Fairy Tail - A Marca Da Maldição escrita por Ana Paula Fanfics


Capítulo 3
Capítulo 02 – Aquele Ponto em Comum




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/238530/chapter/3

- Por que mesmo estamos tomando banho enquanto a cidade toda some? – Lucy perguntou calmamente, sondando o terreno, mirando Erza pelo canto dos olhos. Mesmo que estivesse totalmente nua dentro daquela fonte termal reservada só pra mulheres, estava preparada pra correr caso sentisse qualquer movimento brusco da parte da amiga ruiva. Mas ela tinha que saber. Por que ali, parada sem fazer nada, parecia que estava permitindo que os males assolassem a cidade bem diante de seus olhos sem que ela levantasse um único dedo pra impedir.

- Por que já fizemos tudo o que podíamos, por hora. – Erza disse sem mostrar sinais de estar irritada com a maga estelar, que relaxou. Estavam apenas as duas na grande fonte pois ninguém mais se atrevia a deixar sua casa naqueles tempos amaldiçoados. – E se a cidade toda sumir, seria uma pena não ter aproveitado um relaxante banho nessa fonte termal.

- Como você é sensível. – Lucy disse mortificada com a frieza da amiga. Mas no fundo ela sabia que Erza estava tão preocupada quanto ela. – O que... o que você acha que pode ser tudo isso?

- Não faço idéia, Lucy. – Erza sussurrou, um vinco se formando em sua testa. – Por mais que eu pense em tudo o que está acontecendo... nada faz sentido. Você reparou naquela marca?

- Sim. – Lucy concordou ao se recordar de tê-la visto por diversas vezes em mãos de pessoas desesperadas que sabiam que hora ou outra... iam desaparecer. Como fumaça. Muitos tinham se recusado a mostrá-las, outros estavam tão aéreos, já no estágio final da maldição, que nem mesmo se atinham a presença deles. Eram os parentes que, na ânsia de zelar pelos amaldiçoados, não permitiam que nenhum desconhecido se aproximasse demais. – É estranha... nunca vi símbolo parecido.

- Também não. – Erza disse, sua expressão pensativa. – Percebi que todas elas são iguais, mas isso não ajuda em nada já que não sabemos de onde elas vêm. E esses desaparecimentos... pra onde eles vão?

- Segundo relatos, alguns conseguiram estar ao lado da pessoa amaldiçoada quando o prazo acabou. – Lucy se lembrou. – Um vento forte que os obriga a desviar o olhar, cercando a vítima e... pronto. Não existe nem mesmo a sombra de que a pessoa um dia existiu.

- Estranho. – Erza suspirou. – E as fotografias... por que eles desaparecem das fotografias?

- Sim. Isso é o mais estranho de toda a história... – Lucy diz enquanto recosta na beirada da fonte, deixando seu corpo relaxar.

- Como vai a relação com seu pai, Lucy? – Erza pergunta de repente fazendo a loira saltar pela surpresa.

- Por que... por que pergunta isso logo agora? – ela quase grita, meio horrorizada. Por que a Titânia iria querer falar sobre aquilo? Jamais falara sobre suas origens com ninguém... todos tinham descoberto da pior forma, quando a Guilda havia sido destruída ao tentarem impedir que Lucy fosse levada de volta pra casa. De volta pra um pai que nem mesmo se dera conta do único integrante vivo de sua família. Sua única filha...

- Fiquei preocupada. – Lucy permitiu-se boquiabrir ante o sorriso carinhoso que se desenhou nos lábios da Titânia. – Você nunca fala dele... deve guardar muito mágoa.

- Antes... antes eu acreditava ser raiva, sabe? – Lucy baixou seus olhos pra superfície das águas que soltavam um leve vapor. Seus dedos deslizaram por ela, causando marolas que iam até certo ponto e então se aquietavam, voltando à calma de antes. – Minha mãe morreu quando eu era muito jovem, mas me lembro dela com clareza. Ela... sempre estava sorrindo. E era uma grande maga estelar. – Lucy sorriu com amargura, dizendo mais pra si mesma do que pra amiga que a observava com atenção. – Deixou tudo pra formar uma família com meu pai. Mas... o dinheiro sempre falou mais alto no coração dele.

