Será!? escrita por Mila


Capítulo 14
Blefando


Notas iniciais do capítulo

Ahhh, cheguei.
Oi, meus amores.
Volteeeeeeeeeei
Quero agradecer novamente à quem comentou e se importou com a Mila (não acredito nisso). Então, agradeço à:
*Cata leal, (obrigada por se importar com a Mila, desculpa se eu te fiz chorar)
*Giulia, (lindo o gesto de mostrar que você se importou com o meu agradecimento. Olha eu agradecendo de novo! hahaha)
*Clarissediangelotratadocahill (por adorar, eu te adoro!)



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Duas horas de voo num avião roubado se passaram em completo silêncio. Mesmo depois de recuperarem o fôlego após tanto chorar, e o barulho que vinha do rádio alertando-os que a polícia internacional estava atrás dele cessara, não houve nem comentário, nem qualquer som emitido por Ian e Amy.

O céu azul e limpo os cercava. Um lindo vazio.

Ian sentia um gosto estranho na boca.

Ele tinha matado Mila Dragão? Isso era errado. Não era? Na verdade, ele nem sabia mais o que era o certo, porque tudo que ele tinha feito não parecia certo. O mais próximo de saber o que era certo que ele chegava era compreender que isso era o oposto do errado. E tudo que ele fizera era errado.

Ele traíra a confiança de Amy vestindo uma peruca para enganá-la, traíra a própria família ao fingir ser outra pessoa, e agora fora egoísta demais. Mais do que já era. O suficiente para trocar a vida de uma pessoa pela de outras.

Era errado, ele sabia, e por isso não estava bem.

-Amy... - ele falou devagar. Falar parecia incomodar o enorme caroço em sua garganta. Ele já tinha chorado, como poderia ainda se sentir mal? E se chorasse de novo? - Tudo o que eu fiz... Tudo o que eu fiz nesses...

-Não diga nada. - pediu Amy num sussurro. - Está sendo difícil para todos.

-Eu fui egoísta. - ele soltou.

Amy finalmente desviou o olhar do céu azul e olhou para ele.

-O que disse?

Por mais que já tivesse passado por muitas coisas estranhas e impressionantes, ela, Amy Cahill, não conseguia acreditar que estava ouvindo isso de Ian Kabra.

-Eu errei feio. - ele encolheu os ombros. - Estraguei tudo por causa do meu egoísmo.

Amy só ficou olhando-o, sem saber o que dizer. Não sabia nem ao menos se deveria dizer alguma coisa.

-O avião ergueu voo por minha culpa. Eu estou pilotando. Eu escolhi deixar Mila para trás...!

-Achei que não gostasse dela. - comentou Amy baixinho.

-Não é questão de gostar. É questão de ser humano! Eu deixei que ela morresse e... Eu deveria estar no lugar dela. Você sabia que ela só foi para Níger, se sacrificando toda, porque queria que eu agisse. Digo, que eu contasse à você que eu sou Ian e não Ethan?

-Eu não sabia... - ela murmurou aturdida com as novas informações.

-Ela me odeia, mas pensou em mim! Pensou... Pensou em nós, mesmo se isso... - a voz dele abaixou alguns decibéis. - mesmo se isso não existe. Ela se sacrificou.

Ele ficou mudo de repente.

Amy não soube o que dizer, o que fazer, não soube agir naquela situação, e então, meio aos tropeços falou:

-Mila... Mila pode não estar morta. Talvez os Vespers não tenham encontrado-a ainda. Espere. Vou ver aqui no GPS.

Enquanto o aparelho ligava, Ian falou bem baixinho:

-Eu errei com você, Amy. Errei feio.

-Você achou o que achava que fosse certo. - ela não ousou olhá-lo. Ao invés disso não desviou os olhos do GPS em seu colo.

-Mas foi errado. - ele rebateu. - Eu fui egoísta. Exagerei, não foi?

Amy sorriu tristemente para combinar com o sorriso dele.

-Não foi um dos seus melhores planos.

-O de bajular a moça da loja para conseguir desconto no casaco foi melhor, não foi?

Eles riram, recordando da cena.

