Volverte A Ver escrita por Raquelzinha


Capítulo 3
Jantar


Notas iniciais do capítulo

Mais um



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Assim que entrei na cozinha, ainda sentindo meu coração batendo rápido, me deparei com minha mãe totalmente enlouquecida e enlouquecendo Ana com a preparação do jantar, vendo tudo o que ainda faltava, especialmente porque agora o jantar de boas vindas se transformara em jantar de noivado.

Fiquei algum tempo apenas observando para depois falar sobre algo que não me saia da cabeça:

- Jake está aí! – a reação foi dela imediata, me encarou, tenho certeza que Renee  percebeu a alegria na minha voz, estava muito séria como se estivesse lembrando de algo, mantive seu olhar, desta vez eu não iria me deixar intimidar por ela e por seus comentários, mas ao contrario do que imaginei, ela parecia generosa aquela manhã, apenas comentou:

- Espero que ele tenha amadurecido e parado de fazer tantas bobagens.

Sorri e olhei para Ana que me encarava com uma expressão indefinível no olhar e pensei que se Renee tivesse visto o que Jake fez ontem a noite com certeza arrumaria um jeito de evitar que  ele viesse ao jantar.

Mas logo depois  sua atenção estava voltada para outra coisa, nada a distraia de sua missão em fazer um jantar de noivado perfeito, me mexi na cadeira e deitei a cabeça sobre os braços que estavam apoiados na mesa, suspirando, minha mãe me olhou, e comentou:

- Você está muito sonhadora hoje!  –  um sorriso feliz no rosto dela me fez acreditar que ela achava que era por causa do jantar e do noivado, não deixava de ser verdade, espera muito tempo por isso, mas naquele momento minha felicidade tinha outro motivo, me movi e não discordei, apenas suspirei, então ouvi um comentário vindo de onde eu menos esperava:

- Ela viu passarinho verde. – assim que ouvi o que Ana falou imediatamente corei e meu coração disparou, ela estava se referindo a Jacob, mas ela sabe que ele e eu somos apenas amigos, que nunca... nunca não... teve aquele beijo, que não foi beijo, mas, mais nada indicava  que ele...ou que eu...me  sentei sentindo um calor subir pelo meu pescoço e meu coração disparado.

Minha mãe me olhou feliz  e sorrindo sentenciou:

- O passarinho verde é o noivo dela Ana, você não percebeu que desde a visita dele ontem ela está diferente?

A  mulher sorridente me olhou bem  comentando:

- É eu percebi, ontem foi uma mudança, e hoje outra.

Renee quis saber ao que a cozinheira se referia mas Ana então perguntou algo sobre qual o jogo de louças que ela preferia e o assunto rapidamente tomou outro rumo o que me fez suspirar aliviada, afinal aquela conversa estava tomando uma direção que eu não estava gostando muito.

Assim que minha mãe saiu da cozinha me aproximei de Ana, lavei as mãos na pia e peguei uma maçã para descascar e ouvi uma reclamação dela:

- Você vai perder o apetite menina!

Sorri respondendo com tranquilidade:

- Não consegui comer nada hoje, estou com fome.

Largando a faca enorme que  estava usando para picar um maço de couve ela me olhou bem  comentando:

- Parece que a velha garotinha voltou. É uma volta definitiva ou vou encontrar novamente aquela pessoa que chegou aqui no domingo?

Fechei meus olhos  percebendo que a cozinheira de casa me conhecia melhor do que minha mãe e respondi tentando ser sincera:

- Algumas vezes esta que está na sua frente escapa, mas a outra é quem eu devo ser.

Com uma careta ela concluiu me fazendo rir:

- Prefiro esta, a outra é muito séria e ponderada. – beijei seu rosto fofo e tão querido e sai da cozinha devorando a maçã.

Depois do almoço minha mãe resolveu que eu iria com ela até Forks para arrumar meu cabelo, para fazer as unhas, falei a ela que estava acostumada a me arrumar sozinha pois com Alice como consultora era impossível não aprender algumas coisas, eu agora era quase uma expert em roupas e maquiagens. Mas, para variar, não adiantou, ela chamou meu pai e avisou que precisaria do motorista, logo estávamos saindo pela estrada longa que dava para o pórtico de entrada da fazenda.

