Eu Te Odeio Vs. Eu Te Amo escrita por maria


Capítulo 9
Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Até que eu não demorei muito, né? A escola está me matando. Eu ia demorar muito pra postar, mas aí comecei a escrever e saiu isso aí. Não estava nos meus planos, mas...O próximo vai ter mais romance. Boa leitura e leiam as notas finais.



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Depois de assistirmos TV, cada um foi para seu quarto. Ele provavelmente iria dormir, mas eu estava sem sono, então peguei meu Ipod e coloquei para tocar músicas aleatórias. Mas não conseguia me concentrar em nenhuma. As lembranças da manhã me assaltaram novamente. Como mais cedo, apesar de elas virem com perguntas sem respostas, eram agradáveis. Mais do que deveriam. Eu queria aquilo de novo. Queria sentir seus lábios macios contra os meus, sua língua se movimentando junto a minha, seu hálito delicioso...Porém, eu sequer sabia se aquilo foi real. Por que eu me lembrara dois dias depois? Eu não gostaria de perguntar a Edward se aconteceu algo. Ia ficar um clima estranho, justo agora que nossa convivência estava boa como nunca imaginei que pudesse ser um dia. Eu não poderia estragar isso com perguntas inconvenientes. Mas será que valia mesmo a pena aguentar todos os questionamentos que eu fazia para mim mesma? E se eu devesse perguntá-lo sobre aquela noite? Talvez ficasse um clima estranho entre nós. Talvez ele confirmasse que nós nos beijamos. E eu não podia aguentar mais um segundo sem saber o que realmente aconteceu.

Desliguei o Ipod e me levantei da cama. Respirei fundo, saí do quartinho e fui em direção ao dele. Pela luz que passava por debaixo da porta, pude ver que ele estava acordado. Bom, pelo menos eu não teria que esperar pela manhã para conversar com ele. Bati na porta.

- Edward, você está acordado? – era óbvio que eu devia perguntar, vai que ele dormiu de luz acesa?

No mesmo instante a porta foi aberta e ele apareceu com o cabelo mais desgrenhado do que nunca. E eu queria passar a mão neles.

- Bella? O que foi? Aconteceu alguma coisa? – perguntou confuso.

- Não, quer dizer, sim. É, a gente precisa conversar. – falei tudo rapidamente.

- Ahn, tudo bem. Entra aqui.

Fiz o que ele pediu e novamente vi o quarto que havia acordado no dia seguinte àquele. Ele veio em minha direção e sentou-se na cama fazendo um gesto para que eu me sentasse ao seu lado, o que prontamente fiz.

- Bom, não sei como começar. – me preocupei com o modo como diria sobre minhas recentes lembranças sobre o ocorrido. – Eu tenho uma pergunta para fazer a você. – falei nervosamente.

- Diga, então. Você parece meio nervosa. – ele ainda estava confuso. Era de se esperar.

- É. Um pouco. – respirei fundo – Vou direto ao assunto. – olhei para minhas mãos que se contorciam em meu colo. – Naquela noite, sabe, da boate, aconteceu algo que você não contou? Eu...me lembrei de algumas coisas.

- Você se lembrou do quê, exatamente? – seu tom era cauteloso.

Levantei o olhar e fixei meus olhos nos seus.

- Eu, você, nós dois. A gente...se beijou? – minha voz foi ficando aguda no final da frase.

- Sim. – ele deu um suspiro. – Eu contava com o fato de você não se lembrar disso.

- Está arrependido? – arqueei as sobrancelhas.

- Te devolvo a mesma pergunta. – arqueou as sobrancelhas do mesmo modo que eu. Desviei o olhar.

- Não. Aliás, eu estava bêbeda, não é? – falei nervosa, tentando deixar claro pra ele que por mim tudo bem. A expressão dele mudou para outra que não consegui identificar.

- É. Foi só um beijo. A gente não precisa fazer escândalo à toa. Só...vamos esquecer isso. – enrugou a testa.

