Fairy Tail - A Marca Da Maldição escrita por Ana Paula Fanfics


Capítulo 5
Capítulo 04 - O Segredo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/238530/chapter/5

- Você tah muito calado. – Gray observou enquanto olhava Natsu caminhar em silêncio ao seu lado. – Ainda nem destruiu nada...

- Não me enche! – Natsu rosnou, seu olhar sempre mirando a escuridão que aos poucos ia sendo vencida pela chama que ardia em seu punho.

- Ok, ok. – Gray murmurou, ainda atônito com o comportamento estranho do rapaz. Se bem que desde que Lucy havia chegado à guilda, Natsu tinha mudado. Antes era muito fácil saber o que ele diria ou faria, mas agora... ele era imprevisível. E pra uma criatura tão previsível como Natsu isso era muito preocupante.

- Ei, Gray... você... – Natsu pigarreou e encarou o teto. Gray ergueu ambas as sobrancelhas ao perceber que ele estava... corado. Natsu corado?

- Eu o que? – Gray incentivou.

- Você já... já... – Natsu engoliu em seco e baixou seus olhos pra encarar o chão. - ...guém. – resmungou de forma ininteligível.

- Eu o que? – Gray perguntou totalmente confuso.

- Se você já... ah, você sabe! – Natsu se impacientou, seu rosto totalmente corado. E não era pelo calor de seu poder mágico.

- Não, eu não sei! Que eu saiba, quem lê cartas é a Kana e não eu. – Gray respondeu fazendo uma careta de desagrado.

- Ela leu minhas cartas antes de eu sair atrás de Igneel. – Natsu disse de repente, surpreendendo o amigo.

- Kana leu suas cartas? – ele repetiu mais pra que sua mente absorvesse o que ele dizia do que como pergunta à Natsu. – Mas por que você pediu isso a ela?

- Por que eu queria saber se a pista era verdadeira. – Natsu deu de ombros, ambos parando de caminhar pelo estreito túnel por um momento. – Queria saber se eu encontraria alguma coisa.

- E o que as cartas disseram? – Gray quis saber, realmente curioso.

- Que eu encontraria algo muito valioso ao meu coração. – Natsu sussurrou observando as chamas que ardiam em seu punho. – Por isso eu estava tão empolgado. Pensei que... reencontraria Igneel.

- Mas você não... – Gray interrompeu-se quando uma luz brilhou em sua mente. E então diante de seus olhos flashs de memória foram passando, todos eles repletos de... – Lucy.

Natsu permaneceu em silêncio. Só agora Gray entendia o que o cuspidor de fogo queria saber. Ele queria entender o que se passava com ele, por isso se esforçava pra perguntar ao amigo se este já gostara de alguém. Se já se apaixonara.

- Você queria saber se eu já gostei muito de alguém? – Gray perguntou, sentindo-se totalmente sem jeito por falar desses assuntos. Ele nunca tivera... jeito pra essas coisas.

- Não, não era isso. – Natsu coçou a cabeça, olhando ao redor como se assim pudesse encontrar algo que o ajudasse a verbalizar o que pretendia. – Era se... bem, se você já gostou de duas pessoas ao mesmo tempo.

- O que você... – Gray arregalou os olhos, chocado. – Natsu, seu pervertido desgraçado! – ele berrou socando o rapaz que voou alguns metros escuridão adentro. – Você está traindo a Lucy?!

- Não fale bobagens, cabeça de picolé de milho! – Natsu gritou enquanto soltava fogo pela boca. – Com quem eu trairia Lucy?

- Eu é que vou saber? – Gray berrou enquanto se lançava em socos e chutes pra cima do rapaz. – Mas eu não vou ficar parado enquanto você trai a Lucy!

- Eu não tou traindo a Lucy, seu cuzão! – Natsu rosnou enquanto devolvia os golpes do amigo. – Eu amo aquela garota!

Ambos pararam, surpresos, com uma mão segurando a camisa do outro pra ter equilíbrio, a outra mão fechada em um punho, o soco armado pra acertar o rosto do outro. Mas esses dois socos jamais foram dados, visto que os dois esqueceram momentaneamente de que estavam brigando.

- Você... ama? – Gray se espantou. Ok, todos sabiam que Natsu estava caído por Lucy, mas amar? Bem, pra alguém turrão como Natsu, essa palavra era de extrema importância. Não a diria se o que ele sentisse não fosse realmente forte.

