The Rose Of Darkness escrita por Pye


Capítulo 23
Capítulo 13 – Refém do Porão.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus pequenos botões de açúcar, trago pra vocês mais um capítulo de TROD, espero muitos Reviews viu? Percebi que algumas pessoas sumiram, como minha linda AnneGabbie, saudades cara, volta pra gente u.u

Bom, esse capítulo terá um pouco de Castiel e Lysandre, e um mistério envolvendo Nathaniel que continuará no próximo.

Me perdoem pela falta de Sebastian e Kaname, juro de pé junto que nos próximos terá eles.

*VEJAM AS MÚSICAS E IMAGENS DO CAPÍTULO*

Uma boa leitura.



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Capítulo Treze,

Refém do Porão.

Música de abertura

“Ouço um doce tom ecoar pelo ar,

Sendo carregado pelo vento,

Ouço as melodias dançarem conforme a música,

Escuto leves batidas no violão,

Algo doce e agressivo, ao mesmo tempo

Meu coração balança conforme o som,

E os batimentos cantam junto a sua voz,

Minhas pernas se locomovem sozinhas,

E por um instante eu posso sentir sua respiração,

A música me chama,

Numa batida agitada,

Uma mistura agressiva que passa por meus ouvidos,

Puxe-me, abraça-me

O som dessas notas me fazem se entregar,

E diante ao sangue que escorre por meus braços,

Eu posso sentir você cantar,

Cantar para o mundo e esquecer as perturbações

Minha voz começa a sair instantaneamente,

Mas você me diz que fora apenas um sonho bom

Não sinto mais meus batimentos, e agora, você é minha única razão.

Puxe-me, abraça-me,

Em um futuro de incertezas, eu só ouço sua voz (...)"

~ ~

Narrado pelo Personagem – POV’S Mellanie;

Meus olhos se abriram com urgência quando o som infernal do despertador invadiu meus ouvidos, naquele momento. Joguei as cobertas longe e me sentei na cama, esfregando os olhos e fitando a sacada ao lado, e para minha surpresa o céu estava inteiramente azul, esbanjando um ar tão bom e feliz que me fez suspirar. Mas que diabos? Era como se alguém tivesse simplesmente jogado uma lata de tinta naquela aparência tão obscura e vazia no céu de ontem. Mas, por alguns momentos aquela bobagem passava pela minha cabeça; dependia da ocasião? Não. Ele estava de sacanagem.

Me levantei finalmente, carregando minhas próprias pernas para perto do guarda-roupas. E, ao abri-lo, vi que estava completamente bagunçado; roupas jogadas para lá e outras para cá. Apenas revirei os olhos, até porque aquilo era até normal. Escolhi algo simples e ‘catei’ meu All Star do pé da cama. Não demorou muito para que eu terminasse de me vestir.

Desci as escadas com a maior cara de sono, enquanto todos na mesa me olhavam.

— Bom dia meu pequeno botão de chá! — Kaien disse exageradamente, enquanto praticamente se jogava em cima de mim.

“Botão de chá? Isso existe senhor?”

Eu o empurrei naquele momento, desfazendo aquele abraço pegajoso.

— Você não aprende nunca, né? — eu ri — Tão grudento!

Ele inflou as bochechas, virando a cara e fazendo birra.

— Mell-chan! — apareceu a elfo azul correndo saltitante da cozinha, vindo na minha direção — Será que eu poderia ir te buscar hoje junto com o demente do Zero? Por favor,sim?

Eu fiz uma cara pensativa, criando um pequeno suspense naquela mesa de café da manhã.

— Não vai ser chato pra você? — perguntei.

Ela negativou com a cabeça,

— De jeito nenhum! E eu também tenho que me “desgrudar” um pouco daquele esquisito.

Eu ri enquanto vinha na minha cabeça os vários momentos dos dois juntos. E de certa forma, seria estranho, de verdade, se eles tivessem realmente alguma coisa. E de qualquer forma, na minha cabeça, não conseguia sequer imaginar os dois juntos. Lawliet com seu estilo reservado, com a alma tão oculta e fria, e por outro lado minha melhor amiga Hikkaru, uma garota cheia de alegria e disposição, aberta e hiperativa. Não, com certeza não conseguia imaginá-los juntos.

— Você até parece babá dele, Hikka-chan. — eu brinquei.

Ela assentiu, sorrindo.

— Ele sustenta aquela pose toda de gente grande e responsável, mas não consegue ao menos lavar um prato sozinho. — ela soltou.

Eu ri, no mesmo instante em que tornei minha atenção para meus dois guardiões. Kaien parecia prestar mais atenção em minha tia do que o normal naquela manhã. Será que... estavam pretendendo se matar? Algo como, um plano para se trucidarem por aí....?

