A História De Uma Avox escrita por Liv


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora de novo :'( Provas, estudos, irmãos chatos, gente me perseguindo, chalés pra comentar, mais estudos, livros, jogos e comida. I'm sorry... Mas ta ai + um cap *-*
NOTAS FINAAAAAAAIS
NOTAS FINAAAAAAAIS
NOTAS FINAAAAAAAIS
NOTAS FINAAAAAAAIS
NOTAS FINAAAAAAAIS
NOTAS FINAAAAAAAIS



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/254566/chapter/15

Faziam quase um mês que eu estava aqui. Servindo os Idealizadores dos Jogos. Sem ter notícias de meu melhor amigo. A mãe dele, a sra Wierschem, que, no primeiro dia em que eu trabalhei lá, estava abatida, de uns tempos para cá estava normal. Feliz, até. Como se estivesse aliviada. O que estava acontecendo a Nick? Por que será que ela aparentava felicidade? Será que ele havia voltado para casa? Mas... Isso seria impossível! Como ele passaria pela fronteira sem ser detectado? E mesmo que conseguisse, como ele chegaria em casa, sujo, com a cabeça machucada, desorientado, sem dinheiro, sem transporte, sem roupas adequadas... Eu também não sabia se Zaro havia voltado para procurar indícios de que o suposto Avox que eu levara comigo tinha morrido. E eu acho que ele seria muito, mas muito burro se não fizesse isso. Pelo menos, se eu estivesse no lugar dele, eu faria isto. Além do mais, eu deixara Nick desmaiado, após ter batido a cabeça em umas pedras. Se ele não morreu, e isso é o que eu acho que aconteceu, embora meus olhos fiquem marejados só de pensar nessa possibilidade, ele provavelmente ficou com alguma sequela. No mínimo, desorientado. Meus sonhos não permitem que eu veja Nick vivo. Sempre o vejo morrer de uma forma horrível e cruel e eu sempre estou lá, mas nada posso fazer para salvá-lo. E, na verdade, foi quase isso que aconteceu. Provavelmente, fui eu que o matei, empurrando-o. Mesmo que com boas intenções. Talvez, se eu não tivesse o matado, ele tivesse virado Avox. Mas, pensar nele sentindo a dor extrema que eu senti, tendo a língua arrancada cruelmente, para servir sua mãe, e aos vinte anos, ser executado... Prefiro pensar que ele bateu a cabeça nas pedras e se foi. Sem muita dor. Sem sofrimento. Ao contrário do que vai acontecer a mim.

Uma lágrima escorreu em minha bochecha. Todo o tempo que passei aqui, essas três semanas, eu me forcei a não pensar nisso. Me forcei a apenas trabalhar e dormir. Acordar e trabalhar novamente. Me forcei a não pensar nele. Não pensar em casa, não pensar em meus pais e na tristeza que eu os causei... Mas hoje, apenas hoje, eu me permiti lembrar dos "bons tempos". Lembrar de quando brincávamos na rua sem noção da crueldade de nosso governante...

Chega! Disse para mim mesma. Chorar não vai resolver nada, vai apenas me deixar com os olhos vermelhos.

Eu já estava acordada fazia tempo, mas o primeiro sinal nem havia tocado ainda. Fui tomar um banho bem demorado, já que geralmente os banhos tinham de ser rápidos, senão eu me atrasaria.

Terminei meu banho, me vesti, comi um pouco e liguei a televisão.

Todas as pessoas na Capital já estavam contando as horas. Faltavam menos de quarenta e oito para a chegada dos tributos.

Eu não estava prestando a menor atenção na televisão. Os comentaristas estavam falando e falando sobre a colheita, que iria ocorrer hoje. A colheita começava as 11h, porque todos na Capital acordam tarde. E ela ia ocorrendo ao longo do dia, para que as pessoas pudessem ver todas as colheitas. Mas eu estaria trabalhando - Ainda bem! - e mesmo que os Idealizadores tenham uma tv, vou me concentrar no trabalho.

Quando o primeiro sinal tocou, fui me maquiar e terminar de me arrumar. Logo depois o segundo sinal tocou, e eu saí. E lá vou eu para mais um dia de trabalho.

- x - x - x - x - x - x - x - x - x - x - x -

Meu dia de trabalho foi cansativo, como sempre. Infelizmente, mesmo tentando me concentrar ao máximo em meu trabalho, acabei vendo a maldita colheita. Hoje os Idealizadores dos Jogos não faziam nada além de olhar atentamente para a televisão ou beber e beber. Nenhum comentário. Nenhuma cantoria. Nenhuma risada. Nenhum grito. Eles apenas assistiam, olhando bem os tributos, o olhar fixo na televisão.

Um menino que mais parece um trator. Um menino com problema no pé. Uma menina de doze anos. Uma menina que se voluntariou só para salvar a irmã mais nova. Esse ano os Jogos seriam bem interessantes.

Eu estava tentando dormir, mas a televisão aqui no meu quarto estava ligada, reprisando a colheita, com os comentaristas falando ao longo da reprise. Quando acabou, desliguei e fui deitar-me.

Tentei me lembrar da minha infância. Parecia um passado tão distante... E depois de tanta coisa, parecia tão difícil de lembrar...

