Lágrimas de Sol escrita por Anastacia B, Kah Correia


Capítulo 23
Capítulo 23 - A Outra Face Da Moeda


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Bom dia povo!
Tudo bem com vocês?
Segue eu novamente com mais um post.
Sei que algumas pessoas vão falar que eu adoro um drama, mas a história pede um drama. =/
De qualquer forma, tudo vai se resolver eu prometo.
Para variar, ainda não tenho um número certo de capítulos para encerrar, por que simplesmente minha imaginação está me pregando peças ¬¬
Chega de falar e boa leitura!!!
*Não deixem de comentar heimmmm! Se possível, uma nova recomendaçaozinha please!!!*



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Segui ao lado de Dimitri em silêncio, apenas o observando, enquanto lia o prontuário de alguns pacientes. Sua expressão era tranquila e eu me perguntei mentalmente, como ele deveria se sentir trabalhando com crianças. Será que algum dia pensou em ter filhos? A ideia me assustava um pouco.

Ele então colocou a prancheta embaixo de seu braço e segurou minha mão, para que o seguisse para dentro de um corredor fechado, por um par de portas corrediças. 

-Bom dia Doutor– Uma mulher baixa e gorda, de aparentemente uns cinquenta anos, sorriu ao reconhecer Dimitri. Ela estava vindo assim como ele, com uma prancheta transparente em mãos. Provavelmente, estava trabalhando.

-Bom dia Leonor. – Ele sorriu em resposta. –Está é Rosemarie.  –A mulher então se voltou para mim e sorriu.

-Bom dia, Rosemarie. – Ela apertou gentilmente minha mão livre. –Sou a enfermeira chefe da neurologia infantil. Chamo-me Leonor.

-O prazer é meu, Leonor – Respondi no mesmo tom. 

-Como estão meus pacientes?  -Dimitri voltou a pegar sua prancheta, soltando minha mão.

-Sua sobrinha está com a visita de sua irmã mais nova. –Leonor então nos lançou um olhar suspeito. – Avisei a menina sobre não trazer chocolates, mas o senhor sabe como sua irmã pode ser difícil. – A forma como ela havia pronunciado aquilo, quase me fez rir.

-Eu logo vou puxar a orelha de Vicky. – Dimitri virou os olhos. – E o restante dos pacientes? – Ele mudou de assunto.

-Está tudo sob controle exceto Mariana, que não quer comer de jeito nenhum. – A mulher espalmou suas mãos gordas para o ar. Dimitri soltou um longo suspiro. – Ela pergunta do senhor o tempo todo.

-Quem é Mariana? – Me vi perguntando, curiosa.

-Uma paciente muito especial. – Ele me fitou cansado, mas logo se voltou para Leonor. –Por favor, Leonor, vá até Vicky e arranque qualquer sombra de doces daquele quarto. Vou verificar Mariana e logo vou para lá. –A mulher então assinalou rapidamente com a cabeça e logo partiu. Dimitri se virou para mim e segurou minhas mãos nas suas.

-Roza, Mariana é um caso especial e irei te entender, se quiser me esperar lá fora ou com Sofia, embora eu gostasse muito que me acompanhasse –Seus olhos eram brilhantes, porém vacilantes. Teria ele medo de me assustar ou algo do tipo? Recordei-me mentalmente que estava em um Hospital e ele era médico. Ótimo. Eu não iria me intimidar.

-Já vi e passei por muita coisa na vida. – Sorri timidamente. – Não acho que posso me surpreender muito mais. – Apertei seus dedos gentilmente nos seus e ele beijou minha testa.

-Você é uma das pessoas mais fortes que eu já conheci. – Ele disse por fim e logo voltamos a seguir pelo imenso corredor.  A terceira porta a esquerda foi aberta e adentramos juntos, com Dimitri a frente, em um amplo quarto. No fundo do cômodo, estava uma magra menina observando a janela. Percebi pela sua aparência, que não deveria ter mais do que seis ou sete anos de idade. Quando ela percebeu nossa presença, se virou. Pude notar que grande parte de sua cabeça, era coberta por um lenço rosa. Seus traços eram severos e sua pele seca demais, para sua idade infantil. Provavelmente traços de uma grave doença.

-Mariana – Dimitri se aproximou dela e eu permaneci onde estava, próxima da porta, apenas aguardando seus próximos passos. A menina antes com aparência doente, agora tinha um sorriso iluminando a face.

-Tio Dimitri. – Ela respondeu usando o primeiro nome do médico e logo para minha surpresa, ele a abraçou apertado. Ele então seguiu com ela até seu leito e agachou na sua frente.

-Estou sabendo que não está comendo. – Dimitri tocou o nariz estreito e eu estranhamente lembrei-me de mim, quando estava ainda em Santa Maria. Dimitri por um grande período de tempo, tentou curar meu problema com a comida e consequentemente, minha anemia constante.

-Eu não tenho fome – A criança desviou o olhar e pousou seu rosto em mim.  –Quem é ela? –Dimitri também me olhou e sorriu, pela curiosidade aparente da criança.

