A História De Uma Avox escrita por Liv


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

U.u Eu estava inspirada... Ia postar ontem, mas sacomé, tinha que revisar e tals, e ontem minha mãe me chamou antes de eu poder postar.
Enfim, eu queria dedicar esse cap à Ana Lu Serafinne, uma das minhas ficreaders mais antigas! Eu simplesmente ADOREI a recomendação!!! E foi a primeira recomendação dessa fic, então me deixa duplamente, triplamente feliz :D Muito obrigada mesmo flor, é gratificante saber que as pessoas gostam do que vc escreve! Eu fiquei igual a uma doida quando eu vi! Me deixou mt feliz meeesmo! Obrigada *-----------------------*



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" - Então, o que você acha que vão fazer com ele? - pergunto.

Prim parece ter mil anos de vida quando responde:

– O que for necessário para quebrar você. "

Primrose Everdeen, A Esperança, Página 166



– Olá queridinha - Falou ela com uma voz estridente - Vamos começar!!!

Ela me puxou pela mão, me fazendo levantar. Quase caí no chão, mas ela me segurou. Até que para uma mulher da Capital, ela era bem forte.

Ela me puxou pela mão, me fazendo levantar. Quase caí no chão, mas ela me segurou. Até que para uma mulher da Capital, ela era bem forte.

– Meu deus, olha pra esse cabelo! Todo ressecado!!! E essas unhas! Oh Zeus, que terror! Sua pele é tão... Sem graça, não acha? Acho que vou desmaiar. Vou precisar de um bom, booom tempo para arrumar você. Venha! Venha!!! - Falou ela sem respirar.

Ela me puxou até o banheiro, me fazendo sentar numa cadeira que eu nem tinha visto. Quando ela apareceu? Abriu a grande bolsa que estava com ela e pegou vários cremes, bolsas menores e outras coisas que eu não identifiquei. - Primeio as unhas! - Disse ela batendo palmas, excitada. Pegou minhas mãos, com cuidado, e apoiou em uma mesinha montável ridícula cor de rosa com bolinhas roxas e amarelas. Abriu uma bolsa que estava dentro da bolsa maior e pegou unhas postiças, com mais ou menos um centímetro. Ela pegou uma cola, passou nas minhas unhas com cuidados, e depois colou as unhas postiças e começou a pintá-las. Brancas com uma bolinha vermelha no canto esquerdo da unha. Até que ficou bonitinho.

Quando terminou minhas unhas, começou a pentear meus cabelos. Passou um creme especial em meus fios castanho-escuros, quase pretos, que os deixou macios e sedosos. Depois passou para a pele, passando um creme que, no início, ardia bastante, mas depois melhorou. Fui para o chuveiro tirar o creme da pele e lavar os cabelos, como ela mandou. Quando saí, ela me entregou um pijama e roupas íntimas, para podermos conversar.

– Olhe bem. Está vendo essas túnicas? - Ela disse enquanto abria o armário. - Cada uma delas é para uma ocasião diferente. - Falando assim, até parecia que eu iria sair para algum lugar interessante. - Todas essas aqui, sem muita decoração, apenas com essas linhas, são para os tributos. Cada cor representa um distrito. A do primeiro é rosa. A do segundo, vermelho, a do terceiro, amarela. A do quarto, azul, a do quinto, amarela. A do sexto, cinza. A do sétimo, verde. A do oitavo, roxa. A do nono, cor de âmbar. A do décimo, marrom. A do décimo primeiro cor de trigo e a do último, branca. - Disse ela sorrindo. Como se eu fosse gravar... Mas como elas estavam em ordem de distrito, portanto daria para lembrar.

– As de trabalhar na cozinha são as de bolinhas minúsculas brancas - Falou enquanto mostrava uma túnica coberta de bolinhas. Tantas que nem dava para ver o tecido.

– Essas aqui sem graça são para trabalhar com os avoxes. - E mostrou uma túnica bege sem decoração alguma.

– As que tem riscos são as de trabalhar com as pessoas importantes, como trabalhar na cabine do chefe dos Idealizadores dos Jogos ou Zaro, quem trouxe você até aqui. - Meu estômago se contorceu e lágrimas encheram meus olhos à menção daquele nome. Trabalhar para Zaro? Cada vez que eu olhasse para ele eu iria lembrar o que ele fez comigo. Rindo e balançando minha língua mutilada em frente ao meus olhos, fazendo meu sangue respingar em meu rosto. Me batendo com a luva de malha de aço, rindo igual a um maluco da minha desgraça, aceitando todo o salário da minha mãe, agindo como se tivesse pena de mim em frente aos meus pais. Aquele desgraçado... Trabalhar para ele! Segurar a cabeça de outras crianças enquanto ele arranca a língua delas da forma mais cruel e desumana possivel... Me virei para que a estilista não visse minha expressão, um misto de terror, ódio, medo e tristeza.