- Exatamente. Fingiremos que nada aconteceu. Até porque não aconteceu nada mesmo. Só um beijo. Um ato impensado, impulsivo. – e extremamente delicioso, completei mentalmente.

Sua expressão ainda estava estranha.

- Isso. Nada aconteceu. Vamos deixar isso pra lá.

- É. Fechado. – levantei a mão como que pedindo para ele apertar. Quando o fez, os pelos da minha nuca se eriçaram. Acho que ele não percebeu. Soltamos nossas mãos rapidamente.

- Então...

- Eu vou te deixar dormir. Já estou com sono. Boa noite. – falei indo em direção a porta.

- Bella? – ouvi Edward me chamar e me virei para vê-lo já deitado. – Boa noite.

Revirei os olhos e saí. Deitei-me e procurei não refletir muito sobre a conversa que tivemos. Mas foi impossível. Aquelas expressões que ele fazia eram tão estranhas. Parecia que ele estava decepcionado ou algo do tipo. Só podia ser coisa da minha cabeça. Tudo tinha sido colocado em pratos limpos. Mas parecia que faltava alguma coisa. Parecia que algo não se encaixava. Isso era demais para mim. Um dia tão bom acabar tão...confuso e estranho. Vai entender.

Só consegui dormir mais tarde, mas esses pensamentos não saíram da minha cabeça.

“Saí do colégio conversando animadamente com Seth. Falávamos dos planos para hoje à tarde, já que eu ia para sua casa. Isso era frequente, pois meus pais quase nunca ficavam em casa. Minha mãe, ou estava fazendo compras ou organizando eventos, meu pai, sempre trabalhando. Apesar de Billy ser sócio de Charlie, ficava bem mais em casa. Invejava Seth por isso.

Enquanto tentávamos passar em meio a multidão de alunos, Harry acenou fazendo com que víssemos ele parado ao lado do carro.

Foi tudo muito rápido. Íamos até o carro,dois caras encapuzados apareceram, agarrando Seth sem que eu nada pudesse fazer. Ele se debatia e as pessoas em volta olhavam a cena chocadas demais para fazerem algo. Harry imediatamente avançou em cima dos homens, dando socos muito fortes. Um deles soltou Seth e saiu correndo e cambaleante em direção a um carro. O outro estava dividido entre segurar Seth e tampar sua boca, e lutar com Harry. Era nítido seu desespero ao ver o comparsa fugir com o carro. Em um ato rápido, tirou um revólver do bolso. Apontou para cabeça de Seth e disse que se alguém fizesse alguma coisa, o garoto morreria. Harry parou de lutar com o homem, temendo pela vida de Seth. Mas observava cauteloso. Quando o bandido gritou para que os observadores circulassem, Harry aproveitou seu momento de distração e tentou desarmá-lo. Uma luta pela posse do revólver. Seth saindo dos braços do bandido e correndo em minha direção. O som de um tiro.”

Acordei ofegante e suada. Lágrimas escorreram freneticamente por meu rosto. Sonhar com aquele dia era quase como revivê-lo. Tão aterrorizante quanto. Aquelas lembranças me perseguiriam até o fim de minha vida. Nada mudaria isso.

Mas por que eu tive aquele sonho? Depois de 7 anos? O que tinha desencadeado isso? Seria a minha conversa com Sue alguns dias antes?

Olhei no relógio. Seis e meia da manhã. Muito cedo. Porém eu sabia que não dormiria novamente. Não com aquelas lembranças me assombrando. Levantei-me da cama e fui até o banheiro. Estava com olheiras terríveis. Joguei a água gelada da pia, tentando raciocinar. Nunca fui muito supersticiosa, nem acreditava em destino, ou mesmo em recados do além. Mas algo dentro de mim disse que eu devia ir visitar o túmulo de Harry. Parecia meio sombrio ir tão cedo ao cemitério. Por isso decidi que iria comer algo em uma padaria qualquer, e talvez chamar Sue para ir comigo. Ela acordava cedo.