 Enquanto  saímos,  olhei na direção da casa de Billy e vi Jacob lavando a moto, de bermuda, sem camiseta, e acho que com os pés descalços, sorri desejando estar lá e poder ajuda-lo a fazer isso, já imaginando o quanto seria divertido, com certeza daríamos um banho na moto e tomaríamos outro, mas isso pouco importava, o que importava era a felicidade provocada pelas brincadeiras. Só que nem tudo é como eu quero e me virando no banco anatômico encarei o rosto de minha mãe que parecia me dizer:  “ Nem pense nisso!”

A tarde não foi de todo chata, salão de cabeleireiros  sempre tem alguém divertido que nos faz rir o tempo quase todo, porém,  meus sentidos estavam todos em casa, eu queria voltar  logo para lá, uma ansiedade imensa me chamava de volta.

Minha mãe foi até fácil de contornar, ela chegou pedindo a cabelereira que fizesse um monte de modificações no meu cabelo, encarei seu rosto bonito e bati pé firmemente falando que se não fosse feito o que eu queria  iria embora, ou voltaria para o carro e esperaria por ela lá. Recebi um olhar atravessado que em nada me assustou, me mantive firme e no final fui atendida, mas não sem ouvir um comentário muito chato:

- Foi só esse garoto voltar para você começar a me desobedecer!

- Mãe, eu não sou mais criança lembra?

- Mas está se comportando como uma. – essa era a resposta apropriada para ela, pensei, revirei os olhos e continuei:

- Você que está me tratando como uma, querendo me impor algo que eu não quero. – falei por fim e me sentei na cadeira da cabeleireira que me olhava assustada, mas que não disse nada, apenas acatou meus pedidos.

No final quando ela acabou eu estava como queria, os cabelos escovados de maneira simples, uma maquiagem leve,  percebi que minha mãe não apoiou minha escolha, sua expressão decepcionada me dizia que ela estava contrariada, não dei atenção,  contrariada ou não era assim que eu queria estar.

Chegamos em casa quando a tarde caia, entrei em casa direto, e recebi um olhar de admiração de meu pai e outro de Ana.

- Você está ainda mais linda minha filha! – ele falou beijando meu rosto com delicadeza, Billy que saia do escritório naquele instante me olhou e não precisou falar nada, seu olhar me disse que ele também aprovara minha escolha, sorri agradecida e subi para o meu quarto, tranquei a porta, não queria Renee na volta me fazendo escolher o vestido que ela queria e não o que eu tinha vontade de colocar.

Me olhei no espelho e sorri, estava mesmo bonita, me sentindo bonita, abri a porta do armário e lentamente olhei meus vestidos pendurados, eu queria algo não muito simples, para contrastar com a maquiagem, acabei optando por um vestido azul,  tomara que caia com o comprimento logo acima do joelho e sapatos num tom próximo de saltos bem altos. Do meu porta joias um cordão de ouro que ganhei de minha avó quando completei catorze anos, com um coração pequeno de brilhante como pingente e os brincos companheiros.

Coloquei tudo sobre a cama e me sentei perto da janela esperando, sentindo uma ansiedade gostosa inflar meu peito,  lá fora a lua já se mostrava, entretanto naquela noite as luzes da estrada que conduzia a casa estavam acesas  e eu podia ter uma visão melhor do campo e da entrada, mas não via a casa de Billy que ficava do outro lado. Esperei por um bom tempo, estava distraída ainda perdida em meus pensamentos ouvindo musica quando duas batidas na porta me despertaram.

- Sim? – perguntei sem a menor intenção de abrir, fosse quem fosse.

- Seus sogros chegaram Bella, você já está pronta? – era a voz de Renee, suspirei e me levantei do lugar onde estivera sentada desde que escolhera a roupa e respondi :

- Já desço mãe!

A voz dela me pareceu alegre ao responder:

- Ótimo! Não se demore.

