Eu Te Odeio Vs. Eu Te Amo escrita por maria


Capítulo 8
Almoço (quase) em família e filme


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! Um mês sem postar, eu sei. Perdoem-me. A escola tem me deixado muito sobrecarregada. Nos falamos nas notas finais. Boa leitura.



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Acordei e olhei que horas eram. Dez horas. Lembranças do dia anterior vieram a minha mente. Sorri. Mas outras lembranças também vieram. Lembranças que eu sequer sabia que existia. Eu, em cima de uma mesa, dançando. Vodka. Edward. Música. Beijo. Banho.


A enxurrada de lembranças me deixou tonta. Aquilo era real? Tudo isso tinha acontecido? Por que Edward não me contou do...beijo? As perguntas giravam por minha mente. Se ele não me contou, era porque estava arrependido. É, com certeza era isso. Era melhor ignorar e fingir que eu não me lembrava. Ele devia estar contando com isso.


Levantei da cama e troquei o pijama por uma roupa qualquer. Eu precisava pensar. Procurei a chave do carro na minha bolsa. Encontrei-a e coloquei no bolso. Saí do quarto, e esperava que Edward ainda estivesse dormindo. Para o meu azar, quando tentei sair, ele me viu.


– Bom dia, Bella. – disse sorrindo. E aquele sorriso...


– Ahn, bom dia. – tentei sorrir, mas deve ter parecido uma careta.


– Vai sair? – perguntou


– É, eu vou pegar o carro no estacionamento daquela boate, sabe.


– Mas é longe. Eu te levo. Só vou comer alguma coisa. – falou indo pra cozinha.


Minha intenção era ficar sozinha pra pensar um pouco. Não ia dar para pensar com ele ao meu lado. Mas recusar sua carona também estava fora de questão. Sentei no sofá da sala e fiquei pensando no nosso beijo. Seria uma lembrança agradável se não viesse acompanhada de muitas perguntas sem resposta. Por que ele tinha me beijado? Ou pior, por que eu tinha beijado ele? Ainda que eu não obtivesse essas respostas imediatamente, a lembrança era nítida e feliz. Podia sentir seus lábios contra os meus, as nossas respirações ofegantes. Como eu podia lembrar com tanta clareza disso hoje e ontem não ter lembrado? O cérebro humano é mesmo algo incrível. Memórias aparecem, desaparecem.


– Bella, você escutou o que eu falei? – Edward disse me assustando.


– Oi? É o quê? Desculpa, eu não estava prestando atenção. – falei um tanto envergonhada.


– Alice acabou de me ligar, contou que, por algum milagre, meu pai vai almoçar em casa. Disse que nós poderíamos almoçar lá. O que você acha? – perguntou.


– Ah, claro. Passamos na boate, eu pego meu carro e vamos pra lá. – sorri.


– Então tá.


Edward comeu alguma coisa, e eu comi uma maçã. Fomos até o carro dele em silêncio. Não era um silêncio entranho, era um silêncio agradável. E então fomos até lá.


Eu queria ter coragem de perguntar para ele se havia acontecido alguma coisa naquele dia além do que ele me contou. Mas não houvesse acontecido nada, então eu não ia ter uma boa explicação para a pergunta e isso causaria um constrangimento desnecessário.



[...]



Depois de passar na boate e pegar o meu carro no estacionamento, pelo qual paguei um alto preço pelos dias que o carro ficou lá, fomos até a casa de Edward. Era mais fácil pensar longe dele, mas ainda assim não cheguei a conclusão nenhuma. Talvez pedisse algum conselho a Alice. AH MEU DEUS! Em que ponto cheguei? Cogitar a hipótese de pedir algum conselho para Alice? Onde eu enfiei a cabeça?


Quando chegamos lá, saímos dos nossos carros ao mesmo tempo, e, antes de entrar na casa, trocamos um sorriso cúmplice. Edward tocou a campainha. Quem atendeu foi Alice, óbvio.


– Maninho!! – deu um pulo e se pendurou no pescoço de Edward.


– Calma, Alice, tudo isso é saudade de mim? Nossa, não sabia que você me amava tanto. – falou em tom irônico.


– Seu idiota!! – ela mostrou a língua para ele. – E você, hein? Pensando que vai fugir de mim né, Bellinha?