Comecei no ponto mais distante que eu lembrava. Meu aniversário de oito aninhos. Foi uma grande festa surpresa. Me lembro vagamente. Nick... Ele estava entre os convidados, mas era só um amigo meu, e não meu melhoooor amigo ainda.

Adormeci lembrando dos momentos felizes da minha vida.

(Flashback + Sonho)

- Vem aqui Kaethe!!

- Não! Não vou! Hi hi hi hi hi!

- Eu vou te pegar heim!

- Me alcance primeiro!!

Eu corria muito! Até que eu era rápida. Ele comia poeira atrás de mim!

- Volta aqui! - Ele falou respirando pesadamente.

- Nunca! - E fiquei rindo. Só que eu passei a correr um pouco mais devagar, e esse foi meu erro.

BLOFT!! Ele me empurrou, e eu caí de cara no chão, sujando meu vestido novinho, que eu havia ganhado de aniversário.

- NIIIIIIIIICKKKKKK! EU VOU TE MATAAAAAAAAR!!

- Me alcance primeiro!! - E saiu correndo, rindo igual a um doido. Ele entrou em casa e eu o segui. O vi terminando de subir as escadas, e subi atrás dele. Onde será que ele estava indo?!

Assim que abri a porta do quarto de hóspedes, que era onde ele estava, com a intenção de matá-lo, não fiz isso. Ele estava parado na minha frente, com uma caixinha pequena na mão.

- Feliz aniversário de oito anos, Kaethe!!!

Ele me entregou o seu presente. Abri a caixinha e nela havia um lindo cordão dourado, com um pingente vermelho em forma de coração. Ele apertou o coração, e ele abriu, revelando um anel da mesma cor, também com um coração vermelho em cima. Sem música. Sem nenhum chip. Sem nenhum botão esquisito. Nenhuma coisa estranha. Era apenas... Um cordão.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Foi um presente simples, porém o melhor de todos. Ganhei kits de maquiagem, vestidos extravagantes, várias bonecas caríssimas, tantas coisas que eu não queria... Eu queria apenas presentes normais. Por isso, o presente dele foi perfeito.

Abracei-o.

- O-obrigada Nick! Como você sabia?

- Sabia o que?

- Que era isso que eu queria?

- Você queria um cordão e um anel de coração?

- Não, seu bobo. Eu queria algo simples! Essas coisas grandes... Eu não gosto delas.

- Nem eu!! Foi por isso que eu te dei isso! Você gostou mesmo? Mesmo mesmo?

- Mesmo mesmo!!

- Quer que eu coloque em você?

- Siiim!

Eu o soltei, e ele levantou minha mini- peruca. Soltou um arquejo ao sem querer tirá-la.

- D-desculpe! Desculpe, desculpe, desculpe!! As pessoas não gostam quando eu tiro a peruca delas, mesmo que sem querer,  e...

- Não, tudo bem! Ela é feia mesmo! - E ri quando vi a careta que ele fez. Provavelmente eu era a primeira pessoa que não gostava da peruca.

Ele colocou o cordão em mim.

- Ficou lindo!

Me olhei no espelho. Realmente, ficou muito lindo. Sorri.

Ele pegou o anel e colocou em meu dedo, na mão esquerda. "Seu vizinho!" ele disse. Foi assim que eu aprendi os dedos, e pelo visto ele também!. Dedo mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolo e mata piolhos! Ri com a lembrança. Mas logo depois corei. Percebi que ele tinha posto o anel no mesmo dedo onde as pessoas casadas botam.

Ele ajoelhou, brincalhão, e disse:

- Querida senhorita Kaethe Scarf, meu amorzinho, quer se casar comigo? - E começou a rir. Fiquei bem corada, e ele percebeu, rindo mais ainda.

- Heim, senhorita Scarf? Seu noivo está esperando! - E continuou rindo.

Resolvi entrar na brincadeira.

- Siiiiiiim! Eu aceito me casar com você, meu noivinho lindo! - Comecei a rir também. Ele se levantou e me deu um beijo na bochecha.

- Temos que anunciar nosso noivado! Venha, vamos descer! - Disse ele, rindo.

Nossa amizade ficou bem mais forte a partir dali... Mal eu sabia que ela duraria por muito, muito  tempo...

Acordei calmamente. Meu quarto estava mal iluminado. Minha mãe esqueceu-se de abrir a janela, pensei. Mas quando abri os olhos, não estava em casa. Não estava em meu quarto. Eu estava num quarto no fundo da terra.

Eu tive uma noite de sono normal!!! Nada de ver Nick morrendo horrivelmente, sem eu poder fazer nada para salvá-lo, sem nenhuma morte dolorosa. E sim um momento bom, e que realmente aconteceu... Quase chorei de alívio. Depois de tanto tempo, uma noite sem pesadelos. O primeiro sinal tocou, e eu me levantei para me arrumar. E, pela primeira vez em muito, muuito tempo, de bom humor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo tem uma surpresa! UMA SUPER SURPRESA! TODOS VÃO AMAR (pelo menos eu espero que amem rsrsrs)
Reviews e Recomendações bem vindas *-----------------------------------------*
Beeijos