Fairy Tail - A Marca Da Maldição escrita por Ana Paula Fanfics


Capítulo 7
Capítulo 06 – A Verdadeira Força




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Natsu caíra mais uma vez, a respiração arfante, o corpo ferido. Mas como era de costume, mesmo que não tivesse forças pra isso, se levantou, seus punhos cerrados, a obstinação em seu rosto enquanto encarava seu inimigo.

O inimigo que tinha seu rosto. Seus poderes.

- Chama isso de fogo, maldito? – ele gracejou colocando-se em posição de luta mais uma vez. – Isso não faz nem cócegas!

Mais uma vez reuniu suas forças e partiu pra cima de seu inimigo, colocando todo seu poder destrutivo em suas chamas. Mas mais uma vez as chamas apenas o envolveram, ele então as reunindo em suas mãos e simplesmente mandando de volta, com o dobro da intensidade de seu ataque.

A força do golpe o lançou de volta, suas costas se chocando contra a parede quando seu corpo caiu mais uma vez.

- Droga! – ele rosnou enquanto encarava o corpo imóvel a sua frente, apenas o sorriso cínico persistindo em seus lábios. O que mais o irritava era isso: o cara não falava nada! Não respondia as suas provocações, não fazia as próprias. Nem mesmo o ameaçava de morte! E isso todos os seus adversários invariavelmente faziam.

Só ficava lá, parado, rindo. E devolvia seus golpes quando estes o atingiam. Certo era que as chamas não o afetavam, mas... bem, seu poder mágico não duraria pra sempre.

- Agora o bagulho ficou sério. – ele rugiu ao se levantar mais uma vez. – Vou fazer churrasco dessa sua cara feia, seu puto! Quero ver você...

Foi então que ouviu. Sim, era a voz dela. Ecoando fracamente pelas paredes da caverna, vindo da passagem a qual o maldito barrava.

E ela gritava seu nome.

- Lucy? – perguntou num quase sussurro, seus olhos fixos na passagem atrás de seu oponente. E então, se antes restava qualquer dúvida, o seu grito de desespero confirmou o que ele sentia: Lucy precisava de ajuda.

- Naaaatsuuuuuu!!!!!!! – era a voz dela gritando seu nome. E aquele desgraçado estava atrapalhando sua missão de ajudar a... a... o que Lucy era dele mesmo? Ah, sim, ele se lembrava. Lisanna lhe tinha dito que seria sua futura esposa. Agora que ela não mais estava ali, Lucy surgira com seu sorriso luminoso e seus berros ensurdecedores pra alegrar sua vida novamente.

Por que nada era a mesma coisa sem a Lucy. E ela um dia seria sua esposa, isso ele podia apostar.

- Ninguém toca na Lucy! – ele berrou sentindo a fúria que poucos tinham desperto até hoje atingir seu grau máximo. O fogo o envolvia: o fogo era ele. Seu corpo todo incendiou, sua mente pareceu flutuar. E então, com todas as suas forças, partiu em um único golpe pra cima de seu oponente, rugindo como um dragão quando o fogo se concentrou em seu punho direito, sendo direcionado pro falso Natsu. – Morra, sua cópia fajuta! – ele berrou quando viu seu fogo atingi-lo, incendiando-o completamente.

E dessa vez o fogo não voltou pra ele. Dessa vez o fogo lambeu seu adversário, incendiando-o. Mas este permaneceu imóvel, como se isso não fosse nada, em absoluto. Natsu já ia se perguntar o porquê de mais aquela estranheza quando algo o surpreendeu.

Ao seu redor, acima e abaixo dele, o mundo estava trincando. Sim, trincando! E então, como se tudo fosse de vidro ou cristal, os pedaços foram caindo, levando Natsu junto com eles pra um turbilhão de cores e calor... e então era ele caindo sentado no chão da caverna.

- Mas... mas o que... – ouviu uma voz desconhecida assim que pôde focar paredes fracamente iluminadas ao seu redor, uma figura parada logo a sua frente chamando sua atenção. – Como você conseguiu...?

- Lucy! – Natsu berrou antes que pudesse sequer raciocinar sobre. – Onde está Lucy? – em um salto, estava com a gola do manto do homem em sua mão, fitando então o rosto aterrorizado. Surpreso. – Foi você? Foi você quem machucou a Lucy? E onde estão Happy, Erza e Gray?

