A História De Uma Avox escrita por Liv


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

*se protegendo das facas, espadas flechas e lanças*
Desculpa genteeeeeeeee!!! Que vergonha pela demora, meu Zeus, eu nunca demorei tanto assim!! Não me matem, por favoooooooooor! :(
Juntou:
Bloqueio criativo + Estudos (tenho prova a semana inteira) + Falta de tempo para escrever + Problemas pessoais = DEMORA
Bem, tá ai um cap. Ficou um lixo, na minha opinião, mas ok...
NOTAS FINAIS!



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Eu estava correndo desesperadamente.

Para todo lugar que eu olhasse, via cenas bem sangrentas de várias edições dos Jogos Vorazes. Uma menininha, de aparentemente doze anos, estava sendo esquartejada. O sangue escorria lentamente de seu corpo desmembrado, e ela parecia já sem forças para gritar de dor. Gemia e se contorcia descontroladamente. Eu lembrava dela. O nome dela erra Jessy O'Donnel. Distrito oito, eu acho. Um carreirista, do distrito um, a pegou à noite, enquanto a menininha matava silenciosamente seus companheiros. Ela já havia matado dois deles quando Zarah Hamy Kaoe, a carreirista do distrito um, acordou e a capturou, começando a "puni-la".

Olhei para o outro lado, e acabei vendo mais uma cena sangrenta. Uma menina estava sentada em frente à um riacho, e não ouviu quando um menino vinha correndo com um machado enorme, gotas de sangue escorrendo de sua lâmina brilhante e perigosamente afiada, indicando que ele tinha acabado de matar alguém com seu machado. Ela percebeu apenas quando o menino estava levantando sua arma para cortar seu pescoço. Só deu tempo dela gritar, um grito agudo e cheio de desespero, que entrou por meus ouvidos, congelando meu corpo, e o garoto cortou seu pescoço. Sua cabeça rolou, parando perto de mim, e o canhão soa. O menino pega a cabeça sangrenta, paralizada numa expressão de puro pânico, com as mãos trêmulas e uma expressão que misturava desespero e cansaço, e joga a cabeça no rio, que fica avermelhado por causa do sangue. O mesmo menino é abordado por outro tributo momentos depois, que ouviu o grito da menina que agora estava morta e veio checar o que estava havendo, e após uma luta sangrenta, o menino que acabara de matar morre também, tendo seu tronco cortado com seu próprio machado. O canhão soa novamente, e o outro tributo vai embora. Olho para frente, desesperada, e na minha frente, um garoto com cabelos castanhos e um pouco avermelhado em cima, mais um tributo, estava correndo em minha direção, desesperadamente. Mas ele tropeça em algo e cai no chão, batendo a cabeça. De repente, uma tributa, aparentemente uma carreirista, sai do meio das árvores com sua espada levantada, chega até ele, o vira e começa a enfiar a espada repitidamente em seu estômago. O menino, gritando e se debatendo, para de se mexer. O canhão soa, e ela começa a rir e vai embora, andando devagar. É como se eu estivesse na arena, mas ninguém me visse, e sim eu os visse. Vou até o menino, e quando viro seu rosto, fico paralizada de terror. Era... Ele era igual a Nick. O corpo do menino desaparece, assim como a floresta ao meu redor, e eu me sinto afundando. Meus pés descalços estão afundando devagar em um líquido quente e viscoso. Quando olho para o chão, começo a gritar. Meus pés afundam em sangue. Sangue fresco. E boiando no sangue, estão várias línguas mutiladas, se mexendo, como se tivessem vida. Eu estou afundando rapidamente. Pernas, tronco, pescoço... Tentei nadar, tentei me debater, mas nada adiantava. Eu continuava a afundar rapidamente, como uma pedra. Dei um último grito de desespero antes de ser engolida pelo mar de sangue e pelas línguas mutiladas.


Acordei com um grito abafado, respirando pesadamente. Me levantei, sobressaltada, e corri até o banheiro, ignorando a dor na perna, e cuspi o máximo que pude. Mesmo sabendo que fora apenas um sonho, ou melhor, pesadelo, não conseguia me livrar da sensação horrível de estar engolindo sangue.


