São tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo que não dar nem tempo de decidir se está feliz ou triste.

POV. Mariana

- Você vai continuar fazendo suspense Stev?

- Vou, e não adianta insistir.

Eu fiz biquinho e suspirei.

- Calma Mari – disse ele rindo – a gente já tá chegando.

Estávamos na estrada a mais de uma hora e eu estava ficando entediada. Foi ai que Steven virou a rua e parou o carro.

- Chegamos – ele disse, com um sorriso enorme.

- Onde estamos? – perguntei

- Em Malibu. Achei que você iria gostar daqui.

Eu sai do carro e olhei ao redor. Havia uma casa de madeira – muito bonita por sinal – a minha direita, com um jardim de flores na parte detrás. A varanda da casa apontava para o mar. O lugar era calmo, e encantador.

- Uau – exclamei – como é lindo aqui.

- É sua – disse ele, jogando as chaves.

- Como é? – eu olhei, surpresa.                     

- Eu nunca te dei nada, e você merece muito mais por estar me suportando esse tempo todo.

- Ah não brinca Stev, eu não fiz nada demais e... – eu já estava ficando vermelha.

- Mari, você ficou do meu lado quando eu tive a overdose. Você me acompanha em todos os shows, e tá sempre comigo. Isso pra mim já é muita coisa.

- Olha você me deixando vermelha denovo. Não tem nada a ver, para com isso.

Ele sorriu.

- Vem cá tomatinho – disse ele me puxando.

Eu o beijei.

- Vamos entrar? Tu ainda não conhece a casa por dentro.

Eu assenti. Entramos na casa e eu fiquei sem palavras. A sala era linda. Havia dois sofás brancos de camurça, uma mesa de centro decorada com um vaso cheio de rosas vermelhas. Uma estante cheia de livros. O toca discos estava encostado na parede, e do lado havia um armário repleto de discos de vinil. A janela era virada para a praia, e havia um quadro com duas baquetas cruzadas pendurado na parede, completando a decoração.

- Cara, é... lindo – eu disse.

- Não quer conhecer o quarto? – disse Stev, com um sorriso travesso na cara.

- Vamos então – respondi, retribuindo o sorriso.

Eu subi as escadas correndo com Stev atrás de mim. Ele me puxou pelo braço e me prensou na parede. Eu girei a maçaneta da porta e entramos no quarto.

Ele arrancou minha blusa e me jogou na cama. Eu o beijei e ele retribuiu, quente. Cravei as unhas nas suas costas, deixando vários arranhados em diferentes direções. Eu entrelacei as pernas na sua cintura e ele passou a mão na minha nuca, mordendo minha boca de leve. Isso me fez suspirar profundamente. “Esse filho da puta sabe me enlouquecer”, pensei.

POV Slash

Uma semana depois Mari e Steven voltaram de Malibu. Estavam rindo a toa, e sei bem o motivo. Lari e Izzy se acertaram também, depois da declaração que ele fez para ela em Nova York. Ela voltou estranha da lua de mel, e Izzy também estava com cara de poucos amigos.

- O que rolou entre vocês? – perguntei.

- Lari passou mal na viagem – Izzy respondeu

- E...

- E eu tô grávida Slash – disse Lari.

Eu sentei no sofá, sem reação. Um casamento já era difícil de aguentar, agora um filho?! Não, aquilo era demais. Peguei uma garrafa de Jack Daniel’s na geladeira e fui até a porta.

- Eu vou dar uma volta – eu disse, para ninguém em especial.

Eu sai batendo a porta e acendi um cigarro.

- Ei Slash, espera! – Axl gritou.

- O que foi Axl? Volta para o apartamento e aproveita e engravida a Lilian também – respondi, seco.

- Ah, que porra Slash! Tu sabia que aquilo ia acabar acontecendo.

- Mas eu amo a Lari Axl! Isso não é justo!

- Slash, tenta entender uma coisa, a Lari e o Izzy são casados, e agora vão ter um filho. Tu tem que seguir em frente caralho! Esquece essa menina logo!

- Ah Axl quer saber? Vai logo comer tua mulher e me deixa em paz. Eu preciso pensar.

