Volverte A Ver escrita por Raquelzinha


Capítulo 13
Sozinho


Notas iniciais do capítulo

Mais um...



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Acordei cedo apesar de ter dormido tarde, estava ansioso por concluir o negócio do galpão, mas principalmente pelos últimos acontecimentos, por minha vida ter mudado tanto nesses poucos dias, finalmente Bells e eu nos acertamos, vou montar minha oficina junto com meu melhor amigo, tudo indo correto, na direção certa.

Entretanto uma coisa ainda me incomodava, tinha três meses de espera, três meses ainda para estar junto, mas ao mesmo tempo sozinho, me movi na cama e estiquei os braços colocando-os sob a cabeça respirando profundamente, observei a rua através da janela, o céus estava cinza, o clima não acompanhava meus sentimentos, não tinha importância isso, pensei, havia em mim uma boa expectativa para aquele dia, esperava que desse tudo certo.

Pulei da cama e fui em direção ao banheiro, toda a casa estava em completo silêncio, se meu pai já tivesse acordado provavelmente saíra, lá fora o clima era o de sempre, Forks nunca foge a regra, seja inverno ou verão.

 Tomei um banho morno e me vesti com calma, meu pai estava entrando quando eu saia para ir encontrar com Embry, conversamos um pouco sobre meus planos e sobre meu encontro com Bells na noite anterior na casa velha em La Push, depois me desejou boa sorte e saí, de carro desta vez, a chuva fina não me permitia usar a moto.

Dei uma olhada para a casa de Bells que estava também acordando, mas a cortina do quarto dela estava fechada,  queria muito que ela fosse comigo, queria que ela partilhasse de cada momento da minha vida, mas não tínhamos acertado nada, não daria tempo de acordá-la agora.

Dei a partida no carro de Billy e segui em direção a cidade desejando voltar e carrega-la comigo.

O processo de compra não foi longo, muita burocracia, entretanto ao contrario da outra vez, deu tudo certo, ninguém se intrometeu, compramos o galpão e demos entrada na papelada, essa parte final sim foi demorada, as horas passaram se arrastando, não aguentava mais esperar, quando nos chamaram finalmente para assinar os documentos já estávamos esperando a horas.

 Na saída Embry estava tão feliz que mal falava,  queria ir direto para o galpão movimentar as coisas, organizar o material, limpar o lugar. Olhei o relógio, passava de duas horas da tarde,  tudo o que eu queria era ir para casa, contar a Bells que tudo se resolvera como esperávamos, que finalmente poderia dar inicio ao meu negocio com Embry, tinha certeza de que ela ficaria tão feliz quanto eu estava.

Me despedi de meu amigo combinando encontra-lo no final da tarde, no agora nosso galpão. Tomei a direção de casa sem imaginar com que me depararia ao chegar, deixei o carro na frente de nossa casa e assim que me viu entrar, Billy me olhou de maneira estranha, sério, pude perceber que estava muito preocupado e logo perguntei:

- O que foi? Algum problema?

Ele suspirou  ainda me olhando firme e falou direto sem fazer rodeios:

- Bella sofreu um acidente.

- O que? - achei que não tinha ouvido direito, quando acontecera? Como acontecera?

- Estive fora por poucas horas. Quando isso aconteceu? 

- Calma, vou explicar. – meu pai  falou após ouvir todas as perguntas que saiam uma atrás da outra pela minha boca.

- Onde ela esta Billy? – gritei sem conseguir me controlar, ele fora tão rápido para dar a noticia e agora estava enrolando.

- No hospital. – a resposta foi curta e direta e continuou falando algo, mas eu não ouvia nada, escutava apenas meus pensamentos enlouquecidos querendo saber o que acontecera, era como se eu estivesse num túnel  e de repente ouvi a voz dele forte:

- Jake!

Olhei para Billy, perdido, sem saber o que fazer, ele segurou meu ombros me puxando para olha-lo, falando:

- Escute o que vou falar. Liguei para lá agora, falei com Charlie, ela está bem, está fazendo alguns exames, teve um corte na testa que precisou de pontos e desmaiou, por isso Renee entrou em pânico, mas parece que está tudo bem.