– Bellinha? – Edward falou mal contendo a risada.


– Em momento algum pensei em fugir de você Alice. – falei ignorando completamente Edward, que já tinha entrado para dentro de casa.


– Eu estava com tanta saudade de você!! – pulou no meu pescoço do mesmo jeito que fez com o irmão.


– Ei, ei, menos, por favor. Não estou acostumada a ser atacada assim. – falei sorrindo.


– Um colega meu de faculdade falava assim. – disse com um sorriso idiota e com a mente bem longe.


– Terra chamando Alice. – balancei a mão na frente do seu rosto.


– Ah, oi. Que foi?


– Onde você estava? Pensando no seu “colega”? – perguntei fazendo aspas com as mãos.


– Ah, Bella, não enche tá. Vamos entrar, já está todo mundo lá.


Ela foi entrando meio aborrecida e apenas o que pude fazer foi segui-la.


– Olá, Bella!! – fui recebida por um abraço caloroso de Esme. Por incrível que pareça, retribuí. Talvez com mais intensidade do que o necessário. Era como se eu devesse alguma coisa a ela. Eu tinha um sentimento de pura gratidão.Não consegui explicar isso a mim mesma.


– Olá, Esme. Tudo bem? – falei sorrindo.


– Claro. Carl vai almoçar em casa, isso é um grande feito. Já deve estar chegando.


Não tinha mais nenhum assunto, e então Edward apareceu descendo as escadas correndo com alguma coisa na mão.


– Achei, mãe!!Estava no meio daquelas tralhas velhas.


Esme olhou para mim e fez um sinal com a cabeça para Edward.


– Não sei o que esse garoto tem com esse disco de vinil. É tão velhos. Acho que nem funciona mais.


Ele examinava o disco procurando algum arranhão e então eu vi a capa. Soltei um gritinho involuntário. Todos olharam para mim, até Edward.


– O que foi, Bella? Tá maluca? – Alice perguntou me olhando como se eu fosse mesmo maluca.


– Até parece. Nada mais normal do que minha reação ao ver um disco de vinil The Dark Side of the Moon. – falei chegando mais perto de Edward para observar.


Ele me olhava estranho.


– Você gosta de Pink Floyd? – ele parecia um tanto relutante ao dizer isso.


– Quem não gosta? – falei como se fosse óbvio - Qual o problema? – olhei para ele. Me arrependi de fazer isso no mesmo instante, pois seus olhos me hipnotizaram.


Um sorriso torto foi se abrindo lentamente em seu rosto. E isso o deixava totalmente deslumbrante.


– Problema nenhum. É uma das minhas bandas favoritas. - o sorriso continuava em seu rosto.


– Ah, é uma das minhas também. Perde para poucas. – tentei dizer algo coerente.


– Por exemplo? – ele parecia ansioso pela resposta, como se sua vida dependesse disso.


– The Beatles. – agora estava mais fácil me concentrar. Falar de música era uma coisa bem natural para mim.


– Sério? É a minha banda favorita.


Não havia nada mais a dizer, então ficamos ali parados nos olhando e senti uma vontade quase incontrolável de beijá-lo. Minha sorte foi que Alice se pronunciou.


– Não quero atrapalhar nada, mas queria bater um papinho com a Bella antes do almoço, sabe, colocar as fofocas em dia.


Olhei em volta. Alice dizia isso e me puxava escada acima e Esme me olhava com um misto de surpresa e satisfação.


Quando chegamos em seu quarto, Alice trancou a porta.


– Bella, o que foi aquilo na sala? Você e o Edward? Senti alguma coisa ali. – disse com um sorrisinho de canto.


– Não inventa, tá? Você na tem a menor condição de falar de mim, ficou viajando legal lembrando seu “amigo”. – fiz aspas com as mãos como anteriormente.


– Ih, Bella, não enche. Ele era só um amigo mesmo. Por que não pode existir amizade entre homem e mulher sem que os outros pensem besteira?


– É, mas você agarra seus amigos homens por acaso?


– Não, né? Aí já é demais.


– E porque ele dizia que “não estava acostumado ser atacado desse jeito”?


Pela primeira vez, ela não soube o que responder. Dei um sorriso vitorioso.


– Você tinha um peguete na Inglaterra!!E gostava dele!!Meu Deus, Alice!!