Eu limpei a garganta, chamando os dois pra realidade.

— Tia, hoje tem trabalho pra você? — eu iniciei uma conversa com ela, que parecia um pouco irritada.

Irritada? Fala sério, isso não deveria ser novidade. Mas de certa forma, era, já que em todas as manhãs ela se tornava um projeto de monstro ao mesmo tempo em que discutia com Kaien-san.

Algo estava errado? Não conseguia enxergar mais além de seus olhos.

— Oh, sim, minha querida. — ela respondeu — Hoje tenho muito trabalho no centro, perto da sua escola, aliás. Sorte que não estou sozinha, sempre tem algum outro jardineiro para me ajudar. O trabalho é pesado por aqui, já que esse lugar é repleto de jardins.

Eu a olhava com um sorriso, enquanto ela esbanjava uma felicidade incomum, era como se uma áurea muito boa transbordasse dela, ao mesmo tempo em que seus olhos azuis brilhavam de maneira incomum. Mas a grande verdade atrás daquele rostinho sereno e de vez ou outra irritado de minha tia, era que ela era apaixonada pelo que fazia, adorava cuidar de plantas não importasse quais fosse, essa era a vida dela, e os jardins preenchiam seu coração pesado pelo passado. Um passado árduo que eu conhecia muito bem.

Mas não demorou muito para o clima de nostalgia se quebrar. Kaien pigarreou em tom alto, chamando a atenção de minha tia de volta pra realidade.

— E será que aquele esquisito verde vai estar lá hoje também, pra te ajudar? — Kaien dizia de forma diferente, nem bobo demais ou frio demais como costumava ser. Aquele jeito que ele falava... era diferente, transbordado de ironia.

— Esquisito verde? Oque é isso? — Hikka se intrometeu, enquanto passava geléia de morango em sua torrada.

Kaien sorriu de uma forma assustadoramente meiga, apertando os olhos amendoados e olhando Lunna à sua frente.

— Pergunte para essa gentil e agradável mulher, minha querida Hikka-chan. — ele disse sarcástico.

Eu arqueei uma sombracelha em dúvida.

Lunna sorriu perigosamente, e a faca que estava em sua mão, de um momento repentino foi-se encravada naquela mesa de madeira pela mulher, assustando à mim e principalmente à minha “doce” Hikka-chan que deu um pulo na cadeira.

Kaien continuava com o falso semblante meigo. Mas que diabos...? Era como se nada pudesse atingi-lo ou tirá-lo do sério.

— Repita suas gracinhas e eu lhe enfio essa faca no estômago, Kaien-chan. — minha tia ameaçou com o mesmo sorriso “amável” nos lábios carnudos.

Kaien suspirou, tomando um gole de seu chá e novamente a fitando com indiferença e calmaria.

Ele estava querendo morrer?

Tudo bem tia Lunna, hora de esclarecer essa confusão. Ou não.

— Ora, minha “querida esposa”, não se lembra daquele rapaz simpático de ontem? — ele insinuou com o mesmo sorriso de antes, um falso sorriso que pareceu quebrar as barreiras de paciência de minha tia, que arrancou a faca encravada na mesa, apontando para o rosto dele em seguida.

Hikka olhava aquela cena horrorizada, mas oque eu poderia fazer? Aquilo era de nosso costume. Nada demais aconteceria, — a menos por alguns arranhões, facadas, ferimentos profundos ou cortes, claro — todos sairiam ilesos daquele café da manhã...

— Querida esposa o escambau, quer ter uma morte lenta e dolorosa? — ela gritou apoiando-se na mesa e ficando cara a cara com meu guardião mais velho, que soltou risadinha divertidas da situação.

— Opa opa, que papo é esse de “querida esposa”? — eu praticamente me forçava a parecer mais séria possível, mas fala sério, estava se tornando uma missão impossível. Aquilo era realmente hilário, ver os dois se atracando a ponte de se matar.

— Ah, sobre isso? — ele mandou um sorrisinho debochado para minha tia — Somos casados agora.

Hikka arregalou os olhos,

— Quando se casaram, e onde?! — a azulada perguntou com histeria.

— Ontem, no supermercado. Não é divino? — ele disse com mais um sorriso assustador.

Não sabia oque pensar ou falar sobre toda aquela palhaçada, só oque eu esperava realmente era que aquilo fosse uma “mentirinha do bem” do meu querido “papai”.

— Oque você prefere, “querido”? Um corte vertical em seu pescoço, ou uma simples tortura enquanto eu deixo suas pernas penduradas em um gancho de açougue? — minha tia disse com um sorriso macabro.