-Realmente, até aquele plano foi mais inteligente do que... - sua voz sumiu. - esse último. Acho... Acho que foi uma recaída.

Ele sacudiu os ombros.

-É... Eu caí lá do alto no dia em que brigamos. Foi quando comecei a despencar.

As vezes é assim, a pessoa só percebe que está fazendo algo quando alguém lhe mostra isso. E quando dói - a dor da verdade - é quando descobrem onde estávam, o quão imbecíl estavam sendo. Ninguém tem noção de onde está até despencar e se chocar contra o chão. Aí a dor nos avisa que erramos. E quanto mais dói... mais grave foi o erro, mais pessoas se machucaram emocionalmente.

De repente, Amy arfou.

-O GPS ligou. - ela avisou.

-Mila está na Namíbia?

Amy inclinou-se para observar. O pontinho vermelho piscava, se movimentando rapidamente, pelo mapa. Então, antes que um dos dois pudesse soltar qualquer exclamação o ponto foi perdendo a rapidez até parar.

-O que é isso? - perguntou Ian com a voz rouca, quando observava o GPS na mão de Amy. - Por que parou.

As mãos da garota começaram a tremer.

-Pela velocidade que estava parecia estar já no avião. Foi isso que ela nos disse, não? Para observar a velocidade que o pontinho vermelho se movimentava, pois assim saberiamos se ela já tinha sido captura ou não. - ela falava sem parar, não conseguindo esconder o nervosismo.

-Exatamente. - Ian confirmou e sua voz tremeu. Ele pigarreou e encontrando um resquício de força, falou: - O avião deve ter pousado, mas ele não pousou na Namíbia, pousou?

-Não. Isso aqui é o Congo. Por que o avião pousou no Congo? É na Namíbia a base secreta deles. Eu tenho certeza! Não podemos estar errados!

-Não estamos errados. - ele falou de repente. Amy virou-se para observá-lo, assustada. Ele continuou olhando para o céu azul na frente deles. - Eles querem que ela desapareça do mapa, lembra?

Foi então que Ian girou a cabeça para o lado e seus olhar encontrou-se com o de Amy e eles compartilharam o mesmo pensamento:

Hora da execução.

*****

Uma dor atrás dos olhos dez Mila acordar com um gemido.

Nada ao seu redor parecia fazer sentido. O que era aquele barulho? Um enxame de abelhas? Mas onde estava que poderia ter um colméia? Bem, era mais provável que seu ouvido não estivesse mais funcionando.

Tentou adaptar os olhos à luz do ambiente. Aos poucos as cores foram aparecendo e os borrões tornando-se formas.

Que estranho, ela pensou, está tudo riscadinho.

Demorou um longo tempo, um dolorido tempo, para que todo o seu corpo se adaptasse ao local, e quando isso aconteceu ela percebeu, olhando por uma pequena janela redonda, que estava em um avião e que tudo parecia riscadinho porque ela estava dentro de uma jaula que, pelo cheiro, poderia ter sido usada como casa para passarinhos - provavelmente traficados.

Mila Dragão, agente Ekat, se xingou.

Como pudera ser tão fraca a ponto de ir parar ali, numa gaiola de passarinhos?!

Procurou pela adaga que mantinha dentro da bota, então percebeu que não vestia mais as suas roupas. Ao invés disso, usava uma bermuda larga que mal lhe servia e uma blusa bege. Que roupa era aquela?

Ela bufou, irritada.

Como? Tornou a indagar-se. Como pode ser pega tão facilmente? Como? Ela, Mila Dragão, Agente Ekat!

Mas os xingamentos foram atrapalhados por um gemido abafado. Sua perna esquerda estava virada num ângulo estranho e doía tanto que, se pudesse, gritaria.

-Eu vou chegar primeiro que Amy e Ian na Namíbia! - Desta vez ela choramingou e deixou-se escorregar no chão cheio de penas, derrotada.

Respirar doía, por isso ela se obrigou a manter-se calma para não alterar a respiração.

Ainda deitada, seus olhos buscaram por algo que pudesse ajudá-la. Sacos de alpiste, um bebedouro, algumas mochilas, frascos com conteúdos coloridos e suspeitos e uma faca cerrilha em cima de uma mesinha de plástico.

