A História De Uma Avox escrita por Liv


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Bem, tá ai *---------*
Espero que gostem :D



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" -Como é que você suporta?

Finnick olha para mim com a descrença estampada no rosto.

– Eu não suporto Katniss! Eu obviamente não suporto. Eu me arrasto dos pesadelos todas as manhãs e descubro que não há nenhum alívio em estar acordado."

Finnick Odair, A Esperança, Página 171 / 172.


Eu estava exausta. Com muita dor, e exausta, tanto fisicamente quanto psicológicamente. Então, depois de um tempo, peguei no sono.

Eu estava deitada numa maca dentro de uma sala branca, sem portas e sem paredes, com uma iluminação forte. Três avoxes me seguravam. De repente, Zaro abriu a porta com uma tesoura enorme nas mãos, e olhando para a minha boca, ele começou a rir desesperedamente. Minha boca começou a sangrar como se eu tivesse aberto uma torneira de sangue dentro dela. Comecei a gritar o mais alto que conseguia enquanto minha lingua se soltava sozinha e caía ao meu lado, se mexendo e sangrando. Quando Zaro começou a andar em minha direção eu fechei os olhos, temendo ser torturada ainda mais. Porém quando os abri eu não estava mais ali.

Nick cambaleava em minha direção. Minha perna doía muito, estava quebrada. Uma luz, de um aerodeslizador, vinha em minha direção. Porém, quando ela estava quase chegando em mim, Nick me empurrou, me fazendo cair em uns cipós genéticamente modificados, que me prenderam fortemente, e a luz chegou nele. A luz era uma espécie de ativador, e assim que a luz o iluminou, um raio estranho foi lançada do aerodeslizador. Nick começou a gritar de dor e se contorcer no chão, e eu não podia fazer nada. Apenas gritava e tentava me soltar. Pouco a pouco, ele foi parando de gritar e de se contorcer. O chão a sua volta estava cheio de sangue, que eu não sabia de onde do corpo dele vinha. Vagarosamente, a cabeça dele caiu para o lado, me permitindo ver seu rosto por completo. Seus olhos perderam o brilho que tinham e seu olhar era vago. Seu peito não se movia. Os cipós me soltaram, e eu corri até ele, ignorando a dor na perna. Botei meus dedos perto de seu nariz, para checar a respiração. Ele não respirava mais. Tentei fazer uma "respiração boca a boca", uma coisa que eu havia visto em uma edição antiga dos jogos. Não adiantou. Ele estava morto.

Acordei ofegando e gritando, ou melhor, fazendo um som estranho. Me sentei, segurando fortemente a beirada da cama. Aquilo tinha sido tão real... Só percebi que estava chorando quando levei as mãos a boca, me perguntando silenciosamente o porquê daquele som. E então me lembrei. De tudo. E começei a chorar mais. Minha boca ainda doía bastante, e embora fosse só um sonho, mas imagens me chocaram, me deixaram aterrorizada. Pensei em Nick. Como será que ele está? O que aconteceu com ele nesses dois ou três dias? ONDE VOCÊ ESTÁ??? Gritei em minha mente. As lágrimas estavam escorrendo com uma grande urgência, enquando meus pensamentos estavam a mil por hora.

Tentei me acalmar. Não ia adiantar de nada ficar chorando e me desesperando. Nada voltaria a ser como antes, não salvaria a Nick, ou a mim mesma, chorando desse jeito. Mas era difícil não me deprimir. Fiz uma promessa a mim mesma. Tentaria me concentrar apenas no que tivesse que fazer. Não conseguiria viver se continuasse assim. Fechei os olhos, tentando bloquear as imagens do sonho e de ontem, que insistiam em me assombrar. Mas, não importava o quanto eu tentava, a imagem de Nick morto não saíria de minha cabeça. Nunca. E sempre levaria comigo a culpa de ele estar morto. Eu não tinha certeza absoluta se ele estava morto ou não, mas não queria alimentar falsas esperanças. Não queria me magoar mais ainda.