-Esta é Rose. – Ele disse. –Veio conhecer você.

-Oi – Ela disse timidamente, ficando um pouco vermelha.

-Olá. – Ainda parada no lugar, sinalizei com a mão. –Muito prazer em te conhecer.

-Ela é sua namorada? – A jovem me ignorou, se voltando para Dimitri. -É sim. – Os olhos de Dimitri voltaram a cruzar com os meus. –E ela é muito legal. – Ele acrescentou.

-Ah – Só então, a menina respondeu a mim. Ela provavelmente confiava em Dimitri.

-Que tal se você fizer companhia para a Rose por um tempinho, enquanto vou buscar um lanche para nós três. – Dimitri se levantou então e seus olhos encontraram com os meus.

-Posso fazer isso – Ela disse prontamente e logo sinalizou, para que eu me aproximasse. Sentei-me a sua frente na cama e ela pegou minha mão. O toque gélido de sua palma, instintivamente quase me fez recuar. Ela pareceu notar isso.

-Desculpe – Seu sorriso era um meio sorriso. Apenas sinalizei com a cabeça. Eu era uma péssima mentirosa. Tudo era um pouco novo para mim.

-Como se sente? – Mudei de assunto, para não deixa-la desconfortável.

-Estou bem. –Ela deu de ombros. – Quer brincar de bonecas? – Ela então puxou de debaixo de seu travesseiro, uma boneca com roupas de princesa. Ela parecia impecavelmente nova. Junto dela, um boneco também.

-Claro – respondi prontamente, pegando o boneco da mão dela. – Quando eu tinha sua idade, adorava brincar com bonecas. – Me recordei dos brinquedos que sempre ganhava, em qualquer ocasião. 

-Seu pai não te compra mais bonecas? –Ela quase pareceu ofendida. Não consegui evitar rir.

-Já passei da época de brincar com bonecas, Mariana. – Disse enquanto eu ajeitava a roupa do pequeno boneco, que estava vestido de príncipe. –E seus pais? Compram-te bastante bonecas?

Houve um silêncio desconfortável e então, voltei a encarar seus olhos infantis e castanhos. Choque se apossou de mim unido a pena, observando a tristeza nos olhos da criança.

-Seus pais... – Comecei, mas ela me interrompeu.

-Eles estão viajando. – Ela deu de ombros. – Me deixaram com o tio Dimitri e eu não sei quando voltam. – Um nó se formou em minha garganta. Pobre criança. O problema era ainda maior, do que eu imaginava.

-Dimitri está cuidando bem de você? – Perguntei sorrindo, sem saber ao certo o que estava fazendo. Apenas não podia a deixar sentir daquela forma. 

-Ele é muito legal e sempre me traz presentes.  – Ela então me apontou no canto do quarto, uma grande casa de bonecas.

-Uau! – Me aproximei da casa com ela ao meu lado. –Acho que vou me mudar para essa casa grande! – Disse maravilhada e ela riu.

-Te deixo brincar com ela também, já que teus pais não te compram bonecas.

Eu quase ri do seu incentivo, embora a lembrança de meus pais assim como as dela, eram complicadas e difíceis.  Mal tivemos tempo de sentar no chão e começarmos a brincar, quando Dimitri entrou no quarto com uma enfermeira.

-Já vejo que são melhores amigas, mas vamos fazer uma pausa para comer. – Ele então se aproximou de nós e puxou Mariana pela mão, que o seguiu de bom grado. Também levantei e apenas observei, quando Dimitri com habilidade a colocou sentada na cama, com uma bandeja móvel por cima de seu colo.  A menina então começou a comer as bolachas doces e o iogurte.

-Se a tia Leonor me contar que não está comendo, vou ficar muito bravo com você. – A voz de Dimitri era autoritária, me lembrando de um pai, quando repreende sua filha. Os olhos de Mariana então, foram para a comida. Ela parecia desapontada consigo mesma.

-Desculpe tio. – Ela disse timidamente. –Prometo que vou comer. – Novamente ela me fez lembrar-se de mim mesma, quando recebia as constantes broncas sobre comida.

-Está desculpada se comer tudo o que está ai – Dimitri sorriu e então pegou o prontuário da menina, atrás de sua cama. Ele seguiu com algumas anotações.

-Quer um pedaço, tia Rose? – Ela me ofereceu uma de suas bolachas.

-Acabei de comer, Mariana – Neguei com a mão me sentindo contente, por ela estar se alimentando. Dimitri então se aproximou de mim e passou sua mão pelas minhas costas, me fazendo encostar-se a ele. A menina agora conversava com a enfermeira.

-Aproveitei para ver Sofia – Ele sussurrou no meu ouvido.

-Ela está bem? – Me virei um pouco para ele.

-Está reclamando já, por que tirei os chocolates e doces dela. – Ele virou os olhos. – Às vezes eu acho que todas as mulheres dessa família, são autoritárias demais. – Eu ri baixinho, pela sua face emburrada.

-Isso me inclui? – Perguntei suavemente.

-Na verdade sim. Você também tem um gênio forte. – Dimitri beijou minha testa sorrindo e nos voltamos para a menina, que já havia terminado de comer.

