Destino escrita por Eve


Capítulo 43
Capítulo Quarenta e Três


Notas iniciais do capítulo

E aqui vai a terceira e última parte da atualização de hoje! Espero que não esqueçam de me deixar suas opiniões, reclamações ou sugestões nos comentários. Boa leitura.



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XLIII

  

Atena estava caminhando de um lado a outro do saguão há vários minutos, sem conseguir acalmar-se o suficiente para parar. Seus lábios murmuravam automaticamente a lista de nomes que ela sabia já ter decorado, quase como uma prece.

— Você não vai errar o nome de ninguém. - Poseidon falou num tom que ele provavelmente pensava ser tranquilizante. - Tente relaxar.

Ela não encontrou energia o suficiente em meio aos seus pensamentos agitados para elaborar uma resposta àquele comentário. Para ele era fácil falar de se manter calmo: do alto do pedestal de seu sobrenome e poderio da sua família, havia sido criado em meio aos mais nobres salões, confraternizando com outros Lordes que na maioria esmagadora das vezes lhe deviam respeito e bajulação por serem vassalos de seu pai e precisarem de sua proteção e favores para manter suas posses. Poseidon estava acostumado a lidar com aquele tipo de situação desde criança, sempre numa posição muito confortável quando se considerava que nunca tivera que ir de encontro a alguém; as famílias menos influentes com certeza se amontoavam e disputavam pela atenção de um Valence. Se quando apenas um infante já deveria ser tratado com grande deferência,  agora que era um senhor em seu próprio direito as damas e cavalheiros que formariam sua corte estariam de joelhos a seus pés antes mesmo que ele pronunciasse uma palavra. Poderia se dar ao luxo de permanecer relaxado em sua postura enquanto aguardava a chegada deles e até de não saber de cor o nome de todos de suas comitivas; nunca alguém sequer pensaria em repreendê-lo por isso.

Tudo funcionava de forma diferente para ela. Atena havia permanecido convenientemente afastada pela sua madrasta do cerne da família durante a infância, e por isso não sabia exatamente o que esperar desses eventos diplomáticos promovidos entre famílias nobres. Durante as recepções que seu pai promovia no Olimpo, a ela não era permitido ficar junto da família legítima, partilhar da mesma mesa que os irmãos ou ser apresentada aos convidados como filha de Zeus, então preferia evitar comparecer de qualquer maneira, se recolhendo aos seus aposentos com um livro que era quase sempre companhia mais agradável do que os forasteiros festejando no seu castelo.

Mesmo ali depois de tanto tempo e numa posição completamente diferente, como senhora daquele feudo, estava insegura sobre como se portar e sobre qual seria a reação dos aliados de Atlântida à sua presença ali; era quase impossível que as notícias do casamento de Poseidon Valence com uma bastarda dos Norwood não tivesse chegado aos seus ouvidos, e ela supunha que a maioria das famílias tradicionais abominaria tanto quanto Cronos a ideia de prole ilegítima se misturando ao seu precioso sangue azul.

Estava nervosa porque não poderia vacilar. Caso não fosse perfeita na impressão que causaria nos seus convidados, grande parte dos esforços naquelas negociações estariam perdidos.

Tudo isso cruzou sua mente enquanto completava mais uma volta até o outro lado do salão, e Poseidon suspirou derrotado quando percebeu que ela não relaxaria tão cedo. Ele abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas foi interrompido antes mesmo de começar pela entrada abrupta de um de seus intendentes no salão.

— Os convidados estão prestes a atravessar os portões, milorde. - E ao ouvir aquilo os dois deixaram suas posições para tomarem o lugar no centro do saguão. Poseidon lhe ofereceu o braço silenciosamente, e ela enlaçou o seu no dele porque era seu dever manter as aparências, mas também porque a presença do marido ao seu lado a deixava mais confiante. Dois guardas abriram as portas principais do castelo e o casal aguardou enquanto os primeiros hóspedes cruzavam a ponte levadiça e o pátio à sua frente.