Tomei um susto quando um barulho alto soou. Não dentro do meu quarto, mas em tudo. Como um despertador gigante. Comecei a me levantar mas uma dor de cabeça muito grande me fez sentar de novo. Percebi que estava nua. Apenas com o gesso na perna. Me cobri rapidamente com o lençol. Como e quando eu tirei a roupa, eu não sei. Alguém fez isso por mim.

Percebi também que algumas coisas haviam mudado. Como uma geladeira no canto da parede, que não estava ali quando eu fui dormir. Pelo menos eu acho. Não me lembrava de muita coisa, mas tinha quase certeza que essa geladeira não estava ali. Pendurado num gancho da parede, estava uma túnica branca, como um vestido. Um sapato estava no chão, uma sapatilha vermelha, com desenhos de rosas brancas. Me enrolei com o lençol e me levantei com cuidado. A dor de cabeça e a dor na perna eram bem fortes e meu desejo era me deitar, mas eu andei persistentemente até as roupas na parede.

Peguei o vestido / túnica e o segurei. Tinha uma textura macia, era bem costurado e tinha o tamanho certo para mim. No gancho ainda tinha mais um cabide. Nele, um par de roupas íntimas brancas estavam bem arrumadas e limpas. Fui no mini-armário, e quando o abri, diversas túnicas estavam cuidadosamente penduradas. De diversas cores, detalhes, tamanhos... Abri a primeira das três gavetas do armário. Diversas peças íntimas, com cores como bege, rosa claro, azul claro e um amarelo bem fraco estavam a disposição. Mas apenas cores claras. Na outra gaveta, uns cinco pares de pijamas estavam prontos para uso. Um vermelho, um branco, um azul claro, um cinza e um vermelho com rosas brancas. Na última gaveta, tinham roupas de cama. Embaixo do armário, tinham mais de cinco pares de sapatilhas. E numa pratileira, dois frascos de perfume, três tipos diferentes de protetores de cabelos, dois batons, um claro e um escuro, e um par de brincos circulares. Claro, se eu tivesse que servir os tributos, teria que estar bem arrumada. Os escravos da Capital tem de estar impecáveis.

Quando olhei para o lado, vi que na cômoda tinha um papel amarelado dobrado. Percebi que eram instruções. Comecei a lê-las.


Kaethe Scarf,

Todos os dias, um primeiro sinal a acordará. Você terá meia hora para comer e se arrumar. Depois de meia hora, você irá a seu respectivo trabalho. Isso também acontecerá todas as noites. O sinais da manhã são para os que tem como tarefa trabalhar no turno da manhã, e os da noite para os que tem de trabalhar no turno da noite. É proibido deixar o quarto, a não ser que seja necessário, ou seja, você só poderá sair se for na hora do seu trabalho.

Como você é nova, terá dois dias, contando o dia de hoje, para se acostumar e ficar ciente de suas tarefas diárias. Amanhã um estilista virá em seu quarto e te explicará as roupas e em que ocasião usá-las. Irá ensiná-la a se arrumar e te deixar preparada, além de lhe dizer sua tarefa e te explicar o que você fará. Depois de amanhã você já começa a ativa. Toda e qualquer dúvida que você possuir será sanada amanhã.

Há comida na geladeira, o suficiente para uma semana. Mas você terá que cuidar para que a comida não acabe antes da hora. Apenas aos sábados a troca de comida é feita.

Quando suas roupas sujarem, terá de lavá-las na máquina de lavar do banheiro. Perto da máquina tem as instruções de uso.

Lembre-se. Se você não trabalha a noite, o primeiro sinal noturno é para você voltar a seu quarto. Você terá meia hora para comer e se aprontar para dormir. Ao segundo sinal, as luzes se apagarão, e você terá de dormir.

Se você for designada a trabalhar com os tributos, as "regras" mudam. Você não terá de seguir os sinais. Você saberá amanhã, e caso for esta sua tarefa, irão explicar melhor.

