O começo da semana estava chuvoso em Vancouver e Rachel teve que ralhar com os filhos mais velhos para se agasalharem antes de sair. Drizzle, por sorte, quis ficar em seu quarto brincando, então sem preocupações de bronquite por hora.

_ Mãe, um entregador acabou de deixar isso. – disse Caroline entrando em casa ensopada e com uma grande caixa na mão.

_ Me dê. – pediu a mãe pegando a caixa – E vá tomar um banho quente e se agasalhar meu bem.

A menina assentiu, subindo correndo, enquanto a mãe ia até a cozinha e rasgava a embalagem. Havia uma carta endereçada a ela.

“Cara sra. Hudson,

Espero um dia ter a possibilidade de conhecê-la ao vivo, mas como a probabilidade é mínima, apresento-me por aqui mesmo.

Meu nome é Nigel Strand. Já deve ter ouvido falar de mi, pois fui eu quem financiei sua primeira peça na Broadway, anos atrás, mas usando o nome da empresa.

Pois bem, sem mais delongas. Veio por meio desta, falar-lhe de sua mãe, Shelly Danten. Ou melhor, Shelby Corcoran. Veja você, sua mãe é tão boa atriz, que incorporou por treze anos de sua vida, outra pessoa.

Você não deve estar entendendo, e acho compreensível. Afinal, sua mãe morreu em um acidente com a filha adotiva certo? Oh minha cara, muito errado. Estes diários pertencem a elas, e foram escritos nos últimos 16 anos de sua vida, desde que Elizabeth nasceu.

Espero que isso ajude minha pequena Beth e trilhar seu caminho de volta para casa e encontrar o que sempre procurou: seus pais.

Atenciosamente, Nigel Edward Strand.”

Viva? Sua mãe não havia morrido? Aparentemente sim, mas não quando ela acreditava. E Beth? Estaria viva? Mas espere... Strand? Mas esse era o sobrenome de Ian.

_ Ai meu Deus... – murmurou ela – Elizabeth é a Beth.

~*~

Era arriscado, Shelby sabia disso, mas era sua ultima saída. Quando Rachel quis se reaproximar, e levar Quinn e Puck junto, ela não esperava que eles estivessem juntos. Nem que Beth começasse, inesperadamente, a se dar tão bem com os pais biológicos que já não quisesse mais saber da mãe adotiva.

Então ela bolou esse plano com ajuda de Katherine e seu marido, Charles, que mesmo não concordando, arranjou todo o necessário.

_ O corpo do bebê estará na cadeirinha. – explicou o inventor contratado para ajudar – E abaixada no bando do passageiro, o corpo da mulher. Você estará com o equipamento de proteção por baixo da roupa, e o capacete estará no banco de trás. Eu vou controlar o carro por controle remoto, e na hora certa, explodo o pneu. Quando isso acontecer, vire-se como se fosse proteger sua filha e ponha o capacete, ele se conectara ao restante do traje. Estaremos te esperando com a van.

Ela assentiu temerosa. Era perigoso, mas era o único jeito de forjar sua morte e da filha. Se tudo mais desse errado, Charles poderia levar Beth embora e criá-la junto de Ian. Mas seu medo e ciúmes cegos, jamais permitiriam que Quinn e Puck, o casal alegria, tomassem sua filha dela.

Ela apenas segurava o volante, sentindo o carro ser controlado pelo rapaz. Os dois caminhões a trancavam e graças a Deus havia muitos carros na antemão. Quando afinal o carro guinou para o lado, uma caminhote surgiu do nada. E então o pneu estourou e tudo que ela conseguiu foi se virar para trás. Colocou o capacete as pressas e logo o carro capotava.

Assim que parou, sentiu braços puxando-a rapidamente e colocando-a na van, arrancando com o veiculo logo em seguida. Com a visão embaçada, pode ver o carro explodir pela janela e a ultima coisa que viu antes de desmaiar foi a lembrança do rosto de Rachel, olhando-a desesperada enquanto perdia o controle do carro.

~*~

Então havia sido assim que sua mãe tinha os enganado? Falsificou o acidente e fugiu, simplesmente? Por puro egoísmo e ciúmes?

Sentiu o sangue ferver e as lágrimas vieram grossas aos seus olhos, enquanto atirava o diário na parede. Logo, Caroline e Drizzle estavam ali, ambas assustadas e preocupadas.