- Você acredita então que sua mãe não tenha partido feliz? – Erza sussurrou, condoída pela amiga que pela primeira vez se abria.

- Não sei. – Lucy suspirou levantando seus olhos pro céu muito azul que as cobria. – Ela estava sempre sorrindo, como antes eu disse, então... eu não sabia se ela estava feliz ou se mascarava a tristeza com aquele seu lindo sorriso. – engoliu em seco o nó que se formara em sua garganta. – Eu era muito pequena pra entender que meu pai não nos doava muito de seu tempo apenas pra ganhar mais e mais dinheiro. Ele nunca foi próximo, então não sentia sua falta. Eu tinha minha mãe... – sentiu as lágrimas quentes deslizarem por seu rosto, por isso permitiu que seu corpo deslizasse mais pra dentro da água, disfarçando seu choro silencioso. – Mas então ela morreu. E percebi que tinha um bloco de gelo no lugar de meu pai.

- Entendo. – Erza suspirou profundamente, seus olhos desviando da loira que tentava fingir que não estava chorando. E cabia à Titânia fingir que não percebia o choro. – Por isso fugiu e resolveu traçar seu próprio caminho. Uma maga estelar... assim como sua mãe.

- Sim. – Lucy deu um sorriso lacrimoso. – Ela era incrível! Um dia quero ser um décimo do que ela foi.

- Você já é mais do que isso, Lucy. – Erza disse fazendo a loira se espantar. Havia doçura nos olhos da dura mulher que sempre trajava uma armadura. Uma doçura tão rara de se ver em seu rosto quase sempre sério. – Ela deve estar orgulhosa de você.

- Vo-você acha? – Lucy engoliu um soluço, o fluxo de lágrimas aumentando com as palavras da amiga.

- Tenho certeza de que sim. – Erza sorriu abertamente fazendo a loira esconder o rosto entre as mãos. – Ei, não chore! Estava tentando te animar... – Erza coçou a cabeça, encabulada. Era tão difícil entender as pessoas... elas eram sempre tão imprevisíveis...

- E conseguiu. – Lucy fungou ao limpar seus olhos. – Suas palavras... foram simplesmente tudo. Obrigada.

- Não por isso, não por isso... – ela fez um gesto de despreocupação, visivelmente embaraçada. Então sorriu com malícia. Lucy arqueou uma sobrancelha diante da mudança brusca. Sim, ela ainda era Erza, sem dúvidas. – E quanto ao Natsu?

- Aaaah! Por que você falou dele agora? – Lucy gritou, escandalizada. Como ela podia colocar o rapaz cuspidor de fogo numa conversa logo depois de ter dito palavras tão lindas? Ela estava quebrando a magia do momento...

- Bem... ele parece gostar de você. – Erza disse despreocupadamente.

- Natsu gosta de todo mundo. – Lucy pigarreou, visivelmente embaraçada. – Ele é um tremendo idiota.

- Você sabe do que eu estou falando. – a Titânia insistiu, agora de olhos fechados, relaxada nas águas quentes.

- Na verdade não faço idéia. – Lucy olhava ao redor em busca de um assunto que pudesse mudar o rumo perigoso daquela conversa. Não sabia por que, mas aquilo a incomodava. Falar de sentimentos e Natsu a incomodava, na verdade. Não estava certa do por que, mas a incomodava.

- Olhando vocês dois, eu me lembro de outra pessoa que fazia tão bem ao Natsu quanto você faz. – Erza comentou lentamente fazendo Lucy virar o pescoço em sua direção num gesto tão brusco que lhe causou uma dolorosa distensão.

- Ai! – ela gemeu com a mão no ponto dolorido. – Quem... quem é ela?

- Não é quem é. – Erza encarava o infinito do céu, pensativa. – Mas sim quem foi.

- Ela... ela... – Lucy não conseguiu verbalizar a palavra.

- Sim. – Erza sussurrou fechando os olhos por um momento. – Ela morreu há algum tempo.

- Eu... sinto muito. – Lucy disse num murmúrio quase inaudível fazendo a Titânia abrir um triste sorriso, os olhos ainda fechados.

