I'm not gonna sit and wait

This is a promise that I will not brake

Cause what's the point, if you're not here?

You're my angel, yes it's clear

That I can take the world off your shoulders

Throw your troubles to the wind...

Ruby quase corria dentro do Granny's. Era final da hora de almoço, e, ao que parecia, pelo menos um quarto de Storybrooke resolvera deixar para pegar o almoço exatamente a essa hora, abarrotando o pequeno restaurante. Algumas pessoas até mesmo levavam a comida ou lanches embora, por não haver nenhuma mesa disponível. E essa loucura já durava há pelo menos uma hora. Finalmente, após mais alguns eternos vinte minutos, o restaurante da pousada estava tão calmo como era normalmente.

Era sábado, e, contrariando às expectativas de Ashley e sorrindo tão maliciosamente como Ruby, Mary Margaret não havia desistido da Operação Passarinho Azul (como ela mesma havia batizado. Henry tinha que puxar isso de alguém, afinal.) Ou Operação 'As Sapatilhas De Cristal', como Ashley sugerira, entrando no embalo. E também havia a Operação 'Big Bad Wolfy', que foi a sugestão de Ruby. Como não houve um consenso, a Operação tinha um nome diferente a cada hora, com cada uma das três a chamando como queriam que se chamasse.

Mas o ponto era que, agora que a hora de almoço chegava ao fim e Ruby podia finalmente se sentar com as suas outras duas companheiras de crime (ou companheiras do Serviço Social Público para Desmascarar a Obra do Cupido, SSPDOC, para abreviar). Ruby praticamente podia ver as engrenagens funcionando na cabeça de Mary. Assim que a garçonete morena se sentou, Mary já disparou:

-Emma disse que vai sair à tarde com Henry. Vai levá-lo para andar de bicicleta. Regina com certeza irá junto! -Ruby sorriu.

-Vamos chegar mais cedo ao lugar e esperar escondidas até que possamos pegá-las em flagrante, então!- Sugeriu, mas soube imediatamente que havia algo errado com seu perfeito e lógico plano quando o rosto de Mary Margaret mudou totalmente.

-Nós não sabemos aonde ela vai levar Henry. Há três ou quatro lugares possíveis na cidade. - Ashley disse por MM, que apenas concordou com a cabeça.

-Vamos nos dividir então, duh! Quem as vir primeiro avisa as outras e nós nos encontramos para pegá-las! - Ruby disse como se fosse óbvio. E, bem... Era, mas mesmo assim o rosto de Mary se iluminou novamente. Ruby se perguntou se era fácil assim o tempo todo fazer a morena feliz, mas deixou de lado a pergunta quando Ashley a olhou como se fosse a maior gênia que conhecera. O olhar de Ashley se encontrou com o de Mary, e Ruby não teve tempo nem de contar até três quando as duas simplesmente começaram a bombardear a garçonete morena com mais e mais planos. Ruby apenas sorriu, ouvindo-as. Principalmente na parte em que Ashley sugeriu que elas deveriam ter codinomes e a garota das mechas vermelhas sugeriu que o de Mary deveria ser “Chaveirinho”. E não, nem o tapa muito bem dado em seu braço, dado pela 'Chaveirinho' apagou seu sorriso.

oOo

Agora, essa era uma cena rara. Sim, era sábado. Sim, Emma estava na delegacia. Mas, por algum milagre, a loira resolveu que aquele lugar precisava de mais organização, então Emma Swan estava organizando seu escritório. Emma não sabia dizer se aquilo era influência de Regina ou não, mas mesmo assim, sabia que era algo muito incomum para ela.

Começou tirando tudo de sua mesa, tudo mesmo, não apenas o que estava desnecessariamente jogado ali. Limpou, e ponto! Parte um concluída com sucesso! Agora era a hora da fase 2, onde ela organizaria tudo. Suprimindo um suspiro ao ver o tamanho da pilha de papéis, começou a separá-los. Útil, lado esquerdo. A ser arquivado, no centro. Lixo, lado direito.

Emma sabia que grande parte daquilo era também nervosismo. A cada cinco minutos ela colocava a mão no bolso, certificando-se de que aquilo ainda estava ali. Só de pensar no que estava prestes a fazer a xerife sentia-se gelar. Emma chacoalhou a cabeça mais uma vez, como que para espantar todos os pensamentos que lhe atormentavam, focando-se nas três pilhas desanimadoramente grandes à sua frente.

Poucas horas depois, só quando Emma finalmente colocou a última pasta no arquivo, reorganizou toda sua mesa, e fechou o último saco de lixo, que a loira percebeu que não só não tinha almoçado, como também estava quase na hora que tinha marcado de pegar Henry (porque é claro que a loira quase teve um ataque do coração quando descobriu que o menino poderia cavalgar perfeitamente, mas não sabia como andar de bicicleta. E não havia como o filho de Emma Swan não andar de bicicleta, nem nesse, nem em outro mundo!).