Sai do meu estado de meditação e me vesti com cuidado,  queria estar perfeita, quando finalmente estava pronta me olhei no espelho constatando que tomara a decisão certa, estava tudo como  queria que estivesse, sorri para minha imagem no espelho e desci para encontrar Carlisle e Esmee conversando com meus pais na sala, ao me verem eles sorriram e vieram me cumprimentar, dizendo que eu estava muito bem, gosto deles, são muito carinhosos comigo sempre.

 Edward ainda não chegara, minha mãe então tomou a incumbecia de me explicar que ele viria mais tarde trazendo Alice, Emett e Rosale respectivamente, a irmã, o primo com a namorada. Sorri agradecendo a informação e pedindo licença  fui em direção a porta da rua, toda a frente da casa estava iluminada e não me permitia ver a casa do outro lado das árvores como era minha vontade,  um desejo imenso bateu nesse momento, de fazer o que eu sempre fazia antes de qualquer festa, corria até lá e chegava junto com Jake como se fosse convidada.

Edward finalmente chegou poucos minutos depois que desci, trazendo Alice que para variar estava maravilhosa em um vestido vermelho contrastando com sua pele muito alva, meu noivo impecável com camisa branca e paletó cinza, os cabelos especialmente arrumados,  como sempre perfumado, não posso negar seu bom gosto, é algo que admiro nele.

 Emett o primo que eu vira apenas duas ou três vezes e que morava com eles era muito divertido,  apesar de ser muito alto e forte mais parecia um menino crescido junto com sua namorada  loira Rosale, que nos cumprimentarmos me olhou de alto a baixo e sorriu, um sorriso sem graça como quem diz que me achou pouca coisa, isso em nada me afetava, depois de passar tanto tempo entre aquelas garotas do internato, nada que outra garota possa fazer ou falar quanto a minha aparência, me afeta mais.

Assim a noite estava passando, logo foi a vez de Angela e Mike, eles estão mais velhos, como todos nós aliás, mas, em parte continuam os mesmos, ela a menina que eu adoro, que foi uma boa amiga no meu período de escola e com a qual eu nunca perdi contanto e Mike, chato como sempre, com seus comentários inoportunos,  ele e Jake quase se pegaram uma vez porque  ele embestou de carregar meu material, e isso, apenas Jacob tinha a autorização de fazer . Mas tudo são aguas passadas, pensei, nós agora não somos mais as crianças daquela época,  tenho certeza de que Jacob pensa assim também.

Foi então que meus olhos foram desviados pela chegada de Billy, extremamente elegante, e sozinho, sozinho? Como sozinho se Jake me disse que viria, na verdade ele não disse, apenas gesticulou confirmando, mas entre nós qualquer gesto tinha importância e valia como palavra dada.

- Onde ele estava? – pensei , meu coração saltou no peito,  meus olhos se encheram de lágrimas e senti uma mão firme me puxar:

- Você está bem minha querida? – era a voz de Ana que entrara na sala para colocar os canapés sobre a mesa.

- Onde ele está Ana? – perguntei sem fazer rodeios. - Achei que ele vinha.

- Quem meu bem?

- Jake, Ana, Billy já chegou e está sozinho. – tinha a noção exata de estar me comportando como uma menina, mas não conseguia controlar minhas emoções.

Ela me olhou séria falando algo que não gostei de ouvir:

- Pense bem Bella, por que Jacob viria? Para ver você ficar noiva de um rapaz que ele não gosta e com o qual nunca se deu bem?

Uma lágrima escapou e escorreu pelo meu rosto enquanto eu falava:

- Mas ele é meu amigo, ele não pode me abandonar

novamente.

- Abandonar você novamente? Quando Jacob fez isso? –  a expressão dela era de incompreensão, eu ia responder quando um sorriso surgiu no rosto rosado da mulher parada a minha frente quando me disse:

- E ele não fez isso, Jake não abandonou você minha querida, não se vire mas ele acabou de entrar. – meu coração acelerou novamente, só que desta vez de alegria, olhei assustada para Ana e perguntei:

- Estou borrada?

Ela sorriu novamente e passou  a mão pelo meu rosto delicadamente, depois concluiu:

- Você está linda! – e acariciando meu rosto concluiu - E bem vinda Bells, a sua casa!

