Querido Diário Otaku escrita por Panda Chan


Capítulo 44
Capítulo 44 - Final Day




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/273104/chapter/44

– Alô – disse Lucca.

– O que ela sabe? – perguntou aflito.

– Ainda não sei, estou a caminho da casa dela agora.

– Finja que não se importa com a Jullie.

– O que?

– Tenho um plano.

– Qual?

- Finja que não se importa – respondeu.

- O que? Você está maluco?

- Não, na verdade nunca estive tão lúcido.

- Se a Jessie achar que você não liga pra Jullie vai levá-lo até o lugar onde está deixando ela.

- Como pode ter tanta certeza?

- Conheço aquela piranha, ela gosta de mostrar suas vitórias para todos. Se ela te levar você só tem que me mandar uma mensagem e eu vou te seguir pelo GPS do celular.

- E o que faremos depois?

- Eu vou averiguar o lugar e depois vamos fazer seu pai ligar pra policia e fazer um barraco pra buscarem a Jullie.

Lucca passava esse dialogo pela cabeça mil vezes por minuto enquanto observava Andrew interagindo com os detetives e policiais.

Era impressionante como Andrew, pela primeira vez na vida, sentia que estava fazendo algo certo. Ele sempre observou a casa das pessoas e os seus hábitos, até mesmo na escola fazia aquilo e agora sua ‘habilidade’ de ser bisbilhoteiro estava servindo pra algo e iria ajudar  Jullie.

- Muito bem garoto – disse o detetive Basso, um homem de pele morena e profundos olhos pretos – Você fez um trabalho melhor que o de qualquer policial que eu conheço.

- Obrigado – disse um pouco envergonhado.

Lucca não negava que sentia muita inveja, Andy era o maior pegador da escola, namorava a garota que ele amava e ainda era um gênio que encontrou cada mínimo ponto fraco daqueles galpões. Estou esquecendo algo? Ah sim, tinha memória fotográfica.

O Senhor Way nunca havia demonstrado tanta admiração por alguém, pelo menos naoq eu Lucca tenha visto e aquilo só o irritava mais.

Por que Andrew tem sempre que ser o herói?,se perguntava, por que eu fico em segundo plano sempre? No coração da Ann e em seu resgate.

Ele não tinha as respostas pro mais que procurasse, perdeu a conta de quanto tempo ficou em seu devaneio lembrando de cada momento em que perdia mais e mais sua Ann pro garoto de preto quando ouviu seu nome sendo chamado.

- Lucca ? – Detetive Basso com certeza não tratava ninguém com menos de 21 anos com o respeito que devia.

Lucca suspirou e se aproximou do homem.

- Sim?

- Amanhã você vai voltar no galpão onde Jullie está. Preste atenção no plano, tudo é muito importante – Lucca assentiu – Você vai entrar lá e pedir pra ficar sozinho com a Jullie, depois vai usar a porta secundaria que você disse que tem para fugir com ela e seguir esse caminho – apontou para um caminho feito com caneta azul no mapa – Evite a todo custo ir na direção errada quando chegar  nesse ponto – apontou para um ‘Y’ onde os caminhos se separavam .

- O que acontece se eu for por ai?

- Se pegar o caminho errado vai parar na praia e isso só vai dificultar o nosso trabalho. Essa área é a dos rochedos, qualquer descuido e a pessoa pode morrer.

Lucca sentiu um arrepio percorrer todo seu corpo e concordou enquanto ouvia calmamente o plano do detetive.

-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x

É impressionante como a noite passa rápido quando você dorme pouco mais de cinco horas e fica conversando com policiais até as 3 horas da manhã. Realmente impressionante.

Lucca passou tanto tempo olhando pro teto de seu quarto que sabia onde estava ou esteve cada pequena teia de aranha que escapava de das vassouradas. Era hoje.

Levantou-se e tomou um bom e demorado banho tentando lavar cada parte de seu corpo para tirar o sentimento de inutilidade que estava sentindo. Hoje ele seria o herói, podia sentir isso.

-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

( JULLIE)

O que são lágrimas? A ciência diz que é um líquido composto de águasais mineraisproteínas e gordura, produzido pelas glândulas lacrimais nas pálpebras superiores do olhohumano para lubrificar e limpar o olho, eu digo que é um alivio.

As lágrimas são pra mim uma forma de liberdade, me sinto livre depois de uma crise de choro.

Depois que Lucca foi embora eles me bateram, disseram que foram ordens da ‘chefe’ também conhecia como Jessie.