– Ah, tinha sim, tá! E não era um peguete, – fez uma voz estranha – eu realmente gostava dele, só...não era para ser. – seu semblante ficou meio triste depois que disse isso.


– Eu nem sei o que dizer.- falei - Sabe, quem mora na Europa adora a América. Quem sabe ele vem pra cá algum dia e vocês se encontram! – disse amando minha ideia.


– Ele é americano, foi fazer faculdade lá, assim como eu. Se me lembro bem, é de Seattle mesmo. Mas ele queria ficar morando por lá.


– Ele não tem parentes aqui? Eu quero muito que você o encontre. De verdade. Está visível o sentimento que você nutre por ele. Qualquer coisa que você precisar, pode contar comigo.


– Obrigada, Bella. – deu um sorriso – Não sabe como é bom ouvir isso. – ela me deu um abraço que eu prontamente retribuí.


Ficamos um tempo assim, até eu me desvencilhar de seus braços.


– Alice...Queria te perguntar algo. – disse um pouco temerosa - Mas você não precisa responder, se não quiser.


– Pode falar, já está me deixando preocupada.


– Bom, serei direta. – respirei fundo - Você é adotada?


Observei a expressão de Alice ir mudando de choque para surpresa.


– Bella, como...Quer dizer, sim. Eu sou adotada, mas como você sabe disso? – perguntou curiosa.


– Como o Edward é, eu imaginei que você também fosse, sei lá. Só curiosidade.


Ela arregalou os olhos.


– Edward te contou? Ele não fala nada sobre isso com ninguém. Quando Esme adotou-o, ele tinha 8 anos. Eu tinha 10. Ela me adotou ainda bebê, diferente dele. Lembro-me como se fosse ontem. Ele chegou tímido, não falava com ninguém. Depois foi se soltando. Mas, sempre no dia do aniversário da mãe biológica dele, fica trancado no quarto chorando. Ele diz que está mal, finge doença, mas não consegue enganar. Enfim, voltemos ao ponto principal, quando ele te contou isso? E, essa você não saberá responder, porque ele te contou isso?


– Eu não sei. Ele me contou isso ontem. Nós estávamos no abrigo, passamos o dia inteiro lá. Quando estávamos indo embora, no carro, ele me contou. Foi bem triste vê-lo tão fragilizado. – falei com a voz triste.


– Bella, Alice! Carlisle chegou. Desçam para que possamos conversar um pouco e depois almoçar. – ouvimos Esme gritar.


Olhei para Alice e sorri.


– Vamos logo, estou com fome. - falou


Descemos e encontramos todos sentados no sofá. Edward foi o primeiro a virar-se para a escada. Trocamos um olhar e ele sorriu. Foi impossível não sorrir de volta.


– Olá, Carlisle! – falei


Ele se virou e deu um leve sorriso.


– Oi, Bella. Que bom ver você aqui. – sorriu mais abertamente – E Alice, vem cá, dá um abraço no seu pai.


Ela riu e se jogou nos braços do pai. Queria ter uma relação assim com o meu. Fui andando lentamente até eles. E sentei-me na poltrona ao lado, um tanto desconfortável. Me sentia como uma estranha naquela família. Edward percebeu, pois perguntou ao pai.


– Como estão indo os negócios com o Charlie? – ah, ele não sabia como eu preferia observar aquela cena de família feliz a qual eu não pertencia, do que falar do meu pai.


– Ah, sim. Charlie é muito bom profissional, um ótimo sócio. – sorriu para mim. Tentei, mas não consegui sorrir de volta.


– Que bom que você pensa assim. Quando se aprende a lidar com ele tudo fica mais fácil. – forcei um sorriso a sair, mas deve ter parecido uma careta.


– Até agora não tivemos problemas. Só muito trabalho. – ele riu.


Como ninguém parecia ter mais nada a dizer sobre o assunto, Esme se pronunciou, ou melhor, tentou.


– Bem, então eu acho que vou mandar... – não conseguiu terminar de falar, pois Alice a interrompeu nervosamente.


– Não, não precisa. Eu mesma vou lá na cozinha. Fica aqui aproveitando o tempo do meu pai em casa. – todos lançaram um olhar estranho para ela. Exceto eu. Meu olhar foi de pura gratidão. Ela apenas sorriu e saiu da sala.


