Girls On Court escrita por Ailish


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mil perdões pela demora, mas agora tudo na minha vida se acalmou (calmo até demais :P).

Espero que vocês gostem desse capítulo, qualquer erro de português me avisem, pois não ando fazendo a revisão (senão vou mudando o que escrevo também).

Quem aqui está com saudades de Kuroko no Basuke? Eu to! E agradeço a todo mundo que me mandou MP para atualizar a fic, todos os comentários e quem a recomendou!!!

Estou muito grata!!!!

Quanto mais comentário, mas rápido atualizarei.

Obrigada pessoal ♥



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Mariko sentia a fadiga percorrer por todas as veias do corpo, repuxando todos os músculos das pernas e dos braços. Por mais que ela se esforçasse nos pulos e aumentasse a força física para acompanhar os movimentos calculados e sólidos de Midorima, era impossível de acompanhar as jogadas.

O placar havia sido invertido como uma ampulheta, agora quem era metralhado por vários pontos seguidos eram as garotas da Hyotei. Nakayama não aceitava as bolas que passavam sobre sua cabeça e caiam perfeitamente no aro sem ao menos bater na tabela ou no círculo de ferro.

– Isso não pode estar acontecendo! – Mariko grunhiu ao girar nos calcanhares e ver outra bola perfeita deslizar pela rede do aro. Os pontos de Midorima pareciam friamente calculados, como se houvesse um imã entre a bola e a tabela, sugando qualquer jogada e a transformando em pontos para o time adversário. – Você só pode estar brincando comigo!

A loira permaneceu inerte com os olhos fixos na bola que havia caído no chão e quicava como marteladas contra o concreto, rolando na direção de seus pés. Ao jogar com Midorima, Mariko descobriu o quanto era fraca e debilitada em relação ao basquete. Riiko não acreditava que havia grandes diferenças entre homens e mulheres no esporte, o problema estava em suas técnicas e habilidades. Não havia outra resposta para tudo que estava acontecendo entre ela e o outro jogador.

– Estou brincando? – a voz cética de Midorima chamou a atenção de Nakayama que estava atônita com os pontos sofridos. Ele se aproximou dela para pegar a bola que havia rolado até os pés da loira, encarando-a por de trás das finas lentes dos óculos. – Você não entende que há um nível que nos separa? – Shintaro se curvou para juntar a bola, girando-a entre os longos dedos perfeitamente enfaixados, brincando com a bola como se a mesma fosse um instrumento feito especialmente para ele e ninguém mais soubesse utilizar.

De forma silenciosa, Nakayama acompanhou a movimentação de Midorima. Ela estava sentindo o estomago revirar só de analisar o rosto sem expressão e o nariz empinado do rapaz, como se ele fosse o rei e ela a plebéia.

– Você só está com o rei na barriga, e ainda por cima acompanhado de um ego inflamado e que fede a esterco. – Mariko ergueu involuntariamente a mão até o braço, massageando as contrações musculares que queimavam como fogo sobre a palha.

– Não fale asneiras. – ele rebateu, parando com os movimentos das mãos na bola, oferecendo todas as atenções a loira. – Eu sou bom no que faço.

– E se você é tão bom, porque não está na NBA? Porque está aqui jogando com uma fracassada? – Nakayama ergueu a mão para disparar um soco certeiro no queixo de Midorima, mas baixou as mãos em punhos ao lado dos flancos. Ela sabia que não poderia se exaltar, porque Yumi acreditava que ela poderia ser melhor do que ele, mesmo que não fosse naquele momento. – Eu odeio pessoas como você! Odeio pessoas que só sabem jogar na cara o defeito dos outros sem olhar para o próprio umbigo.

Incrédulo, Shintaro escutava palavras de Mariko como se fossem alfinetadas nos ouvidos. Ele estava sendo massacrado pela segunda vez naquele dia, e por duas garrotas birrentas e explosivas.

– Já chega! – Midorima bateu com força a bola no chão, arremessando-a para longe. Algumas crianças que assistiam aos dois ficaram horrorizadas com o espetáculo que se formava. A pequena garotinha que havia emprestado a bola para Mariko correu na direção do “brinquedo” resmungando irritada, dizendo que nunca mais emprestaria seus pertences para o rapaz de cabelos verdes.

Yumi que estava sentada no banco ao lado de Kise parecia inerte ao ver a cena se desenvolver, ela já havia sido bem espontânea ao presentear Midorima com uma bofetada, agora o resto seria com sua amiga. Por outro lado, o loiro estava tenso e com as mãos erguidas no ar, pedindo para que o artilheiro da Shutoku mantivesse a calma.