Por Deus, temos uma psicopata dentro de casa.

— Oh, não me faça escolher. Faça oque quiser comigo, minha “querida”. Vindo de você, tudo será adorável. — ele provocou.

Ela trincou os dentes, enquanto apertava ainda mais os dedos naquela faca.

— Não confiaria muito em uma esposa como a sua, Kaien-san. — eu disse abafando risadas,

Mas quando parecia que os dois iam realmente se matar naquela mesa, pude ouvir passos pesados e preguiçosos ecoarem perto dali. Olhei para a direção contrária, e da porta da lavanderia surgiu Zero, com os cabelos brancos terrivelmente bagunçados e os olhos pesados.

“Sério que ele dormiu na lavanderia? Qual é!”

— Como vocês são barulhentos, será que não podem deixar a casa tranqüila um dia sequer? Cães de guarda também merecem dormir de vez em quando. — ele disse sonolento e irritado.

Eu ri, não somente por vê-lo naquela situação, mas por vê-lo irritado naquela situação. E enquanto ele se direcionava para a mesa junto a todos nós, era como se minha mente entrasse em um estado de turbulência, tornando-se uma revolução entre lembranças da tarde de ontem e lembranças sobre o primeiro dia em que o vi, naquele fim de tarde agitado, qual meu pescoço ardia por conta da faca que o pressionava. Nunca iria esquecê-lo me salvando daquele marginal naquela rua esquecida pelo mundo. Estava começando a chover, e de repente ele apareceu, e minha pele por inteiro se arrepiou. Não me recordo muito bem, mas, sua expressão era calma e descontraída, portando aquela pistola especial que ele sempre insistia em carregar consigo. Nunca entendi muito bem, somente sei que ele, a partir daquele dia, havia se tornado meu anjo da guarda, e acima de tudo, o meu cão de guarda.

Olhei para o relógio pregado na parede, pulando da cadeira com urgência, carregando meus materiais também.

Todos me olharam com espanto, e pelo que parecia, tia Lunna já havia se estabilizado e se tranqüilizado. Esses dois... sempre tão exagerados e briguentos.

Sorri disfarçadamente, virando-me para onde Zero estava sentado antes. Mas, ele não estava mais lá.

— Ei donzela, será que eu vou ter que ficar esperando por mais tempo? Desse jeito vai se atrasar. — ele disse, e para minha surpresa o encontrei na porta, parado e devidamente vestido com seu típico casaco azul-marinho.

Quanta sutileza...

— Vamos então, meu “príncipe”.

Ele revirou os olhos, sorrindo.

— Sem essa, hoje sou só seu cão de guarda. — respondeu, me puxando pelo braço tão depressa que a única despedida que consegui prestar para meus guardiões e minha pequena Hikka-chan, foram apenas dois pequenos acenos.

Mas já era tarde, ele já me carregava apressadamente pele punho, por aquelas ruas vazias e quietas.

Tudo bem, afinal, SilentStreets nada mais era do que as Ruas silenciosas. Mas agora, mais do que tudo, as minhas Ruas Silenciosas.


**








As ruas daquela cidade estavam quase vazias por completo, e por todo o trajeto acho que só pude ver umas quinze pessoas até chegar finalmente ao colégio. Eu já havia me acostumado com a companhia de Zero, sempre ao meu lado e com os olhos arroxeados atentos a todos os ângulos ao meu redor. Mas por outro lado, em alguma parte de mim me sentia incomodada. Às vezes me sentia confusa também, perguntava a mim mesma o porquê de ele estar fazendo aquilo e por que ficar ao meu lado por tanto tempo, me protegendo. Talvez fossem apenas ordens, já que ele é um hunter, afinal. Mas era exatamente isso que não se encaixava direito. Um hunter, humanos de extrema inteligência e agilidade, prontos para qualquer missão, e principalmente, a caça de seres sobre-humanos. Tudo bem, mas, ainda não conseguia compreender; quais os seres que Zero pretendia caçar? De vez ou outra, por pura conhecidencia passava por Kaien e Lunna e sem querer ouvia suas conversas, e em uma delas Kaien dizia sabiamente que Zero não era um hunter comum, e que prestava ações especiais para seu clã.

Balancei a cabeça nervosamente para ambos os lados, na tentativa de mandar para longe aqueles pensamentos malucos, e me pus em um passo, anunciando que iria atravessar aquele portão de entrada para a escola.

Mas mãos fortes me deteram pelo braço, me fazendo recuar.

— Zero, oque foi?

Ele me olhou pesadamente com aqueles olhos púrpura.

— Tome cuidado hoje e, me espere obediente na saída. — ele alertou com um sorriso irônico.