- Não há nada que você possa fazer por eles, criança. – o velho debochou depois de passada a surpresa. – Não sei como você rompeu a barreira, mas certamente eles não...

- O que esse infeliz está mesmo dizendo? – a voz de Erza se fez ouvir, sua figura se movendo até estar ao lado de Natsu. Ela arfava levemente e seu rosto denotava o cansaço proveniente da batalha que travara dentro de si mesma. – Foi ele quem nos preparou essa armadilha maldita?

- Por que se for... – era a voz de Gray que se manifestava, ele surgindo do outro lado do caçador de dragões. – Estou pronto pra congelá-lo e depois fazê-lo em pedacinhos.

- Como... como vocês... – o mago estava mais uma vez atônito, fitando um rosto depois outro, não fazendo idéia de como eles tinham se libertado do feitiço.

- Eu ouvi os gritos de Lucy, depois os de Natsu. – Erza informou e apenas pelo olhar do mago de gelo todos sabiam que havia acontecido o mesmo com ele. – Pensou realmente que não ouviríamos os gritos de um de nossos nakamas? Dimensão nenhuma poderia impedir isso.

- Desembucha, desgraçado! – Natsu berrou sacudindo o homem que ainda estava preso em suas mãos. – Onde está a Lucy?

- Mesmo que vocês tenham posto em risco meu ritual ao se libertar de meu feitiço, não há o que possam fazer agora. – mago riu fazendo Natsu travar seu maxilar que estralou ameaçadoramente. – A magia prossegue sozinha a partir de agora. O destino de vossa maga estelar já está selado.

- Mas onde... – Natsu ia perguntar quando Erza tocou em seu ombro, os olhos do rapaz se desviando até ela.

- Natsu, olhe. – a voz da Titânia estava sombria quando esta apontou com o indicador na mesma direção em que seus olhos estavam fixos.

Quando o rapaz seguiu seu olhar pra mesma direção, ele até soltou o mago que trazia preso em suas mãos. Pois em sua frente se erguia uma parede de lacrima, vários rostos agoniados esculpidos nela de forma macabra, e em meio a eles...

- Lucy... – ele sussurrou ao reconhecer o rosto daquela garota que o alimentara no porto de Hargeon, conversando animadamente com ele sem nem mesmo o conhecer. E tal animação agora tinha sido tirada dela pois esta era apenas um rosto esculpido em meio a tantos outros, mais precisamente no centro de todos eles, sendo cercados por eles. Não... aquela não era a sua Lucy. Não poderia ser. – Lu... cy?

- Sim, acredito que seja. – Erza sussurrou depois de engolir em seco. Logo Gray se abaixava e erguia o mago pelo pescoço, seu olhar frio fazendo-o engolir em seco enquanto suas mãos inutilmente tentavam se libertar. Sua magia não era do tipo ofensiva, mas sim aperfeiçoada nas técnicas de fazer armadilhas... e rituais. Então não poderia lutar contra nenhum deles de igual pra igual.

- Fale como poderemos libertar Lucy. – Gray exigiu ao afastar uma de suas mãos e permitir que o frio a envolvesse, os olhos do homem acompanhando esse movimento. – Ou eu irei te congelar e descongelar quantas vezes for necessário. Tenho certeza de que meu amigo Natsu adorará aquecer as coisas logo depois e então... bem, você será apresentado a lâmina de minha amiga Erza.

- Seu fedelho inútil – o mago rosnou demonstrando uma valentia maior do que a que seu corpo trêmulo denunciava. – Acha mesmo que temo a morte? Sou servo de Zeref, o grande mago negro! Mesmo que me matem, eu irei voltar, sei que irei. Pois meu senhor reconhecerá o meu trabalho aqui e me trará de volta. Por que eu voltei por ele! Eu planejei isso tudo por ele! Eu, apenas eu! E nada que vocês possam fazer será suficiente pra acabar com isso. – gargalhou mais uma vez. – Tudo está no seu devido lugar. Creio que Lucy seja suficiente para o sacrifício final.

- Sacrifício final? – Erza sussurrou, abismada com todos aqueles absurdos. Então era isso? Aquele fanático estava tentando despertar Zeref? Será que ele não entendia a gravidade do que fazia? Tantas vidas... por uma idéia, um plano que poderia não dar certo? Como podia existir esse tipo de gente no mundo?