- Como assim parece?  - esse parece não era uma informação segura, emendei:  - E como ela cortou a cabeça?

- Caiu na escada.

O que? Como caiu na escada? Rolou na escada? Ela sempre foi desastrada, isso sempre soube, era uma coisa natural em Bells, mas cair na escada?

- Caiu na escada? – perguntei  erguendo as mãos em total desespero, e ainda sem entender nada.

- Foi durante uma discussão com Renee.

Não acreditei no que ouvia, Renee de novo?

- Eu vou para lá. – conclui, precisava ver Bella com meus olhos, meu pai tentou me segurar, disse que seria melhor esperar, esperar o que? Eu ia vê-la com meus olhos, falar com ela, saber exatamente o que estava acontecendo.

- Jake, vai com calma. – ele me falou antes que eu saísse de casa novamente, a única coisa que eu pensava era o desejo de que  tudo estivesse realmente bem.

Fiz o trajeto com muita rapidez, mesmo assim parecia que o carro não se movimentava, muitas dúvidas me invadiam, pq ninguém me ligara? Pq não me avisaram que isso tinha acontecido? Se Renee não quis me ligar meu pai deveria ter feito isso, e pq Bella não pediu? Bem, se ela pediu a mãe pode não ter ligado, pensei, tudo isso batia na minha cabeça enquanto o carro corria pela estrada, mas a maior ansiedade era saber o que estava acontecendo, como ela estava.

Quando entrei pela portaria  do hospital dei de cara com Alice que vinha saindo de um dos corredores, eles já estavam lá, com certeza foram os primeiros a saber, a garota me olhou com cara de leve irritação mas logo mudou e veio em minha direção, não permiti que falasse, fui direto:

- Onde Bella está?

Ela suspirou e explicou:

- Ainda fazendo exames.

-Charlie e Renee estão onde?

- Estão no quarto que está separado para ela.

- Quarto? – pq quarto? Ela não tivera só um corte e estava fazendo exames?  Para que quarto?

 - Ela vai ficar no hospital? – perguntei imediatamente.

- Enquanto não acordar vai. – a resposta foi tranquila, mas se ela não acordara ainda era mais grave do que todos falavam.

- Como assim? Ela ainda não acordou? – Alice parecia querer me dar as informações em partes.

- Não, ela ainda não acordou. – e tranquilamente continuou explicando: - Os médicos suturaram o corte na testa e a levaram para fazer exames, o quarto dela é no fim desse corredor, a direita.

- Obrigado. – suspirei com força encarando seu rosto. 

Ela desta vez me olhou com expressão mais compreensiva, me virei e tomei então a direção do quarto que ela me indicara com o coração aos saltos, estava no meio do caminho quando dois enfermeiros saíram de uma porta empurrando uma maca, era Bella que eles levavam, corri em direção a eles, ela parecia estar adormecida, um grande curativo cobria parte da testa, havia um roxão a volta do olho direito. Fiquei parado no mesmo lugar sem conseguir me mover.

Os enfermeiros  me olharam e perguntei:

- Como ela está?

- O medico vai falar com a família agora. Você é da família?

- Sou o noivo dela. – falei imaginando o que o médico teria para falar. 

Os segui me movendo apenas pq minhas pernas me conduziam, eles entraram no quarto grande e bem iluminado, a primeira pessoa que vi foi Charlie parado perto da janela,  Renee estava chorando abraçada a Esmee, se sentindo culpada com certeza, eles não se deram por minha chegada, a atenção foi toda voltada para Bells que os enfermeiros estavam colocando na cama.