Ele resmungou alguma coisa, acendeu um cigarro e voltou para o apartamento. Eu resolvi ir para o estúdio, que ficava a poucas quadras dali. Peguei a guitarra e liguei nos pedais e no amplificador. Na real não sei bem porque, mas comecei a tocar Sweet Child o’ Mine. Acho que foi um bom jeito de fingir que nada disso estava acontecendo.

POV Mariana

Depois que Slash saiu, eu resolvi descer as escadas.

- É isso mesmo que eu ouvi? Tu tá grávida Lari? – perguntei.

Ela assentiu timidamente.

- Vem Lari – eu disse – nós temos que conversar.

Ela subiu as escadas e fomos para o meu quarto. Steven estava deitado na cama, com um caderno ao seu lado e duas baquetas na mão. Lari e eu o encaramos.

- O que foi? É para eu sair? – ele fez-se de desentendido.

Eu cruzei os braços e fechei a cara.

- Mas que porra... Tá, eu tô saindo – ele disse.

Eu beijei Stev e ele saiu do quarto.

- Lari, existe uma coisa chamada camisinha e que se compra nas farmácias, e em outros lugares também. Tu já ouviu falar?

- Ah Mari, cala a boca. Agora não adianta falar nada. Já tem alguém – ela apontou pra sua barriga – dentro de mim.

- É, eu sei. E o que tu vai fazer?

- Como o que eu vou fazer? Eu vou ter esse filho Mari. Eu sei que sou nova ainda, mas acho que não tenho coragem de fazer nada com o pequeno – ou pequena – aqui.

- Eu imagino o que tu esteja passando, mas enfim... Que isso não aconteça denovo tão cedo ok?

Lari sorriu e fez que sim.

- Agora tu vai me falar sobre tua viagem não vai? Qual é Mari, eu tô curiosa pra caralho aqui!

- Fica calma caramba, eu vou te contar.

Ela deitou na cama e falou para eu começar.

- Steven me levou para uma casa em Malibu, e começou falando que ela era minha – ela abriu a boca para me interromper, mas eu continuei falando – ficamos o dia inteiro em casa, e quando anoiteceu saímos rodando por ai procurando bares e pubs. Um era pior que o outro, e já era bem tarde quando achamos um que realmente valia a pena. Viramos a noite bebendo e no outro dia peguei o carro e tentamos voltar para casa. Mas é obvio que com os dois bêbados isso foi praticamente impossível. Sim Larissa, ficamos perdidos em plena Malibu, e levamos praticamente o dia inteiro só para achar o caminho de volta. Ai no dia seguinte Stev resolveu ligar para um cara, um tal de Nikki Sixx. Saímos os três por ai, e entre goles de cerveja, tragadas de cigarros e outras coisas, Nikki saiu quebrando tudo que viu pela frente. Obvio que isso não terminou bem.

Larissa me olhava com uma cara de espanto e eu continuei.

- Acabamos os três na delegacia, por danos a propriedade pública, mas no final Nikki e Steven deram um jeito e contornaram a situação.

- Imagino que com subornos e alguns goles de Jack. – disse Lari.

- Exatamente. – Sorri – Os outros dias foram praticamente a mesma coisa. A gente bebia, se metia em encrenca e no final acabava tudo bem.

Ela arregalou os olhos.

- MARI, NIKKI SIXX? DO MÖTLEY CRÜE? É SERIO ISSO? AQUELE CARA É UM VAGABUNDO, E MUITO FODA TAMBÉM. CARALHO MARIANA TU É LOUCA, PODIA TER MORRIDO SE CONTINUASSE SOZINHA COM ESSES DOIS. EU VOU ESPANCAR O STEVEN ATÉ A MORTE!

Ela não sabia ao certo, se gritava, saia atrás do Steven ou ria.

- Fica calma caralho! Eu tô bem, e inteira. Não precisa matar meu namorado Lari. Agora é sua vez. Me conta da lua de mel. Mas não precisa dar detalhes, não quero saber o que tu e o Izzy andaram fazendo na cama.

Ela riu e começou a me contar. Fomos dormir quando estava amanhecendo, e só acordei no final da tarde, com Izzy berrando.

- MAS QUE PORRA É ESSA? – gritei, abrindo a porta do quarto dele.

- Mari, chama um médico agora!