Olhei meu reflexo no espelho. Eu estava brutalmente pálida, ainda arquejando um pouco e ainda bem abalada com todas aquelas imagens. Fui tomar um banho rápido, para ver se conseguiria me livrar da sensação de estar me afogando e afundando em sangue. E enquanto eu tomava banho, o primeiro sinal tocou. Ai, ai, pensei. Quase na hora de trabalhar.

Saí do chuveio, me sequei e fui até o armário. Peguei a túnica e a olhei. Uma túnica tão bonita, de tecidos tão vistosos, para uma finalidade tão horrenda...

Botei minhas roupas íntimas, a túnica e as sapatilhas. Colei as unhas postiças, arrumei o cabelo o melhor que consegui, e fui tentar comer algo, mas meu estômago estava embrulhado. Não conseguiria comer nada. Embora eu soubesse que iria passar o dia inteiro sem comer nada, provavelmente se eu comesse algo agora, vomitaria e me atrasaria para meu primeiro dia de trabalho. Não queria ser punida por me atrasar.

Me forçei a comer um mingau com aparência e cor duvidosas. Não era tãããão ruim assim, mas para mim estava com gosto de nada. Quando terminei de comer, escovei bem os dentes, passei o batom, a maquiagem, o perfume e etc. Tentei me lembrar das instruções que a estilista esquisita me passou.


~Flashback On

– Quando chegar na sala dos Idealizadores dos Jogos, querida, você se posicionará perto da porta. Para não ficar no meio dos idealizadores ou atrapalhar sua conversa, mas perto para servi-los quando precisarem. A sala deles fica no andar onde os tributos treinam, ou seja, tem os andares que os tributos ficam, de um à doze, o térreo, e logo abaixo a sala onde eles treinam e onde você ficará. Assim que você chegar lá, junto com mais alguns avoxes que vão te ajudar, os outros Avoxes, que estava, os servindo antes de vocês chegarem, vão sair, e você ficará lá. Lembre-se, muito cuidado com tudo. Eles odeiam Avoxes desastrados. Mantenha as taças deles sempre cheias. Lembre-se também que terão outros cinco avoxes com você, cuidado para não trombar com eles. Você virá todos os dias, sem folga, mas pelo menos tem as noites para descançar! - Disse ela com empolgação. - Quando sair, venha direto para cá. Pendure sua túnica, bote seu pijama, e durma bem. Cuidado com olheiras! Respeite os horários, seja sempre educada e submissa e você viverá bem! Todos os domingos um Avox virá aqui para trocar sua comida, deixar mais alguma instrução... Se tiver mais alguma pergunta básica, como "como eu posso usar a máquina de lavar?" Deixe um papelzinho escrito em cima da mesa, e vá dormir, por que no dia seguinte, quando você levantar, o papel terá resposta. Tem mais uma túnica dessa no seu armário caso você suje essa. Você trabalhará todos os dias, lembre disso! Só não trabalhará mais quando os jogos começarem, porque aí eles ficarão dia e noite sem dormir. - Lembrei de quando eu era pequena, quando os jogos começavam eu ficava com minha tia Roove, por que meus pais só voltavam para casa quando os Jogos terminavam, ou na casa de Nick, pois o pai dele não era um Idealizador, e sim um Pacificador aposentado, que quando não estava em casa estava em sua lojinha de "roupas para os jogos", como tiaras, blusas, calças, saias, vestidos, sapatos com THG, por isso podia ficar comigo e com ele. - Ok? Precisa de mais algo?

Balancei a cabeça, ainda na cama.

– Então acho que meu serviço aqui terminou. Bom trabalho para você! E que a sorte esteja sempre a seu favor! - E foi embora, com aquelas roupas ridículas. Forcei um sorrisinho e balancei as mãos, como se dissesse "tchau".