Observei o rosto sereno dela, se não estivesse com hematomas e com o enorme curativo pareceria estar adormecida, fiquei parado no mesmo lugar apenas olhando, sem conseguir me mover, na espera de que alguem me acordasse desse sonho, então, como se estivessem longe, ouvi-os perguntar aos enfermeiros como ela estava e receberem a mesma resposta que eu, só depois que os enfermeiros saíram que Charlie se deu conta da minha presença, chegou perto e tocou de leve no meu ombro falando:

- Está tudo bem Jake, é só mais uma travessura.

Sim, mais uma, pensei, mas em nenhuma de nossas travessuras algo semelhante aconteceu, ela nunca se machucou assim, pensei, mas não falei, ele estava muito abatido, vi Renee agarrada a mão de  Bella chorando, ela nem me viu, então o médico entrou, era um homem grande de cabelos brancos, rosto sereno, a expressão dele me tranquilizou um pouco, a voz clara falou:

- Boa tarde.

Renee virou-se e então nos viu, seus olhos caíram sobre mim mas ela não teve reação, ficou apenas me olhando por alguns instantes depois se dirigiu ao médico:

- Como ela está?

Ele deu um leve sorriso e falou sereno:

- Está bem, os exames não mostraram nada de grave, temos que esperar que ela acorde agora.

Suspirei aliviado, ao menos não havia nada de mais grave, mas era ruim ver Bells assim, daquele jeito, eu sempre fiz qualquer coisa que estivesse ao meu alcance para que ela não se machucasse, para que estivesse sempre bem,  agora as coisas pareciam estar escapando das minhas mãos.

- Vai demorar muito para acordar? – ouvi Charlie perguntar:

- Esperemos que seja logo. – o médico parecia não ter certeza quanto a isso – Na realidade não há um motivo real para que ela não tenha acordado, os exames não mostraram nenhum problema interno que pudesse provocar isso.

Desta vez me senti inseguro quanto ao que ele dizia, se não havia problemas pq ela não acordava? Então o médico se despediu dizendo que assim que Bells acordasse seria liberada para voltar para casa e estendo a mão para Renee falou:

- Estes objetos estavam com ela, tivemos que remover para fazer os exames.

Vi um cordão que Bella usava desde criança, brincos, e o anel que eu lhe dera naquela noite, nosso anel de noivado, Renee pegou tudo e apertou dentro da mão, assim que o médico saiu me olhou bem e falou:

- Isto pertence a você. – me entregou o anel e concluiu: - Quando ela acordar você dá a ela novamente.  – sorriu levemente e tentei sorrir também, mas não me sentia bem para isso.

Segurei o anel com força observando-o e depois, apertando-o dentro da minha mão, pensei,  ele ficaria comigo até que Bells pudesse usá-lo novamente e pela primeira vez me aproximei da cama, estávamos todos calados, acariciei de leve a pele delicada e percebi  que estava gelada, coloquei o anel no bolso e segurei a mão dela entre as minhas, pedindo baixinho:

- Acorda Bells...estou aqui, esperando você voltar.

Senti uma mão no meu ombro e vi o rosto de Renee bem perto de mim, ela estava calada, mas não precisava falar nada, sua expressão mostrava o quanto ela se sentia culpada por tudo, nesse momento ouvi a voz de Alice e de Edward que entravam no quarto também, me virei encarando seu olhar sério e preocupado, eu tinha que perceber que ele se preocupava com ela assim como os outros, nem poderia reclamar de sua presença.

Ouvi Charlie explicar o que acontecera e como ela estava, Alice se aproximou da cama e  me olhou bem depois, se dirigindo a Renee falou:

- Espero que ela acorde logo.

-Nós também querida, nós também.  – e virando-se para os outros falou:

- Acho que vocês não sabem, eu mesma fiquei sabendo da novidade hoje pela manhã, antes do...- sua voz ficou mais profunda ao pronunciar a palavra: - Acidente, mas Bella e Jacob ficaram noivos.

Me surpreendi com o comentário, e imediatamente vi a reação variada no pessoal, Alice me olhou como se suspeitasse do fato, Esmee sorriu me parabenizando, como sempre ela estava acima de situações constrangedoras, era diplomática em qualquer ocasião, Charlie estava visivelmente feliz com a novidade apesar de tudo.