Então, simplesmente por olhar o que tinha no bolso externo de uma mocilha - graças a mente rápida comum aos membros do clã Ekat - , ela teve uma idéia.

Testou ficar de pé e, primeiramente, o seu joelho falhou, fazendo-a voltar ao chão. Não desistiu. Mesmo com a perna latejando de dor, ela enfiou os dedos pelos buraquinhos da gaiola e ergueu-se fazendo esforço.

Enfiou o braço no buraquinho que trocava a comida das aves e esticou-se o máximo possível, tentando agarrar a mochila. Não obteve um resultado tão rapidamente, mas obteve. Assim que fechou o indicador, o dedo médio e o polegar numa das alças da mochila, agarrou e puxou-a para perto.

Colocou o outro braço pelo buraco do alpiste e se concentrou.

Aguentar o peso do próprio corpo em uma perna apenas, já que a outra estava machucada, era difícil. Além disso, ela tinha que segurar a mochila com uma mão enquanto a outra tentava abrir o zíper e pegar o que queria.

Ouviu uma risada vindo da cabine de pilotagem.

Imediamente gelou.

Puxou o celular que encontrara no bolso externo da bolsa e jogou esta para longe. Fez um barulho, na opinião dela, desnecessário.

-O que foi isso? - ela ouviu uma dos homens dizer.

Lembrada da última e recente experiência que teve com eles, ela não estava nem um pouco afim de revê-los novamente, muito menos assim tão cedo.

Puxou os braços de volta, mas eles ficaram presos.

Mila arfou, desesperada.

Ela tentou, milhares de vezes, puxar os braços para perto de si, sem resultado.

Ela conseguia ver, pela janelinha de vidro embaçado da porta que separava a "prisão" onde estava da cabine de pilotagem, sombras se movendo, pondo-se em pé. Iam abrir a porta.

Puxou, mais uma vez, os braços.

Nada.

Então girou-os, ficando com as palmas das mãos para cima e puxou-os. Quando eles saíram ela quase não pode conter uma exclamação de felicidade; porém sua perna não aguentou nem por mais um segundo, fazendo-a cair de bruços no chão.

A porta se abriu nesse momento.

-Ah. Você acordou. - foi o que o homem disse.

Por sorte - muita sorte - ela caiu em cima do celular, que ficou escondido sob seu corpo.

Ela fechou metade dos olhos e ergueu o seu olhar para o homem de pé, do outro lado da gaiola.

-O que...? - falou debilmente. - Onde estou?

O homem gargalhou e bateu na grade, como se fosse seu companheiro.

-Era usada para o tráfico de papagaios em 2006. - ele anunciou, satisfeito. - Lucrava bastante.

Mila forçou um gemido, que não foi muito difícil.

-Passarinhos?

Ele se agachou para observá-la de perto.

Com o coração disparado e o corpo todo tremendo, ela obrigou-se a manter com uma expressão de alguém dopada.

-Que bom que não se incomoda, porque essas penas todas... dão alergia. - Ele levantou-se e caminhou na direção da porta. - Ainda temos algumas horas de voo, você pode... Ahn... Criar um cocar com todas essas penas.

Ele riu debochadamente e saiu.

Mila suspirou.

Retirou o celular de baixo de si e o ligou.

Mexeu nas configurações, no sinal, ligou o wifi, no bluetooth... Em tudo que tivesse algo relacionado à contato.

Dentro de poucos minutos ela escutou um bip a cada cinco segundos vindo da cabine de pilotagem. Ela conseguia escutar:

-O que é isso?

-Não me diga que está acabando o combustível.

-O que está acontecendo?

E em meia hora ela sentiu a aeronave descendo. Ela sorriu, satisfeita. Agora, Amy e Ian teriam mais tempo.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Gostaram? Gostaram?
Estão surtando?
HASUSHAUSHUSHSUA
Mereço favoritos? Recomendações? Um surra?
—-Por favor não me batam ou não terá um próximo capítulo----



Quero que vocês comentem, por favor *-*




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