidamente ergueu suas duas pequenas mãos, para que eu o pegasse.

-Parece que Thiago quer que o pegue – Dimitri tocou gentilmente minhas costas, me incentivando ao ato e assim o fiz. Com uma frágil, porém decidida tentativa, peguei a pequena criança no colo, que sorriu abertamente.

-Hey pequeno. – Beijei sua bochecha rosada, observando Dimitri cumprimentar sua mãe.

-Estamos famintos. – Ele disse por nós dois e eu não consegui disfarçar um sorriso.

-Sua irmã me disse, que estavam no Hospital. – Olena comentou, assim que começamos a segui-la, pelo interior da casa.

-Vicky esta entupindo Sofia de doces – Ele virou os olhos. –Se ela continuar assim, terei que proibir as visitas.

-Oh – A mãe de Dimitri pareceu surpresa e eu tomei as rédeas da situação.

-Não seja assim tão irritadiço com sua irmã. Ela esta tentando ser legal. – Dessa vez, foi Olena que riu baixo.

-Dimitri e Vicky compelem entre eles, desde que ela nasceu. – Olena disse sabiamente. – Mas mesmo assim, se amam.

-Isso é notório. – Comentei divertida. Mal havia percebido, que já estávamos em uma grande sala. Sônia estava penteando os cabelos de sua filha mais velha e havia alguns brinquedos pelo chão. Ao seu lado, um homem de aproximadamente uns trinta e cinco anos, assistia a um programa de televisão. Quando seus olhos cruzaram com os meus, ele se ajeitou no sofá e se levantou, para nos cumprimentar.

-Bom dia. – Ele disse amistosamente. – Como vai Dimitri? – Ao notar o sorriso em reconhecimento de Dimitri, percebi que eram amigos. Talvez, mais que isso.

-Olá Brian – Ele abraçou o homem. – Não sabia que estava na cidade.

-Eu não ia passar por aqui tão cedo, mas descobri o que houve com Sofia. – Ele pareceu desapontado. – Achei que seria correto fazer uma visita, a Sônia.

-Rose, este é meu primo de segundo grau, Brian. – Ele ofereceu sua mão e eu a apartei levemente, mudando o peso do pequeno Thiago, em meus braços. Notando minha dificuldade, Dimitri pegou o sobrinho.

-Sou Rose – Respondi.

-Sou Brian e já soube o suficiente de você. – Ele sorriu, mostrando uma fileira de dentes brancos e perfeitos. – É a nova Senhora Belikov.

Corei violentamente com o comentário, mas Dimitri pareceu relaxado e divertido, enquanto brincava com o pequeno Thiago, nos observando.

-Eu ainda não a pedi em casamento. – Dimitri corou um pouco, não abalando seu sorriso. – Mas vou fazê-lo, uma hora dessas.

-Está enrolando a moça! – Brian deu um leve soco no braço de Dimitri em brincadeira. Sônia protestou.

-Hey, devolvam meu filho, antes que ele se machuque. – Pegando seu bebê nos braços, ela gesticulou para mim, em saudação. –Oi Rose. – Seja bem vinda, em nossa casa.

-Obrigada – A acompanhei a sentar no sofá, deixando Dimitri e seu primo, conversarem.

-Não ligue para esses dois. São duas crianças – Sônia virou os olhos, enquanto colocava uma chupeta na boca de Thiago. O menino pareceu aconchegado e prestes a tirar uma soneca. Olena já havia saído do cômodo. Provavelmente, para terminar o almoço.

-Eu não ligo, não. – Sorri pela observação. Dimitri ainda conversava alegremente com Brian e percebi que provavelmente, eles não haviam se falado há algum tempo. –Eles não se veem sempre, não é? – Arrisquei a pergunta.

-Na verdade, depois que eu e Brian terminamos, ele acabou se mudando para Las Vegas. – Ela disse despreocupadamente, para meu espanto.

-Vocês, hum... Já namoraram ou algo do tipo? – Pareci mais curiosa e surpresa, do que eu gostaria de demonstrar.