Eu sorri doce, passando as palmas das mãos por seu casaco azul-marinho na tentativa de desamassar a textura.

Em seguida entrei sem olhar para trás.


Fiquei no segundo pátio, completamente vazio. Abri minha mochila, retirando de lá o horário de aulas.




“Primeira aula, ciências humanas.”




Suspirei, colocando o papel de volta na mochila.


Ouço passos apressados vindo na minha direção,

— Mell, olá. — me virei, dando de cara com a pequena loira detetive com um sorriso doce.

Retribuí o sorriso, dando bom-dia.

— Onde tá todo mundo? — estranhei já que todo mundo ficava sempre junto, bom, isso na maioria das vezes...

Mas de verdade, sem todos ali a escola perdia a cor, simplesmente ficava sem sentido algum.

Ela sorriu torto,

— Miha teve que ficar com a tia avó dela no hospital, disse que chega depois da terceira aula.

— Eu sinto muito por ela, — eu disse apertando os punhos no banco de madeira — E onde está Nathaniel, Lysandre...?

— Eu ainda não vi Nathaniel por aqui, mas ouvi dizer pela boca das fofoqueiras no corredor que ele passou correndo para a sala dos representantes, se trancando lá. — ela disse séria.

Nathaniel se trancando na sala dos representantes? Hm, suspeito.

— Eu vou dar uma olhada nele depois, — eu pausei as mãos sobre o colo — E Lysandre?

Ela suspirou,

— Bem, acho que preciso te contar sobre isso. — ela disse com certa preocupação no tom, oque me fez tremer por um momento.

— Oque ouve?

— Lysandre vive com seu irmão mais velho, Leigh, e podemos dizer que eles não se dão muito bem. Em certos dias acontece de ele ter um pequeno “surto”, e fica do jeito que está agora. — ela começou, e para falar a verdade, eu não estava entendendo nada — Vou te explicar melhor; Lysandre tem um pequeno transtorno Bipolar, se é assim que devo dizer. De vez em quando, quando seu irmão volta de viagem, ele fica “fora do normal”. Tenho que admitir que ultimamente isso tem acontecido com freqüência. Todos sabem disso, mas pra quem ele conta a maioria das coisas é pro perturbado do Castiel, já que eles são muito próximos.

Eu fiquei quieta por um momento, sem ao menos piscar, talvez na tentativa de juntar todas as informações de uma só vez.

— Mas como é que ele “fica”, quando está nesses dias de surto? — me arrisquei a perguntar.

— Seu modo de falar muda completamente, e ele se isola das pessoas. Ah, e escreve com mais freqüência em seu bloco de notas. Sem contar que se encosta no ruivo na maior parte do tempo aqui, e claro, fica sentimental além da conta.

Eu murmurei um pequeno “hum”, movendo a cabeça afirmativamente, expressando que havia entendido. Ou quase entendido, é.

— Mas, vocês não são amigos?

— Eu e Lysandre nos conhecemos há muito tempo sim, mas ele nunca foi aquele cara que se socializa com as pessoas e conversa naturalmente. Acho que essa coisa de formar um grupo de investigação que fez com que ele mudasse um pouco sua personalidade e o animasse. Mas o verdadeiro Lysandre é um cara discreto e sério, que escreve poemas e letras de músicas. Mas do que poderíamos esperar, não é? Ele é melhor amigo do demônio. — referia-se ao Castiel? Lógico que sim.

Eu sorri discretamente ao canto dos lábios. Será que ninguém ao meu redor tinha todos os parafusos em seu devido lugar? Que mundo insano, meu Deus.

Mas, não poderia imaginar o vitoriano de outra forma além de seu senso sério e aquelas roupas estranhas e quentes.

— Bom, parece que o horário das aulas foram trocados hoje. — disse Íris se aproximando da gente, uma garota de estatura mediana e de longos cabelos ondulados e alaranjados, os olhos chamativos e um ótimo senso de estilo para roupas.

Eu me comparando a ela era uma desleixada, completamente, com meu tênis surrado e as roupas desbotadas. Ô Kami-sama, me ajude.

— Os horários mudaram, outra vez? — Mary disse revirando os olhos.

Íris assentiu com um sorriso sem graça, ela era uma ótima garota, apesar de andar com as “amiguinhas” da Ambre de vez em quando.

E quando ela finalmente saiu, eu me levantei.

— Já que não vai ter aula nos três primeiros horários, vou dar umas voltas pelos corredores. Te vejo depois do recreio com a Miha, até mais. — me despedi, correndo apressada para o primeiro corredor que alcançou minha visão.


