Fiquei com cara de batata olhando pro Gregory por uma eternidade.

Amigas? Eu e aquele projeto de Barbie? Ou melhor, projeto de vilã de sétima categoria de filme americano?

- Ótima piada Gregory.

- Não é uma piada.

Encarei seus olhos em buscar de algum sinal, por menor que fosse, de que ele estava mentindo. Não encontrei nenhum.

- Acho que vou acreditar em você – disse - Mas, eu não me lembro de ter sido amiga dela. Nos conhecemos quando eu fui estudar no Saintine.

- Vocês se conheceram quando eram menores, antes da mãe da Jessie e meu pai se casarem.

- Isso tem quanto tempo mais ou menos?

- Uns seis ou sete anos, eu acho.

- Então é por isso. Eu não me lembro nem o que comi hoje.

Ele riu.

- É, eu imagino. Pelo que eu sei vocês eram amigas até uma garota entrar na escola e andar com você. Depois disso você ficou próxima dela e a Jessie veio pra cá.

- Isso foi na época que o Andrew sofria bullyng?

- Foi.

- É muita coincidência, isso é impossível.

- Não, não é – suspirou- Olha, eu conheci a Jessie nessa época em que ela e você estavam se afastando, nunca te conheci ate te ver no Saintine. Ela se sentiu muito abandonada por você. Acho que por isso passou a ser tão maligna.

Pelo que o nerd dizia eu era a culpada por Jessie ser como é hoje.

- Então eu provavelmente sou a causadora da Jessie vadia com quem convivemos hoje? Essa é uma ótima noticia pra se receber quando se tem um dia como o meu.

- Achei que você deveria saber – olhou o relógio em seu pulso – Bem, deu a minha hora. Até mais, Jullie.

Gregory saiu na direção oposta á minha. Segui meu caminho em direção à casa de Andrew como sempre com passos longos, porém lentos. Quando cheguei o encontrei sentado na calçada me esperando e automaticamente sorri.

- Oi Andy – disse.

- Oi menininha – se levantou e me cumprimentou com um beijo na bochecha, algo extremamente estranho entre nós- Você está melhor?

- Sim, estou.

Notei que ele havia tirado a roupa que usava no hospital e agora usava uma blusa branca com um colete preto por cima e uma calça também preta. Esse não parecia o Andrew de sempre que usava camisetas de banda.

- Eu vou te levar pra um passeio e você vai poder me explicar porquê seu irmão me expulsou o que acha?

- Ótima ideia, mas Lucca não é meu irmão...

- Não? – me olhou confuso

- Depois te conto.

Andamos por um bom tempo em silencio absoluto.

Eu só conseguia pensar se é normal uma garota com a mão no hospital, um pai maluco e um irmão que na verdade é primo apaixonado por ela, sair com seu melhor, e também apaixonado, amigo. Acho que deve ser.

Pelo canto do olho percebi que Andy me observava esperando que o silêncio fosse quebrado por mim. Suspirei reorganizando mentalmente minha lista de coisas para falar com o Andrew.

- Por onde quer que eu comece? – perguntei.

- Pelo inicio seria muito bom.

- Ok –suspirei- Meu pai disse que Lucca na verdade é meu primo. Pra resumo da ópera ele disse que na verdade meu querido “irmão” é filho de uma tia minha que morreu graças a uma doença mega fudida. Dúvidas?

- Sim, como eles se parecem tanto?

- Genética, metade dos meus primos são belos exemplos de adolescentes bonitos e esnobes como Lucca.

- Certo, continue.

- Depois Lucca disse que gostava de mim – encarei-o esperando alguma reação de surpresa  não vi nada.

- Eu já sabia .

- Uai? 

Tá, nem eu esperava dizer isso "uai", mas mereço um desconto pelo dia que tive.

- A gente brigou um dia por causa disso... Vamos mudar de assunto, o que rolou depois que eu fui expulso hoje?

- Me sedaram e eu fugi do hospital –sorri.

- Boa menina –bagunçou meu cabelo sorrindo- Aprendeu com o tio Andrew

- Sim –sorri – Agora conta essa história sobre tu e o Lucca brigando.

-Ah, isso – coçou a cabeça - Quando você estava em depressão e acordou com nós dois brigando... Meio que eu menti. Eu encontrei o Lucca te dando selinho enquanto dormia e tive uma pequena crise de ciúmes.

Parei de andar no mesmo instante.

-Ele fez o que?

- Falei besteira.

- Por que você não me contou isso antes?

- Porque você estava depressiva? Ou talvez tenha sido porque eu não queria admitir que gostava de você?

- Sou uma pessoa tão horrível assim pra se gostar? –fiz bico.

- Não, pelo contrario – se aproximou e segurou meu queixo – É perfeita demais pra se amar.

Encarei seus lindos olhos azuis e sem que percebesse estava beijando Andy.

NOVO RECORDE DE VEZES QUE BEIJO UM MESMO GAROTO.

Mentalmente estou correndo em círculos quadrados com olhinhos brilhantes.

Andy era um garoto bom de beijar. “Quem é você pra decidir quem é e quem não é bom de beijar dona Jullie?” Oras diário, eu sou eu ué.

Me afastei dele ao ouvir uma vozinha na minha cabeça dizendo que isso era errado. Odeio ter consciência dos meus atos.

Andrew abriu os olhos lentamente de maneira tão linda e sexy ... ARGH! Hormonios malditos, eu odeio vocês! Parem de me confundir seus malditos! Balancei a cabeça tentando espantar os pensamentos hormonais da minha mente e encarando novamente o rosto dele que tinha uma expressão desapontada e divertida.

- P-Pra onde vamos? – senti meu rosto arder de vergonha.

- Vamos almoçar em algum lugar legal, que tal?

Assenti sorrindo e fomos almoçar num lugar sujo nome não me lembro. Foi legal contar tudo que aconteceu para Andrew, a parte ruim foi ter que me despedir dele pra ir embora.

Andrew te ouvia de uma forma tão atenta. Eu me sentia a pessoa mais especial do mundo ao ver como ele me dava atenção, como entendia e como fazia uma piada estúpida usando algo que eu considerava o fim do mundo.

Andy era incrível.

Porém, assim que me afastei dele pude sentir toda frustração de volta.

Entrei em casa com a cabeça baixa e fui direto pro meu quarto. Quando desci novamente senti o delicioso cheiro de bolo recém assado e avistei malas roxo mamãe eu existo na sala. Isso só podia significar uma coisa. Uma coisa que me deixava bem feliz.

- Grace?