Acordei com a cabeça pesada, com uma dor aguda muito similar a uma ressaca. Estranho, como eu poderia estar de ressaca, sem ter bebido? Deveria ser psicológico ou algo assim.

      Passei a mão pela cama à procura do meu celular, mas nem sinal dele. Ops, minhas mãos esbarraram em alguma coisa. Continuei a passar a mão, até chegar a uma parte com certo volume. EPA! Isso era uma bunda? Deus do Céu, quando foi que eu fiz sexo com alguém noite passada?

      - Hm – o cara gemeu. Perai, caras não gemem. Pelo menos não daquele jeito. E pelo padroeiro das fangirls desesperadas, que diabo de bunda macia era aquela – Já querendo mais, danadinho?

      Danadinho?!

      PUTA QUE PARIU! EU DORMI COM UMA MULHER?

      Senti um peso sobre o meu corpo, e abri os olhos lentamente, encontrando com outro par de olhos escuros. Porra, eu havia dormido com uma mulher! Sou lésbica! Não pode ser! Quer dizer, com todo o respeito às lésbicas do mundo, minha fruta é outra! Tem nome, sobrenome, e de preferência grossura!

      Ta bom, que já havia algo como 1 ano, 6 meses e 10 dias, que eu não fazia sexo, (não que estivesse contando!), mas isso não queria dizer que havia mudado de time.  

      A morena sobre mim mordeu algo metálico no meu lábio inferior. Parecia um piercing. PAROU! Eu não tenho piercing no meu lábio inferior. Empurrei a baranga – ela era gata, mas sou mulher e tenho o direito de chama-la de baranga – e levantei da cama em um pulo.

      Aqueles pés, aquelas pernas, aquele volume lá na perseguida, cara, aquilo não era meu. Corri até o banheiro no próprio quarto – aparentemente de hotel – e analisei meu reflexo no espelho.

      Nada de longos cabelos escuros, pele pálida, sem graça e fantasmagórica, nada de olhos azuis claros. No lugar da minha pessoinha, encontrava-se um cara.

                              AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

      Foi tudo que consegui fazer no momento. Gritar.

      A minha, aparentemente, acompanhante de noite correu até mim falando qualquer coisa, as quais prontamente ignorei por estar assustada demais para ouvir.

      Toquei as duas argolinhas no lábio inferior. Passei as mãos pelos curtos e bonitos cabelos negros. Passei as mãos – masculinas- pelo rosto que o espelho refletia e parei diante deles. Um par de lindos e perfeitos olhos verdíssimos. Minhas mãos continuaram explorando o desconhecido corpo, sem sinal de peitos, com algumas gordurinhas que não existiam ali antes, e um pênis! UM PÊNIS!

      C A R A L H O EU TINHA UM PÊNIS! Nossa senhora das periquitas fogosas, EU TENHO UM PÊNIS! 

      Gritei novamente ao sentir o membro do sujeito duro em minhas mãos.

      - Cara, você tá bem? – ouvi uma voz no que pareceu muito distante de mim perguntar.

      - Isso não é real, isso é um pesadelo e eu vou acordar daqui a pouquinho, com a Ana cantando e enchendo o meu saco – murmurei pra mim, ou pro cara no espelho, não sabia ao certo.

      - Será que o que ele usou na outra noite ‘tava estragado e agora ele tá assim? – outra voz

      - Zee – a baranga começou – Tudo bem com você?

      Não respondi nem a ela, nem aos outros quatro caras parados esperando por uma resposta minha, ou do ‘’Zee’’.

      - É um sonho – murmurei – Eu vou fechar os olhos, e quando os abri eles serão azuis novamente! Nenhum de vocês vai estar aqui!

      Fechei meus olhos e mentalmente pedi aDeus para aquilo ser um sonho. Os abri novamente e lá estavam eles. Os lindos e desconhecidos olhos verdes.

      - Querida, acho melhor você ir embora – alguém falou – Toma aqui um dinheiro pro táxi.

      - Ele vai ficar bem? – a baranga perguntou

      - Vai sim, e assim que ficar vai te ligar avisando – outro cara respondeu. Ouvi a porta do quarto bater, após um tempo, e supus que a baranga havia ido embora.

      - Tá legal Porpeta, se isso era só pra dar um fora na mina, tu já pode parar com o teatrinho! – um cara alto e forte sorriu, exibindo lindas e fofas covinhas, falou. Ele era MUITO GOSTOSO e vestia apenas uma calça de moletom. Seus olhos também eram verdes, de uma coloração um pouco mais escura do que o do dono do corpo onde estava, mas ainda sim lindos. Seu cabelo era batidinho, estilo Corey, e porra, ele tinha um senhor abdômen!

      Senti o amigo do ‘’Zee’’ martelar lá em baixo e desviei o olhar do armário que se dirigia a mim, acho.

     - Na boa, vou usar essa tática na próxima vez que quiser dar o fora em alguém – outro cara alto, REALMENTE alto, sorriu. Ele também estava sem camisa. Seus olhos eram azuis, claros e límpidos como os meus costumavam ser. Seus cabelos eram de um preto escuro, e formavam uma espécie de franja na frente de seu rosto.

      - Isso não é real – repeti – Seja lá quem vocês forem, não são reais! – talvez Zeus houvesse escutado minhas preces, e mandado o Olimpo descer aqui, pra abusar do meu corpinho.

      - Zacky, você está bêbado? – um terceiro cara, dirigiu-se ao dono do corpo. E olha só que surpresa, ele também era MUITO GOSTOSO!  Seus olhos eram castanhos, muito belos por sinal, seus cabelos eram escuros, e bem repicados. Uma de suas sobrancelhas estava arqueada, deixando-o orgasticamente sexy!

      - Não é real – repeti a frase, quase a tornando um mantra – Não é real! Não é real!

      Uma ardência no rosto me fez interromper minha ‘’cantoria’’. O quarto cara havia me dado um tapa na cara.

      Ele era menor que os outros, tinha os cabelos cortados no estilo ‘’moicano’’ com a coloração lilás. Um piercing no seu nariz brilhava sob a luz do banheiro, e seus olhos num lindo castanho claro também pareciam brincar com as luzes do pequeno cômodo. Novamente, minha mente fez questão de gritar: GOSTOSO!

      -Para de palhaçada Zacky! De que porra você está falando? – ele exasperou.

      Deus do Céu, não fazia ideia de quem era esse Zacky, ou quem eram esses caras mas de algumas coisas eu sabia:

      1º - Zacky era gostoso. Absolutamente lindo, e muito gostoso mesmo.

      2º Ele tinha amigos muito gostosos também. Ah, se fosse acordada assim todos os dias... Minha abstinência sexual forçada iria pro espaço.

      3º Por alguma macumba braba eu estava no corpo dele agora, e isso não me parecia nada, nada bom!