- Sim, sacrifício final. – os dentes dele se arreganharam em um sorriso doentio. – Zeref irá ressurgir pois eu usei essas vidas drenadas pra desestabilizar a dimensão onde ele está aprisionado. Agora essas vidas estão em outra dimensão, longe daqui. Podem gritar a vontade, jamais conseguirão tirá-los de lá...

Um forte soco de Gray o calou, mandando-o pelos ares, o corpo do mago então se chocando contra uma das paredes e amolecendo, escorregando pro chão.

- A voz dele estava me irritando. – o mago de gelo disse simplesmente.

- O que faremos agora? – Erza perguntou encarando a parede de lacrima. Quanto tempo teriam? Quanto tempo até que aquelas vidas se perdessem pra sempre? Se é que já não fosse tarde...

- Lucy poderia usar seus espíritos pra voltar... – Gray argumentou, mas Erza logo descartou a possibilidade.

- Lembra do que ela disse aquela vez? Isso seria fatal pra qualquer ser humano comum. – a ruiva lembrou.

- Droga! Eu vou destruir toda essa maldita parede então! – Natsu berrou já incendiando ambas as mãos.

- Está louco? – Erza o recriminou. – Se destruir essa parede, destruirá a caverna. E se destruir a caverna... jamais veremos Lucy outra vez. – sua voz era apenas um sussurro quando terminou.

- Droga! – Natsu bradou com a voz trêmula ao se deixar cair de joelhos em frente parede de lacrima, seu rosto baixo enquanto ele socava o chão. – E o que eu faço então? Fico parado enquanto vejo Lucy simplesmente desaparecer?

- Não há o que ser feito. – a voz abafada do mago maldito se fez ouvir, ele ainda estando caído no chão. – Mesmo que eu quisesse parar... já está feito.

- Lucy! – Natsu berrou ao fechar os olhos com força, suas mãos espalmando a parede de cristal. – Lucy... Lucy, volta! Eu sei que você é forte, Lucy! Você pode voltar se você quiser. – as lágrimas caiam enquanto seus olhos subiam até o rosto de sua... amada que estava eternamente imóvel naquela maldita parede. – Você... você é importante pra nós, Lucy. Importante pra mim! Há tanta coisa que quero te dizer... te contar. Você não pode, não tem o direito de sumir assim!

- Cale-se, rapaz. – o mago disse ao rir mais uma vez. – Ela não pode te ouvir.

- Ou você cala a porra da boca ou vira picolé de merda. – Gray rosnou dando um pontapé no mago caído. Erza fitava os rostos agoniados com atenção, apenas pensando em um meio de reverter tudo aquilo. Mas por mais que pensasse... não era nada que sua força bruta ou mágica pudesse resolver. Nem a dela e tampouco a de qualquer outro por ali.

- Luuuuucyyyyyyyyyyy!!! – Natsu berrou ao socar a parede, as lágrimas vertendo sem discriminação alguma. – Lucy... volta. – ele prosseguia em sua petição, mesmo sabendo que seria inútil. Mas... o tal mago não lhe dissera que seria impossível ele tê-la ouvido estando na tal armadilha? Mas ele ouvira! E vencera por ela. Então ela o ouviria também, nem que tivesse que passar o resto de sua vida berrando. – Lucy! Lucy! Luuuuuuucyyyyyy!!!! Lucy, eu... – mas então o rapaz parou, seus olhos vislumbrando uma sombra em meio ao lacrima.

E então essa sombra logo se transformou em delicadas pontas de dedo que foram saindo, se tornando então uma mão que tateou as cegas. Quando Natsu estendeu sua própria, segurando-a, o toque já nem foi necessário pra que ele soubesse quem era. Nas costas dessa mão se via claro, nítida, a marca mais poderosa do mundo. Mais poderosa do que qualquer marca maldita que um mago louco e idiota poderia fazer ao usar magia perdida.

Era a marca da Fairy Tail.

- Mas o que... – ouviu ao longe a surpresa na voz do mago, mas não deu importância. Deu tanta importância quanto havia dado ao nome do maldito que tramara tudo aquilo. Nada importava... a não ser Lucy.

E foi por isso que apertou sua mão com força e puxou-a com todo seu entusiasmo, logo a figura querida se desprendendo da parede, entrando na realidade deles novamente. Viva. Linda.

Toda Lucy.