Sorri entendendo o que ela queria dizer, essa pessoa que estava diante dela era a mesma, a mesma que eu fora um dia, apenas meu amigo fazia com que ela surgisse, respirei fundo e me virei, Jake cumprimentava as pessoas, tranquilo e descontraído, com uma calça escura e camisa social branca,  as mangas enroladas até quase os cotovelos.

- Ele não consegue se manter arrumado. - pensei, entretanto os  sapatos estavam impecavelmente lustrados e o sorriso encantador no rosto para todos a quem oferecia a mão.

Não consegui desviar os olhos dele, fiquei a observar encantada enquanto se movimentava, esperando que chegasse até mim e então senti uma mão me tocar, a voz melodiosa de Alice perguntou:

- Quem é o deus?

Olhei muito seria para ela e perguntei de volta:

- Que deus?

- Aquele que acabou de entrar e está cumprimentando meu primo.

- É o Jacob, Alice. – informei  como se fosse impossível não reconhece-lo, mas logo a seguir me assustei com o que vi no rosto dela.

Alice abriu um sorriso enorme, me olhou daquele jeito que fazia quando tinha escolhido uma presa,  um frio percorreu minha barriga travando minha garganta.

- Não! - pensei, ele não, você não vai fazer isso com ele.  

Mas antes que eu pudesse tomar qualquer atitude ou falar alguma coisa, ela já estava lá, se apresentando, ou reapresentando não sei, sorrindo encantadora como só ela sabe ser nesses momentos Jake sorria de volta, parecia estar adorando a atenção dela, nem sequer tinha me visto ou me procurado, e eu, que fiquei aqui, esperando por ele esse tempo todo? Pensei sentindo a respiração acelerar e um nó se formar na minha garganta, estava presa ao chão sem conseguir me mover, apenas assistindo Alice dar encima  dele descaradamente e maliciosamente do seu jeitinho característico.

Um outro braço circundou minha cintura distraindo minha atenção e a voz doce do meu noivo se fez ouvir perto do meu ouvido, me tirando totalmente do transe no qual me encontrava, respirei fundo vendo seus olhos pensando que lhe dera pouca atenção desde que chegara e ele não merecia isso.

- Sei que já falei, mas você está maravilhosa! – falou baixinho.

Sua mão macia e carinhosa veio sobre meu queixo e me levou em direção aos seus lábios, me deixei levar,  lentamente, como se estivesse anestesiada, quando nos afastamos Edward sorriu de leve, imediatamente correspondi, ao me virar meus olhos cruzaram com os de Jake, ele me encara pela primeira vez desde que entrara, aquela ruga no meio da testa dele estava lá novamente, mas foi muito rápido, logo ele sorriu fazendo um cumprimento com a cabeça e voltou a atenção  para alguma coisa que Alice falou, no minuto seguinte foi arrastado por ela até perto de nós.

Pararam então na nossa frente, ele me olhou sério novamente fazendo meu peito doer  e depois abriu um leve sorriso estendendo a mão para mim como fez com todos os outros, fiquei ereta, respirando com dificuldade,  encarando seu rosto estiquei o braço aceitando a mão, tentando trancar dentro de mim o choro que  queria sair de qualquer jeito.

- Como vai Bella? – a voz rouca soou forte.

- Bem, obrigada por ter vindo! – respondi quase num sussurro e ele continuou tranquilamente:

- Eu não deixaria de vir, afinal é o seu noivado.

Depois sorriu, e virando-se para Edward fez o mesmo, parece que os desafetos já não existem como Ana achou que existiam, pensei, nem qualquer outro sentimento que eu tenha acreditado que poderia existir, fosse ele qual fosse, fechei os olhos rapidamente pensando no que estava acontecendo, no tanto que estava sendo estupida, ele fora embora sem se despedir, não voltara nos verões, nunca me mandara uma carta, talvez... provavelmente nossa amizade não significava tanto para ele quanto para mim constatei por fim.