Fechou a delegacia rapidamente, e praticamente voou para casa, tomou um banho e se trocou, deu uma última olhada no espelho, e justamente quando estava pronta para sair deu de cara com uma Mary Margaret ainda mais agitada do que costumava ser.

-Emma! Já de saída?- a professora perguntou afobada, e a loira apenas acenou positivamente com a cabeça, estranhando o comportamento da mulher mais baixa.

-Eu também já vou sair! Quais são seus planos?-A morena perguntou, com um sorriso um pouco nervoso que não parecia natural nela.

-Hã, nada de mais... Passar um tempo com Henry, você sabe...-A loira respondeu, visivelmente desconfortável, um certo presente parecendo queimar um buraco em seu bolso.
-Ah, sim, claro. Eu vou sair com Ruby e Ashley!

-Divirtam-se. Talvez eu me junte a vocês mais tarde... -Emma comentou, só para não deixar a situação ainda mais estranha, embora ela pretendesse estar muito mais ocupada mais tarde, do que estar simplesmente com as amigas. Se despediu de Mary Margaret, após assegurar que ligaria para ela caso fosse encontrá-las. E precisou fazer isso mais de três vezes. Estranho.

Assim que Emma fechou a porta, Mary esperou até ouvir o carro da delegacia dar a partida, e rapidamente sacou seu telefone, já com o dedo no primeiro número de seu speed dial, quase pulando de ansiedade até a voz que ansiava ouvir atendeu:

-Wolfy! Nada feito, ela não disse! Sua vez, assim que tiver a chance!

oOo

Exatos cinco minutos e quarenta e sete segundos depois, o carro da xerife estacionava em frente ao Granny's e Wolfy e Glassy entravam em estado de alerta, enquanto Wolfy, ou Ruby, tanto faz, se perguntava mentalmente o porque dessa sua obsessão em contar com tanta precisão o tempo, mas concluiu que deveria ser uma coisa boa. Ter noção de tempo era sempre útil.

Já a xerife loira realmente precisava de algo doce em seu sistema, e isso provavelmente estava tão evidente em seu rosto que o copo grande de chocolate quente com creme e canela extras atingiu o balcão quase ao mesmo tempo que ela. A loira deu um sorriso agradecido para a morena mais alta, e deixou que o líquido quente esquentasse sua garganta antes de cumprimentar Ashley e Ruby.

-Vai fazer o que agora Emma? - Ruby perguntou, preparando o Frapuccino de Caramelo que a loira havia pedido, e o outro chocolate quente, e resistindo bravamente à tentação de revirar os olhos. Emma não podia mesmo ser mais discreta? Quer dizer, desde que Ruby era Ruby naquele café, Regina pedia a maldita bebida quase que religiosamente. Como a prefeita mantinha um corpo daquele com essas bebidas, os cookies, e todo o trabalho na prefeitura e com Henry, aparentemente sem tempo algum disponível para alguma ginástica era um grande mistério para Ruby. E para várias outras pessoas da cidade que prestassem atenção suficiente em sua prefeita.

-Passar o resto da tarde com Henry!-Emma respondeu, forçando um sorriso nervoso. E se ela queria que alguém acreditasse nisso, ela precisava se acalmar.

-Mesmo? Onde?- Foi a tentativa de Ashley, quando percebeu que Emma já pagava pelas bebidas e se preparava para sair.

-Eu estou ensinando-o a andar de bicicleta. E já vou indo, ele está me esperando. Divirtam-se!-Emma desejou, e saiu, estranhando esse súbito interesse por sua vida que suas amigas pareciam ter desenvolvido, sem perceber o rápido olhar entre Wolfy e Glassy.

Porque, droga, elas ainda continuavam sem saber onde a xerife passaria a tarde!

oOo

Henry tinha um sorriso alegre e cheio de si no rosto. Porque ele agora sabia andar de bicicleta, e muito bem por sinal, segundo Emma, embora sua mãe continuasse insistindo que grande parte do crédito da postura e equilíbrio de Henry eram dela, já que ela o ensinara a cavalgar. E isso só o fazia sorrir, ver sua mãe alegre. As duas. Brigando a cada cinco minutos por qualquer coisa que fosse, mas com um sorriso bobo no rosto que o fazia se sentir bem. Era estranho, mas aquilo lhe dava um senso de família que ele nem sabia que tinha, mas gostava. Era... confortável.
E talvez ele estivesse se exibindo um pouco em sua nova bicicleta, só porque Emma prometera (bem longe dos ouvidos de Regina, claro) que o ensinaria algumas coisas muito legais depois, quando ele estivesse mais seguro pedalando; então ele estava treinando. Ele mal podia esperar para mostrar a Nicholas o que aprenderia a fazer!

Não longe de onde Henry pedalava, Emma estava sentada no chão, encostada em uma grande árvore, com as costas de Regina apoiada nela, seus braços ao redora da cintura da prefeita, e o queixo em seu ombro.