Sentia dores em cada pedacinho de músculo que tenho no corpo, enquanto eles me batiam eu gritava de dor então eles amarraram um pano na minha boca e me bateram mais.

Uma parte de mim estava feliz com isso, antes apanhar do que ser molestada.

Agora sentia a parede gelada atrás de mim e o chão gelado que congelou minha bunda, meu vestido foi rasgado há muito tempo atrás e agora só uma saia branca e fina de algodão, que ficava por baixo do saiote, e meu corpete era tudo que vestia.

Nunca imaginei que iria ser pedida em namoro em um dia e no outro estaria vestindo roupas rasgadas com hematomas por todo meu corpo e me sentindo acabada.

Uma vez vi em um documentário que quando as pessoas passam por situações assim costumam ficar em estado de choque ou gritam, uma pequena minoria se mantém calma como eu. Essa pequena minoria normalmente morre.

O moreno me deu um pedaço de pão molhado no leite na boca e foi embora ficar com o loiro.

Lucca, você pode vir me salvar logo?

-x-x-x-x-x-x-x-x-

Lucca chegou sozinho ao local dos depósitos, hoje não tinha nenhum guarda protegendo os portões. Entrou e foi direto ao galpão que havia visitado no dia anterior.

- Quem está ai? – perguntou uma voz rouca de homem.

- Sou o amigo da Jessie que veio aqui ontem.

A porta então foi aberta. Lucca acenou pro brutamonte e entrou no galpão.

A cena que viu gostaria de esquecer, foi algo chocante. Encolhida num canto com roupas imundas e rasgadas, cheia de hematomas e com sangue seco grudado no cabelo estava Jullie. Sua Ann.

- O que você quer? – perguntou o loiro.

- Jessie disse que eu poderia me vingar um pouco dela.

- Não sei se é seguro, já batemos nela – disse o moreno.

Lucca sentiu cada célula do seu corpo pedindo pra dar um soco na cara dele.

- Isso não interessa, é até melhor que ela sente mais dor – disse como se não se importasse.

Os brutamontes trocaram olhares desconfiados.

- Vamos lugar pra chefe e ver o que ela acha disso.

- Ótimo, podem telefonar.

O loiro saiu e depois de alguns momentos voltou com a confirmação da historia de Lucca.

- Vamos te dar 20 minutos com ela, nada mais – disse ainda desconfiado.

- Okay.

Eles saíram e Lucca não pode conter um suspiro de alivio, se aproximou de Jullie que mais parecia um fantasma e a abraçou.

- Pronta pra fugir? – perguntou

- Sim – ela disse e tentou esboçar um sorriso em seu rosto pálido.

Lucca pegou um canivete que havia escondido no seu tênis (N/A: É por isso que eu sempre digo crianças, cano alto não é só estilo) e cortou a corda que prendiam os pés da garota, a pele naquela região estava vermelha, quando cortou a corda que prendia suas mãos, porem, se surpreendeu ainda mais. As cordas tinham sido amarradas com tamanha força que as mãos dela estavam começando a ficar sem circulação. Isso não era bom.

- Venha, vamos.

O caminho já havia sido traçado e Lucca, mesmo nunca tendo seguido pessoalmente por aqueles corredores, sabia muito bem pra onde ia, seu único problema era Jullie que mau se agüentava em pé.

Jullie sentia-se fraca e tonta, quando estavam atrás de um dos galpões a garota caiu no chão sentindo algo que subia e descia por sua garganta.

- Vamos lá pequena, não coloque tudo a perder agora – dizia Lucca.

- E-Eu nao agüento, estou fraca.

- Não está não, você é forte e resistente – sorriu – Agora vou avisar aos policiais que estamos bem.

- Policiais? – perguntou curiosa.

Lucca apertou algumas teclas em seu celular e sorriu.

-Papai conseguiu convence-los a te procurar, não foi nada fácil mas até que deu certo.

- Andy..?

- Ele está bem, não se preocupe.

Jullie suspirou aliviada.

- Vocês não deveriam se preocupar com ele, deveriam se preocupar com vocês.

Só então perceberam que alguém os observava.

-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

Andy estava preocupado.

Queria ter ido no lugar de Lucca atrás de sua amada, mas não pode porque de acorod com o detetive Basso “ É arriscado demais”.

Não sei onde arriscado, pensou, Se Lucca fosse comigo poderíamos bater nos dois caras e pronto. Tudo encerrado.

Ficou sentado esperando pela volta dos irmãos Way. Esperou, e esperou, e esperou...