-Tivemos um relacionamento digamos que, duradouro. – Ela esclareceu, embalando seu filho. –Crescemos juntos e algumas vezes aconteceu, de acreditarmos em um relacionamento. – Ela deu de ombros. – Tudo isso acabou, depois que conheci o pai das crianças.

-Ah, vejo – Murmurei, cruzando minhas pernas. – Então provavelmente, não se veem há um bom tempo.

Notei que Sônia havia ficado constrangida e suas bochechas, tomaram uma leve tonalidade rubro.

-Ah, me desculpe – Gesticulei rapidamente, não querendo parecer intrometida demais. Era notório que ela e o pai das crianças estavam separados, mas nem todo mundo, gostava de contar sobre sua vida pessoal.

-Não ligo para isso. – Ela sorriu. – Infelizmente não podemos controlar sempre, o coração.

Instintivamente, meus olhos seguiram para os de Dimitri e ele sorriu ao perceber, que eu o estava olhando.

-Isso é verdade – Disse sonhadoramente e ouvi uma risada abafada, vinda de Sônia.

-Você está apaixonada por ele, não é? – Sua pergunta me pegou desprevenida, me forçando a virar para encara-la.

-É tão evidente assim? – Franzi o cenho e ela sorriu ainda mais abertamente.

-Sim, é muito evidente. – Ela concluiu.

Não tivemos tempo para ingressar em um novo assunto, pois Olena nos chamou para almoçar. Durante a refeição, comentamos sobre o ponto de vista clínico sobre as melhores de Sofia. Dimitri pareceu bastante otimista e isso de certa forma, trouxe um alívio bem vindo tanto a sua família, quando a mim. Também questionamos sobre a possível festa de aniversário, para Sofia. Todos concordamos em manter a festa, mesmo depois do ocorrido e eu, estaria responsável pelo buffet. Olena e suas filhas, me ajudariam no que precisasse. Mesmo eu insistindo que não precisava, Dimitri também havia decidido que me pagaria pelo tempo, que eu os estaria ajudando. Sem uma outra alternativa, resolvi aceitar. Logo depois do almoço, seguimos para a casa, pois Dimitri havia sido chamado no Hospital. Vicky não apareceu. Provavelmente estava com Sofia, já que Sônia e Brian, também haviam partido para o Hospital com Dimitri, deixando as crianças com a avó Olena.

Max me esperava ansioso. Servi-lhe um prato de ração e quando estávamos prestes a sair para caminhar, a campainha tocou. Quando abri a porta, me deparei com Lissa. Ela segurava uma grande sacola marrom em uma mão e um casaco de chuva no outro.

-Não te encontro em casa mesmo não é?  - Ela pareceu quase ofendida, enquanto adentrava meu apartamento.

-Eu estive ocupada – Ajeitei meu rabo de cavalo, olhando pesadamente para Max que já sabia que nossa caminhada, estava adiada.

-Já que não atende meu telefone, vim te trazer o convite pessoalmente. – Lissa então mecheu em sua pesada sacola e me entregou uma pequena caixa, fechada com um laço roxo. – Meu convite de casamento, com Christian.

-Wow – Eu sorri em surpresa. Ela parecia maravilhada em me dar a notícia.

-Será uma cerimônia simples, mas quero muito que você seja minha madrinha. – Lissa então se sentou em meu sofá, cruzando suas esbeltas pernas, cobertas por uma meia calça preta.

-É claro que sim – Me sentei a sua frente. – Quando é o casamento?

-Daqui a duas semanas. – Ela respondeu e notei pelo seu tom, que ela escondia algo.

-E? – A instiguei, erguendo uma sobrancelha.

-E você vai querer me matar, mas foi ideia de Christian. – Ela então levantou do lugar onde estava e caminhou um pouco pela sala.

-E o que? – Me levantei também, depositando seu convite em cima da mesinha de canto.

-E ele convidou Andrew para ser o padrinho. – Ela desviou o olhar e eu soltei um longo suspiro.

-Você só pode estar me gozando. – Fechei os olhos frustrada. Quando os abri novamente, Lissa estava mordendo o lábio, se sentindo culpada.

-Bem que eu queria. – Ela comentou sem graça, não me deixando espaço para questionar.