Querido Diário Otaku escrita por Panda Chan


Capítulo 45
Capítulo 45 - pieces of my heart are missing you


Notas iniciais do capítulo

Só pra avisar, demorei nesse capítulo porque eu quase entrei em depressão escrevendo ele T_T
Quero agradecer a minha cupcake linda que recomendou a fic, Cintia Chan, esse capítulo é dedicado pra você.
Obrigada aos brigadeirinhos que favoritaram,rita1507, walker, tayanecooper, Uma Rockeira e AcciOdair e também a quem favoritou antes e eu não tive a oportunidade de pegar o usuario.
Boa leitura.



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 Jullie olhava horrorizada pro sangue que saia do buraco no braço de Lucca, se ele não tivesse o usado para empurra Jullie ela estaria morta agora ou agonizando de dor no chão.

-Lucca – disse assustada.

O rosto dela era uma mascara de pura dor com algumas lagrimas que escorriam solitariamente.

Lucca queria gritar. Não sabe muito bem porque mas gostaria de gritar cada nome sujo que conhecia, ao ver o rosto apavorado de Jullie ele percebeu que tinha que se segurar. Olhou para Jessie que parecia confusa e teve uma idéia insana.

Pegou uma barra de ferro jogada num canto com o que tinha de força e arremessou na direção de Jessie que foi acertada na barriga.

- Corre Jullie! Corre!

Jullie despertou de seu transe e foi correndo por um caminho aleatório sendo seguida por Lucca.

Ótimo, pensou, Dei uma de herói mas agora estou ferrado. Boa Lucca.

Os dois ‘irmãos’ corriam o mais rápido que conseguiam em seu atual estado enquanto Jessie se contorcia no chão com falta de ar.

Jessie só conseguia pensar em como era idiota, havia atirado em Lucca sem querer. Certo, ela atirou duas vezes, mas nunca pensou fosse acertar algo além de Jullie.

Sentiu algo subindo por sua garganta e cuspiu, era sangue, aquela barra deve ter de alguma forma atingido algo que não devia.

Lucca maldito! Mesmo sem forças ainda consegue me atingir, vou mata-lo.

Ainda com o gosto de sangue na boca se levantou, logo caiu novamente e ficou deitada no chão esperando a dor aliviar.

“Mamãe, eles me chamam de nomes estranhos

Eles não me deixam jogar

Eu corria para casa, sentava e chorava quase todo dia

"Ei, Jessica, você parece um ET

Com pele verde, e você não devia estar aqui"

Eles puxam meu cabelo

Tiram a minha cadeira

Eu fico na minha e finjo que não me importei

"Ei, Jessica, você é tão engraçada

Tem uns dentes que parecem do Pernalonga"



Chorando em um canto estava a pequena garota loira de tranças e óculos grandes, usava um aparelho odontológico para arrumar o espaço que tinha entre os dentes da frente e por causa de seus problemas respiratórios vivia fungando. Nem preciso dizer que ela não era popular.

Por algum motivo essa garota chamou a atenção de uma pequena garota de grandes olhos avelã, diferente da loira essa menina se parecia com uma pequena boneca de porcelana.

- Ei qual seu nome? – perguntou para loira.

- Jessie – respondeu a loira esperando por alguma piadinha ou brincadeira maldosa.

- Legal, meu nome é Jullie começa com ‘J’ igual o seu – a garota sorriu para Jessie e não da Jessie.

Isso mudou seu dia.

Jullie então estendeu sua mão e Jessie emocionada segurou nela e se levantou.

“Ah, agora você acha que me conhece

Você esqueceu como

Você me fazia sentir

Quando você arrastava o meu espírito”

Jessie olhou para o céu nublado e se levantou, podia ouvir passos e vozes vindas de algum lugar distante. Ignorou e foi adiante seguindo o rastro de sangue dos irmãos Way.

