Na manhã seguinte, Lúcio acorda cedo e consegue acompanhar o ritmo da mansão. O café da manhã é entregue a Ciel e tudo corre na mais perfeita ordem. Apesar de Lúcia parecer tranquila, sua cabeça estava a mil. Leonard não saía de sua mente além de um detalhe muito importante: ela precisava avisar ao seu clã daquela época de que estava ali com uma incumbência. Isso era fundamental para sua missão ser bem sucedida, além de ser uma regra em sua família. O problema era: como ela conseguiria fazer tal contato?

Lúcia aproveita o intervalo depois do almoço, indo até o escritório de Ciel, pegando um pedaço de papel e escrevendo um bilhete. Ela se atrapalha um pouco, pois não estava acostumada a escrever com caneta de pena, mas consegue terminar a mensagem. Dobrando o papel em quatro, ela segura o pingente, olha rapidamente para o bilhete e dita uma ordem:

- Que este bilhete chegue até Eric.

E como num passe de mágica, o bilhete desaparece de suas mãos. Ela se encaminha até a porta do escritório e ouvindo passos, para de repente, aproxima o ouvido da porta e acaba ouvindo o final de uma conversa.

- Você tem certeza disso Meirin? – Dizia Bard intrigado.

- Certeza não, mas que Lúcio é meio afeminado isso é. - Respondeu ela.

- Eu não acho isso,... – Disse Finny

“Afeminado? O que eles quiseram dizer com isso? Será que está tão evidente assim que sou uma garota? Será que eles vão descobrir minha verdadeira identidade? ’’ pensava ela arregalando os olhos preocupada.

- Finny, acabou de chegar mudas de algumas flores para você plantar. Estão na estufa. Meirin, as roupas de cama do Jovem Mestre precisam ser trocadas e Bard, comece a descascar e preparar os legumes para o cozido. – Disse Sebastian aparecendo na frente dos criados.

Ao ouvirem as ordens, todos se apressaram em cumpri-las, indo cada um tomar seu rumo. Sebastian encara a porta do escritório de Ciel, levando a mão à maçaneta, mas desiste logo em seguida de abrir. Ao sentir que Sebastian se afasta, Lúcia sai rapidamente do escritório. “Ufa, essa foi por pouco’’.

Lucia se adianta e procura Sebastian.

- Precisa de mim para alguma coisa? – Perguntou ela a Sebastian.

- Preciso que você me acompanhe agora. Vamos ao mercado comprar frutas e legumes.

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Eric estava em seu escritório quando sente algo diferente no bolso de seu paletó. Ele apalpa e vê que é um pedaço de papel. Abrindo se depara com o bilhete.

“Eric, meu nome é Lúcia e sou uma viajante do tempo. Somos da mesma família. Quero que você avise aos outros membros do clã que tenho permissão para viajar. Estou aqui numa missão e preciso de sua ajuda. Estou trabalhando disfarçada como um garoto aprendiz de mordomo na mansão Phantomhive.”

- Preciso encontrar essa Lúcia o quanto antes. Mas como vou conseguir me aproximar dela enquanto trabalha nesta tal mansão? – Falava ele sozinho enquanto queimava o bilhete.

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Lúcio e Sebastian saem da mansão e chegam ao mercado. Sebastian era exigente e olhava barraca por barraca fazendo suas escolhas. Ao mesmo tempo em que Lúcia acha tedioso tudo isso, olhava ao seu redor por achar tudo interessante e diferente do seu tempo. De repente, Lúcia avista Leonard do lado de fora do mercado, acompanhado de dois sujeitos. Percebendo que Sebastian estava distraído, viu a oportunidade ideal para dar sua escapada, saindo de fininho. Sem que Leonard notasse seguia seus passos. Os dois sujeitos que o acompanhavam perceberam que estavam sendo seguidos e avisam discretamente a Leonard.

- Mais adiante acaba o comércio sendo um lugar perfeito para vocês pegarem esse sujeitinho enquanto eu continuo a seguir meu rumo.

- Sim senhor. – Respondeu os sujeitos continuando a caminhar discretamente.

Depois de andar mais um pouco, finalmente chegam até o final do comércio e a rua vai ficando mais deserta, não tendo ninguém, somente um gato preto fuçando uma lata de lixo. Os dois sujeitos se viram de repente, pegando Lúcia em fragrante. Um deles empurra ela e o outro pergunta:

- Está nos seguindo por quê?

- Não tenho o que lhe responder.

- Além de perseguidor é atrevido.  Você vai aprender a nos respeitar. – Disse o outro homem dando um soco em Lúcio que consegue se desviar.

- Pelo visto tem ótimos reflexos, mas isso não vai durar muito tempo. – Disse o outro tirando um canivete do bolso e começando a jogar de uma mão para a outra.