A sorte nunca esteve à meu favor, queridinha, pensei. E então deitei a cabeça e dormi. ~Flashback Off


Ok, ok. Eu já sabia tudo, bem tudo não, mas pelo menos o suficiente, e já estava pronta. Maquiada, vestida e impecável. E esperando, ansiosa e temerosa, o segundo sinal tocar. Fiquei na frente da porta, com meu coração quase saindo pela boca. Depois do que pareceu uma eternidade, o segundo sinal tocou. Abri a porta devagar, e vi várias portas se abrindo e pessoas saindo. Com várias túnicas, várias maquiagens, vários rostos diferentes, e aposto, de vários lugares diferentes. Saí, para não perder o elevador.

Vários e vários jovens, adolescentes e até uma criança, de aparentemente treze anos, andando em direção ao elevador. Sem olhar nos olhos de ninguém. Apenas andando para o elevador, andando reto. Andando de cabeça baixa, desesperançosos. Alguns com marcas, cicatrizes em várias partes do corpo. Rosto, braços, pernas, até pés. Cicatrizes de tortura. Possivelmente, de punições. Um calafrio percorreu meu corpo. E se eu fizesse algo de errado? O que será que aconteceria comigo?

Entrei no segundo elevador, com mais sete pessoas. Uma delas tinha a túnica igual a minha.

Cada um dos Avoxes apertaram seus botões. Uns iam para menos dois, eu e mais um íamos para o menos um, um deles ia para o térreo e mais alguns que eu não prestei atenção.

O elevador fechou as portas, e em menos de cinco segundo já parou. Menos dois. Logo depois chegou meu andar. Hesitei um pouco, mas saí com a menina com a mesma túnica que eu. O outro elevador se abriu - haviam seis elevadores - e mais umas duas ou três pessoas com a mesma túnica que eu saíram. Andamos até uma porta vermelha com o símbolo de Panem e eu fiquei por último, ansiosa e hesitante. Mesmo de portas fechadas, a primeira coisa que eu notei foi a conversa. Pessoas riam, falavam alto, gritavam, cantavam e arrastavam cadeiras. A menina que estava na frente suspirou fundo, hesitante, e abriu a porta, Alguns Idealizadores olharam para trás, mas logo após voltavam-se para a mesa, vendo que eram apenas os seus Avoxes chegando para tomar o lugar dos outros Avoxes que passaram toda a noite em claro. A sala era retangular. No centro, havia uma mesa, onde todos os Idealizadores estavam. Era como uma grande varanda, ou como um grande corredor. Lá embaixo, o centro de treinamento dos tributos estava intocado. Espadas, lanças, facas, arco e flechas, pesos, atiradeiras e muitas outras armas estavam à disposição dos novos tributos.

Entrei, meio desajeitada, tentando não olhar para nenhum dos Idealizadores. Sabia que todos me conheciam, pois mais de uma vez todos foram em minha casa, me viram e sabem bem quem eu sou. Mas é claro que eu não consegui não procurar meus pais.

Localizei minha mãe e meu pai. Eles estavam um pouco bêbados, rindo a toa e conversando com um cara. Acho que o nome dele era Plutcharch. Pultcharch. Pluchachr. Pluchartch. Algo assim.

Sêneca Crane, o pai do insuportável Seth, estava conversando. Mas, infelizmente, me viu. Abriu um sorriso cruel, divertindo-se ao me ver aqui, principalmente ao saber que fui eu e Nick que batemos em seu filhinho nojento.

Minha mãe também me viu, infelizmente. Ela se engasgou com o líquido arroxeado que estava bebendo, e fixou seus olhos em mim. Meu pai, que estava do seu lado, seguiu seu olhar e arregalou os olhos. Tratei de virar o rosto e continuar andando, mas sentia seus olhares de surpresa, tristeza e reprovação acompanhando meus passos, perfurando minha pele, mais cortantes que qualquer faca. Assim que adentramos a sala, cinco avoxes com túnicas iguais às nossas deixaram tudo em cima da mesa e saíram, apressados, para nós podermos assumir logo nossos postos. Logo depois, entraram mais cinco avoxes, com túnicas cobertas com várias e várias bolinhas brancas. Cozinheiros, pensei. Lembrei vagamente de Tammy, minha estilista esquisita, falando que essa túnica era para os cozinheiros. Eles entraram, passaram pela mesa dos idealizadores e entraram numa porta. Em menos de um minuto, cinco avoxes com as mesmas túnicas, mas diferentes - na aparência física - dos que entraram ainda pouco saíram de lá.

