Férias Em Família escrita por Myra


Capítulo 5
Capítulo 5- Finalmente




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O sol amanhecia normalmente no céu, para descanso de Apolo que parecia pelo menos aliviado por o seu carro do sol ainda estar a funcionar em piloto automático.
No quarto principal da casa, Hera dormia serenamente com a cabeça no peito de Zeus, que já acordado brincava distraído com alguns fios do cabelo avelã dela. Ela acordou, franzindo o nariz, gesto que fez Zeus sorrir ternamente, antes de cobrir os lábios dela com os seus.
– Bom dia meu amor.
– Faz anos que não me acordas assim – Disse ela com um enorme sorriso, resplandecendo ainda mais o quarto. – Bom dia…
No momento em que se iam beijar novamente, ouviram um enorme e perfurante grito ecoar por toda a casa. Parecia vindo de fora.
– O que é que o Ares está a fazer a Athena!?
Replicou Zeus, parecendo cansado das brigas incessantes dos dois filhos.
– Querido, eu acho que não é a voz da Athena, ou do Ares… - Ela parecia pensativa – Nem de nenhum dos nossos filhos…
– Então se não é de nenhum deles… - Replicou Zeus com um enorme sorriso travesso no rosto – Deixa para lá e vamos aproveitar o nosso momento…
Ele cobriu o corpo dela com o dele, beijando-a novamente, quando ouviram outro grito ainda pior que o anterior.
– Será possível!? – Ele disse resmungando enquanto Hera se levantava da cama – Nós já temos filhos, e como não basta-se ainda temos que nos levantar, porque alguém, sabe-se lá quem, decidiu gritar a plenos pulmões, veja-se bem, as sete e meia da manhã. Eu vou mandar para o Tártaro que foi!
Desceram rapidamente as escadas e assim que chegaram ao jardim, puderam ver que Hades e Poseidon estavam sentados nas duas espreguiçadeiras amarelas, na praia. Ambos pareciam divertidos, como os óculos de sol postos, e com dois grandes pacotes de pipocas de cinema. No centro da baia, estava alguém, no ridículo pijama com cereais desenhados. A mulher gritava furiosamente enquanto Poseidon agitava as águas de um lado para o outro, fazendo-a cair na água milhentas vezes. Pareciam ambos demasiado divertidos. Hera rapidamente reconheceu a mulher. Deméter.
– MAIS UMA VEZ POSEIDON. AQUELA ONDA EM QUE ELA CAIU DE CÚ NO ÁGUA E CHAPINHOU.
Pedia Hades rindo a bandeiras despregadas. Parecia uma criança numa loja de brinquedos na época do natal. Poseidon ria e com um abanar de mãos, Deméter voltou a cair no momento em que a pequena e inofensiva onda a atingiu. Hades quase que rebolou no chão de tanto rir.
Nem Hades nem Poseidon deram pela presença de Hera e de Zeus. Este último, tentava conter-se para não se rir mais que os dois irmãos. Hera olhava a cena com um misto de riso e de desaprovação. Mais uns minutinhos e não morreria ninguém, pensou ela, afinal Deméter merecia um pequeno castigo.
– HADES! POSEIDON! – Disse Zeus – Arranjei um lugar para mim. E uns óculos de sol.
Este praticamente saltou para a espreguiçadeira que Hades fez aparecer ao seu lado. Riram despregadamente quando Poseidon fez uma pequena onda que fez virar o colchão, agora totalmente encharcado, ao contrário, fazendo Deméter, cair novamente na água.
– Poseidon. Poe-a aqui novamente! – Pediu Hera com um enorme sorriso sádico no rosto.
– Com certeza irmã. – Disse Poseidon – E para o ato final. Um duplo mortal com aterragem facial…
Com um estalar de dedos, Poseidon fez com uma enorme onda atingisse Deméter, rodando-a no ar e fazendo-a cair de cara, mesmo aos pés de Hera.
Todos os outros riam. Toda descabelada, com as roupas molhadas e cheias de areia, da última queda, ela levantou-se rapidamente olhando furiosa para os irmãos.