Fui ao quarto escolher algo para vestir. Acabei por colocar uma calça jeans, uma blusa preta e um casaco de lã bege por cima. E com o All Star de sempre, claro. Passei maquiagem nos olhos para disfarçar a noite mal dormida. Procurei o colar com pingente de estrela que Harry tinha me dado no meu aniversário de 16 anos. Alguns meses antes daquele fatídico dia. Quando o encontrei, coloquei no bolso. Era algo pessoal demais para ficar exposto no pescoço. Peguei as chaves do carro e saí.

Fui dirigindo até uma padaria que estava sendo aberta naquele momento. Eram sete horas. Entrei, sendo encarada por um dos funcionários, por estar ali tão cedo. Me dirigi até o balcão onde havia uma mulher limpando-o.

- Olá, será que tem alguma coisa pronta? Um bolo, um croissant...? Quem sabe um capuccino? – falei tentando ser simpática.

- Hum, claro. Tem um bolo que acabou de sair do forno. Eu pego um pedaço para você.

- Obrigada. – a mulher se retirou e foi em direção a cozinha.

Enquanto dirigia, eu tinha decidido não envolver Sue. Ela ficaria preocupada, e eu sabia que não fazia bem algum lembrá-la da morte de seu amado. Apesar de acreditar que ela visitava o túmulo de Harry bem mais que eu. A moça voltou com um prato em mãos. Nele estava uma fatia do bolo que cheirava muito bem, por sinal.

- Aqui está. – fez uma pausa, e parecia estar hesitante ao falar. – Acho que eu já te vi em algum lugar...Você é filha de Charlie Swan, certo?

- Sim, eu sou. – respirei fundo. Nesses momentos que era difícil. Ser reconhecida por causa de seu pai.

- Ah, meu pai trabalha para ele. Charlie é um grande homem, ele sempre diz. – acho que ela percebeu minha expressão meio chateada, pois tentou ser elogiosa. Não funcionou.

- Que bom que seu pai pensa assim! – com muito esforço sorri para ela. – Ele trabalha lá há a quanto tempo?

- Quatro anos. – respondeu.

Não tinha mais nada a dizer, então comi meu bolo em paz. A atendente sempre me olhando de esguelha. Deveria se perguntar por que, eu, filha de um grande empresário, estava acordada tão cedo e tomando café da manhã numa padaria vazia. Se ela soubesse de tudo que me levou até ali...

Depois de comer, fui até o caixa. Não pude deixar de perceber que agora havia mais pessoas lá, porém ainda estava meio deserto. Após olhar os preços numa tabela, dei uma nota ao cara do caixa e saí meio apressada.

Olhei no relógio, eram sete e vinte. Eu tinha demorado muito comendo. O carro estava estacionado em frente a padaria então fui rápida ao chegar até ele. Dirigi pelas ruas de Seattle com uma velocidade impressionante. Algo me compelia a fazer isso.Então me lembrei de uma coisa importante: flores. Eu deveria levar flores, claro. Como não pensei nisso? Fui até a floricultura mais próxima e comprei rosas brancas. Eram as que eu considerava mais belas. Cheguei ao cemitério em tempo recorde, considerando a distância do centro até lá. Olhei no relógio novamente e ele marcava oito horas. Entrei lentamente, segurando as flores e pegando o colar no bolso. Lembrava bem do caminho até o túmulo.

Quando vi a foto de Harry, não pude evitar as lágrimas. Por que tinha que ter sido assim? Se aquilo não tivesse acontecido, como eu estaria agora? Como tudo estaria agora? Sue ainda trabalharia em nossa casa, Seth e Billy ainda morariam aqui, Harry estaria vivo...Talvez eu poderia tentar viver uma vida normal, sem grandes traumas. Talvez eu não tivesse conhecido Jacob, ou talvez não tivesse me iludido com ele, e não teria sofrido tanto. Mas eram muitos “talvez”. E aquilo tinha acontecido. As lágrimas rolavam por meu rosto sem piedade. Se alguém a visse ali, poderia pensar que era uma perda recente. Mas não era. Tivera tempo para superar, mas não conseguiu fazê-lo. Era doloroso demais.