 O último para o qual olhei foi Edward, ele não estava me olhando, observava  Bells, havia carinho em seu rosto e não parecia zangado ou irritado.

Depois disso o pessoal foi lentamente se dispersando até que ficássemos apenas Renee, Charlie e eu, a tarde se foi, e a noite surgiu no céu sem que houvesse uma só mudança, Bells continuava como se estivesse dormindo, uma enfermeira veio, fez a medicação e se foi, não disse nada, apenas que ela não estava febril, porém isso eu já sabia, não saí do lado dela por momento algum, mas quando meu estômago roncou avisando que eu não comera nada desde o café da manhã Renee me obrigou a ir até a cantina comer alguma coisa e quando recusei me arrastou do quarto dizendo que precisava de um café também.

Sentamos juntos numa mesa pequena de frente um para o outro, ela estava com certeza querendo falar alguma coisa, fiquei na espera do que poderia ser:

- Sei que não tenho me comportado de forma correta com vocês, sinto muito Jacob.

Me recostei na cadeira olhando-a bem e sendo sincero no que eu pensava:

- Acho que você ainda me vê como o menino que vivia na sua casa, e que você achava que atrapalhava os estudos de Bella.

Ela sorriu e discordou:

- Sempre soube que era você quem a ajudava com as matérias que ela tinha dificuldade. – esse argumento botava por terra meu comentário, fiquei na espera do que viria e Renee continuou: - O que me preocupava era que você não tinha medo de nada, sempre fazia o que tinha vontade e levava minha filha com você

- Bells e eu sempre fizemos muitas coisas juntos, mas nunca fiz nada que pudesse machuca-la, se ela se machucasse jamais me perdoaria.

Renee me olhou bem dentro dos olhos e perguntou:

- Desde quando você gosta dela?

- Essa é uma pergunta fácil de responder. – falei mantendo o olhar dela: - Desde criança, mesmo quando eu não sabia, já era amor. – conclui.

- Eu tinha muito medo de você, pq você sempre foi muito próximo dela, e se um dia você quisesse ir embora correr o mundo como falava, iria levar nossa filha junto. – fiquei admirado da sinceridade dela e falei sem medo:

- Nunca afastaria Bells de vocês, eu sei o quanto é importante para vocês tê-la por perto, falei algumas vezes em ir embora, em viajar, viver em outros lugares, mas era sempre quando brigávamos, quando ela não falava comigo, era uma maneira de irrita-la.

Um grande sorriso surgiu no rosto de Renee, o primeiro direcionado a mim, ao menos que eu lembrasse  e logo ela emendou parecendo sincera:

- Ela ficava muito triste quando você falava isso, mesmo que estivesse brava dava um jeito de acabar com a briga. – isso era verdade, nós não conseguíamos ficar muito tempo longe e ela continuou: - De qualquer forma, sinto muito, mantive por você a mesma irritação que tinha quando era criança, e você já é um homem, e minha filha te ama.

Essa frase me doeu, era horrível perceber que Renee só tivesse percebido isso agora, depois do que aconteceu, terminei meu café e larguei a xicara no pires, não consegui comer nada, apesar da conversa tranquila não tinha vontade, parecia que tudo ficava travado na garganta. Voltamos para o quarto ainda conversando e na expectativa de que algo estivesse diferente, mas não nada havia mudado, nem um movimento que fosse, me aproximei tocando com cuidado seu rosto pálido.

- Billy ligou. – Chalrie  falou se aproximando de mim – Disse que avisou seu amigo Embry  do que aconteceu. – fiz um sinal indicando que tinha esquecido por completo disso e ele continuou:  - Queria saber se volta para casa hoje, eu disse que provavelmente não, se nem comer na cantina você queria. - seu tom de voz parecia tranquilo, observei o rosto do homem a minha frente, ele parecia estar se segurando, talvez não por ele, mas por Renee.

- Obrigado! Não pretendo mesmo sair daqui.