-Ele pode realmente ser surpreendente, não é?- Regina apenas virou levemente a cabeça, para encarar os olhos verdes que a derretiam sempre, embora ela não admitisse.
-Eu que o diga!-Emma sorriu,e Regina riu ao entender o que a loira pensava, sua memória voltando ao mesmo lugar.

Henry era inteligente, e ele e todo mundo mais sabiam disso. Muito inteligente para uma criança da idade dele, como sua professora dissera. Então por quê Emma e sua mãe faziam questão de esquecer disso?

Quer dizer, ele percebeu quando sua mãe chegou com uma marca muito óbvia de uma mão em seu rosto e os olhos jorrando fogo. E no dia seguinte à morte de Graham, ele notou a sobrancelha cortada de Emma. E depois, quando a prefeitura pegou fogo, ele notou que sua mãe estava mais quieta. E Emma agora podia passar mais tempo com ele, mas ele sabia que aquilo não era uma demonstração de gratidão por parte da sua mãe, porque quando elas não estavam em público elas nem brigavam mais tanto assim. Depois Emma começou a ser convidada para jantar, mais e mais vezes. E foi mais ou menos aí que ele começou a pegar sua mãe sorrindo como ela nunca fazia, sem motivo algum, e olhando para o nada. E Emma parecia mais inclinada do que nunca a ficar em sua casa ao invés de sair, fosse para jogar videogame ou ensiná-lo a arremessar uma bola de futebol americano decentemente. Ele realmente gostou da última parte, já que agora suas notas em educação física estavam bem maiores e ele totalmente ganharia aquele Xbox que vinha negociando há tempos com sua mãe.
E tudo ia bem assim, com Henry fingindo não notar nada, até o dia em que foi passar a noite na casa de Ava e Nicholas, e quando voltou para casa, além do sorriso (que ficava muito bem nela, na opinião do garoto) sua mãe tinha um fino aro de prata em sua mão direita. E quando Henry a questionou e ela disse que sempre teve aquele anel, ele lhe deu um olhar que teve certeza de que deixou Regina orgulhosa. Mas mais importante do que isso, ele soube que era hora de agir, porque do jeito que as coisas caminhavam, suas mães não pareciam tão dispostas assim a sair de Nárnia tão cedo. Então, naquela noite, ele agiria.

Hora do jantar, sua mãe havia feito com que ele e Emma parassem de brincar com a bola nova de futebol americano que o garoto havia ganho da loira e irem se limpar para comer. E já na sobremesa, Henry fez questão de se focar apenas em seu pudim e mais nada, porque ele tinha certeza de que se olhasse para sua mãe e Emma ele não demoraria a ver um unicórnio Pink atravessar a porta da cozinha vomitando um arco-íris, mais colorido e gay do que Justin Bieber. Até que ele terminou de comer, e resolveu encarar o copo de água, até começar a falar.

-Então... Quando vocês pretendem me contar que estão oficialmente juntas?- Ele perguntou como se falasse do tempo, mas havia cronometrado sua fala perfeitamente para o momento em que Emma estivesse bebendo. Ele sempre quis ver alguém cuspir a bebida e se engasgar como nos filmes, e um pequeno sorriso escapou quando isso foi exatamente o que aconteceu com Emma. Ele esperou até sua mãe (agora quase tão pálida como Mary Margaret) recuperar um pouco de cor, e Emma conseguir respirar mais normalmente.

-E então...?- ele insistiu

-Henry, eu...- Sua mãe começou.

-É... Nós... Eu...-Emma tentou, e desistiu de formar uma sentença coerente, optando por apenas pegar a mão de Regina por cima da mesa e observar seus dedos entrelaçados por um segundo, antes de encontrar os olhos castanhos com os seus próprios. Henry sorriu.

-Eu não me importo, de verdade. Na verdade, eu acho que isso é meio que... Demais! Então eu fico feliz.- O menino assegurou, e ele achou que nunca havia visto Emma tão aliviada.

-Obrigada, Henry.-A xerife assentiu, e os dois pares de olhos verdes se encontraram sobre a mesa. Emma não deixou de notar os sorrisinho no rosto do menino, e a luta interna para escondê-lo antes de falar novamente.

-Obrigada coisa nenhuma. Essa casa tem regras, Emma! Minha mãe não volta pra casa depois das 9h30 de semana,pra começar. E eu leio os quadrinhos do Homem de Ferro primeiro! E eu ainda quero saber quais são as suas intenções com a minha mãe Ms.Swan.-Ele completou, imitando a expressão de Regina tão perfeitamente no final que os três acabaram gargalhando. E desde então, Henry se sentia verdadeiramente em casa, em sua própria casa.

I always remember the way that you'd sing to me

Loving you while you were holding me

Making me feel like everything's alright

I ain't gonna play with your feelings

Or make you feel like your were dealing with someone

That doesn't believe in your love