Antes que seu corpo caísse por cima do de Natsu, o mago de fogo vislumbrou que a moça estava com a mão esquerda segura na mão de outra pessoa que agora também saía do lacrima. E essa pessoa segurava a mão de outra pessoa, que segurava a mão de mais uma, e mais uma, e mais uma...

- Consegui... – Lucy sussurrou quando seu corpo caiu contra o tórax desnudo do rapaz, seus olhos fechados demonstrando todo seu cansaço pelo esforço inumano. – Eu... consegui...

- Isso... é impossível! Como diabos você encontrou a passagem? – o mago berrava sua incredulidade de seu canto, ainda no chão.

- Lucy... – Natsu sussurrou ao colocar-se sentado, Lucy em meio a suas pernas abertas, sua cabeça aninhada contra seu tórax. – Lucy, você está bem?

Aos poucos, Lucy se obrigou a abrir os olhos e levantar um pouco seu corpo. Mas Natsu apertou-a mais junto a si, impedindo que ela se afastasse totalmente. Então se deixou estar sentada em meio às pernas do rapaz que a abraçava junto ao seu corpo. Olhando a sua frente, viu Gray e Erza que ajudavam as pessoas que saiam pela parede, todas dadas as mãos assim como Lucy pedira. Em pensamento, já que o lugar onde ela estava era apenas a densa e impenetrável escuridão.

- Estou... – ela sussurrou ao virar seu rosto e encontrar o olhar de Natsu que a fitava com intensidade. – E você... como saiu da armadilha?

- Ouvi seu grito. – ele engoliu em seco ao erguer uma das mãos de forma desajeitada e tocar seu rosto. Como se pra constar se ela era mesmo real. – Te ouvi me chamar... e vim.

- Como, como é possível? – o mago ainda repetia, parecendo até mesmo alheio a todo o resto que acontecera depois da súbita aparição de Lucy.

- Todos nós gostaríamos de saber, não é? – Erza comentou num tom bem humorado enquanto ajudava uma jovem a sentar-se encostada a parede.

- Não sei bem como foi... – Lucy franziu o cenho enquanto tentava se lembrar. - Só me lembro de que fui tragada pela escuridão e aí simplesmente vaguei pelo nada. Eu sentia a presença de todos a minha volta... mas não podia dizer ou fazer qualquer coisa. Foi então que eu ouvi você, Natsu. – seu olhar mais uma vez se encontrou com os olhos do rapaz que... corou. Ela permitiu que um pequeno riso se formasse em seus lábios. Aquele era o Natsu. O seu Natsu. – E eu simplesmente soube o que deveria fazer. Vi ao longe uma luz bem pequena e soube que aquela era a saída. Uma força que não me pertence me dominou... e eu soube que as demais pessoas a minha volta me ouviriam. Então segurei a primeira mão que encontrei e simplesmente disse, em pensamento, pra que eles todos fizessem o mesmo. Todos unidos, apenas os puxei em direção a luz, em direção aos gritos... até que Natsu segurou e puxou a minha mão.  

- Mas isso é impossível! – o mago berrou, voltando a realidade. – Você usou a passagem que todos os meus esforços até hoje abriu! Mas não deveria tê-la encontrado, isso é impossível! Só um mago realmente poderoso...

- Duas coisas, projeto de gente. – Erza se pronunciou ao fuzilar o homem com os olhos. – A primeira delas é que se engana se pensa que Lucy não é forte o bastante pra ter passado pela tal passagem: jamais subestime os poderes dela. E segundo... impossível é apenas um desafio pra nós, magos da Fairy Tail. Da próxima, escolha melhor os seus alvos.

- Você está mesmo bem? – Natsu perguntou num sussurro ao que Lucy suspirou, encostando-se em seu peito e fechando seus olhos. O cheiro dele era tão bom...

- Só preciso de um minuto, Natsu. – ela sussurrou ao se acomodar melhor de encontro ao calor dele. Era tão confortável se comparado a densa e fria escuridão anterior... – Um minuto e estarei inteira.

- Você tem todo o tempo do mundo, Lucy. – ela ainda ouviu antes que a inconsciência a dominasse, mesmo contra sua vontade. – Todo o tempo do mundo, desde que esteja ao meu lado.


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Notas finais do capítulo

Bem, pessoas, esse foi o último capítulo (aaaaaaaaaaaaaaah!).
Mas não me matem por não ter avisado antes: ainda teremos o epílogo pra finalizar. =D
Então até breve! Me alegrem com seus lindos reviews! *...*