- Ah, eu assumo! – Natsu berrou, caindo de joelhos. – Eu estou apaixonado! Isso é vergonhoso!

- Vergonhoso? – Gray estranhou, gotas de suor escorrendo por sua testa. Estava cercado por gente estranha... – Por que se apaixonar seria vergonhoso?

- E eu lá sei? – Natsu resmungou, agora envergonhado por ter revelado seu segredo. – Mas você já ouviu dizer sobre dragões que se apaixonaram?

- Natsu... primeiro: você não é um dragão. É esquisito e cospe fogo, fala e age como um animal, mas não é um dragão. – Gray soltou um muxoxo, contando nos dedos. – E segundo: como diabos eu saberia como age um dragão? Eu nunca ao menos vi um! – berrou de forma descontrolada. Mas depois refletiu por um momento. – Só que... bem, Igneel te amava, não amava? E você também o amava. Aliás, o ama até hoje já que se esforça pra encontrar qualquer pista sobre ele.

- E o que isso tem a ver com a Lucy? – Natsu perguntou com cara de quem não entendia nada. E isso não era nenhuma novidade.

- Pense, cabeça de palito de fósforo! – Gray deu um soco na nuca de Natsu, quase o fazendo focinhar. – Se ele nutria sentimentos de pai por você, certamente que ele se apaixonaria também, se fosse esse o caso.

- Você tah querendo dizer que... Aaaaah! – Natsu se levantou, cuspindo fogo por todos os poros. – Igneel seu desgraçado! Você me abandonou por causa de uma “dragoa”?

- Deixa de ser retardado! – Gray berrou, sua paciência totalmente extinta. – Não foi isso que eu disse, seu débil!

- Que foi que você disse então, sorriso refrescante? – Natsu rosnou, encarando o amigo de frente.

- Sorriso refrescante? Mas que diabos de xingamento é isso? – Gray se escandalizou. – E eu disse que você poderia se apaixonar mesmo que fosse um dragão, não que Igneel tivesse te deixado por um dragão fêmea!

- Então explique melhor as coisas, seu puto! – Natsu berrou, mas depois se calou, pensativo. – Então você acha normal eu gostar da Lucy?

- Nada que venha de você é normal, mas eu acho que a resposta nesse caso é sim. – Gray resmungou de braços cruzados. – Só que o assunto não era esse. Quem é a outra?

- Que outra? – Natsu o encarava como se Gray, de repente, tivesse enlouquecido.

- Que outra, Natsu? Que outra?! – Gray queria naquele momento que um meteorito caísse em sua cabeça, pondo fim a sua agonia imensa. – Você estava me falando que gostava de duas mulheres...

- Ah, sim. Agora me lembrei. – Natsu coçou o nariz, pensativo. – A outra... bem, é a Lisanna.

- Li... Lisanna? – Gray se espantou. Por esse ele não esperava.

- Sim. – Natsu deu de ombros, seu semblante ficando triste. Pesaroso. – Nós brincamos de casinha quando Happy ainda era um ovo, sabe? E ela disse que queria ser minha esposa quando crescêssemos... acho que ela falava sério, apesar de ter dito que era brincadeira. Mas... ela se foi antes que eu tivesse idade suficiente pra pedi-la pra casar comigo. – ele apertou com fúria seu punho direito, socando a parede da caverna que tremeu perigosamente por um momento. – Que droga de marido eu fui? Um marido não tem que zelar pela esposa e pelos filhos? E o que eu fiz pra impedir que a ferissem e... e... ma... ma...

- Ei, Natsu. – Gray chamou em voz baixa, se aproximando de onde o amigo estava ajoelhado, a cabeça baixa, o punho ainda enterrado onde ele socara. – Não se martirize. A culpa não foi sua.

- Não tou dizendo que seja. – Natsu fungou, escondendo seu rosto pra que Gray não visse que ele chorava. – Mas isso não muda o fato de que não fiz nada pra impedir que acontecesse. – engoliu em seco, sentindo na garganta o caroço que era o choro há tanto preso. – Sofri muito desde que ela morreu. Pensar nela me deixa triste, mesmo que eu goste dela de uma forma que... não tem como explicar. Por que sempre que eu penso, também me vem a certeza de que nunca mais verei seu rosto. – limpou duas lágrimas que escorriam de seus olhos. – Mas Lucy... Lucy me deixa feliz. Desde que eu a vi lá no porto de Hargeon, tudo... tudo pareceu ficar bem. Ela era muito bonita e tinha um coração bom. Logo eu soube que ela era maga e que queria entrar pra Fairy Tail... não fiz nada no momento por que... não sei. Era como se caso eu a levasse, estivesse de certa forma me esquecendo de Lisanna. Por isso nos separamos. Mas então ela foi pega por Bora, eu indo salvá-la e limpar o nome da Fairy Tail.