Os meus "colegas de trabalho" começaram a se mexer. Indo na porta no final do corredor - ela era mesmo a cozinha - e trazendo várias comidas, como frangos, patos, coelhos, doces, sobremesas, frutas, sucos e várias outras comidas gostosas. Mesmo com o estômago ainda embrulhado, por causa do meu pesadelo, ele roncou um pouco. Pensei em Simom, que jamais tinha comido qualquer comida dessas, jamais teve uma refeição completa, diferentemente de mim, que cresci comendo só do bom e do melhor, e tinha de nos servir todos os dias. Devia ser torturante.

Uma menina loira, com cabelos cacheados e olhos castanhos, com aparentemente uns dezesseis anos, me lançou um olhar de pura reprovação e me entregou uma bandeja com copos e uma jarra com um líquido suspeito, como se dissesse: Não fique aí parada e faça alguma coisa! Tratei de pegar a bandeja e ir até a mesa, para serví-los. Cheguei na mesa, botei os seis copos na frente de seis Idealizadores e fui colocando o líquido em cada um dos copos. Adivinhem? Eu entornei. O homem quem eu estava servindo começou a gritar comigo, dizendo que eu era uma péssima nova avox e que não sabia servir a ninguém, e é claro que todos olharam para mim. A mesma menina que me entregou a bandeja veio com um pano molhado e secou a mesa e o chão, me lançando mais um olhar de reprovação. Eu sou um desastre total!


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Deitei-me na cama, exausta. O dia passou beem demorado. Encontrei meus pais, entornei o que fiquei sabendo depois que era um molho especial aguado, na blusa de um dos idealizadores dos jogos, fui xingada, riram da minha cara, muitos me reconheceram como "a filha única e traidora dos Scarf", fui apelidada de novata, passei a terde toda na vergonha e ainda caí de cara no chão quando fui entrar no maldito elevador. Se todos os dias fossem como esse, eu não ia sobreviver nem até os dezesseis. Que ódio!!!

Nem troquei de roupa. No momento eu só queria paz e sossego. Já que paz eu não conseguiria, queria pelo menos o sossego. A Capital tratou de tirar a paz de mim.


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A Capital. A grande e poderosa Capital. Que trata maravilhosamente bem quem nela vive, explora livremente os distritos e despreza totalmente quem vai contra ela. Sempre encontrando os pontos fracos dos traidores e usando contra eles da forma mais perversa possível. Como se já não bastasse cortar a língua dos que vão contra suas ideias cruéis, ainda fazem de tudo para que o avox se lembre todo dia, todo maldito dia, o que fizeram para chegar ali e fazem com que ele pague caro, beeeem caro, por ter se voltado contra a Capital. Como Simon, que além de ter que assistir a mãe sendo chicoteada por pegar uma fruta, ou verdura, e tendo que ser avox do próprio irmão, o tributo do distrito onze da septuagésima segunda edição dos Jogos Vorazes. Sem poder falar com ele, ou sequer mostrar que o reconhece. E ainda teve de assistir o irmão morrer nos Jogos. E eu, que tenho que, a partir de agora, a trabalhar servindo meus pais, que eu aposto que vão virar motivo de comentários maldosos e cruéis entre os Idealizadores dos Jogos, por terem uma filha traidora.



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Notas finais do capítulo

Para os que estão perguntando por Nick, só posso dizer uma coisa: Esperem. Mas mandem seus palpites por review, se quiserem! Se alguém acertar, dou um doce kkkkkkkk
Ah, e o número de leitores aumentou *---------------------------------------------* ~Le pulando e dançando
Mandem reviews dizendo se gostaram ou n! Bjuuuuuus