 Me ajoelhei e coloquei as flores delicadamente por cima do túmulo. Queria que, Harry, onde quer estivesse, soubesse a falta que fazia. Apertei mais o colar na mão, lembrando de tudo. Das brincadeiras dele, de como ele implicava com Seth, como era superprotetor...

Fiquei ali, chorando, por um período imensurável de tempo. Poderiam ter sido anos. Até que, finalmente, minhas lágrimas secaram. Levantei-me e limpei os joelhos um pouco sujos. Quando olhei no relógio pela milésima vez naquela manhã, percebi como o tempo voara. Eram nove horas. As lembranças me mantiveram absorta.

Quando alguém escolhe viver de lembranças, não pode reclamar do tempo que gasta com elas. As pessoas dizem que não é saudável ser muito apegado ao passado, temos que seguir em frente. Quem diz isso com certeza nunca sofreu de verdade. As lembranças são a única coisa viva, feliz e imutável que se pode ter. O futuro é incerto. É claro que agora eu poderia sair de Seattle e arrumar minha vida com o pouco que me sobrara. Mas as lembranças ainda seriam minhas melhores amigas. O passado já foi escrito. O futuro está sendo escrito no presente. Quando não temos muito poder sobre ele, o passado é nosso amigo. Entende nossos problemas, nunca nos abandona. O problema de ser feliz, é saber que essa felicidade um dia vai embora, deixando apenas pedaços de alegria. E era disso que eu vivia.

Mas algo havia mudado. Após conhecer Edward, eu sentira várias coisas. Raiva, na nossa primeira briga. Depois a raiva foi dando lugar a admiração, no dia em que vi ele brincalhão com as crianças. Compaixão, por saber que tinha perdido sua mãe tão cedo. Afinidade, depois de perceber que ele gostava das mesmas coisas que eu. E, depois da nossa conversa de ontem, eu não sabia. Só sabia que não estava tão feliz. Eu queria que ele me beijasse de novo e de novo...

Afastei esses pensamentos. Não poderia colocar em risco minha sanidade mental já duvidável. Saí do cemitério sem me importar com nada. A rua estava mais movimentada do que quando entrei, e as pessoas me encaravam com uma expressão estranha. Ao chegar no carro, percebi o motivo, minha maquiagem estava toda borrada. Passei a mão para tentar limpar, o que só piorou a situação. Foda-se, pensei. Que diferença faz o que os outros pensam?

Dirigi praticamente entorpecida até o apartamento. Não prestava atenção nas ruas, era tudo no automático. Ir ao cemitério talvez não tivesse sido uma boa ideia. Mas eu sentia que devia isso ao Harry. Como se fosse minha culpa...

Cheguei a garagem e estacionei perto do Volvo de Edward. Então ele estava em casa. Eram dez horas, eu tinha dirigido muito devagar.. Ele devia estar dormindo. E eu esperava que estivesse, do contrário eu teria que dar explicações sobre minha aparência e meu rápido desaparecimento. No elevador só conseguia mentalizar que ele não estivesse acordado.

Abri a porta bem devagar. Ao escutar o silêncio, entrei.

- Bella! – ah, não! Sua voz parecia aliviada. Eu não queria que ele me visse, mas Edward veio em minha direção mesmo assim. – O que aconteceu? Você sumiu de repente...Eu estava preocupado. – disse como se assumisse uma grande falha.

E então ele viu meu rosto. Bochechas pretas por causa do rímel, olhos então, piores ainda. Sua boca abriu em choque.

- Oi. – falei tentando quebrar o silêncio estranho.

- O que aconteceu com você? – perguntou pasmo.

E eu não sabia o que responder.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Eu gostei. Pois é, revelei o passado da Bella. Ainda faltam alguns detalhes, mas acho que dá pra entender. Comentem bastante. E não é só pra me dar combustível pra escrever. É claro que dá um gás, mas eu realmente preciso de comentários. Estou tão triste. Nem vale a pena falar o porquê aqui. Mas, por favor, comentem e me façam feliz. Quem quiser recomendar, não me oponho, rsrs. Até o próximo.