– Midorimacchi, vamos embora. – Ryota ergueu-se do banco e foi até o amigo, puxando-o levemente pelo ombro para que se afastasse de Mariko. – Já ganhamos, então chega. – a voz do loiro soava apelativa, ele queria tirar logo Midorima de quadra antes que ele pudesse magoar as garotas com sua falta de humor.

Mariko já estava cansada de discutir, ela não se rebaixaria para Shintaro, nem que o mesmo fosse o presidente dos Estados Unidos. – Loirinho, deixa esse idiota viver sozinho no próprio mundinho. Eu perdi e eu admito isso, mas lembre-se que haverá revanche!! – ela ergueu o indicador e empurrou Midorima no meio do peito, um empurrão para doer. – Já que agora vamos treinar juntos até o torneio feminino, farei você engolir as minhas cestas, idiota!

Nakayama girou nos calcanhares e se afastou, caminhando de peito estufado até a Yumi que sorria orgulhosa das respostas de Mariko.

– Até parece que vou me rebaixar. – a loira se sentou ao lado da ruiva, secando o suor que escorria da testa com as costas da mão. Ela meneou a cabeça e encarou Yumi, como se tentasse justificar a derrota que havia sofrido. Mariko não conseguia encontrar as palavras certas, mas com certeza, uma troca de olhares seria o suficiente entre as duas, já que se conheciam tão bem desde a infância.

– Não se preocupe, Riiko. – Ayuzawa ergueu a mão e apoiou sobre o ombro da amiga, afinal, queria confortá-la. – Não vamos deixar assim, não mesmo.

A ruiva ergueu-se do banco e caminhou na direção dos dois garotos que ainda discutiam entre si. Yumi lançou um olhar pesado para Midorima, mas logo desviou para Kise. – Passa o número do teu celular.

– Ah...Claro. – Kise procurou nos bolsos da jaqueta o celular e aproximou-se de Yumi. – Vou colocar como Yumicchi o seu nome na minha agenda. – ele sorriu maroto e começou a digitar no celular buscando a rede de Yumi para que ambos pudessem trocar os contatos.

Yumi não conseguiu conter uma careta de descontentamento com o generoso apelido que Kise colocava em todos os seus amigos, mesmo que ela ainda não se sentisse como uma amiga dele. Enfim... o celular da ruiva apitou e o do loiro também, indicando que os dois já haviam confirmado a troca de informações.

– Confirmaremos as datas dos treinos, então fique atento as minhas mensagens. – Yumi girou nos calcanhares sem se despedir dos rapazes, seguindo na direção de Mariko que já estava em pé na espera da amiga. – Vamos pra casa, Riiko.

***

Naquela noite, Yumi havia chegado em casa e tomado uma ducha quente para se livrar da friagem da rua. Ela não se deu ao luxo de fazer o jantar, pois não estava com fome, estava pensativa demais com tudo que havia acontecido na partida entre Mariko e Midorima. Tudo que havia presenciado pareceu surreal, impossível de acreditar.

Como capitã do time de basquete feminino da Hyotei, Yumi nunca havia visto jogadas como aquelas, pelo menos não dentro da escola na qual estudava. Hyotei era uma escola de elite, mas seu principal foco nos esportes era no tênis.

– Acho que se tentarmos uma estratégia mais ofensiva, todos os jogadores no ataque e anulando a retranca, ou... ahhh... – a ruiva sentou no braço do sofá e caiu para trás, se jogando no estofado. Ela ficou articulando mentalmente qual seria a melhor forma de armação para ingressar no torneio, mas nada era fixo em sua mente, ela precisaria debater com o técnico antes de qualquer coisa.

– Se os arm... – o barulho agudo do celular vibrando sobre o móvel chamou a atenção de Ayuzawa que repousava no aconchego sofá. Ela olhou pelo canto dos olhos o celular que estava sobre a mesinha de centro, somente alguns metros dela. Yumi estendeu a mão e pegou o aparelho, havia uma nova mensagem de Mariko.

Estou com uma put% dor no corpo. Vai ter vingança!” – Riiko havia enviado na mensagem arrancando uma risadinha de Yumi que logo respondeu. “Relaxa, faça ele ficar de quatro diante dos seus pés. Amanhã faço uma massagem em você!”.

Outra mensagem vibrou no celular da ruiva, mas aquela não era de Mariko, e sim de Kise. Yumi ficou encarando o visor do celular e logo clicou no botão central para ler o que ele havia mandado.

Yumicchi, você já está dormindo?

– Que idiota! – a ruiva se limitou ao dizer enquanto digitava rapidamente no aparelho. “Não...Mas seu eu estivesse dormindo já estaria acordada com essa estupida mensagem!”.