- Ah, quase me esqueço! - Falou ela, interrompendo a própria fala - Meu nome é Tammy!! Tammy Cartnay. - Oh Zeus, que nome esquisito era esse?. E continuou falando sobre as túnicas, como usá-las, que batom usar com cada roupa, os sapatos que combinam, como "a sapatilha azul combina com roupas pretas, brancas e azuis", os diversos "trabalhinhos" que eu talvez fosse obrigada a fazer, como trabalhar nos trens, ou em casas de ricos, ou com trabalhos que ninguém da Capital gostaria de fazer, e falava tudo isso junto com mais um monte de coisas que eu nem me dei o trabalho de prestar atenção.

- Perguntas, florzinha?? Bem, você já sabe seus horários, - de sete e meia da manhã a sete e meia da noite eé o turno da manhã, e de sete e meia da noite a sete e meia da manhã é o turno da noite - cada roupa de cada função, - Não, não sabia - Cada trabalho, - Também não sabia todos, só alguns - o que fazer com os cabelos toda manhã - Não prestei atenção, mas acho que sabia sim. Algo sobre lavar e usar um creminho esquisito que ela deixou no meu banheiro, ou passar sei lá o que - e o que fazer com suas unhas! - Ela disse dando um gritinho entusiasmado. Pelo menos eu tinha prestado atenção nisso. Sempre que eu voltasse do meu turno, as descolaria e só colaria depois, quando fosse hora de eu subir para trabalhar.

- Dúvidas?? - Ela disse, e eu peguei meu bloquinho para começar a anotar. A princípio, só tinha uma dúvida.

Sra Tammy,

Eu recebi um bilhete dizendo que, se eu trabalhasse com os tributos, os horários mudariam. Eu não entendi isto muito bem. Será que poderias explicar melhor? Desde já agradeço.


Escrevi com minha caligrafia cuidadosa, que o Nick sempre elogiava. O pensamento fez meus olhos marejarem. Mas logo eu engoli a tristeza. Não podia mostrar como estava me sentindo.

– Ah sim! Quando se trabalha com os tributos, você fica sempre com eles. Por isso, na semana que os tributos ficam aqui, o Avox responsável fica no quarto dele lá em cima. Por que, se o tributo chamar, ele vai estar acessível e poderá atender quase que imediatamente. Apenas na manhã em que os jogos começam eles voltam. Ai não precisa seguir os horários daqui, você fica lá direto. Ah, e não importa onde estiver e o que estiver fazendo, você, é claro, assistirá os Jogos. - Droga, nem trabalhando eu estaria livre... - Já disse suas túnicas não é? A rosa para o distrito um, a vermelha é... - A interrompi balançando a cabeça. Eu já sabia quais eram quais. Se ela recomeçasse a falar tudo aquilo eu teria um treco. - E os sapatos! Use sempre os brancos! - Graças aos deuses ela não continuou falando.

– Mais alguma dúvida??? Eu balancei a cabeça. Queria que essa mulher fosse embora logo! No momento, eu queria apenas me jogar em minha cama, que não é nada confortável, e lembrar que agora eu teria que trabalhar até o resto da minha vida. E então veio outra dúvida. Soltei um gritinho esquisito, fazendo ela virar a cabeça. Fiz um gesto, mandando-a esperar, e escrevi:

Por que não tem avoxes velhos? Por que todos são jovens?? O que acontece com os avoxes quando ficam mais velhos?


Suas feições assumiram uma expressão esquisita, como de pena. - Não ficamos com avoxes com mais de vinte anos. Ou eles são executados, ou postos na rua, para mendigar. - Ela disse, calmamente. Avoxes postos nas ruas não vivem por muito tempo. - Mas o mais comum e o mais frequente é a execução. - Meu estômago se revirou. Eu seria executada??!! O choque estava estampado em meu rosto. Ela percebeu, pois sentou-se ao meu lado na cama e tentou me consolar. - Não é nada demais! - Disse ela com uma falsa empolgação. E então o ódio invadiu meu corpo. Como assim não é nada demais??!!! Eu tive a língua cortada, fui torturada, meu amigo provavelmente está morto, e por minha causa, meus pais totalmente decepcionados comigo, eu nem dezoito anos tenho ainda, serei, daqui para a frente, forçada a trabalhar com crianças que ano após ano são mandadas a morte da forma mais cruel possível, isso se eu não trabalhar com Zaro, que acha que mutilar adolescentes é engracadinho e divertido, e não é nada demais? Ela deve ter visto minha expressão de puro ódio, pois levantou e deu um passo atrás. Olhei para ela com todo desprezo e raiva que eu podia reunir no momento. Se eu pudesse falar, ah, eu falaria muito. Não foi ela que foi torturada. Não foi ela que teve a vida jogada no lixo. Minha vontade era de dar um tapa em seu rosto artificial. Mas parei por aqui. Se eu fizesse algo, seria punida. Então me toquei. De onde veio tanto ódio? Eu... Eu nunca fui assim... Depois de tanto sofrimento, eu estava descontando em alguém. Uma pessoa que não tem nada a ver com isso. Minha expressão suavizou. Abaxei a cabeça, vermelha, por causa da vergonha. A Capital conseguiu acabar com a minha vida... Me transformando numa menina rancorosa e deprimida. Peguei o caderno, e com as mãos tremendo um pouco, escrevi o mínimo do que devia.