“Mas obrigado pela dor

Me fortaleceu

E eu ainda estou me erguendo, ainda estou me erguendo”

Jullie seguia Lucca, ou melhor, Jullie segurava Lucca que mal conseguia andar graças ao esforço usado pra atirar a barra de ferro e ao sangue que não parava de pingar. Jullie tinha rasgado um pedaço do que havia sobrado de seu vestido e usado como curativo numa tentativa de parar o sangramento, em poucos minutos o tecido estava tingido de vermelho.

- Ai – o gemido de Lucca serviu para lembrar Jullie que andar rápido agora era necessário, mas não possível – Pare, por favor.

Jullie parou olhando pra todos os lados.

- O que foi?

- Abandone-me.

- O que?

- Largue-me aqui – Lucca estava ofegante – Não sou útil.. Sou um peso morto que deixa um rastro de sangue pro onde passa.

Isso era verdade, mas Jullie jamais admitiria.

- Não posso Lucca, somos irmãos e irmãos não se abandonam.

- Ann...

Antes que ele pudesse suplicar algo Jullie avistou mais pra frente uma enorme formação de rochas, com certeza estava na região do litoral pois só agora prestava atenção no barulho do mar.

- Onde estão nossos reforços? – perguntou.

- Do outro lado. No portão – respondeu Lucca.

Seria complicado ir até lá naquele labirinto de galpões, Jullie então teve a idéia que podia salva sua vida.

- Vou ligar pra eles do seu celular, vamos esperar naquelas rochas ali na frente e eles viram nos buscar.

- Não sei se é uma boa idéia – disse Lucca – Aquela é uma área muito aberta, se Jessie chegar antes...

- Vamos torcer pra que não chegue então – interrompeu – Vamos lá Lucca.

Lucca estava sem forças para discutir e a dor em seu braço já estava insuportável, sendo arrastado por Jullie se aproximou das rochas.

Ele tinha que se lembrar de algo relacionado aquele lugar, naquele momento não conseguia organizar seus pensamentos o suficiente para isso.

Então façam suas piadas

Tentem me derrubar

Soprem sua fumaça

Você não está sozinho

Mas quem está rindo agora?

- Jessie! – Jullie abraçou a loira como se não a visse há anos.

-  Calma Jujuba – Jessie não parava de rir com a felicidade de ter alguém querido lhe dando carinho – Guarde um pouco de abraços para mais tarde.

- ‘Mais tarde’? Você ficou tipo um mês todo fora, tem noção de como é difícil ficar nesse zoológico sem minha melhor amiga?

Jessie se controlou muito para não começar a chorar de felicidade. Até dois anos atrás era a excluída sem amigos e agora, graças a Jullie, começava a ser bem vista pelas outras crianças da escola. As brincadeiras estavam acabando.

- Aconteceu algo legal enquanto eu estava fora? – perguntou.

- Sim – Jullie sorriu –Temos uma aluna nova, o nome dela é Mary e ela é uma fofa.

Uma pontada de ciúmes atravessou Jessie naquele mesmo instante. Ela não demonstrou, apenas seguiu sua amiga pra sala de aula.

Aumente sua força

Bata em mim com força

Jogue suas cartas

Seja uma estrela

Jessie soube quem era a aluna nova assim que encontrou porque ela estava sentada em seu lugar.

- Desculpe, esse lugar é meu.

- Não querida – Mary tinha o mesmo sorriso que os adultos quando falavam com uma criança que não entendia nada – Esse lugar agora é meu,você ficou fora por muito tempo.

Naquele momento a loira teve certeza que ela e Mary nunca seriam amigas.

No intervalo daquele dia Jullie se sentou com Mary, no dia seguinte também, e na semana inteira seguinte, e no mês...

Sozinha, Jessie agora não tinha mais como fugir dos gritos de sua mãe transtornada com medo de perder seu dinheiro e nem de seu novo meio-irmão com suas manias de dissecar animais.

Algumas brincadeiras de criança são realmente assustadoras.

Um dia Jessie soube que se mudaria. Tentou avisar Jullie mas quando ligou em sua casa tudo que ouviu foi ‘Ela está com a Mary’.