Atena observou o estandarte vermelho e prata à frente da primeira comitiva, catalogando-o mentalmente.

— Os Carteret. - Poseidon falou alto o suficiente para que apenas ela ouvisse.

— Richard e Matilda. - Ela complementou. - Eu me lembro.

O estandarte seguinte ostentava as mesmas cores, com apenas a flor-de-lis no centro para diferenciá-los.

—  d’Aguillon. - Ela murmurou, e ele assentiu.

Em seguida veio o leão negro sobre fundo vermelho e amarelo dos Fairfax, as três manoplas douradas sobre fundo azul dos Vane e o leão rubro dos Talbot.

— Lorde Walter mandou mesmo um de seus filhos. - Poseidon observou enquanto a comitiva dos Beauchamp ocupava seu lugar, sendo liderada por um homem claramente mais jovem. - Assim como Lady Ide.

O dragão da família Lines foi o próximo estandarte a aparecer, ao lado do pássaro negro dos Mantell. Isso fazia da última comitiva os Baignard, agrupados sob um estandarte dourado que à primeira vista lhe lembrou muito o de sua família paterna.

Aos poucos as caravanas foram se assentando, cavalos desmontados e carroças esvaziadas enquanto os senhores e suas esposas alinhavam-se lado a lado formando uma fila em ordem de chegada para que fossem recebidos por Poseidon e Atena e em seguida conduzidos até seus aposentos. Ela não era a melhor memorizadora de feições mas alguns rostos lhe chamaram a atenção: Lady Carteret era tão velha que parecia ser capaz de cair com um sopro, e seu marido além da avançada idade ostentava também uma barriga que não negava estar acostumada a fartos banquetes. Lorde Fairfax tinha um bigode horrível e parecia ter perdido algo em meio ao seu decote; Dionísio Beauchamp - o único que ali não ostentava um título de senhor, por ser apenas o filho mais novo de Lorde Beauchamp - tinha o hálito e o brilho no olhar inconfundíveis de alguém que passava boa parte do dia agarrado a um copo de vinho, e Lady Afrodite Baignard era uma verdadeira beldade: sua cabeleira ruiva brilhava sob o sol e seu sorriso fácil complementava a beleza de sua face delicada, mas o que capturava imediatamente a atenção de qualquer um que olhasse em sua direção era o inconfundível sinal de sua avançada gestação.

Atena pensou que parecia no mínimo irresponsável fazer uma mulher tão grávida viajar longas distâncias, mas ela parecia bem disposta ao acompanhar de braços dados o marido, que utilizava a mão livre para apoiar-se numa bengala, como Poseidon antecipara.

O primeiro contato com os hóspedes foi superficial mas positivo: todos foram devidamente cumprimentados e encaminhados a seus aposentos para que descansassem da longa jornada; o jantar seria servido individualmente para que não precisassem se desgastar com uma grande reunião antes da hora. Apenas no dia seguinte sua intensa agenda iniciaria,  com o dia completamente cheio desde a missa matinal até um torneio no fim da tarde. Em seguida, um dia reservado para a caçada, e então finalmente o baile. Durante esse curto intervalo de três dias, Poseidon e Atena deveriam descobrir o que cada um dos nobres ali desejava em troca de jurar fidelidade e apoio à causa de Atlântida, garantindo assim que as alianças fossem solidificadas a tempo de prepararem-se para a guerra. Seria uma verdadeira corrida contra o tempo, e ela havia acabado de começar.


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Notas finais do capítulo

Não tenho por enquanto uma previsão certa de quando será finalizada a fic depois desse atraso, mas garanto que será em breve. Se você como eu já está sentindo as dores da despedida, não deixe de ler a one-shot que publiquei e se passa num AU do início da história: https://fanfiction.com.br/historia/743004/Sina/
Beijos e até logo!



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