Sorri e agradeci, observei o rosto de Bells, o hematoma estava espalhando pela testa, puxei uma cadeira e sentei ao lado da cama enquanto Renee e Charlie estavam no sofá de frente para nós, as horas passaram sem alterações, ela continuava serenamente dormindo, alheia a nossa ansiedade por ve-la acordar, não sei quando, mas acabei dormindo, estava exausto, o corpo dolorido por causa da tensão provocada pelos acontecimentos.

Uma luz forte me fez mudar de posição, me mexi lentamente sentindo um leve movimento perto do meu rosto, era um movimento suave e imediatamente me lembrei onde estava, sentei passando as mãos pelo rosto tentando organizar a visão turva e vi os olhos de Bella abertos, soltei um suspiro de alivio e falei:

- Bells!  - no mesmo momento ouvi o som de Renee e Charlie que também estavam acordando com meus movimentos, mas aos poucos meus olhos foram percebendo que alguma coisa estava errada, tinha algo nos olhos dela, na expressão do rosto  que eu não conseguia identificar, era algo na maneira como me olhava e olhava para os pais.

- Bells... – falei outra vez e ouvi Renee chorando emocionada falar:

- Minha filha! Que bom! Estou tão feliz em vê-la acordada. – Bella continuava a olhar para ela de maneira estranha e de repente a mão que estava entre as minhas foi puxada com força,  finalmente entendi o que aquele olhar significava, Bella nos olhava como se não soubesse quem éramos, ela não nos reconhecia, pensei sentindo meu coração acelerar.

Renee e Charlie ainda não tinham percebido nada, Bells nos olhava apavorada, e então sua voz saiu num sussurro:

- Quem são vocês?

Fechei meus olhos em desespero, até aquele momento não queria acreditar que realmente fosse isso, esperava que estivesse apenas desnorteada, que não fosse o que eu pensara, mas  era isso mesmo, ela não reconhecia nenhum de nós.

Olhei na direção dos dois que atordoados estavam estáticos ao lado da cama, me virei para Bells que me olhava com um olhar apavorado e falei baixinho:

- Bells, eles são seus pais.

Ela voltou a olhar a dupla com o mesmo olhar que me dirigira, não conseguia entender o que estava acontecendo assim como eu, que em desespero tentava arrumar uma maneira de fazer a minha Bella voltar.

- Não. – ouvi num sussurro nervoso e logo a voz perdida continuou:  - Não são... – e se dirigindo a mim perguntou: - Quem é você?

Droga! pensei, isso não pode estar acontecendo, o pesadelo continuaria e tive vontade de sair correndo dali, pedir para que alguem pudesse fazer tudo voltar ao normal, em apenas vinte e quatro horas minha vida se transformara num total inferno, Renee agora chorava de desespero tentando se aproximar da filha sem sucesso, o único que parecia manter alguma sanidade era Charlie:

- Vou chamar um médico. – falou isso e saiu do quarto as pressas, eu continuava preso ali como se estivesse amarrado, fiquei em pé, tentei me aproximar, mas ela me olhava assustada e evita qualquer toque ou aproximação e outra pergunta saiu:

- Onde eu estou? – levou a mão a testa e tentei impedir que tocasse no curativo, mas ela me empurrou com uma expressão irritada falando:

- Não me toque!

- Tem um curativo na sua testa. – falei perdido tentando me controlar e emendei: - Você se machucou.

Renee saiu de perto, foi para o fundo do quarto chorando, ficou a nos olhar e de repente o médico e Charlie entraram, Bells estava ficando nervosa, estendeu as mãos afastando o cobertor  tentando levantar e tive de segurá-la,  ela gritou comigo:

- Me solte, não toque em mim! – aquela frase era dita com irritação e seus olhos me olhavam com estranheza e indiferença, me afastei assustado com o que eu via no rosto dela.

O medico se aproximou falando:

- Calma Isabella...está tudo bem...- mas de nada adiantou isso, ela continuava agitada e se movendo, tentando levantar, então o medico pediu:

- Segure-a, vou chamar uma enfermeira.