– IDIOTAS! COMO É QUE SE ATREVEM! EU VOU FAZE-LOS PAGAR BEM CARO POR ISTO! INVEJOSA – Ela virou-se para Hera – NÃO SUPORTAS QUE O TEU MARIDO NÃO SE CONSIGA SATISFAZER CONTIGO E TÊM QUE IR PROCURAR OUTRAS! RIDÍCULA! QUERES QUE TE CONTE COMO ELE GRITAVA O MEU NOME QUANDO ESTAVAMOS JUNTOS, OU DE COMO EU O SATISFAZIA! DEIXA, NUNCA IRÁS ENTENDER. AFINAL NUNCA O SATISFAZESTE MESMO, NÃO É VERDADE!?
Zeus nem precisou de intervir em defesa da esposa. Hera levantou a mão e espetou um enorme estalo na cara dela, marcando de vermelho o seu rosto.
Os filhos, que a chegavam no momento em que ouviram Deméter dizer aquilo a mãe, ficaram furiosos, o objetivo de toda aquela partida era humilhar Deméter e faze-la pagar pelas desavenças que criará entre os pais.
Mas toda aquela cena, fez Artemisa pegar no arco de prata e numa das flechas. Mirou o alvo, neste caso a sua tia, e atirou certeira, fazendo a flecha passar a milímetros do rosto dela, fazendo escorrer pelo rosto desta um fio de sangue dourado.
– MÍUDA INSOLENTE! EU TE AMALDIÇOU-O…
Mas antes que ela pudesse concluir a maldição, Zeus brandou.
– Calada, como te atrevas a tentar amaldiçoar uma das minhas filhas. Pagarás!
Mas antes que qualquer um pudesse fazer algo, ela desaparece dali com um estalar de dedos.
Silêncio! Até que mais uma vez Hades o quebrar.
– ESTOU LIVRE DA SOGRA! VOU PINTAR O SUBMUNDO DE COR-DE-ROSA! EU NÃO ACREDITO… FINALMENTE! LIVRE!
Hera olhou para o chão, tentando esconder em vão as lágrimas que marcavam o seu rosto. Como é que ela conseguia sempre estragar tudo.
Os filhos atenderam a mãe o mais depressa possível.
– Hera. Meu amor. – Zeus furou a espessa camada de filhos deles que se amontoaram. Segurou as mãos dela junto a si. – É a ti que eu amo. Sabes isso, não sabes?
Ela sorriu por entre as lágrimas. Ele beijou-a apaixonadamente. Afrodite praticamente derreteu-se perante aquela declaração de amor. E de forma geral todos os filhos ficaram felizes. Dionísio e Hefesto sorriam em concordância, Ares, Apolo e Artemisa riam enquanto Athena trocou um olhar apaixonado com Poseidon.
Quando o beijo dos dois acabou. Ouviram alguém caminhar pesadamente. Hades virou-se para encontrar Perséfone.
– COMO HADES? COMO É QUE TE ATREVES A TRATAR A MINHA MÃE DAQUELA MANEIRA! ELA NÃO TE FEZ NADA. EU ATÉ POSSO ENTENDER A TIA HERA! MAS TU!??? EU JÁ TE PEDI MILHENTAS VEZES PARA SERES MINIMAMENTE CORDIAL COM ELA. MAS TU NUNCA ME OUVES, ESTOU FARTA DE TI HADES, FARTA!
– POIS É, ENTÃO O MELHOR MESMO É ACABAR COM ESTA PALHAÇADA! – Disse Hades, tirando a aliança do dedo anelar da mão direita. Atirando assim a aliança para o chão – ESTÁS LIVRE PARA FICAR NO OLIMPO O TEMPO TODO, COM A TUA SANTA MÃE!
Ele saiu em direcção a entrada da casa. Todos olhavam a cena perplexos.
– Eles vão fazer as pazes, fazem sempre… - Disse Hermes. – Não é Afrodite?
Ela olhou para eles. Suspirou fundo.