-Terminei – Ela mostrou orgulhosa as embalagens do iogurte e bolachas.

-Muito bom! – Dimitri aplaudiu e logo, puxou um estetoscópio de seu bolso. – Agora vamos fazer alguns exames chatos. – Ele enrugou seu nariz e eu sorri, assim como Mariana. - Mas eu prometo que vai ser rápido

Ele então escutou as batidas do coração da menina, analisou sua boca, olhos, pulsos e fez algumas anotações. Quando ele aparentemente tinha terminado, pegou do bolso um pequeno frasco branco e então, tirou o lenço rosa da cabeça de Mariana. Prendi a respiração temendo o pior, quando notei que seu cabelo estava crescendo. Pontos uniformes e pelo couro cabeludo inteiro, denunciavam que ela estava recuperando parte do seu cabelo agora. Provavelmente, estaria em processo de cura. Isso me fez sentir estranhamente feliz. Em pouco tempo que a havia conhecido, já tinha me identificado muito com ela. Ambas infelizmente por um motivo ou outro, tivemos que aprender a viver com nossas diferenças e dificuldades.

Dimitri então, espalhou parte do conteúdo do frasco branco, por seu couro cabeludo com cuidado, fazendo movimentos circulares. Durante todo o processo, Mariana permaneceu com o olhar sonhador em minha direção. Ela parecia estranhamente feliz.

Quando saímos de lá pouco tempo depois de visitar Vicky, me senti um tanto aliviada e absorta em meus próprios pensamentos, segui. Só percebi que estava em total e absoluto silêncio, quando senti a palma quente de Dimitri em minha coxa, dentro do carro.

-Está tão calada – Ele disse suavemente, sem necessariamente me olhar. Sua atenção estava no transito.

-Estou pensando. – Fui honesta. –Eu senti pena de Mariana no começo, mas fiquei feliz com sua coragem. Ela realmente gosta de você.

-Mariana é um caso especial não só por que teve câncer, mas por que eu meio que a adotei. –Dimitri continuava sem me olhar. Ajeitei-me com o cinto de segurança, para que ficasse de lado no banco. Eu estava interessada no que ele estava falando. –Os pais dela a abandonaram, um pouco depois que comecei a trata-la.

-Eu suspeitei disso – Assumi desviando os olhos. Eu realmente me sentia mal por ela. –Como pais conseguem fazer isso com seus filhos?

-Rose eu já vi tanta coisa, que até Deus duvidaria. – Seu sorriso era amargo. Triste.

-E o que pensa em fazer a respeito? – Perguntei.

-Ela está no Hospital, por inteira responsabilidade minha. É algo bastante complicado por hora, mas pretendo resolver isso em breve. – Seu tom era decidido.

-Ela tem chances de melhora? Quer dizer, concretas? – Não consegui evitar a pergunta.

-Ela está se curando, embora em processo um pouco lento. – Ele dessa vez me fitou rapidamente. – Já a operei há três meses e ela esta reagindo bem. Penso quando ela tiver realmente alta.

Ele não precisou continuar. Eu sabia. Dimitri estava preocupado com o futuro da pobre criança.

-Trata dela faz quanto tempo? – Perguntei

-Ela foi uma das minhas primeiras pacientes, desde quando comecei no Hospital. – Ele respondeu precisamente. – Desde então, eu cuido dela e meio que faço o papel dos pais e família ausente.

-Eu percebi isso também. – Sorri, apertando sua mão na minha perna. Dimitri sorriu de volta.

-A polícia está atrás dos pais dela, mas eu duvido muito que dê em alguma coisa.- Ele deu de ombros, nitidamente um pouco aborrecido.

- E o resto da família?

-Ela tem avós que vivem em algum lugar da Carolina do Norte. – Dimitri voltou a me fitar. Notei que ele estava parando o carro.  –Estamos tentando descobrir a localização deles e se realmente conseguem cuidar da criança.

-Isso já é melhor que nada. – Conclui pensativamente, me ajeitando no banco.

-Pois é meu amor. – Ele soltou um longo suspiro e soltou seu cinto. Em seguida, levantou e abriu a porta para que eu saísse do carro. Quando coloquei meus pés no concreto, vi a casa da mãe de Dimitri. Meus olhos se ajustaram a paredes azuis claras, combinando com portas e janelas em madeira pintada de branca. Mesmo de fora, ela parecia incrivelmente aconchegante.

-Vamos almoçar agora, com a sogra – Franzi o cenho e Dimitri riu.  –Será que ela vai gostar de mim?

-Ela já te conhece Rose e não é como se tivesse antipatia por você. – Ele entrelaçou meus dedos nos seus, ainda sorrindo. Senti meu celular vibrando no bolso e o puxei, ciente de que era Lissa. Meu engano. Era meu ex-namorado.


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Notas finais do capítulo

A Rose parece ter gostado de Mariana. Com certeza irá ajuda-la. E Dimitri? Tão super fofinho.
O ruim foi o ex da Rose... aff
O que acharam?!

Beijos e até a próxima