Desculpe... Me desculpe...


Ela pareceu aceitar minhas desculpas. Ainda bem. Eu estava envergonhada, mas pelo menos ela era uma menina da capital, que não se importava muito com as coisas.

– Mais alguma dúvida? - Perguntou, um pouco hesitante.

Eu não tinha mais nenhuma dúvida. Mas então, uma coisa me veio em mente. Talvez, a pergunta mais importante, que eu quase me esquecera de fazer. Como eu quase esqueci isto??


Com quem, ou o quê, eu vou trabalhar?


Ela abriu um pequeno sorriso, ainda um pouco hesitante. Foi no armário e pegou uma linda túnica vermelho sangue, com botões pretos. Pegou um batom de um vermelho não muito forte, um lápis de olho preto, uma sapatilha preta e um conjunto de roupas íntimas pretas e os botou sobre minha cama.

– Seu trabalho é muito importante! De início, não acreditei que seria dado este trabalho para uma garota nova. Talvez trabalhar em casas de família, ou na cozinha. Mas você é uma garota de sorte!! - Sorte? Sorte? Quase comecei a gargalhar ali mesmo, mas, é claro, me contive. Do que será que ela estava falando?

– Você trabalhará nos horários normais, no turno da manhã. Mas durante os Jogos, outros irão assumir seu lugar, e você poderá voltar ao seu quarto para assistí-los em paz, pois ao começo dos Jogos Vorazes - Falou ela, como se os Jogos fossem a coisa mais legal de Panem - Os turnos mudam - E lá se foi a hesitação. Ela começou a sorrir, como se meu trabalho fosse o melhor do mundo.

– Seu cabelo será usado num coque, sabe fazer? - Não falei nada, apenas fiquei lá parada. Eu estava nervosa demais. - É assim: Você pega uma presilha vermelha e depois pega outra presilha preta e vai... - E ficou lá falando, mas eu não captava nada. Não conseguia prestar atenção em nada que ela falava, ainda mais sendo uma coisa tão... Fútil. Além do mais, eu já sabia fazer um coque descente mesmo...

Eu estava ficando cada vez mais ansiosa. Com o quê ou quem eu vou trabalhar??!! Ela voltou a sorrir abertamente, como se estivesse feliz por mim. Por eu ter recebido a honra (notem a ironia) de ser Avox, a honra de ser obrigada a trabalhar para alguém que eu não conheço. E acho que estava feliz mesmo. Sem noção total. Ela olhou bem meu rosto e viu minha aflição. Viu como eu estava ansiosa pela resposta. Finalmente, pois eu achava que ela não ia parar de falar nunca. Meus deuses. Respirou fundo, contendo um sorriso, e finalmente disse:

– Você trabalhará com os Idealizadores dos Jogos!!! - Disse ela com um gritinho animado. - Um dos trabalhos mais importantes!!! Amanhã você já começa!!! - Terminou ela batendo palmas, sorrindo e dando pulinhos , feliz por mim e feliz por eu ter "sorte" de trabalhar com gente importante.

De começo, não vi nada de diferente. Trabalhar logo para eles? Com quem organiza os jogos que me motivaram a fugir? Não seria a melhor compania do mundo, mas fazer o quê... Porém, foi neste momento que a verdade me atingiu, bem mais forte que um soco no estômago, e o choque foi tão grande que eu caí na cama, sem forças, pasma, surpresa, e de certa forma, aterrorizada.

É, realmente a sorte nunca esteve e nunca estaria a meu favor.

Eu vou ter de trabalhar servindo meus pais.



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Notas finais do capítulo

Para quem não entende as frases no começo: Elas são meio que "o tema" do cap. Bem, acho que ficam legais :)
Deem a opinião de vcs!!!
Reviews e recomendações bem vindas!