Caso você precise de comunicar com alguém, no seu armário há um bloquinho e uma caneta. Use apenas se for uma urgência. Qualquer uso além desse e você será punida.

Lembre-se também que é proibido se comunicar com qualquer pessoa. Qualquer comunicação e você será punida. E a punição não é nem um pouco legal.

Também é proibido ir ao quarto de outros Avoxes, a não ser que seja seu trabalho, assim como o meu. E é proibido fazer muito barulho.

Atenciosamente,

Jules Feyerherd, Avox.

Eu não sabia que tinham Avoxes para Avoxes. Será que haviam outras tarefas para Avoxes que eu também não sabia que existiam? Fiquei mais tranquila que não teria que trabalhar hoje, mas fiquei ansiosa por depois de amanhã. Fui cambaleando até o armário e peguei um par de roupa íntima e um pijama, o azul claro. Troquei de roupa e me sentei. Estava muito tonta, quase desmaiando. A dor na minha lingua era quase que insuportável, mas eu tentava com afinco ignorá-la. Depois de mais ou menos quinze minutos o segundo sinal da manhã tocou. Ouvi o barulho de portas se abrindo e passos no corredor. Várias pessoas saindo para o turno da manhã. Essa será sua rotina, se acostume com isso, Kaethe. pensei.

Me levantei novamente, para ir até o banheiro. Cheguei lá, e percebi que era maior do que eu pensei. Ele tinha uma máquina de lavar e um secador do lado da máquina. Em cima da pia tinha um armário. Abri, e vi uma coisa que eu não esperava. Um frasco de remédio esquisito e um bilhete.

Trouxe isso escondido. Tome dois comprimidos por dia com um copo d'água por uns três dias e a dor melhorará. E muito cuidado para que não descubram.

Jules.

Então Jules trouxe para mim um frasco de remédio escondido.

Meus olhos ficaram marejados. Ele tinha se arriscado só para me dar um remédio? Será que, no meio de tanta desgraça, teria alguém que me ajudaria? Peguei, com as mãos trêmulas, dois comprimidos e fui até a geladeira. Água, gelatina, mingau, diversos sucos, cremes esquisitos e vários outros tipos de comida cremosa ou líquida estavam na geladeira. Peguei a água e um copo. O enchi e engoli os comprimidos de uma só vez. E então fui me deitar.


– x - x - x - x - x - x - x - x - x - x - x -


Passei meus dias tentando não pensar nos pesadelos e no que eu iria trabalhar.

Hoje o / a estilista iria me orientar. Botei meu melhor pijama, arrumei os cabelos como consegui, para causar boa impressão e me sentei com postura na cama.

Minha língua já estava cicatrizando. Mas ainda doía, e doía muito mesmo. Tomei rapidamente meus comprimidos e me preparei para recebê-lo (a). O bloquinho e a caneta estavam a disposição em cima da cômoda. Caso eu precisasse perguntar algo. O segundo sinal da manhã tocou, e eu ouví as portas se abrirem. A cada minuto eu ficava mais e mais nervosa. Como e quem será meu estilista? Qual será minha tarefa? O quão torturante ela será?

Depois de uns quinze minutos, a porta se abriu, e uma mulher estranha entrou.

O cabelo rosa cuidadosamente penteados e jogados para trás não combinavam com o vestido, as tatuagens e os lábios verdes. Ela usava uma faixa super colorida que envolvia todo seu corpo, em pontos estratégicos. Estava quase nua. Não sei como ela conseguia se equilibrar em cima daquele sapato altíssimo cor de pêssego. E seus olhos esbugalhados davam medo.

– Olá queridinha - Falou ela com uma voz estridente - Vamos começar!!!



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Notas finais do capítulo

U.U mandem reviews, façam uma autora feliz, e quem sabe uma recomendaçãozinha, heim? kkkkkkkk
Mas sério, comentem