– Desta vez não sei Hermes. O tio Hades deixou de acreditar. Pela primeira vez em milênios, ele deixou de acreditar no amor, e sinceramente, não sei se ele vai conseguir por o orgulho para trás e voltar a amar.
Perséfone olhava perplexa a aliança caída na areia, alheia ao que os outros diziam como é que ele a podia ter deixado depois de tudo, ele tinha desistido de deles tão facilmente, ela sabia que a história deles não tinha começado da melhor forma mas depois de tudo o que passaram juntos ela amava-o e ele não podia deixa-la assim e daquela forma. Apanhou a aliança do chão e saiu em direção á casa ignorando o facto de a mãe chama-la para saber o que tinha acontecido, seguiu em direção ao pequeno jardim das traseiras em busca de encontrar o marido. E estava certa, Hades estava sentado num dos poucos bancos de madeira que ali havia. Tinha a cabeça entre as mãos e estava desesperado, ela chegou-se ao pé dele e tocou-lhe de leve no ombro fazendo com que ele a olha-se nos olhos. Ela sentou-se ao lado dele e ficaram a olhar-se durante alguns minutos até que ela começou a falar.
–Hades eu só vim aqui para te…
–Escusas de dizer, agora és livre podes fazer aquilo que quiseres, já não és casada comigo, e podes dar os parabéns a tua querida e amada mãe porque ela acabou por conseguir aquilo que sempre quis.
–Como assim aquilo que ela sempre quis?
–Vais dizer que ainda não percebeste? Ela sempre nos tentou separar, sempre arranjou brigas entre nós, mas eu sempre achei que nós eramos superiores a isso e que ela nunca nos iria separar mas o estupido do Hades enganou-se, ela consegue sempre tudo o que quer, aquela víbora sempre me odiou por eu estar do lado da Hera, e depois quando eu me apaixonei por ti e te raptei ainda pior! Eu sempre suportei as queixas dela, eu sempre ouvi todas aquelas acusações que ela fazia e nunca reclamei, e tudo por ti! E agora ela finalmente conseguiu, separou-nos de vez!
–Hades isso não é verdade!
–É sim e tu sabes disso!
–Bem Hades eu vim aqui falar contigo, eu quero-te pedir desculpa por tudo aquilo que disse eu exagerei um pouco, eu sei que ela nunca gostou de nos ver juntos, mas eu não quero saber do que ela pensa ou deixa de pensar, eu amo-te apesar de me teres raptado e obrigado a casar-me contigo, e não há ninguém que nos possa separar.
Ele sorriu, de facto nunca esperou ouvir isso dela, mas ela estava ali a dizer que não queria saber do que a mãe achava e que era a ele que ela amava. Mas depois a lembrança do que ela havia dito voltaram e o seu sorriso desapareceu.
–Escusas de vir com essas falinhas mansas, eu já não acredito em ti, estás livre para sempre…
–Mas eu não quero ser livre, eu quero estar contigo Hades, será que não entendes isso?
–É tarde de mais, adeus Perséfone.
–Espera Hades, não vás, perdoa-me… Eu não queria que nada disto acontecesse, mas ela também não merecia aquilo que lhe fizeram…
–Ela só teve aquilo que mereceu, e se queres que te diga, ela merecia muito pior!
–Não digas isso…
–Digo sim, ela é uma víbora, e como não é feliz estraga a vida dos outros…
–Hades! Ela é minha mãe!
–E daí? Lá por ser tua mãe não quer dizer que tenha desculpa para fazer aquilo que faz!
– Não fales assim dela! Ela não faz mal a ninguém!
–FAZ SIM! ADMITE PERSÉFONE! ELA SEMPRE QUIS SEPARAR O TEU PAI DA TUA TIA, ELA SEMPRE NOS QUIS SEPARAR!
–TU NÃO GRITES COMIGO HADES!
–TU TAMBÉM ESTÁS A GRITAR COMIGO!
–Houve eu não quero discutir vim aqui para falar contigo mas já vi que estás decidido, adeus…


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Notas finais do capítulo

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