Depois daquele dia, o dia que conheci Corey de verdade e tarde demais percebi o que ele era, me tranquei em meu quarto, como se não tivesse mais um mundo lá fora, eu tinha sido humilhada demais para enfrentar os olhares que sabia que se virariam para mim. Não lembro se foram poucos ou muitos dias, no momento, os dias pra mim eram eternidade.
Não sei de onde tirei forças para levantar de minha cama, tomar um bom banho, aqueles de uma hora no mínimo, e simplesmente transformar-se em outra pessoa, como se a Samantha tivesse morrido, e tivesse nascido uma nova Samantha. Eu já não era mais romântica, eu já não era mais ingênua, eu já não era a mesma, e a partir desse dia eu nunca mais fui à mesma.
Fui ao guarda-roupa, vi que precisaria mudar um pouco o meu estilo, pois claro, eu tinha que mudar, vesti a primeira coisa que vi e sai, e não me importava tanto mais com as aulas que estava perdendo. Fui ao shopping, eu precisava sair um pouco. Comprei roupas novas, mais de acordo com o meu novo estilo, roupas que sentia que valorizava meu corpo sem estar vulgar, comprei sapatos novos e cortei o cabelo. Sempre tive o cabelo comprido, sem graça, mas agora estava com movimento, lisos e repicados agora, me senti mais bonita, comecei a me valorizar mais. Finalmente me sentia preparada para o dia seguinte, a final, Corey fazia as mesmas aulas que eu, então tinha de não me preocupar mais com ele, ou com o que ele acharia de mim, já não me importava mais nada, percebi que não preciso dele pra ser feliz.
Dormi tão bem aquela noite que pensei que seria forte o suficiente ao passar perto dele. Coloquei a melhor roupa que havia comprado, me arrumei inteira, sem pensar em ninguém, só em mim mesma, e no que eu iria passar aquele dia, eu torcia para que passasse rápido, não sei muito bem o porquê.
Sai do quarto confiante, com um sorriso de orelha a orelha, e pronta para o que viesse naquele dia. A cada passo que dava percebia que estava sendo observada pelos garotos do campus, não sei muito bem o porquê, mas me deu mais confiança, e tinha certeza que ninguém havia me reconhecido, claro, eu que andava sempre de calça jeans, batas e tiaras nunca tinham me visto de vestido e salto, cabelos soltos e maquiada. Finalmente cheguei à sala de aula, e não me importei em olhar se ele estava lá, apenas sentei e esperei a aula começar, mas infelizmente estava adiantada, então fiquei esperando o professor chegar.
Lembro que senti como se fosse outro lugar, outras coisas, como se eu nunca estivesse estado ali, soltei um leve sorriso, olhei para os lados e vi um garoto de óculos, sentado bem no fundo da sala, sozinho. Por um momento me vi nele, pois já fui assim. Resolvi ir sentar ao seu lado, ele me olhava como se eu fosse a garota mais linda dali, mas sabia que não era, mas eu me sentia assim, soltei um riso entre os lábios e resolvi puxar assunto com o garoto:
- Olá, tudo bem? – Falei sorrindo.
- Oi, tudo bem sim e você como está? – Ele falava com certa timidez que logo foi sumindo.
- Ah, estou bem, obrigada. Então você é novo por aqui? – Perguntei.
- Sou sim, acabei mudando de cidade, então tive que ser transferido pra cá. – Ele sorriu. Foi um sorriso tímido mais encantador, por alguma razão eu havia gostado dele.
- E como se chama? – Perguntei.
- Me chamo Raphael e você? – Ele perguntou com um leve sorriso estampado em teu rosto.
- Me chamo Samantha. – Retribui o sorriso com igualdade. Começamos a conversar, mas logo em seguida o professor chega à sala, mas a cada brecha conversávamos como duas crianças na segunda série sem medo do professor brigar conosco, foi bom isso, me vi começando a fazer amizades de novo, isso era bom.

COREY NARRANDO.
Estava na sala de aula quando vi uma garota, que aparentava ser familiar entrar, ela era realmente linda. Perguntei para Scott se ele a conhecia, claro que tinha que conhecer, ele tinha uma lista completa com os nomes de todas as garotas do campus, mas ele observou bem e realmente não conhecia. Fiquei encarando-a, mais ela nem percebeu, parecia que estava distraída ou algo do tipo. Meus amigos ficaram me olhando e fazendo piadinhas, como por exemplo: “Nossa, quer ir falar com ela, que graça“, e riam sem parar. Scott era o meu melhor amigo desde que éramos crianças, ele percebeu que eu estava um tanto intrigado com a tal garota que para nós era nova, me olhou e disse:
- Vai lá cara, não custa nada ir ver quem é, aliás, ela é linda, quem sabe... – Ele nem chegou a terminar a frase e soltou um sorriso. Olhei pra ele e confirmei com ele acenando com a cabeça e fui até ela, quando finalmente eu chegava perto da carteira em que estava sentada, ela simplesmente se levanta e vai sentar no fundo da sala. Não entendi bem o porquê, até ela começar a conversar com um garoto meio estranho de óculos e camisa xadrez. Eu realmente queria falar com ela. Voltei junto de meus amigos, o Scott me olhava como quem dizia: “Por que não chamou a atenção dela seu idiota?”. Pensei em ir lá falar com ela, mas quando tomo coragem o professor chega e começa a aula, mas eu já tinha em minha mente, eu precisava saber quem era ela.