Me aproximei tentando fazer o que o medico mandara, passei as mãos firmemente por seus braços mantendo-a presa a cama, ela se debatia sob meu corpo, pedindo aos gritos que a largassem, tentei o máximo que pude segurar e não machucar, Bells estava incontrolável, me doía ve-la daquele jeito e não poder fazer nada.

  Ao mesmo tempo em que pedia para ser solta ela chorava em desespero, um filete de sangue começou a escorrer da testa, nesse momento eu não a via mais, estava com os olhos embaçados por ter que segura-la daquela forma, mas principalmente por não poder fazer mais do que estava fazendo.

Pouco depois um barulho de pessoas entrando me aliviou um pouco, era o médico com a enfermeira que aplicou uma injeção e lentamente  ela se acalmou e voltou a dormir, me afastei olhando minhas mãos vermelhas pela pressão que fizera para segura-la e a marca dos meus dedos nos braços dela, observei Charlie parado perto de mim ele me olhava tão perdido quanto eu estava naquele momento, então as perguntas não começaram a surgir, uma atrás da outra, queríamos uma explicação para o que estava acontecendo.

O médico não sabia o que tinha acontecido, nem o pq de tanta agressividade para alguem que sempre fora tranquila e meiga, garantiu que faria mais exames junto com outros médicos e depois que a enfermeira terminou o novo curativo se foi, levando Bells para os tais exames, nos deixando sozinhos e calados.

A porta se fechou e joguei sobre a cadeira na qual estivera sentado, perto da cama e finalmente liberei as lágrimas que estivera segurando desde o dia anterior, perto de mim Renee e Charlie estavam abraçados, mas apenas ela chorava, ele parecia perdido, totalmente fora do que estava acontecendo, então, senti um toque leve,  uma mão pousada no meu ombro, me virei e vi o rosto dela me olhando triste, falando:

- Sinto muito Jake! É culpa minha, tudo isso é culpa minha. – a voz estava entrecortada pelos soluços, e logo depois Charlie falou baixinho:

- Não diga bobagens Renee, não é culpa sua.

- Nós estávamos brigando quando ela caiu... – ela falou em tom de confissão e só então percebi o pq de toda a culpa sentida por Renee, mas a voz tranquila de Charlie tentou tranquiliza-la:

 – Isso foi um acidente! – Renee parecia não aceitar isso e diante do movimento negativo da mulher ouvi Charlie perguntar: - Você empurrou sua filha da escada?

-Não! Eu nunca faria isso! – ela quase gritou, aquela conversa estava me parecendo cada vez mais maluca, não queria saber de quem era a culpa, só queria a minha Bella de volta, fiquei em pé, precisava sair dali, ver a rua, outro lugar, ficar ali não estava ajudando.

Ao ver meu movimento em direção a porta Renee me chamou:

- Jake?

- Preciso sair daqui... - falei baixinho – Não consigo mais ficar aqui...vou até o lugar onde estão fazendo os exames nela.

Caminhei pelos corredores longos e silenciosos, de vez em quando um enfermeiro passava por mim, os sons que esporadicamente surgiam quando eu passava por um quarto me pareciam longe, estava totalmente fora do mundo,  como se eu estivesse também fora de mim. Finalmente cheguei, em letras grandes dizia no corredor branco: Neurologia.

Encontrei um banco em frente a porta do laboratório e sentei apoiando a cabeça com as mãos, sentindo meus braços doerem pela  força usada para segurar Bella e poucos segundos depois ouvi uma voz conhecida, me virei vendo que era Embry quem se aproximava.

- E aí cara? Como a Bella está? – soltei um suspiro antes de responder:

- O medico a trouxe para fazer mais exames.

- Mais? Pq? – ele não sabia? Pensei e imediatamente comecei a explicar:

- Ela não lembra de nada, de ninguém, cara. – falei encarando o rosto de meu amigo.