Estava no lugar mais isolado de toda a escola, literalmente, era um corredor escuro com salas abandonadas e fechadas com tábuas pregadas nas portas. Era tudo muito estranho, dando uma aparência assustadora naquele lugar.




Dei de ombros e me sentei no chão, encostando minhas costas na parede tranquilamente. Retirei uma caneta de minha mochila, junto à meu pequeno caderninho de poesias. Basicamente quando me sentia solitária, me tomava em pensamentos profundos e afundava-me naquele caderno, escrevendo tudo que me vinha na cabeça. Frases, palavras, poemas, letras de música...





“As flores estão florescendo do lado de fora, mas você não pode realmente enxergar as verdadeiras palavras que se levam pelo vento. O sentimento de se tornar invisível, de ter o próprio coração arrancado e quebrado em mil pedaços. Ouça-me, agora, veja como as flores estão morrendo, derretendo ao chão. As gotas de chuva descem por meus lábios, enquanto eu o imagino me tomando em um abraço. Salve-me dessa chuva fria e tempestiva, leve-me para a luz novamente, por que, a escuridão está tomando meu coração agora. Livre-me dela. Seja meu e, depois do amanhecer, eu serei sua, naquele pequeno jardim recheado por flores de papel (...)”

Enquanto escrevia, meus ouvidos entraram em pura hipnose. Pude ouvir e sentir uma doce sincronia sendo carregada pelo vento daquele corredor vindo diretamente para mim de uma daquelas portas assustadoras. Meus olhos se fecharam, apreciando os leves e ao mesmo tempo agressivos tons de música. As melodias entravam pelos meus ouvidos graciosamente, me fazendo ter um arrepio bom. Larguei o caderno e caneta ao lado e me pus de pé, andando devagar por aquele corredor, indo em direção ao final, deixando simplesmente aquela música me guiar, aquela voz expressiva me levar. Parei em frente à última porta daquele corredor sombrio, e ela também parecia lacrada e abandonada com os pedaços de madeira muito bem pregados. Me aproximei dela sem hesitar, encostando meu ouvido na madeira, e eu tive a absoluta certeza de que aquela música vinha de lá. Uma vontade surreal me percorreu naquele momento, a vontade de ver o dono daquele voz doce e agressiva conforme a música. O tom masculino cantava uma música que me apertava gentilmente o coração de um jeito que eu não sabia explicar. A letra... o jeito como expressava...

Snuff - Slipknot. Essa era a música que ele cantava com tanta perfeição.

Mas aquele momento foi quebrado repentinamente, quando senti mãos fortes agarrarem em meu braço sem piedade, me fazendo virar e ver o responsável.

Lysandre me olhava com um sorriso um tanto sarcástico nos lábios, enquanto seus olhos de diferentes cores me fitavam com intensidade.

— Parece que você descobriu nosso “pequeno” segredinho, senhorita. — ele disse sem ao menos soltar meu braço.

“Senhorita”? Quem era esse cara bem na minha frente? A forma tão cortês e um brilho assustador nos olhos. Lysandre? Então essa é sua pequena “fase” de Bipolaridade?

— Lysan-

Shh, — ele murmurou para que eu me calasse, e então pressionou seu dedo em meus lábios — Não diga nada, pequena senhorita. Você é nossa refém, agora.

Eu arqueei as sombracelhas, confusa.

Oque aquela pessoa queria dizer com “nossa refém”?

Mas antes que eu protestasse ou pudesse dizer qualquer coisa que fosse, o vitoriano me agarrou ainda mais forte pelo braço, me arrastando mais para perto da porta, e em um piscar de olhos a abriu.


Eu olhei com um pouco de dificuldade tudo ao redor. Era um porão velho, muito velho, com vários instrumentos musicais e microfones. Dois pequenos sofás e um tapete surrado. Folhas e mais folhas jogadas na mesinha de centro. Letras de músicas?




E naquele momento um ruivo em comum cortou minha visão atravessando a “sala” e jogando uma folha sobre as outras amontoadas na mesinha. Olhou desinteressado para eu e Lysandre, que ainda me segurava firme.




Espere um minuto, então quem estava cantando agora a pouco com aquela voz tão hipnotizadora era ele? O demônio ruivo? Não, não poderia ser.


Deixei o queixo cair por um momento, não, mentira, não deixei. Apenas o olhei com os olhos um pouco surpresos e arregalados.

— Porque trouxe essa anã no nosso esconderijo, Lysandre? Andou bebendo e perdeu a noção do perigo? — Castiel disse rude, mas ao mesmo tempo pude sentir uma ponta de ironia.

Lysandre sorriu com os olhos apertados. Tudo bem, aquilo havia sido assustador. Mas afinal, ele estava assustador.

