- Será que ela está mesmo bem? – a voz de Natsu chegou aos ouvidos de Lucy como se viessem de muito, muito longe. – Estou achando que a cara dela está meio... verde.

- Queria que ela estivesse com cara de garota de revista depois de tudo o que passou? – era Erza quem censurava o mago de fogo. – Você tem mesmo lava no lugar de miolos.

- Quando ela irá acordar? Estou entediado. – Happy desabafava fazendo Gray rir.

- Se você quiser, eu te dou outra paulada pra que durma. Um galo do lado direito irá fazer par ao que está no lado esquerdo.

- Gray é frio e sem coração! Machucou os meus sentimentos! – Happy chorava.

- Parem com isso, todos vocês! Isso é um hospital ou o que? – Erza rosnava fazendo com que todos se calassem. Lucy lutava contra o sono, suas pálpebras pesavam tanto...

- Ainda estou entediado. – ouviu Happy dizer, dessa vez mais perto dela. – Que tal fazer tatuagem de caneta na cara de Lucy?

- Nãããão! – ela bradou sentando-se na cama em um pulo. Todos quase caíram pelo susto. Bem, Natsu realmente caiu pelo susto, mas isso pode ser relevado. – Vocês são monstros ou o que?

- Lucy! – Happy exclamou todo feliz ao voar até os braços da garota, apertando-a em um abraço felino (?). – Você acordou!

- Bem, ela não poderia dormir pra sempre, não é? – Erza comentou de sua poltrona onde estivera todo o tempo, comodamente sentada. – Bem vinda de volta, Lucy.

- Quanto tempo estive desmaiada? – a garota perguntou assim que Happy a soltou, ele então se sentando sobre as pernas dela, ainda cobertas.

- Um dia apenas. – Gray deu de ombros como se fosse pouco tempo, de fato. – Mas Natsu chorou feito um bebê ao pensar que você não acordaria nunca mais.

- Chorei o seu rabo, ô coisinha do capeta! – Natsu rosnou com seus olhos flamejantes em direção ao amigo.

- Não gostou, cérebro de chili? – Gray retribuiu a gentileza ao confrontá-lo. – Cai pra dentro!

- Podem brigar a vontade, meninos. – Erza comentou fazendo um gesto de desdém. Todos se surpreenderam até que viram o riso divertido em seus lábios. – Depois que Gray encontrar suas roupas.

- Ah! Estou pelado! – Gray berrou ao perceber que estava apenas de cueca.

- Como se isso fosse novidade... – Natsu fez um muxoxo.

- Engole o que você disse, Natsu! – Gray berrou antes de se lançar contra o mago de fogo, ambos rolando pelo quarto, destruindo tudo naquela rotineira luta que nunca tinha vencedor.

- Então terminamos a missão? – Lucy perguntou depois de se cansar de observar Natsu tentar arrancar a cueca de Gray que, pra se defender, fizera Natsu comer gelo.

- Terminamos. – Erza respondeu aparentando estar cansada demais pra separar a luta dos dois. – Todos voltaram pra suas vidas e o mago, que se chama Goro, foi devidamente preso. Recebemos nossas recompensas, o que me lembra... – a Titânia remexeu em seu bolso, tirando uma chave prateada de lá. – Sua chave.

- Oh, que felicidade! – Lucy praticamente quicou na cama de tanta alegria ao segurar a chave em sua mão. – Deixe-me ver do que ela é. – e ergueu ambas as sobrancelhas ao constatar que ela era de... – Cinzel? Buril do escultor? – seus olhos atônitos se encontraram então com os olhos de Erza. – Mas não era algo relacionado a livros?

- Bem, isso foi o que Makarov nos disse, não? – a ruiva explicou ao desviar sua cabeça a tempo de não ser atingida por uma bola de fogo feita por Natsu. Happy mastigava feliz o lanche intocado de Lucy, que nem mesmo percebia isso. – Mas o que o conselheiro nos disse foi que esse espírito é uma espécie de “Guardião das Artes”. Qualquer livro, escultura ou pintura que quiser localizar ou duplicar... ele o fará.

- Séééério? – os olhos de Lucy se arregalaram. – Mas isso é o máximo! – e então fez uma estranha dancinha da vitória, ainda sentada na cama.

- Com todo esse dinheiro, poderíamos ir pra um resort novamente, o que acham? – Erza opinou logo depois de ter desviado seu punho a tempo de socar a cara de Natsu que se preparava pra dar um golpe “fatal” em Gray. Assim terminava mais uma briga dos dois.

- Bem, é um caso a se pensar. – Lucy suspirou ao se recostar de novo nas almofadas da cama de hospital. – Mas eu não sei vocês... só que eu estou louca de vontade de voltar pra Fairy Tail.

E ao ver os sorrisos idênticos nos rostos dos amigos, ela soube: eles também sentiam isso. Por que, depois de mais uma cansativa missão, nada mais recompensador do que apenas voltar pra casa.

Sim, casa. Pois Fairy Tail de certa forma se tornara a casa de todos eles. E nessa casa estavam seus irmãos e... bem, aqueles que eram algo mais. E isso Lucy sentiu dentro de si quando seus olhos se encontraram com os de Natsu, que desviou seu olhar e corou adoravelmente.

Ela riu. Se fosse diferente... bem, não seria o Natsu. E ela gostava dele daquele mesmo jeito de sempre. Todo Natsu.

E eles teriam muito tempo pra romper barreiras. Construir sentimentos. Pois sempre estariam juntos, justamente por que família não se separa.

Muito menos a família que era a Fairy Tail.