- Nossa! Billy só me falou que ela tinha sofrido um acidente, mas não me disse nada disso.

- Nós só descobrimos quando ela acordou agora a pouco. – falei olhando minhas mãos, havia um arranhão no meu pulso, provavelmente feito por ela.

- Foi a pior sensação da minha vida... tive que segurar ela na cama... estava descontrolada, gritando e chorando....- encarei os olhos assustados dele e conclui – Ela não sabe quem eu sou...não lembra de nada...

Embry  passou o braço pelo meu ombro num gesto protetor, fechei meus olhos, estava precisando de um amigo por perto mesmo, sua voz saiu tranquila e positiva:

- Isso vai passar logo Jake.

Encarei seu rosto que tentava mostrar um sorriso e falei:

- É só o que eu espero, é tudo o que eu espero.

As horas não passavam mas ao menos pude contar com a presença silenciosa e firme de meu amigo ali, mesmo sem falar nada ele ajudava muito com seu apoio, quando finalmente o medico saiu fique em pé olhando-o diretamente e ansiosamente, tentando identificar alguma coisa em sua face,  queria, precisava de uma resposta, ele me olhou bem, a expressão indefinível, me aproximei e perguntei direto:

- E então?

Ele moveu a cabeça e falou entre dentes:

- Nada, não tem nada.

Soltei um berro irritado e ouvi um pedido de silencio e a voz de embry ao meu lado falando:

- Calma Jake...

- Como calma? – esbravejei, não estava mais conseguindo me controlar - Ela não lembra de nós, está totalmente diferente... E não tem nada? Não pode ser, não acredito que não tenha nada! – conclui encarando o médico que me olhava com um olhar impotente.

- Não há nada físico que justifique isso...pode ser que ela esteja...

- O que? – insisti.

- Que ela esteja  com amnésia psicogênica. – sua voz era perdida.

- O que é isso? – ouvi Embry perguntar e o médico logo respondeu:

- Ela acontece quando a pessoa passa por um evento estressante... pode haver uma perda de memória...

Minha cabeça viajou por alguns instantes, o evento estressante pode ser sido a discussão com a mãe, e em parte a culpa era minha, o motivo da discussão era eu, sempre eu, desde criança era eu o motivo das brigas delas. Passei a mão pela cabeça ouvindo o médico dizer que a levariam para o quarto logo e que ela ficaria sedada por algumas horas ainda.

- Quando ela voltar vamos ver do que ela lembra. – concluiu e tocou no meu ombro pedindo paciência, sabia que de nada adiantaria entrar em pânico agora, mas não estava vendo saída, a voz suave dele me avisou que ia ao quarto falar com Renee e Charlie.

Voltei a sentar no banco perdido em pensamentos que em nada ajudavam, então as portas se abriram, a maca vinha trazendo-a, novamente dormindo, pensei, como eu queria que quando esses olhos se abrissem, que ela lembrasse de mim, de nossas conversas, do nosso amor.

- Ela parece bem tirando esse machucado na testa. – Embry comentou.

-É, também pensei isso, mas não é assim... quando acorda é outra pessoa... – expliquei suspirando.

Seguimos a maca em silencio o restante do tempo, ao entrarmos no quarto o médico saia depois de dizer aos dois o que já tinha me dito, me aproximei outra vez da cama olhando o rosto sereno e adormecido de Bella e ouvi a voz de Charlie falando:

- Jake, vá para casa.

- Não. – falei firme, não ia sair dali agora.

- Você precisa descansar, ela só vai acordar em algumas horas, está sedada.

- Não quero ir Charlie...vocês também estão aqui desde ontem. – argumentei.

Ele pareceu não escutar o que eu tinha dito e continuou:

- Se você for agora, estará de volta antes que ela acorde, nós precisamos da sua ajuda. – a voz dele e seu olhar direto imploravam : - Precisamos que você esteja bem, para nos ajudar.

Olhei o rosto Bella e depois ouvi Renee falando:

- Por favor Jacob, vá descanse e volte, vamos precisar estar inteiros para nos ajudarmos.