“Ah, agora você acha que me conhece

Você esqueceu como

Você me fazia sentir

Quando você arrastava o meu espírito

Mas obrigado pela dor

Me fortaleceu

E eu ainda estou me erguendo”

Na nova cidade Jessie conheceu um garoto incrível chamado Andrew, pro azar do pequeno Andrew a Jessie que ele conheceu não era uma garota boazinha.

Descobriu com Mary que você deve humilhar os mais fracos para ser a mais forte e foi isso que ela fez.

Gregory, seu meio irmão de criação, agora não matava mais bichinhos que encontrava por ai e os dissecava, ele agora temia sua mais irmã.

Jessie fez muitas coisas más e o usou como seu empregado para realizá-las, ele se arrepende disso até hoje.

Na nova escola era respeitada, não apenas por ser má como também por ser a neta da diretora e tinha muito orgulho disso.

Alguns anos mais tarde encontrou uma foto de Jullie junto com uma ficha de transferência, a garota continuava com a beleza de uma boneca de porcelana só que menos bem cuidada. Jessie pensou que tudo seria como antes entre as duas e implorou pra que sua avó a encarregasse de mostrar a escola pra novata. Quando viu Jullie não pode deixar de demonstrar decepção por não ser reconhecida.

Quando viu Jullie com Andy não pode esconder a raiva por ter as duas pessoas que mais gosta juntas e longe dela.

Quando viu que eles estavam saindo juntos mais do que algumas vezes ela começou a surtar.

Jullie sempre tem tudo.

Jullie tem aquilo que eu quero.

Jullie tem tudo.

O rastro de sangue acabou atrás de um galpão, Jessie, porém, não teve dificuldade em continuar seguindo os dois porque logo a frente, sentados em uma grande rocha estavam seus dois ‘coelhos’.

Andou fazendo o menor barulho possível, como uma verdadeiro caçador e não pode evitar um sorriso de psicopata em seu rosto.

- Por que veio atrás de mim Lucca?

- Porque você é minha preciosa parente Anneba – sorriu – Eu queria ser o herói.

- Você já é meu herói.

Lucca sorriu e se virou, acabou vendo Jessie pondo mais balas na arma e pronta para atirar.

- Merda – disse.

Jullie também se virou e ao ver Jessie e o objeto brilhante que trazia na mão sua respiração acelerou ainda mais.

Já haviam ligado pro detetive Basso e ele estava a caminho com uma equipe de paramédicos, teria que enrolar Jessie até sua chegada.

- Jessie, como nos achou?

- Segui o rastro de sangue do seu irmão – sorriu – Hora de fazer o seu – ergueu novamente a arma.

Jullie sentiu seus ossos virando gelatina enquanto seu cérebro trabalhava o mais rápido possível atrás de uma saída sem encontrar nada. Era agora o momento final dela.

- Vejo que Lucca não pode mais te salvar – sorriu do mesmo jeito que no primeiro dia de aula de Jullie – Perfeito.

- Jessie, pare com isso – só de ouvir podia ver como Lucca se esforçava para dizer aquelas palavras – Você tem que parar com isso, já tem tudo que alguém pode querer e um pouco mais por que continuar com isso?

Antes que Jullie percebesse Lucca estava de pé na sua frente.

- Sai da frente Lucca – ordenou Jessie.

- Ou o que? Você vai atirar em mim? – o som que Lucca fez foi como uma risada com uma pontada de arrependimento – Já vimos que isso não funciona bem comigo.

- Não estou de brincadeira.

- Nem eu. Pare com isso Jessie, arrume sua própria vida e a viva intensamente. Nos deixe em paz.

- Eu não posso – gritou – Não depois de tudo que ela fez comigo. Saia a frente ou vou atirar em você.

- Jessie...

Lucca estava cansado daquilo, a garota que ele amava não o queria, estava com outro e tinha uma lunática a perseguindo. Talvez fosse algum delírio causado pela perda de sangue, mas para ele aquilo era o correto a se fazer.