– O que deu nela? – Esme perguntou para ninguém em especial.


– Eu não sei. Mas isso foi estranho. – disse Carlisle.


– Foi. Muito estranho. – Edward concordou.


Durante o almoço a atitude de Alice foi esquecida. Apenas Edward lhe mandava uns olhares estranhos, que foram totalmente ignorados.




[...]




Após almoçarmos, conversamos mais um pouco e depois eu e Edward fomos embora junto com Carlisle, que voltaria a empresa.


Fui em direção a meu carro, mas assim que abri a porta tive uma ideia.


– Você vai para o apartamento? – perguntei


– Sim, não tenho outros planos. Por quê?


– Tem algum filme que você queira ver? Acho um desperdício ter aquela TV enorme e nós nem usarmos. Vou passar na locadora.


– Boa ideia. Escolhe o filme que você quiser,mas...Só para constar, gosto de musicais. – deu uma piscadela. – Eu compro a pipoca. Nos encontramos lá, então.


– Fechado. – entrei no carro e ele fez o mesmo.


Dirigi até a locadora que eu tinha conta. Assistia filmes sempre, até pensei em fazer faculdade de cinema. Chegando lá, logo bati o olho no filme perfeito. Era um dos meus favoritos, e Edward havia dito que gostava de musicais...Paguei de uma vez e o atendente disse que deveria devolver no dia seguinte.


Fiz o caminho para chegar até o apartamento, mas peguei um leve congestionamento e demorei dez minutos a mais do que demoraria normalmente.


Quando abri a porta, vi Edward abaixado mexendo em alguns fios na TV.


– Oi. – falou sem interromper o que fazia. – A pipoca está no micro-ondas . Que filme você trouxe?


Finalmente terminou de conectar os fios e se virou para mim.


– Espere e verá. – sorri diabolicamente


Fui direto para o quartinho com a sacola da locadora em mãos. Eu tinha que colocar as roupas no guarda-roupa logo. Era horrível ter de procurá-las nas malas. Mas a roupa que eu queria estava fácil de achar. Minha “roupa de assistir filmes”. A batizei assim, pois eu sempre usava o mesmo estilo de roupa quando ia assistir filmes ou séries e qualquer coisa na TV. Uma calça de moletom preta e um blusão de malha. Depois de estar com a roupa certa, saí e fui até a sala. Edward já estava com a pipoca, mas não comia, parecia que estava me esperando.


– Pronto. Já cheguei. – falei e fui em direção ao aparelho de DVD e coloquei o filme. Sentei-me ao lado de Edward no sofá. Não tão perto ao ponto de nossas peles se encostarem, mas perto ao ponto de poder sentir o calor e o cheiro que emanavam de seu corpo.


– Que roupa é essa? – perguntou divertido.


– Não implique, só assisto TV assim. É melhor se acostumar. – falei sem muita paciência.


– Tá bom, então.


Fez-se silêncio e então o nome do filme apareceu na tela.


– Grease? Sério? Como você sabia? – disse sorrindo.


– Eu não sabia de nada. É um dos filmes que eu mais gosto.


Quando o filme começou ficamos quietos, apenas comendo pipoca. Ele riu da minha cara quando comecei a cantar Summer Nights um pouco empolgada demais, mas logo se rendeu e cantou junto.


Ele, assim como eu, conhecia todas as músicas do filme, e chegou um ponto em que fazíamos os duetos da Olivia Newton John e do John Travolta.


Quando o filme terminou, mudamos de canal até eu ver que estava passando The Big Bang Theory. Edward implicou, mas depois pude perceber que se divertiu assistindo.


Foi realmente muito legal. Nunca poderia imaginar que ele gostasse de Grease. Cada dia eu me surpreendia mais com esse cara de olhos verdes.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Eu gostei, mas foi muito difícil escrever. Achei que não conseguiria. Enfim, comentem e me digam o que acharam. Sobre o meu sumiço, culpem a escola. Minhas primeiras avaliações começaram, sem falar dos exercícios. Sobre a Bella gostar de cinema, é uma homenagem a uma amiga minha, que provavelmente não está lendo isso. Ela ama cinema. Bom, só o que tenho a dizer é pedir que vocês comentem. Todos os reviews serão respondidos. Beijos e até o próximo.