Lari estava deitada na cama, mais pálida do que nunca. Havia uma poça de sangue manchando os lençóis. Peguei o telefone e chamei a ambulância.

- Izzy, eu vou com ela. Tu vai depois – eu disse.

Izzy andava de um lado para o outro, e simplesmente assentiu.

Não demoramos a chegar no hospital, e eles levaram Lari as pressas para a emergência. E eu fui mandada para a sala de espera, denovo.

- Você que veio com Larissa Ferreira? – Um médico perguntou, cerca de uma hora depois.

- Sou eu sim. Como ela está? Que porra aconteceu com minha amiga doutor?

- Ei, fica calma! Olha, não aconteceu nada grave com ela, nem com o bebê. Apesar de ter sido apenas uma hemorragia, a gravidez dela é de risco. Ela está evitando bebidas não está? – eu assenti – pois bem. Ela vai ter que ficar longe de cigarros também, e de qualquer outra substância tóxica, senão ela acabará tendo um aborto espontâneo e isso vai prejudica-la muito.

O médico pediu licença e saiu. Izzy, Steven e os outros chegaram alguns minutos depois. Steven me abraçou enquanto Izzy, a mãe de Lari e Milena me metralhavam com perguntas.

- Calem a boca! – eu gritei, chorando.

Contei-lhes o que o médico havia me dito e todos se calaram.

- A Lari parece ser durona, mas ela é de carne e osso como qualquer outro aqui – eu disse- nós temos que cuidar dela, e agora do pequeno ou pequena também. Não matem minha amiga ok?

Larissa apareceu na sala um pouco depois, e me abraçou.

- Você tá ficando muito sentimental Mari. – ela disse, sorrindo.

- Eu sei, e não me orgulho disso. Tá tudo bem? Você devia estar na cama não?

- Eu dei uma escapada – ela tinha um sorriso travesso na cara – mas já tô bem melhor.

- Vamos conversar Lari – disse a mãe de Lari, que saiu arrastando-a pela mão.

Não sei o que aconteceu entre Lari e sua mãe, mas parece que a conversa fez bem para ambas. O médico liberou Lari e nós voltamos para a casa. O Guns viajaria para uma nova turnê no dia seguinte, e Lari e eu iríamos com eles. Milena e sua mãe foram para uma casa em L.A mesmo, para tentar recomeçar a vida. Harry, sua namorada e Lilian voltaram para Chicago, depois de Axl tê-la feito prometer que eles se veriam denovo.

Fui deitar depois de dar boa noite pra todo mundo.

- Para onde nós vamos amanhã? – perguntei a Steven – onde vai ser o show?

- Em Las Vegas – ele respondeu, com um sorriso.

- Não se empolgue Stev, eu ainda foi ficar de olho em você – eu o encarei.

Ele riu e deitou na cama. Acho que em menos de cinco minutos eu estava dormindo.

POV Slash

Bastou uma semana em Las Vegas para eu tirar Larissa da minha cabeça. Se tem alguma palavra que descrevesse aquele lugar? Paraíso, eu diria. O show havia sido muito bom, e passamos o resto do tempo em cassinos. Bom, pelo menos Duff e Axl e eu passamos. Izzy e Lari ficaram a maior parte do tempo no hotel, e Mari e Steven ficaram andando pela cidade. Depois daquele dia no hospital Lari não teve mais nada, e isso nos deixava mais calmos. Depois daquelas coisas que a Mari disse, eu comecei a me preocupar mais com Larissa, e imagino que os outros também.

- Ei Slash! Vamos dar uma volta – Duff gritou.

Pegamos um carro – nada discreto, eu diria - e passamos por quase toda a cidade bebendo e rindo. Eu voltei a atenção para a estrada e vi algo se movimentando na rua. Pisei no freio bruscamente, fazendo Duff derramar sua garrafa de cerveja toda na camisa.

- Porra Slash! – ele gritou.

Eu sai do carro e olhei para a rua. Abri um sorriso e apanhei a serpente, que deslizou sobre meus braços tranquilamente.

- O quê que tu vai fazer com isso Slash?

- Agora é meu bichinho de estimação. – eu sorri – vamos embora. Acho que Mari e Lari vão gostar do meu amiguinho aqui.

Duff abriu um sorriso que dizia “tu não presta mesmo cara” e voltamos para a cidade.