Assim que Jake nos cumprimentou eles se afastaram, sentaram perto da janela e passaram o restante do tempo conversando e rindo. Alice estava encantadora e totalmente sedutora, enquanto eu pensava no que ela estava fazendo, como ela podia estar se oferecendo para ele?  E em como Jacob pode estar aceitando aquilo?

 Olhei em volta, todos estavam conversando e rindo e eu não participava de nada, a noite não estava sendo exatamente como eu imaginei que poderia ser. Parei por um instante e percebi:

 - O que eu imaginei afinal? – me perguntei: - Era a noite do meu noivado, nada mais do que isso, o que esperava que acontecesse?

 Me virei e disfarçadamente subi as escadas em direção ao meu quarto, passei a chave na porta e me sentei perto da janela outra vez, minha cabeça estava totalmente vazia,  meus olhos estavam presos pela claridade produzida pelos holofotes dos postes ao longo  da entrada, abri a janela e sentei  nela, alguns minutos depois ouvi um movimento na maçaneta, fiquei calada, segundos depois  duas batidas, não iam me deixar me paz:

- Já desço, vim retocar  a maquiagem. – falei fechando a janela.

Quando sai do quarto me deparei com Renee parada do lado de fora com os braços cruzados sobre o peito e com uma expressão muito irritada no rosto,  sem fazer rodeios me perguntou:

- O que está acontecendo?

- Nada. Precisava retocar minha maquiagem. – ela me olhou duvidando do que eu falava e comentou:

-  Seu noivo, seus familiares, seus amigos, no seu jantar de boas vindas, todos lá. E você aqui.

- Precisava de um tempo sozinha. – falei por fim. – Mas já estava indo.

- O jantar já foi servido, eu vou procurar você e não te encontro em lugar algum. – ela continuou, sem conseguir me conter quase gritei:

- Já estou descendo!

Assim que sai do corredor me deparei com as pessoas indo em direção a sala de jantar, Alice e Jacob vinham em minha direção, ela com o braço enfiado no dele sorrindo e cochichando no seu ouvido  como se fossem íntimos, desviei o olhar para que eles não vissem como eu me sentia naquele momento e meus olhos cruzaram com o olhar cor de mel de Edward , carinhoso ele sorriu e se aproximou falando sobre um assunto que não me interessava:

- Parece que Alice mudou a opinião que tinha sobre Jacob.

Respirei fundo e concordei:

- Parece que sim.

Sua mão procurou a minha e lentamente fomos em direção a sala de jantar.

- Ele está bem diferente, quase não o reconheci quando o vi chegando com Billy.

Não respondi, minha mente estava um turbilhão, nos acomodamos na mesa, Edward ao meu lado e Jacob na diagonal duas cadeiras para a esquerda,  ao lado de Alice, uma direção para a qual eu evitava olhar.

As pessoas conversavam  enquanto comiam, elogiavam os pratos, Renee feliz não parava de sorrir, era disso que ela gostava, ser o centro das atenções.  Então, depois que todos os pratos haviam sido servidos  o momento que minha família e a família de Edward tanto estavam esperando aconteceu, eu sabia que aconteceria, estava a par disso, mas era como se não fosse realmente acontecer, respirei fundo e ouvi a voz doce de Edward começar.

 Em poucas palavras, mas com a elouquência que lhe é característica Edward comentou sobre as vezes em que me visitava no internato, em como descobrira minhas qualidades, em como eu me transformara na mulher que ele sempre desejou ter ao seu lado, e no quanto nos amávamos.

Mantive meu rosto baixo enquanto ele falava, evitando ver o rosto de quem quer que fosse, mas minha face queimava, sabia que todos estavam me olhando, especialmente e com certeza Jake me olhava, entretanto isso já não tinha a importância que me pareceu ter durante a noite anterior e a manhã de hoje.

Nada mais do que amigos com certeza era isso, meu coração disparou enquanto Edward falava, outras imagens passavam pela minha cabeça e em nenhuma delas a presença dele estava, os melhores momentos da minha vida sempre contaram com a presença de outra pessoa, quando meu noivo finalmente terminou e me ofereceu o anel eu estava chorando, como uma total e completa idiota que na verdade eu sou, os presentes com certeza pensaram que eu estava emocionada, deveria mesmo estar, aquilo já estava planejado a tanto tempo, já deveria até ter acontecido.