_ Drizz, liga para o papai, rápido! – pediu a mais velha, correndo abraçar a mãe – Mamãe, se acalme... O que aconteceu?

Mas ela não conseguia falar. Deitou a cabeça no colo da filha e chorou, chorou de raiva, até que sentiu uma mão grande e suas costas. Então, levantou-se e atirou-se sobre o marido, chorando mais ainda.

_ Carol, Nathan, levem a irmã de vocês para cima, por favor. – pediu carinhosamente Finn e as crianças assentiram. Drizzle não quis ir, preocupada com a mãe, e o irmão teve de carregá-la escada acima – Agora estrela, diga-me o que aconteceu?

Ela entregou-lhe primeiro a carta, depois o diário aberto na pagina em que Shelby descrevia os acontecimentos. Ele demorou alguns minutos, e quando terminou, parecia estarrecido.

_ Eu não acredito que essa, essa... Meu Deus, como ela pode? – gritou ele, andando pela sala – Será que ela tem noção da dor que causou a você? A Quinn e ao Puck?

_ Eu tenho que contar para a Quinn. – disse a mulher decidida, levantando do sofá.

_ Não, você precisa se acalmar. – disse o marido, segurando-a pelos ombros – Se você ligar agora, vai virar uma bagunça e Quinn pode se estressar. E você sabe que, grávida de gêmeos, isso não é uma boa.

_ É só que... Não é justo Finn. – choramingou a judia, o abraçando.

_ Eu sei... Mas, pense assim: foi isso que nos deu o impulso necessário para voltarmos. – lembrou-lhe ele, beijando sua cabeça.

_ Eu te amo Finn. – murmurou ela, olhando-o.

_ E eu você Rach. – respondeu ele, beijando-a.

~*~

O velório estava depressivo, como era esperado. Quinn não conseguia ao menos parar em pé e permanecia sentada entre Brittany e Santana, que lhe consolavam inutilmente. Puck estava sentado ao lado do caixão fechado da filha, a cabeça no colo, as mãos na cabeça, o corpo se mexendo em soluços.

E Rachel estava parada no meio do corredor, sem ligar para as pessoas a sua volta. Seus pais a olhavam a distancia, preocupados. Kurt estava sentado no banco perto dela, pronto para ampará-la caso necessário, mas alguém chegou antes.

_ Rachel? – ela ouviu a voz rouca atrás dela e virou-se, encontrando o ex-noivo. Finn estava com a farda do exercito, o cabelo cortado estilo militar e um semblante triste no rosto – Ah estrela, eu realmente sinto muito.

Ela não esperou mais nada e atirou-se nos braços dele. Ele abraçou-a e ambos choraram juntos, pela saudade e pela dor dela.

_ Como está? E Quinn e Puck? – perguntou ele, puxando-a para o banco.

_ Vazia. – respondeu ela – Não sei o que sinto. Quinn não come, quase não fala, só chora e Puck não diz uma palavra a ninguém, a não ser a ela.

_ Eu vou vê-lo logo. – assegurou Finn – Mas minha preocupação agora é você.

_ Eu? Finn, você foi embora. – acusou ela num sussurro.

_ Eu sei... E você não sabe como me arrependo. – garantiu ele – Mas eu consegui o que queria e mudei o status de dispensa do meu pai. Ele é um herói Rachel, para todos, assim como foi para mim. E agora, eu voltei para você. Se você ainda me quiser é claro.

_ Eu sempre vou te querer Finn Hudson. – garantiu ela, se aproximando e beijando-o – Mas agora, vá ver Noah, por favor. Estou preocupada com ele.

_ Eu vou, mas você vem comigo. – sussurrou ele, levantando-se e a puxando pela mão.

~*~

Ela discava o numero da amiga ansiosa, não sabia o que poderia acontecer. Havia lido todos os diários e sentia repulsa da própria mãe e de seu egoísmo. Sentiu raiva quando ela escreveu sobre sua primeira apresentação na Broadway e como ela foi disfarçada vê-la.

_ Rachel, eu preciso de você, agora. Eu descobri quem é a mãe da Beth e... – atendeu Quinn afobada e nervosa.

_ Eu também. – disse com um suspiro.

_ Como? Rachel, como você pode ter... – perguntou a loira, surpresa.

_ Quinn, você é a mãe da Beth e eu tenho as provas na minha mão. – disse a morena por fim – Estou indo para o aeroporto. Chego pela manhã e então conversamos.