O celular vibrou nas mãos de Yumi novamente, outra mensagem de Ryota.

Desculpe, mas queria saber como está sua amiga? E você?”

Ela está ÓTIMA! Agora, BOA NOITE!!!!”– Yumi se ergueu do sofá e largou o celular sobre a mesa de centro, marchando na direção da cozinha para pegar a garrafinha de água que estava na geladeira. O celular tocou novamente, fazendo Yumi girar nos calcanhares e correr para ler a próxima mensagem, porém era de Mariko.

“Não esqueça de sua promessa, vou cobrar a massagem!”.

O celular de Yumi não recebeu nenhuma nova mensagem aquela noite.

***

O dia amanhecia nublado, ainda estava escuro e Yumi se preparava para correr no parque que havia perto de casa. A neve havia dado uma trégua de dois dias, então poderia correr sem muitos problemas.

Ela saiu de casa vestindo um grosso moletom cinza e calças pretas, sua vestimenta própria para corrida. Ayuzawa chegou no parque, mas não estava gostando da fraca luz matinal e do vento gelado que batia sobre as bochechas. Havia somente ela e outro cidadão correndo em torno do pequeno lago que ficava no centro do parque. O local estava sombrio e fechado por causa da fraca neblina, talvez não devesse correr naquele horário.

Yumi pensou em voltar para a casa, tomar banho e dormir alguns minutos a mais antes de ir para aula, mas se sobressaltou com a presença de alguém atrás de si. Yumi escutou passos lentos e a respiração descompassada próxima de seus ouvidos. Ela girou nos calcanhares com as mãos em punhos, pronta para o ataque e...

– Ei, acalme-se! – o rapaz retirou o capuz revelando a cabeleira loira e o rosto vermelho por causa dos exercícios físicos e do frio. Ryota estava diferente do habitual, um pequeno grampo prendia a longa franja para trás para que não atrapalhasse durante a corrida. – Sou o Kise.

– O que você está fazendo aqui? Seu infeliz! – Yumi berrou levando as mãos ao peito, o coração estava acelerado por causa do pânico; por alguns segundos, ela pensou que enfartaria naquele momento. – Nunca mais chegue assim numa pessoa!! Pensei que fosse um assaltante, maníaco, sei lá!!

– Não foi intencional, é sério! – ele aproximou-se dela e a envolveu pelos ombros. Kise queria guiá-la até o banco que havia ali perto para que ela se acalmasse, mas Yumi não permitiu. A ruiva se afastou dele com fúria, fugindo dos braços do rapaz, incomodada com o susto que sofreu segundos atrás. – Yumicchi, não fique braba comigo, não tive culpa nenhuma! Você já estava com medo.

– Não! Eu não estava! – ela indagou, caminhando para fora da pista de corrida. – Afinal, o que diabos você está fazendo aqui!! Está me perseguindo!

– Não, espere! Eu moro aqui perto, costumo treinar aqui. – ele puxou Yumi pela mão trazendo-a de volta para a pista, ele não queria que ela fosse embora daquela maneira, e também haviam coisas que os dois deviam resolver. – Vamos correr um pouco e já marcamos as datas dos treinos, não tem porque esperar.

Ayuzawa pensou e... Ele estava certo, afinal. Precisavam resolver imediatamente os horários dos treinos para conciliar com a rotina da Hyotei, que por sinal, exigia muito de seus alunos. Yumi gostava da fama que a escola possuía e de todo o status positivo que repercutia pela cidade, mas ela estava longe de ser uma criança mimada como muitos lá eram. Ela e Mariko sempre foram diferentes dos demais.

– Certo. – a ruiva falou entredentes enquanto erguia os braços para o alongamento. Kise acompanhou a movimentação de Yumi, ajeitando o capuz sobre a cabeça novamente. Ele esperou pacientemente por ela, brincando com as mechas do próprio cabelo loiro que seriam cortadas aquela tarde para um novo comercial.

– O que está fazendo?

– Hoje eu tenho que gravar um comercial e o meu agente disse que irão cortar as pontas do meu cabelo. – o loiro deixou escapar um sorriso tenso, estava realmente preocupado com o que fariam durante aquela gravação. Após alongar as pernas Yumi ajeitou o cabelo num coque alto e aproximou-se do Ryota.

– Então... Você joga basquete ou é modelo? – a ruiva perguntou curiosa, mas surpreendeu-se com a expressão abatida sobre a face de Kise. Ayuzawa havia tocado num assunto delicado, do qual o loiro não gostava de compartilhar com ninguém. Mesmo que Yumi fosse... Yumi, ele não queria falar com ela sobre aquele assunto.