Assim que a historia terminou as pessoas foram se aproximando para nos cumprimentar e depois se dirigiram para a sala, fui a última a sair dali e me deparei com Ana me olhando séria com um olhar muito estranho.

Nada foi dito, passei e acariciei seu rosto com carinho, depois a beijei e segui os outros.

Entrei na sala e vi as pessoas que continuavam conversando animadamente, me sentei ao lado de meu noivo vendo as bocas se movimentarem,  de vez em quando, quando alguem perguntava sobre o casamento,  respondia o que já estava planejado, que seria no inicio da primavera e que iriamos morar em Seatle, onde Edward iria montar seu escritório.

 Angela se aproximou sorridente e gentil como sempre desejando felicidades e dizendo que estava muito feliz com meu retorno, o assunto rendeu e logo quis saber como  eu mudara de opinião sobre Edward.

- Aconteceu! – falei séria. – Quando dei por mim estava apaixonada por ele.

Ela me olhou sorrindo e continuou:

- Está aí algo que nunca pensei que fosse acontecer, você falava mal dele, dizia que ele era intrometido, arrogante.

Olhei Edward que estava conversando com meu pai, Carlisle e Billy e admirei seu porte, sua postura, seu modo de falar.

- Ele tem muitas qualidades Angela, e talvez elas superem os defeitos que eu via nele antes .

Foi então que sua atenção se voltou para outra pessoa, uma pessoa que naquele momento eu não queria lembrar que existia:

- Jacob está muito bonito não é? Mudou bastante.

- É. – confirmei tentado parar o assunto por ali.

- E Alice está caidinha, toda derretida.

Olhei na direção deles pela primeira vez depois do jantar, eles continuavam conversando como se só existissem eles naquele lugar, e a dor voltou, me virei e encarei o rosto de Angela, dizendo que ia dar uma olhada na minha maquiagem. Caminhei pelo corredor, entrei no lavabo e passei a chave, ali talvez eu tivesse um pouco de paz.

 Encarei meu rosto no espelho,  não havia mudanças, mas tive vontade de mudar alguma coisa, abri uma gaveta no armário e encontrei alguns batons que Renee costuma deixar ali, um deles era da cor apropriada, passei e vi meus lábios imediatamente ficarem rubros, salientes e vistosos,  os olhos também estavam opacos, um lápis na pálpebra inferior resolveria o problema, e mais uma camada de rímel.

No final  estava diferente, com uma expressão que não me pertencia, mas que mostrava como eu me sentia. Respirei fundo tomando coragem e saí, estaquei ao ver parado do lado de fora Jake que esperava encostado na parede, os braços cruzados sobre o peito e uma expressão séria.

Fiquei estática esperando, e um leve sorriso surgiu antes que ele falasse:

- Gostei mais como estava antes.

Olhei para o chão e sorri de volta:

- Esta combina mais com a pessoa que ficou noiva hoje. – conclui o mais firme possível trancando as lágrimas dentro de mim,  não ia mais chorar.

Ele se moveu e puxou minha mão para olhar o anel e com um tom de voz totalmente sem emoção falou:

- É um belo anel. Combina com essa pessoa que saiu daqui agora.

- Obrigada! – agradeci tentando me manter distante.

E num tom mais firme ele concluiu:

- Esqueci de lhe parabenizar pelo noivado, hoje não tive a oportunidade pela manhã, não poderia ir embora sem fazer isso.

Você já foi embora sem fazer coisas mais importantes, pensei, mas não falei, apenas encarei seu olhar firme perguntando:

- Não vai ficar? Minha mãe preparou muitas coisas para esta noite, e sua companheira com certeza vai ficar decepcionada com sua partida. – não pude evitar o comentário sobre uma coisa que me incomodara a noite toda.

Ele sorriu mostrando todos os dentes, mas a ruga estava lá, me informando que ele estava irritado.

- Vou para La Push amanhã cedinho e tomei muito vinho, preciso descansar, ainda não descansei desde ontem.