Enquanto isso acontecia, Leonard continuava a caminhar, se afastando cada vez mais como se nada estivesse acontecendo, sem olhar para trás.

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Sebastian continuava a fazer as compras quando percebe que Lúcio desaparecera.

“Era só o que me faltava.”

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Lúcia continuava a lutar intensamente com os dois capangas de Leonard. “Não posso continuar com isso desarmada. Assim vai demorar horas e eu estou com pressa. Preciso usar meus poderes” pensava ela enquanto concentrava todo seu poder de telecinese para desarmar o inimigo.

Um vento forte começa a soprar e o canivete sai violentamente da mão de um dos agressores indo parar na mão dela. Como ela ainda não tinha domínio sobre seus poderes, Lúcia sente tontura e os homens ao perceberem isso, a agarram, tirando a arma de sua mão e desferindo um corte profundo no pescoço de Lúcia. Para sua sorte, o corte só não foi pior porque Sebastian chegou naquele exato momento, levantando com cada uma das mãos os dois sujeitos jogando-os contra a parede longe de Lúcia. Ela não acredita no que vê. “Para ele conseguir fazer isso, só pode ser algo sobrenatural” e logo ao acabar de pensar nisso, por estar muito fraca por tentar usar seus poderes e a perda de sangue no pescoço, desmaia.

Ao acordar, Lúcia percebe que está deitada em sua cama, que seu ferimento está tratado e de que a faixa que encobria seus seios foi retirada. Ela entra em pânico. “Droga, Sebastian descobriu” pensava ela enquanto mordia os lábios.

Na mesma hora Sebastian abre a porta.

- Que bom que você já acordou. Sente-se melhor?

- Sim. Mas, você contou para alguém meu segredo?

- Ainda não, mas pretendo comunicar ao Jovem Mestre.

- Não, por favor. Eu preciso que mais ninguém saiba disso.

- E por quê?

- Eu não posso contar.

- Se é assim, não a problemas de eu revelar isso.

- Não Sebastian, por favor. Preciso que você não conte para mais ninguém.

- Por acaso tem alguma ligação com a marca entre seus seios?

Lúcia fica enraivecida.

- Você ficou olhando o meu corpo enquanto eu estava desacordada? Seu tarado.

- Não pense tolices, só queria saber o que aquele símbolo significava.

- Pelo visto não tem jeito, terei de contar, mas com uma condição: você me conta o que você é.

- Como assim? – responde ele com um risinho sarcástico.

- Nenhum humano consegue fazer aquilo que você fez com aqueles caras. Só um ser sobrenatural conseguiria tal proeza.

- Cale-se. Você não está em situação de exigir nada, mas se você contar toda verdade, eu lhe direi quem sou.

- Bem,... Como você já bem percebeu...- Disse ela dando uma paradinha no que estava falando – Eu sou uma garota e não estou aqui para trabalhar por necessidade. Sou uma viajante do tempo vinda do século XXI com a missão de capturar uma pessoa que está viajando sem permissão. Pertenço ao clã Travelit que tem por finalidade proteger o tempo de pessoas inescrupulosas.

- Então a marca em seu peito é do seu clã? Pensei que essa história sobre uma família que mexesse com o tempo fosse só lenda. Que interessante...

- Então agora me fale: O que é você?

- Eu sou um demônio.

Ao ouvir isso ela arregala os olhos e fica temerosa. Percebendo a reação de Lúcia, ele passa a mão nos cabelos de Lúcia enquanto ela se esquiva.

- Não precisa ficar com tanto medo assim. Além disso, não mordo sem motivo. Estou aqui com o objetivo de vingar a família Phamtonhive em troca da alma de Ciel. Não faço mal a ninguém que não prejudique o Jovem Mestre.

- Então já que eu não quero fazer mal ao Jovem Mestre, você podia continuar a manter meu segredo enquanto mantenho o seu em relação aos empregados.

- Você está me chantageando?

- De modo algum. Estou apenas sendo prática.

- Você é bem esperta para uma garota.

- Do tempo que vim, as garotas são bem mais espertas do que os garotos. – Respondeu ela com um sorrisinho malicioso.

- Estou percebendo por suas atitudes... - conclui Sebastian bem curioso para conhecer outros lados espertos de Lúcia.

- Então, ficamos acordados assim: um guarda o segredo do outro, certo? – Diz Sebastian tentando selar um acordo mútuo.

- Por mim tudo bem, pode confiar. Não conto.

- Agora voltemos ao trabalho. Coloque sua faixa, se vista com esse uniforme que está limpo e desça imediatamente. Coloque essa pequena faixa envolta do pescoço, irá disfarçar seu ferimento. A roupa suja de sangue já tratei de me livrar.