- Natsu ficou muito arrasado com a morte dela. Ele não se conformava por não ter podido fazer nada... – Erza suspirou, os olhos se abrindo pra mirar o céu novamente. – Durante meses, nem brigar com Gray ele brigava. Estava triste, calado, pensativo... era preocupante.

- E... como ele... voltou ao normal? – Lucy se mexeu, incomodada. Pensar em Natsu quieto e triste não lhe fazia bem. Ela só conhecia a parte brincalhona, imatura e totalmente insana do rapaz. E por mais que não o admitisse, gostava dele daquele jeito. Não diferente daquilo que conhecera no porto de Hargeon.

- Foi por isso que Wakaba lhe disse sobre uma suposta pista do paradeiro de Igneel. – Erza sorriu. – Seria a única coisa que o faria animar, mesmo que momentaneamente. Mas sabíamos que, quando ele se desse conta de que era um mero boato, já que dragões não andam normalmente por cidades, ele voltaria a depressão de antes.

- Espere... me lembro de que Natsu confundiu Bora com Igneel. Não fisicamente, claro, mas pensou que falassem de seu pai quando se referiam a Salamandra... – Lucy se lembrou.

- Exatamente, Lucy. – Erza assentiu, sua expressão suave. – Foi por isso que nos surpreendemos quando ele voltou... feliz. Eu estava fora quando ele voltou, mas fiquei sabendo dos detalhes depois. Quando o vi ali, brigando novamente com Gray... fiquei muito surpresa. – os olhos da Titânia estavam fixos nos olhos da loira. – Então eu soube que ele havia trazido uma novata consigo... e que essa novata era você. Não foi à toa que chamei Natsu e Gray pra me ajudarem na missão... e não foi à toa que Mirajane mandou que você nos seguisse.

- Eu... e-eu... – de repente Lucy se viu sem palavras.

- Não parece estranho pra você que Natsu viva há tanto tempo na guilda e que nunca tenha formado um time... até que você apareceu? – Erza piscou um olho diante da surpresa da loira que de repente perdera o poder da fala. – Entenda, Lucy... Natsu é diferente. Mas nem mesmo essa diferença impede que o que ele sinta por você seja menos verdade do que o é.

- Eu... não entendo. – Lucy baixou os olhos sentindo seu coração acelerar em seu peito, seu rosto corado. Natsu... seria verdade?

- Bem, acho que já tive o suficiente. – Erza suspirou ao se levantar e pegar a toalha, enrolando-a em seu corpo. – Vou tomar uma ducha e ir pro bar do hotel. Quando quiser vir... – deu de ombros ao sair da fonte, entrando no vestiário.

Lucy não sabia o que pensar naquele momento. Natsu... ele era apenas um amigo, não era? Sim, era sempre ela quem o carregava quando este passava mal ao andar em qualquer forma de transporte que não fosse Happy (o qual ele estranhamente não considerava como transporte). Era ela também a primeira a perder a paciência com suas maluquices, e quase sempre surrá-lo por isso. Era sempre ela quem o admirava quando ele se mostrava muito mais do que um dragão cuspidor de fogo inconseqüente... não era?

Apenas um amigo... era apenas um amigo...

- Oi, Lucy! – uma cabeça sorridente submerge do meio da fonte, espirrando água pra todos os lados e dando um tremendo susto em Lucy.

- Aaaaah! Naaatsu! – ela berra tentando se esconder com as mãos, ciente de sua nudez dentro das águas. E o rapaz estava a menos de um metro de distância dela. – O que diabos você está fazendo aqui? Esta é a ala feminina!

- Eu sei! – ele sorriu como se nada de mais estivesse acontecendo. Como se ela não estivesse tão vermelha quanto um pimentão. – Mas eu sabia que só você estava aqui, já que não tinha mais cheiro de Erza na água, por isso vim.

- Mas eu estou nua! – ela gritou apertando mais os braços junto ao corpo. – E você... vo-você está... – ela engoliu em seco ao olhar pro pescoço do rapaz onde o eterno cachecol sempre estava. E agora ele não estava lá.

- Pelado? Sim, claro. – Natsu respondeu como se fosse a coisa mais natural do mundo. – Todo mundo nada pelado em fontes termais... Lucy é mesmo estranha.