– Esqueça, Yumicchi! Vamos. – o loiro movimentou as pernas e começou a correr acompanhado por Yumi. Os dois deram duas voltas em silêncio pela pista de atletismo da praça até que Ayuzawa iniciou o diálogo.

­– Eu estava revendo os horários da Hyotei e possuímos poucos dias livres. Terça, Quinta e Sábado é quando podemos treinar fora do colégio. Não são muitos dias se calcularmos até o dia do torneio, mas já é alguma coisa. O problema é que é de noite e eu não sei quais são os horários disponíveis de vocês dois, o seu amigo não é acessível para obter tais informações. – Yumi olhou Kise de soslaio e ele rebateu o olhar sorrindo de canto. Ayuzawa tinha que admitir que ele era uma gracinha, não era à toa que pertencia a uma agencia de modelos, mas havia algo de errado em tudo aquilo. Ela até queria perguntar para ele o que estava acontecendo, mas Kise parecia não gostar muito daquele assunto.

– Estou com pouco tempo, mas podemos treinar nas Terças e Quintas. Sábados eu não posso, já tenho compromisso fixo. Vou falar com o Midorimacchi, tenho certeza que ele vai aceitar porque ele quer enfrentar novamente a Riikocchi. A sorte dele sempre manda ele aceitar novos desafios. – Kise riu das próprias palavras arrancando um sorriso despercebido de Yumi. Sorriso que não passou despercebido por Ryota, foi a primeira vez que ela havia sorrido na presença dele. – Finalmente você sorriu.

– Não fale asneiras. – a ruiva falou de forma automática, virando o rosto para o lado, fugindo dos olhos rápidos de Kise. – Me desculpe pela mensagem ontem, e também...– ela continuou olhando para o lago, talvez fosse bom começar o dia fazendo uma boa ação e começar a melhorar a interação entre os dois grupos. – Se você não quer cortar o cabelo, não corte! Caramba, é só abrir essa boca e dizer que não quer!

Surpreso, Kise não conseguiu conter o sorriso de satisfação ao escutar aquelas palavras. Com certeza, uma das melhores coisas que havia acontecido aquela semana foi o encontro acidental no metrô com as garotas da Hyotei. Ele poderia aprender alguma coisa com elas, afinal.

– Obrigado.

***

Como ainda estava muito escuro por causa da neblina, Mizuki, mãe de Mariko, resolveu levar a filha de carro para a escola. Normalmente Riiko ia a pé e encontrava Yumi no caminho, porém como ela havia ligado dizendo que chegaria atrasada na escola, a loira optou por aceitar a carona da mãe.

– Tchau, mãe. – a loira deu um beijo no rosto da mãe e saiu do carro acenando em despedida. Assim que Mariko cruzou a rua e colocou os pés na entrada principal da Hyotei alarmou-se com Midorima que estava ali, plantado como uma árvore no meio do pátio.

Confusa, Riiko procurou por Yumi ou por Kise pelo pátio, talvez aquele fosse o motivo do atraso, mas não havia nenhum sinal dos outros dois. Problemas, foi a única coisa que Mariko conseguiu pensar antes de chegar até Shintarou.

– O que você está fazendo no meu colégio? – ela cruzou os braços e ficou encarando o mais alto na busca de respostas. Midorima ajeitou o óculos sobre o nariz e abriu lentamente os olhos, sua expressão era séria e impassível.

– Vamos jogar. – a voz dele soou cética, arrancando uma risada estagnada de Mariko.

– Eu estou indo para a aula agora, não está vendo? – a loira falou com desdém. – E você não tem cara de quem mata aula. Qual seu problema? Tá me zuando?

Midorima abriu a pasta de couro que carregava e tirou de lá o jornal do dia e mostrou a página de astrologia para loira. – Segundo o meu signo, nunca deixe para depois aquilo que você pode resolver agora, compreende. – ele pigarreou arrancando altas risadas de Nakayama.

– Você é um completo idiota. – entre risadas e deboches Riiko não conseguiu despregar os olhos da expressão sólida de Midorima. Aquilo não era uma brincadeira, ele estava convicto de seus atos, ele realmente queria jogar com ela. – Eu não vou jogar com você, vá para sua Shutoku.

Como se ele não estivesse ali, Mariko continuou a caminhar para dentro do prédio sorrindo feito criança após ganhar um brinquedo novo. Midorima lançou um olhar pesado para a loira e deu de ombros, partindo irritado do campus da Hyotei.


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Notas finais do capítulo

Que tal? Espero que tenham gostado!! :3



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