— Não se preocupastes com bobeiras tão pequenas, Castiel. Eu apenas a encontrei ao lado de fora, com a orelha grudada na porta. Supostamente ouvindo sua canção. — ele disse extremamente cortês.

Quando me dei conta do que ele havia dito, corei violentamente, sentindo minha face arder.

Ótimo, agora o demônio sabia que eu estava ouvindo-o cantar, e certamente quando tivesse oportunidade iria se aproveitar e zombar de mim. Obrigada, Lysandre!

Castiel revirou os olhos, ainda fitando o vitoriano.

— Se livre dela agora, não precisamos de platéia. — Disse realmente rude, desta vez.

Senti meu coração errar um batimento. Porque tão... grosseiro?

Lysandre continuava sustentando um sorriso, mas desta vez me puxando pelo antebraço, me fazendo ficar bem na sua frente, e então apontou o dedo para minha cabeça.

— Não, ela será nossa refém por hoje. — ele disse para Castiel, que me fitou com os olhos sérios e assustadores.

Aqueles olhos acinzentados... era como se me cortassem como facas.

— Faça como quiser. — o ruivo disse dando de ombros, se virando e pegando novamente a folha que havia jogado sobre a mesinha de centro.

Lysandre foi até uma pequena geladeira ao canto superior daquele cômodo, tirando de lá uma garrafa de água.

— Não sabia que cantava. — disse chegando ao lado do demônio ruivo, sentando no sofá também.

Ele me olhou diretamente nos olhos, de modo frio, como sempre.

Maldito.

— E eu sei que você gostou de me ouvir cantar, anã. — ele provocou, apertando com o dedo no meio da minha testa.

Eu revirei os olhos,

— Não ouvi direito, então não posso dizer nada. — menti.

Ele fez uma careta, pegando o violão ao lado do sofá, trazendo-o para seu colo. Eu olhava todas suas ações com certa atenção, e quando ele olhou para a folha sorrindo provocativo, eu pude ver oque ele pretendia fazer.

Não demorou muito, e então começou a dedilhar pelas cordas do violão com graciosidade e certa agressividade também. Aquilo estava me matando, claro, de uma forma incrivelmente boa. Como ele conseguia ser tão bom?

Era a mesma música de antes, qual ouvi ao lado de fora daquele porão.

Começou finalmente a cantar, e sua voz me atingiu certeiramente como se fosse uma flecha qual possuísse um arqueiro brilhante, e claro, o alvo era eu. Mas já era tarde, eu não conseguiria mais desgrudar os olhos dele. Ele havia me... Hipnotizado.



Bury all your secrets in my skin







(Enterre todos os seus segredos na minha pele)







Come away with innocence,



(Desapareça com inocência,)

And leave me with my sins

(E deixe-me com meus pecados)

The air around me still feels like a cage

(O ar ao redor de mim ainda parece uma gaiola)

And love is just a camouflage for what resembles rage again...

(E o amor é apenas uma camuflagem para o que parece ser raiva novamente...)

So if you love me, let me go.

(Então se você me ama deixe-me ir)

And run away before I know.

(E fuja antes que eu saiba)

My heart is just too dark to care.

(Meu coração está sombrio demais para se importar)

I can't destroy what isn't there.

(Eu não posso destruir o que não está lá)

Deliver me into my fate

(Me entregue ao meu Destino)

If I'm alone I cannot hate

(Se estou sozinho, não tenho o que odiar)

I don't deserve to have you...

(Eu não mereço ter você...)

My smile was taken long ago

(Meu sorriso foi tomado há muito tempo)

If I can change I hope I never know

(Se eu posso mudar espero nunca saber)

[...]

So save your breath, I will not hear.

(Então poupe seu fôlego, não irei ouvir)

I think I made it very clear.

(Acho que deixei isso bem claro)

You couldn't hate enough to love.

(Você não poderia odiar o bastante para amar)

Is that supposed to be enough?

(Isso deveria ser o suficiente?)

I only wish you weren't my friend.

(Eu só queria que você não fosse minha amiga)

Then I could hurt you in the end.

(Assim eu poderia te magoar no final)

I never claimed to be a saint...

(Eu nunca declarei ser um Santo...)

My own was banished long ago

(Meu eu foi banido há muito tempo)

It took the death of hope to let you go

(A esperança precisou morrer para deixar-te ir)

So break yourself against my stones

(Então jogue-se contra as minhas pedras)

And spit your pity in my soul

(E cuspa sua pena na minha alma)

You never needed any help

(Você nunca precisou de nenhuma ajuda)

You sold me out to save yourself

(Você me vendeu para se salvar)

And I won't listen to your shame

(E eu não ouvirei a tua vergonha)

You ran away - you're all the same

(Você fugiu - Vocês são todas iguais)

Angels lie to keep control...