- Eles tem razão cara, você está cansado, eu vou com você e voltamos juntos depois.

Encarei o rosto sereno de Embry e pensei que talvez fosse melhor ir agora enquanto ela dormia, me virei e vi o rosto delicado adormecido, beijei de leve a pele fria e pálida do rosto  dela, sai acompanhado por meu amigo silencioso, entrei no carro e apenas fui para casa, ele me seguiu em sua moto, o tempo estava aberto, e havia raios de sol em alguns lugares.

Quando cheguei em casa tive que explicar a todos o que estava acontecendo, a cada um que surgia era uma repetição de fatos que eu não queria lembrar e ver a expressão apavorada de cada um, ouvir o tanto de historias assustadoras que alguns sabiam de pessoas que tinham perdido a memoria por causa de acidentes, saí irritado de perto deles,  pensando que afinal não fora boa ideia vir para casa.

 Por fim, tive de consolar Ana que chorava sem parar, depois de um banho e de tentar comer alguma coisa, voltei para o hospital, Renee e Charlie fizeram a mesma coisa, foram, um de cada vez para casa e no final da noite estávamos os três juntos novamente no quarto espaçoso e gelado acompanhando o sono induzido dela.

Os dias seguintes foram uma sequência de fatos sem sentido e confusos para mim, médicos apareceram, fizeram exames, conversaram com Bella, explicaram a mesma coisa para nós, era uma amnesia passageira, mas eu não aguentava mais isso, nem ela me olhando daquele jeito, como se nunca tivesse me visto, apenas aceitando minha presença pq um estranho havia dito que eu era alguem que ela conhecia.

 Somente alguma coisa estava mostrando melhora, Bells estava mais calma e o ferimento da testa estava cicatrizando, depois de mais uns exames e da constatação que fisicamente ela estava bem, os médicos sugeriram que o melhor seria voltar para o ambiente de casa, talvez assim as lembranças voltassem.

Isso foi feito, Bella foi convencida por outras pessoas de que nós a levaríamos para casa, aceitou pq teve que aceitar, mas continuava a nos tratar como se não nos conhecesse, nos olhando atravessado e respondendo apenas ao que era perguntada para depois voltar a ficar calada como se estivesse trancada dentro dela mesma.

Quando o carro de Charlei entrou pela estrada que levava a casa meus olhos se dirigiram para a garota ao meu lado, sentada perto de mim ela segurava as mãos sobre as pernas, o olhar estava perdido e não parecia reconhecer nada, não houve um só movimento que me mostrasse que ela reconhecia alguma coisa, suspirei e me virei impaciente, desejoso de poder tocar nela, de fazer um carinho sem que ela me olhasse daquela forma assustada.

Descemos todos do carro assim que Charlei estacionou, ela olhou em volta e o vi se aproximar da filha tentando toca-la, de todos nós ele era o que fora mais facilmente aceito, Bella permitia sua aproximação com um olhar até carinhoso.

- Vamos entrar?  – ouvi ele perguntar, e no canto da casa vi Ana a espera, sem coragem de se aproximar, na única vez em que fora ao hospital Bells a tratara como a nós como se fosse uma estranha, estava chorando novamente, fui até ela tentar acalma-la.

- Está tudo bem Ana, logo Bells estará de volta. – tentando convencer não só a ela, mas também a mim de que isso aconteceria logo.

Ela me olhou muito seria como se não acreditasse no que eu dizia, e carinhosamente nos abraçamos, na realidade estava me sentindo assim ultimamente totalmente sem esperanças,

Vi o grupo entrar em casa e percebendo que Ana estava mais tranquila, me dirigi a minha própria, tinha combinado de ir para a oficina falar com Embry depois de Bella estivesse em casa, trabalhar um pouco, tentar fazer alguma coisa.


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Notas finais do capítulo

Obrigada as minhas amigas e Jessy e Lily por comentarem nesta história, fico muito feliz com os comentários d vcs
bjsssssssssssss



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