Tive vontade de falar que o vira lavando a moto a tarde, mas isso agora já não tinha mais importância estendi a mão conclui:

- Obrigada por ter vindo!

Ele encarou minha mão e segundos depois a apertou  falando por fim:

- Obrigado pelo convite. Boa noite Bella

- Boa noite Jacob!

Ele virou as costas e atravessou o corredor entrando na cozinha enquanto eu voltava para o lavabo, mas antes que eu pudesse fechar a porta vi o rosto rosado de Ana me encarando parada do lado de fora e sua voz recriminadora:

- O que esta acontecendo com vocês? Ficaram doidos? Mais doidos do que quando eram crianças?

Me fiz de desentendida:

- Do que você está falando Ana?

Ela sacudiu a mão no ar e saiu falando consigo mesma:

- Deixa para lá, vocês que se conhecem tão bem não se entendem, não  sou eu quem vai ficar aqui gastando meu verbo. Façam o que quiserem, só não reclamem depois.

Acabei não entrando no lavabo, retornei para a sala, onde recebi um olhar aprovador de Renee e Alice, parece que agora eu estava de acordo com o que elas queriam.

O restante da noite foi igual, as pessoas conversando e eu contando os minutos para poder ir para o meu quarto. Mas o que está ruim sempre pode ser pior não é?

Alice se aproximou informando:

- Vamos a La Push amanhã.

Achei que naõ tinha entendido direito, ela nunca gostou de La Push nem do “povinho” de lá como ela sempre falava, então perguntei:

- Vamos onde?

- A La Push.  Nós, eu, você e o seu noivo. – respondeu tranquilamente.

- Não conte comigo. – falei por fim.

Ela fez aquela carinha tão especial que faz qualquer um ceder e fazer o que ela quer, mas naquele momento ela que não se metesse comigo pq estava a ponto de dar-lhe uns tapas. Respirei fundo e conclui saindo:

- Engraçado você querer ir a um lugar que sempre detestou, só porque um garoto que você também detestava se transformou num “deus”.

Sai de perto dela e me encostei em Edward, Billy estava se despedindo naquele momento e acariciando meu rosto me desejou felicidades, o toque quente e carinhoso da mão dele me fez bem, abracei seu corpo sentindo vontade de chorar novamente.

- Obrigada Billy.

Segurando meu rosto entre suas mãos ele sorriu enquanto falava:

- Você sempre foi uma ótima garota. E agora é uma linda mulher, fico feliz de ter feito parte de sua vida e tenho certeza de que será muito feliz.

Suspirei e apertei as mãos dele agradecendo e ele se foi,  as pessoas se foram, uma a uma, até que só sobrou meus pais e eu, tão logo a porta se fechou avisei que iria para meu quarto, minha mãe quis ver o anel de noivado, tirei ele do dedo e o dei a ela, beijei meu pai e subi, na verdade não tinha sono, mas queria ficar sozinha, passei a chave na porta, tomei um banho, e no escuro sentei na minha janela.

Fiquei ali sentada por horas, olhando para o nada, o radio relógio marcava quatro horas da manhã quando vi as luzes da moto de Jake que entrava pela estrada da casa de Billy, e cheguei a conclusão que ele mentira para mim, dissera que ia descansar, mas talvez tivesse algo mais importante para fazer. De repente, outras dúvidas me assaltaram,  talvez, quando éramos crianças ele realmente tenha falado a verdade naquela vez em que gritou no meio do pátio da escola que me odiava, ou talvez não tenha sentido minha falta quando deixou de falar comigo por dias, e talvez, ele não achasse importante se despedir de mim antes da viagem, mesmo sabendo que ficaríamos um ano sem nos ver, e ainda, não cumprir a promessa que me fez ao dizer que viria na mesma época que eu para casa. Ele nem vinha.

Quando dei por mim estava outra vez chorando e com vontade de sair dali, daquela casa, voltar para o lugar onde eu estivera segura por sete anos, o colégio, onde sabia o que esperar das pessoas.


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Notas finais do capítulo

Se tem alguém lendo, espero q goste do capítulo!



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