- Natsu... por favor, me diga que estou tendo um pesadelo... – Lucy cobriu os olhos com ambas as mãos.

- E por que estaria? – Natsu se surpreendeu.

- Como assim por quê? – Lucy se descontrolou ao se levantar totalmente e começar a gesticular. – Eu estava aqui, tranqüila em um banho relaxante quando...

- Lucy... – Natsu engoliu com dificuldade ao desviar os olhos do rosto da moça e mirar pouco mais abaixo. E Lucy deixou de gritar quando o viu... corado? – Você está... está... – e apontou na direção de seus olhos já que parecia ter perdido a fala.

- Aaaaaah! Que vergonha! – ela gritou ao se afundar novamente nas águas quentes. Em sua fúria, se esquecera totalmente de sua nudez e se levantara, ficando com metade de seu corpo exposto em frente ao rapaz. – Seu tarado! Você é um tarado!

- Eu?! – Natsu se espantou. – Você que fica nua na minha frente e eu que sou o tarado?

- Aaaah! Como ousa?! – ela ruge partindo de socos pra cima do rapaz que segura seus pulsos.

- Lucy, você... – mas nada mais disse já que, ao segurar os pulsos da garota e os puxar pros lados de seu corpo, fez com que ela se chocasse bruscamente em seu peito desnudo. Lucy sentiu o calor do corpo do rapaz mesmo estando dentro de águas termais, seus seios sensíveis roçando na pele firme e quente de Natsu. – Eu... – ele sussurrou com os olhos presos aos dela, seus rostos tão próximos... ela podia até mesmo sentir o hálito com cheiro de... fogo? – Lucy, eu... você... – ele murmurou revezando seus olhos ao encarar seu olhar e descer até seus lábios que deixavam sua respiração ofegante sair, mesclando-se a do rapaz que ainda a segurava na mesma posição estranha, mas que fazia com que seus troncos se tocassem.

- Sim? – ela sussurrou sentindo seu coração ainda mais acelerado, um estranho formigamento e calor envolvendo-a, deixando-a mole. O que estaria acontecendo com ela?

- Natsu? O que você e Lucy estão fazendo aí? – uma voz conhecida soou acima de suas cabeças fazendo-os despertar pra realidade, ambos se afastando em um empurrão.

- O que? Nós... nó-nós... – Natsu começou, visivelmente perdido ao ver Happy com os braços cruzados em frente ao peito, olhando de um pro outro.

- Nada! – Lucy riu descontroladamente de puro nervosismo. – Nós não estávamos fazendo nada!

- Lucy, você não vai... – pra infelicidade da loira, a figura de sua amiga ruiva saiu do vestiário, voltando pras fontes e mirando por um momento a situação. – Mas o que é isso?

- Lucy e Natsu estavam... – Happy começou mas Lucy agarrou seu rabo e puxou-o com tudo pra dentro da água antes que ele terminasse.

- Nada! – Lucy disse num tom mais alto do que necessário. – Não estávamos fazendo nada!

- E precisam estar pelados pra fazer nada? – uma voz grave soou fazendo-os desviar os olhos em sua direção, vendo então Gray sentado sobre a divisória que separava a ala masculina da feminina. – Que vergonhoso...

- Olha só quem fala! – Lucy gritou abraçada ao seu próprio corpo. Sentia-se estranhamente exposta daquele jeito. – Você vive tirando as roupas!

- Mas o Gray não estava fazendo... – Happy tentou mais uma vez ao submergir ao lado de Lucy que o empurrou de volta pro fundo.

- Calado! – ela berrou horrorizada.

- O que diabos você está fazendo aqui, Natsu? – Erza perguntou ao estreitar os olhos. Todos se encolheram de medo. – Por acaso não sabe que esse lado é somente de mulheres?

- Eu não estava invadindo, juro! – Natsu disse gesticulando muito. – É que... é que...

- É que o que? – Erza gritou impaciente.

- Eu achei uma passagem. – Natsu enfim contou fazendo todos prestarem mais atenção ao que ele dizia. – E vocês não fazem idéia de pra onde ela leva.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até o próximo, pessoas! ^.^