Lucca não saiu da frente de Jullie.

Para Jessie tudo ocorreu em câmera lenta, foi impulsionada alguns passos para trás quando disparou e pode ver a trajetória certa da arma até Lucca.

Para Jullie foi como se o mundo tivesse parado por anos e aquele momento se repetisse, uma hora Lucca estava na sua frente alguns passos e na outra foi lançado pra cima dela. Olhando pra frente quase conseguiu ver o caminho que a bala fez quando cortou o ar em grande velocidade.

Para Lucca foi como se nada tivesse acontecido. Uma hora ele estava encarando Jessie e se perguntando o que teria que fazer pra que ela o deixasse em paz e na outra apenas sentiu uma forte dor no peito e foi lançado para trás.

- NÃO! – o grito de Jullie era única coisa que ecoava em sua cabeça, isso o despertou.

- Ann – falar esse simples apelido lhe custava muito, podia sentir sua forças indo junto com seu sangue, a vida o abandonando.

Por favor, implorava, só mais cinco minutos.

- Não fale – as lagrimas que caiam do rosto dela davam a Lucca uma estranha sensação de satisfação.

- Eu tenho que te falar... – agora sentia como respirar doía – Tem uma carta... Está no meu travesseiro.. é pra você...

- Lucca não fale, por favor – Jullie não sabia o que fazer, nunca antes viu tanto sangue na vida – Só fique quieto ta?

- Jullie – ouvir seu nome saindo da boca de seu irmão semi morto partia mais ainda seu coração – Eu te amo.

- Eu também te amo Lucca, te amo tanto – nem tentava secar as lagrimas teimosas que cobriam seu rosto – Não me deixe Lucca, por favor, não me deixe.

- Nunca – sorriu fraco com a pouca força que lhe restava – Posso ver... uma... estrela...

Jullie olhou em seus olhos e viu refletido nele o brilho fraco de uma estrela teimosa que de alguma forma apareceu no seu naquele dia tão obscuro cheio de nuvens cinzentas. Ficou observando aquele fraco até que ele se tornou o único brilho nos olhos sem vida de seu irmão.

- Eu te amo – beijou sua testa enquanto chorava como nunca antes.

Havia tantas coisas para se dizer, mas nada lhe vinha a mente agora. A dor é forte.

Por quanto tempo ficou chorando com o corpo de seu irmão/primo em seu colo? Não faz idéia, pode ser que tenham sido anos ou segundos mas foi o bastante para pensar em uma  coisa.

Jessie tem que morrer.

Da forma mais delicada que conseguiu deitou a cabeça de Lucca em uma rocha e limpou uma lagrima sua que agora manchava o rosto dele.

- Sinto muito – murmurou.

Se virou e agarrou uma pedra pouco maior que sua mão.

Isso deve servir.

Jessie chorava arrependida, em sua cabeça tinha feito aquilo mil vezes e nunca havia chorado, nunca havia se sentido culpada e nem queria voltar no tempo que impedir que tudo acontecesse.

Não notou quando Jullie se aproximou dela, com a mão livre tentou limpar as lagrimas de seu roso.

- M-Me desculpe – disse entre soluços – E-Eu n-não queria fazer isso.

- É Jessie – Jullie tinha seu rosto marcado por lagrimas e os olhos em um vermelho vivo que podia ser de raiva ou de tristeza – Hoje em dia é fácil matar não é? Mirar em alguém e sem querer acertar um ponto vital dessa pessoa já machucada.

- V-Você não entende – Jessie soltou a arma sem perceber e Jullie sorriu.

- Ah, eu não entendo, mas em breve entenderei.

- O que você quer dizer? – só então Jessie notou a pedra não mão de Jullie – O que você vai fazer com isso? – perguntou assombrada.

- Tarde demais, cadela.

Agora era a vez dos ossos de Jessie virarem gelatina.


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Notas finais do capítulo

Dúvida: Só a autora bobona chorou MUITO com esse capítulo?