A História De Uma Avox escrita por Liv
Notas iniciais do capítulo
Bem, agora começa tudo... espero que gostem :D
Acordei cedo. Estava uma linda manhã de inverno, das quais eu odiava. Levantei-me, penteei os fios roxos que me irritavam, tirei a camisola e botei um vestido amarelo. Passei o batom roxo que minha mãe havia me dado de presente e sai do quarto. Para minha surpresa, minha mãe já havia levantado.
– Mãe! Por que acordou tão cedo?
– Kaethe! Que susto, filha! - Então, ela mudou a expressão de susto para de alegria. - Como você está linda!
– Uhum. O que vamos comer?
– Nossa, te elogio e você ignora. Você acha que isso é errado e...
– Mãe, você sabe que só passo essas coisas pra te agradar. Por mim ficaria normal.
Ela, então, calou-se e botou o pudim, o pão e outras coisas na mesa. Era verdade. Eu não enxergava os cabelos verdes, a pele descolorida e as tatuagens de minha mãe como uma coisa bonita. Era fútil. Feio. Minha mãe insistia comigo, falando que era a moda, e blá blá blá. Mas ninguem me ouvia quando eu dizia que era estranho. E, se eu saísse normalmente na rua sem a maquiagem, as perucas e roupas estravagantes, todos me olhariam torto, como se eu fosse a estranha, e minha mãe se decepcionaria. Apenas uma pessoa me entendia, de fato. O único que também achava muito doentia essa mania de querer mudar o corpo totalmente. Nick.
– Passa a geléia de morango?
– Por favor.
– Tatatatata, passe por favor a geléia? - Falei em um tom ironico. É claro que minha mãe percebeu e me olhou com uma cara de poucos amigos.
– Bom dia, queridas.
– Bom dia pai.
– Bom dia, amor.
Então, comemos o nosso café da manhã e eu fui aprontar-me para a escola. Capitol High School. Minha mãe chegou e botou em minhas mãos as presilhas em formato de queijo.
– Não vou botar isso.
– Ah, você vai.
– Não vou!
– Bota logo.
– MÃE!
– FILHA! BOTA LOGO ISSO!
Eu tive que botar, mas botei com uma horrivel cara de nojo. Ela apenas soltou um suspiro e saiu do quarto de cabeça baixa. Então entrou em seu quarto e fechou as portas. Quando começou a falar algo com meu pai, botei o ouvido na porta para escutar.
– Não aguento essa aversão dela pelas coisas bonitas. Ela não percebe que ficar sem os adereços é coisa dos distritos pobres? Ela envergonha nossa familia! Onde eu errei?
– Amor, está na hora dela ir para a escola. Vamos.
Então ele saiu do quarto, e por pouco eu não fui pega com a cara na porta.
– Vamos, filha?
– Sim.
Eu e meu pai entramos no carro e partimos para CHS. Chegando lá, já fui recebida por Nick, que me esperava na porta da escola, assim como todos os dias.
– Bom dia, Nicholas.
– Bom dia, senhor Scarf.
– Tchau, pai!
– Tchau filha.
– Senhor Scarf, a Kath poderia ir na minha casa depois da aula?
– Claro, Nicholas.Então ele foi embora, e ficamos na entrada, apenas olhando o carro de meu pai se distanciar.
– Manhã ruim? - Ele disse enquanto olhávamos o carro de meu pai desaparecer no horizonte.
– Nem imagina.
– Quer falar sobre isso?
– Não.
Então fomos em direção a sala de aula falando sobre qualquer coisa. A aula agora era da Srª Godrick. Ela tem uma pele pelancuda amarelada, cabelos bem cheios e cacheados cor de rosa, sobrancelhas e lábios também rosas, e tatuagens de flores pelo braço e pescoço. Arg. Hoje ela usava um vestido verde florescente que não combinava em nada com sua pele e cabelos, o que a deixava mais horrenda. A aula passou rápido, e depois dela eu e Nick fomos pra casa dele de carona com a senhora Wierschem, a mãe de Nick. Ele também a achava um pouco esquisita, com seus cabelos azuis e a pele com a mesma tonalidade, além dos brincos, cordões, pulseiras e anéis com nuvens. Passamos a viagem sem falar nada.
– Chegamos, queridos!
A casa de Nick era grande. Bem grande. Seu pai é um Ex Pacificador e sua mãe uma dos Idealizadores dos Jogos. Foi por causa de nossas mães que nos conhecemos.
– Mãe, vamos lá pro quarto, ok?
– Tá, vou levar os biscoitos para vocês depois.
– Vamos, Kath.
Então subimos as escadas e fomos pro quarto de Nick. Ele tirou sua peruca vermelha encaracolada e o batom amarelo, enquanto eu tirava as presilhas de queijo e o batom roxo. Nos sentíamos ridiculos com isso.
– Bem, me conta tudo. – Disse ele com convicção.
– Não... Eu não quero falar sobre isso. Você vai ao show dos The Roses? - Disse, tentando mudar de assunto.
– Não mude de assunto.
– Tátátá. Começou com mais uma pequena discução de como meu visual está, passou por botar ou não essas presilhas ridículas e depois eu ouvi minha mãe falar que eu envergonho a família Scarf com essa mania de não aceitar mudar.
– Que coisa...
–É. - Ele sabia que as discuções com minha mãe por causa do visual eram constantes. Passamos um tempo sem falar.
– Sabe, as vezes eu queria fugir...
– O QUE? - Ele gritou.
– Eu não gosto de ser o que não sou.
– NÃO REPITA ISSO! - Então ele abaixou o tom de voz. - Você sabe que dizer uma coisa dessas aqui é suicídio.
- Você também não gostaria? - Então ele chegou perto de mim, quase encostando a boca em meu ouvido, o que causou arrepios. Não sei por quê. Ele é meu amigo. Amigo.
- A nossa casa tem câmeras. Se ouvem uma coisa dessas, eles acabam com a carreira de nossos pais e nos matam, e se não matam transformam em avoxes. Aqui não vamos falar sobre isso. Mas respondendo a sua pergunta, sim, eu gostaria. Não aguento esse lugar.
Nesse momento. a mãe dele entrou com os biscoitos. Olhou com uma cara de reprovação ao ver os cabelos castanhos de nick sem a peruca e seus lábios rosados sem o batom forte, além de meu cabelo sem as presinhas e meus lábios também sem o batom, mas não disse nada e saiu.
Então nós começamos a falar sobre coisas banais. Como bandas, festas, escola... Nunca falávamos sobre os jogos. Não era um assunto a ser comentado.
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