(Anjos mentem para manter o controle...)

My love was punished long ago

(Meu amor foi punido há muito tempo)

If you still care, don't ever let me know

(Se ainda se importa, não deixe-me saber)

If you still care, don't ever let me know...

(Se ainda se importa, não deixe-me saber...)

Então quando sua voz sumiu, ele deu os últimos toques no violão finalizando a música.

Aquilo havia me deixado paralisada, e minhas mãos estavam frias, e sim, eu podia senti-las extremamente frias.

Aquela música... aquela letra... se encaixava perfeitamente com a personalidade daquele ruivinho insolente, isso eu não poderia negar.


Meu rosto levemente corado denunciou minha falta de palavras, enquanto ele me olhava com um sorriso sarcástico.




Aquele sorriso me irritaria profundamente ao ponto de ele merecer um soco no meio da cara, mas não naquele momento. Aquela música havia me deixado com as pernas bambas.




— E-Eu tenho que admitir que você é bom, — eu disse com um sorriso pequeno.


E sim, eu admito que deixei que o orgulho me dominasse nos primeiros segundos, talvez tenha sido por isso que perdi o ar e as palavras saíram sem eixo, atrapalhadas.

— Eu sei que sou bom, — ele começou se aproximando e dando um peteleco em minha testa — e sei que você curtiu me ver cantar, anã.

Eu fiz uma careta, empurrando seu ombro.

— Para de se achar, idiota!

Ele colocou o violão de volta no lugar, e nesse momento Lysandre parou ao nosso lado.

— Olha oque eu achaste no chão do corredor, um caderno de anotações... Não, espere... — ele disse abrindo o meu caderno de poesia, sério, ele queria me irritar?

Onde está minha faca? Ah é, eu não tenho uma faca.

Eu sobressaltei para cima dele, balançando os braços na tentativa de pegar meu caderno de volta. Mas ele era muito alto. Ok, talvez alto demais... Muito alto? Meu Deus, oque esse menino costuma comer?

“Maldito poste ambulante!”

— Me devolve, isso é meu, ninguém pode ver...

Ele sorriu meigo, e aquele sorriso me fez sentar novamente no sofá. Assustador, realmente assustador...

— Isto poderia ser uma caderneta de poesias, senhorita? — ele falava para mim enquanto pregava os olhos na minha escrita no pequeno caderno. Maldito!

— N-Não, é só-

— Você escreve muitíssimo bem, deverias torná-las letras de música, senhorita.

Castiel revirou os olhos,

— Me deixa ver essa coisa... — o ruivo praticamente arrancou o caderno das mãos do vitoriano.

“Não, não, não, não!”

Minha pressão chegou a cair no momento em que meu caderno parou nas mãos daquele roqueiro do mau, meu coração dava “pulinhos” exagerados, e minhas mãos pareciam que iam congelar.

A expressão dele parecia mais séria e petrificada do que o normal enquanto lia meus poemas desastrosos, e eu também não conseguia tirar os olhos dele.

Que expressão desconhecida era aquela?

Subitamente, depois de alguns poucos minutos, ele fechou o caderno e entregou em minhas mãos.

— Não são maravilhosamente belos, Castiel? — Lysandre sorriu,

— São. — tudo bem, aquilo foi inesperado. Não, aquilo foi algo muito inesperado. Meu coração estava parando? Oh, — Você tem algo especial nas palavras, e parecem que tomam vida enquanto eu leio. Lysandre tem razão, deveria tornar elas em letras de música.

— Você gostou? Mesmo? Não vai zoar com a minha cara? — perguntei um pouco desconfiada, e naquele momento vi a expressão do demônio mudar, voltando a firme e original de fábrica.

— Ah, dá pro gasto.

Lysandre soltou risadinhas, e em seguida chegou bem perto de mim, agarrando em minhas mãos e aproximando-as de seu rosto, praticamente colando elas em suas bochechas.

Meus olhos se arregalaram,

— Você está gelada como se estivesse morta, senhorita, sente-se bem? — perguntou inocentemente.

Eu apertei os olhos em fúria, puxando minhas mãos de volta e dando um tapa no meio de sua testa.

— Não encosta em mim, cara estranho, estranho, estranho! — eu gritei histericamente, oque fez o ruivo balançar a cabeça negativamente e rir.

Ele se levantou com um pulo do sofá,

— Saco, parece que temos aula agora. — o demônio disse com a cara mais entediada do universo.