- JÁ CHEGA! – gritou – Estou aqui há uma eternidade, vou entrar.

- Calma garoto – Detetive Basso segurou seu braço – Lucca acabou de nos mandar uma mensagem, eles estão bem.

- Espero que estejam mesmo.

Detetive Basso sorriu e Andy teve certeza que estava sendo paranóico.

Não tem como algo dar errado com Basso aqui, ele era um grande detetive e ótimo estrategista. A preocupação foi abandonando Andy e sendo substituída por uma sensação de calma.

Bem, foi assim até ele ouvir o primeiro grito de horror.

- O que foi isso? – Basso perguntou.

- Um grito de medo – disse algum policial.

- Quem poderia estar gritando?

- Jullie – respondeu Andrew.

E ele não estava errado.

-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

Jessie não era mais Jessie.

Ela havia tingido seus cabelos de castanho claro, o mesmo tom do cabelo de Jullie, usava lentes de contato que deixaram seus olhos num tom próximo ao avelã e uma camiseta com a foto de um Emolga, o Pokémon favorito de Jullie.

- Jessie? – dise sem acreditar.

- SUA VADIAZINHA NOJENTA! – o olhar de Jessie era de pura ira.

- Jessie cala a sua boca imunda agora – Lucca ficou na frente da Jullie – Larga essa merda!

Num primeiro momento Jullie não entendeu do que ele estava falando foi então que ela viu a arma brilhando na mão de Jessie e sentiu um frio passando por todo seu corpo.

- Jes...sie?

- Não diga meu nome sua vaca – levantou a arma tremendo – Você é tão idiota e estúpida, por que tem uma vida tão boa? – lagrimas corriam pelo rosto da ex-loira.

Jullie então percebeu que estava chorando também.

- O que eu te fiz? – perguntou desesperada – O que eu fiz pra que você me odeie tanto?

- NÃO SE FALA DE BOBA! Você sabe o que fez.

- Não sei – admitiu.

- Fui tão importante que você até se esqueceu de mim? – Jessie fez um som que poderia tanto ser pelo choro quanto uma risada doentia – Vamos contar uma historia Jullie. Era uma vez, numa cidade chamada Sparks uma garota solitária, ela era loira e feia, usava óculos fundo de garrafa e roupas que pareciam ter sido escolhidas por sua avó num brechó. Essa garota tinha apenas uma amiga, você sabe de quem eu estou falando não é? – fez novamente aquele estranho som e continuou – Ela amava tanto aquela sua única e preciosa amiga. Foi ai que uma vaca entrou na sua vida pra acabar com tudo, Mary Santiago não ficou contente em ter todas as pessoas da escola como amigo e roubou a única amiga que a garota loira tinha, pra piorra a situação a mãe da menina estava se casando por dinheiro com um homem nojento que tentava abusar dela. Você pode imaginar como ela se sentiu Jullie? Sabe como eu me senti?

- Jessie, me perdoe – o corpo de Jullie tremia de nervosismo enquanto lagrimas caiam. Lucca não havia se mexido nem um centímetro – E-Eu não percebi na época nada disso, pelo amor de Deus eu era uma criança assim como você, eu também erro.

- Você errou demais Jullie, eu sempre quis acreditar que era só uma fase e que você estava sendo manipulada. Minha mãe se casou e saímos de Sparks, eu estava decidida a não cometer o mesmo erro novamente e foi ai que conheci Andrew e o usei para chegar onde estou. Admito que quando fiquei sabendo que você estava na escola quase dancei de alegria pensando que tudo seria como antes, mas não foi, você se aproximou do garoto que eu gostava e me ignorou completamente. Nunca mais serei tão tola em relação a você. Reparou na minha mudança de visual? Agora eu terei a sua vida Jullie, você não a merece – ela ergueu a arma em direção a Jullie e atirou.

Jullie gritou ao sentir a bala passando de raspão por eu braço.

Lucca instintivamente e virou para olha-la.

- Você está bem? – perguntou aflito.

- Sim, só esta sangrando um pouco – a bala quase havia acertado seu braço esquerdo.

Lucca estava preso em alguma espécie de transe e ao ver o sangue de Jullie manchando sua roupa despertou.

- SUA VACA LOIRA – Lucca tentou avançar, mas Jessie ergueu novamente a arma dessa vez tremendo menos.

- Não se mexa ou eu atiro e dessa vez prometo que não vou errar.

- Então atire sua vaca! – gritou.

E ela atirou na direção de Jullie, dessa vez não errou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!