Então eu corri. Corri e corri, como se minha vida dependesse disso. Na verdade, dependia  sim. Os tiros passavam rente a minha cabeça, e as pessoas caíam a meu lado. Mas eu não parei de correr de jeito nenhum. Os pacificadores atiravam, assim como as pessoas e os rebeldes. Casulos eram ativados, pessoas caiam nos buracos no chão, eram corroídas por névoas tóxicas, comidas por bestantes, etc.  Eu apenas corria, sem me importar com as outras pessoas. Corria sem destino, apenas procurando um lugar onde pudesse entrar e procurar ajuda, sem levar  um tiro no crânio. Só uma cena me fez parar. Uma mulher com um bebê no colo, aparentemente recém-nascido, levando um tiro e caindo, ainda com o bebê nos braços. Parei ao lado da mulher, ela estava definitivamente morta, mas não o bebê. Peguei seu bebê e voltei a correr. Ele ainda estava vivo, mas seria pisoteado se eu não o tirasse dali. Enquanto corria, o chão começou a se abrir em volta de meus pés. Era agora ou nunca, se não entrasse em algum lugar eu morreria. Então avistei um lugar. Entrei em um pequeno beco, com uma porta aberta e um homem, que parecia um médico, ajudando um jovem com uns dezessete anos a botar para dentro da casa duas crianças, com aparentemente seis ou sete anos, feridas com tiros na perna e braços. Corri até eles, e o médico fez um sinal para que eu entrasse na casa. O jovem ajudou-me, segurando em meu braço direito enquanto eu subia os degraus. Quando olhei em seus olhos, gelei, e ele também. Era ele, Nicholas. Meu melhor amigo. Que fugira comigo, mas que eu salvei de morrer quando fui pega pelo aerodeslizador, empurrando-o para um monte de folhas. Meu amigo, que eu nunca mais vira, depois disso. O choro das crianças nos fez voltar a realidade. Ele pegou a menininha que estava com um tiro na perna, enquanto o médico pegava o menininho com um tiro no braço, e subia as estreitas escadas. Eu, ainda segurando o bebê fortemente, subi atrás dele.