- É, e destruiu o porto como bônus. – Gray brincou pra descontrair, fazendo o amigo rir. – Mas não há problema em amar duas pessoas.

- Não mesmo? – Natsu perguntou levantando seu olhar pra encarar o mago de gelo que estava encostado à parede, em pé ao seu lado.

- Não. – deu de ombros. – Por mais que você ame Lucy, jamais se esquecerá de Lisanna. Ficar ao lado de uma não te fará amar menos a outra. Talvez seja alguma força superior te mandando algo pra tirar essa tristeza que a partida de Lisanna deixou. – Gray riu de leve. – Você mesmo disse que Kana lhe garantiu que encontraria algo valioso pro seu coração, não foi?

- É, foi. – Natsu ficou pensativo por um momento, logo depois sorrindo abertamente. – Acho que você tem razão.

- É, eu sempre tenho. – Gray também riu abertamente, ambos descontraídos por um momento. Mas então perceberam a sensibilidade que preenchia a caverna, por isso se afastaram em um salto, encarando-se mutuamente.

- Não pense que eu gosto de você por isso, projeto de pingüim! – Natsu rugiu encarando Gray que trouxe seu rosto pra perto do dele, ambas as testas se chocando.

- E eu lá gosto de você, bafo de dragão? – Gray rugiu em resposta.

- E se você contar pra Lucy... – as mãos do mago de fogo se acenderam em ameaça.

- Tah me chamando de fofoqueiro? Vai pro inferno, combustão espontânea! – Gray gritou, se afastando como se Natsu fosse algo extremamente contagioso.

- Olha aqui você, seu... – mas nada pôde dizer depois que um grito longo se fez ouvir, ambos reconhecendo a voz da Titânia.

- Lucy! – a voz de Erza transparecia espanto e desespero.

- O que... Lucy? Lucyyyy! – Natsu gritou em desespero, fazendo menção de voltar por onde tinham entrado.

- Onde você vai? – Gray gritou ao agarrar seu braço, impedindo-o de voltar.

- Lucy está em perigo! – Natsu berrou, puxando seu braço do aperto que a mão de Gray fazia.

- Lucy está com Erza, Natsu! – ele lembrou fazendo o rapaz parar por um momento. – E se voltarmos, não há garantias que as encontremos.

- O que faremos então? – Natsu berrou. Apenas a mais remota possibilidade de que Lucy estivesse ferida... não, ele não suportaria.

- Vamos em frente! – Gray apontou pra escuridão a frente deles. – Temos que sempre seguir em frente, independente do que aconteça. Se Lucy estiver em perigo, temos que confiar que Erza a ajudará!

- Sim... acho que sim. – Natsu deu uma última olhada pra trás, ainda indeciso quanto ao que fazer.

- Natsu, confie em Lucy também. – Gray disse ao perceber a indecisão do amigo. – Ela é uma maga excepcional.

- É. Eu sei. – Natsu suspirou, voltando a olhar em frente. – Então vamos. E tomara que tenha alguém nesse maldito buraco, por que estou doido pra socar alguma coisa viva.

- E explodir algum lugar. – Gray comentou com um riso torto.

- Isso sem dúvidas. – Natsu riu enquanto ambos corriam pelo túnel. E como se atendesse a algum pedido mudo de ambos, logo o estreito túnel virou à direita e depois à esquerda, uma saída fracamente iluminada sendo visível aos olhos de ambos. – Veja, uma saída!

- Já vi, não sou cego. – Gray resmungou enquanto aumentavam a velocidade da corrida.

E então pararam de forma brusca ao entrarem em uma sala circular, o teto baixo sendo iluminado pelas tochas que ardiam ao redor, apoiada nas paredes. Mas os rapazes nem tinham olhos pro ambiente, os olhos fixos na figura que os esperava no centro da sala, um riso de escárnio em seus lábios.

- Você? – Natsu gritou, entre surpreso e chocado. – Mas... – voltou-se pra Gray, que estava de olhos arregalados, impossibilitado de dizer ou fazer qualquer coisa. – Ele?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Curiosos sobre quem ou o que Natsu viu?
Huuuuuuuum... o próximo sai logo logo.
Bjos e até!