Eu sorri,

— Não vai matar aula de novo, vai? — eu disse indo pro seu lado e o puxando pela manga da jaqueta de couro.

Ele sorriu sarcasticamente.

— Por quê? E se eu matasse? Iria sentir minha falta por acaso?

Eu apertei o punho direito, olhando bem pra cara daquele Baka.

— Não vou sentir sua falta se você estiver morto, demônio.

Ouvimos um suspiro. Era Lysandre, que amassou um papel e jogou na lixeira, passando por nós e abrindo a porta.

Não importava a maneira “feliz” como ele estava agindo, havia algo oculto e triste dentro de seus olhos bicolores. Algo muito oculto.

— Irei para aula agora, espero seriamente que não se matem enquanto eu não estiver aqui. Até mais ver, senhorita. — o vitoriano disse com mais um de seus sorrisinhos anormais e saiu, batendo a porta violentamente em seguida.

Eu e o ruivo nos entreolhamos, como se estivéssemos perguntando mentalmente um para o outro “oque vai acontecer agora?”.

— Eu vou me mandar, — ele passou por mim como um foguete, indo também em direção da porta.

Saiu, e alguns segundos depois pude vê-lo novamente, com a metade do rosto pálido no vão da porta, me olhando.

— Você não vem, baixinha? — ele provocou,

Eu revirei os olhos abrindo a porta, e ao passar dei um pequeno soco em sua cabeça.

— Idiota, não me chame de baixinha — eu disse irritada, ou pelo menos encenando uma irritação — claro que vou, tenho que fazer uma coisa importante agora.

— Coisa importante? Tipo...? — ele continuou, me encarando com olhos interrogativos,

— Sala dos representantes. — disse por fim.

Ele revirou os olhos, e com um suspiro deu dois tapinhas em minhas costas.

— Boa sorte, só cuidado com oque vai encontrar lá. — ele estava pronto para ir embora, mas voltou, aproximando o rosto do meu, encostando os lábios bem próximos aos meus ouvidos — Ah, e não vai contar pra ninguém do nosso esconderijo viu?

“Nosso esconderijo?” Ok, não precisava chegar tão perto com essa cara de pervertido e dizer com essa voz tão sensual, não pera...

Ele se afastou em seguida, indo finalmente embora e entrando em um corredor qualquer, supostamente que levaria a algum pátio aos fundos da escola. Típico daquele garoto perturbado

“Boa sorte? Cuidado com oque vai encontrar lá?”

Continuei andando, e quando finalmente parei na porta com tal placa; sala dos representantes apoiei a mão na maçaneta.

Oque aquele idiota queria dizer com “Boa sorte”? Aquilo estava suspeito.

Mas naquele momento imaginava qual o motivo que levaria Nathaniel a se trancar naquela sala. Miha não estava na escola mais cedo, então, oque poderia ser?

Não importava, eu iria descobrir.

Respirei fundo e dei três batucadas na porta, enquanto minha mente se deixava sobrevoar para alguns minutos atrás, naquele porão estranho e naquela voz, cantando uma música perfeita que fazia meu coração pular. E literalmente, aquela canção me fazeria lembrar dele, não importasse como, sempre seria ele que viria em minha cabeça ao escutar aquela música.

A porta então se abriu, quebrando meus pensamentos...

“N-Nathaniel...”

**

Fale em meu ouvido sua verdadeira obsessão,

Diga-me a verdade pela qual me abandonaste nesse quarto, qual o tempo negro sobrecaí em uma assustadora tempestade ao lado de fora.

Meu coração está pesado, e a respiração está se esgotando a cada segundo,

Sem você aqui, qual a razão de respirar?

Viva-me novamente,

Traga-me as lembranças daquela primavera,

Naquele porão obscuro, mas ao mesmo tempo recheado de alegrias,

Sou uma mulher morta agora,

Meu interior está oculto em palavras perdidas,

Sem você, não existirei mais,

E, amanhã ao meio dia,

Você virá realmente me buscar?

Desculpe-me, querido,

Mas eu não estarei mais aqui,

E pondo o rádio a tocar, suas melodias entram em meu coração, e em um último suspiro pensando em ti,

Deixo os anjos me levarem para longe, onde minha alma viverá sem você, mas ao mesmo tempo, pensando em você (...)

Refém do porão

**

[Música de Encerramento - Castiel Tema, Snuff]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Mellanie]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Castiel]

[Imagem Extra do Capitulo ~ Lysandre]

Fim do Capítulo 13.


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Notas finais do capítulo

VOCABULÁRIO JAPONÊS:

Kami-sama - Deus.

Baka - Idiota, bobo, estúpido.

Comentem, compartilhem, critiquem, opinem, elogiem, enfim, me abracem?