Depois daquela cena horrorosa a qual eu e Snape presenciamos, eu não tinha mais vontade nenhuma de sair de Hogwarts. Na noite anterior, eu havia chegado no castelo me debulhando em lágrimas, e nem ouvi quando Tina veio me chamar para mais um daqueles encontros para bons alunos, eu só quis saber da minha cama. Dormi como uma pedra depois de chorar por horas. A cena da garota morta e ensanguentada no meio da rua, com direito a um vapor negro rondando o corpo dela. Eu não tive coragem de olhar muito tempo para ela, e por isso, teria que ler sobre ela hoje nos jornais. Eu não entendia por que ela havia sido morta, e muito menos por quem. Quem poderia ter jogado um Avada em uma garota tão linda e quieta como ela? Nina era tão bem vista por todos...
Snape pareceu calmo de mais com o acontecimento, e eu fiquei preocupada, mas que garota não ficaria?
Levantei tarde hoje, e perdi a aula de poções de propósito. Eu precisava ficar sozinha, e não aguentaria aquele mala nos meus ouvidos.
Na verdade, eu não havia levantado ainda, só estava acordada, e deitada enrolada nas cobertas. Me encolhi indo para debaixo das cobertas fazendo dali uma cabana. Sussurrei para minha varinha, e aquele item que eu havia pego no dia anterior veio para minha mão. Sorri enquanto balançava a varinha e proferia:
- Juro solenemente não fazer nada de bom.
O mapa do maroto mostrou para mim as pessoas que circulavam pelo salão comunal da Grifinória, e uma delas, era James. Suspirei me lembrando dele, e do que McGonagall havia me dito sobre ele estar me procurando.
James era o tipo de garoto que mudava e surpreendia, eu gostava disso nele. Além de ser bonito, inteligente, ele me surpreendia, e eu realmente adorava isso...
Suspirei trocando a página para a parte de Sonserina, e um nome que não me era estranho apareceu, ao lado do de Snape. Tom Riddle estava com Snape, conversando talvez, mas sobre o quê? Eu não sei... Mas achei bastante curioso aquele nome em um lugar como esse. Tentei me lembrar de onde conhecia esse nome, mas não consegui.
Continuei trocando as páginas até ver a ala do dormitório feminino de Grifinória, e Alice estava a caminho. Provavelmente para ver o que havia acontecido comigo. Fechei o mapa e voltei a sussurrar.
- Malfeito Feito.
Guardei o papel no bolso do meu pijama e voltei a deitar fingindo dormir.
Alice entrou no dormitório toda saltitante procurando um perfume e eu só ouvindo e fingindo dormir.
- Onde deixei esse perfume? Que droga... Agora não o acho! Talvez.... Accio La Luna Parfum.
Sorri de lado segurando uma gargalhada quando ouvi o barulho do líquido sendo derramado nas roupas dela. Ela me viu rindo e veio até mim se sentando na borda de minha cama.
- É bom ouvi-la rindo... Snape me contou.
Meu estômago revirou e eu tive vontade de vomitar. Toda aquela cena horrível tomou a minha mente e eu me sentei correndo respirando fundo para evitar esse tipo de coisa.
-Eu... Eu não consigo nem lembrar daquela cena... Foi... Foi pavoroso. Alice, foi um feitiço proibido... Mas porquê? Porquê?
Eu nem mesmo percebi enquanto desabava a chorar. Alice me abraçou afagando meus cabelos enquanto eu soluçava em seu colo. Eu não conseguia parar de chorar, eu me lembrava da pobre moça e pensava em como horrível deve ser a pessoa que fez isso com ela.
Suspirei retomando o fôlego e olhei para Alice com os olhos ainda marejando. Alice era uma mulher muito bonita, inteligente e determinada, e eu a admirava muito, mas nesse momento, nem as melhores palavras ditas por ela poderiam tirar aquela cena de minha mente.
- Você não pode ficar assim por conta disso Lilian. Você está se culpando da morte daquela garota, não foi culpa sua.
- Eu estava lá. Ela veio nos servir. A mim e a Snape. Ela olhou para Snape de uma forma tão diferente, e eu poderia ter puxado assunto com ela. A culpa foi minha sim... Não soube o que fazer. Talvez a pudesse ter salvo.
- Chega Lilian! Você não tem mais 7 anos de idade! Sabe que não podia ter feito nada, então pare já com isso! Não adianta procurar culpar-se por uma coisa que não foi culpa sua, o que devemos fazer agora, é achar o verdadeiro culpado.
As palavras de Alice me deixaram com um pouco de receio, mas eu sabia que ela estava certa. Eu confiava cegamente nela.
- Então... Vou descobrir quem foi o culpado.
- Você querida?
Ponderei durante alguns segundos, e sorri logo depois.
- Você é uma aurora, não pode desobedecer as ordens daqui.
- E você uma aluna exemplar. Se é pra vingar uma alma perdida, você sabe que eu vou estar dentro.
- Mas nem sabemos o que estamos procurando...
- Claro que sabemos! Feitiço proibido deixa rastro.
- Mas não sabemos o motivo...
- Desde quando matar uma pessoa é explicável? Tantos bruxos se acham mais dignos por serem puro sangues, e falam tão mal de trouxas por suas atitudes hediondas, mas acabam sendo piores que os ratos de esgoto.
Suspirei sorrindo para Alice e retirei o mapa do maroto de dentro do bolso do meu pijama.
- Você ia fazer isso sozinha, não é mesmo?
- Não queria preocupar ninguém.
- Você pegou o mapa por conta disso?
- Não, mas agora pode ser útil.
- Pensei que tivesse se livrado dele...
- Eu apenas... O escondi, para evitar problemas futuros.
Alice sorriu e eu sorri de volta. Balancei os cabelos e ela fez o mesmo enquanto eu balançava a varinha e batia de leve no mapa.
- Juro solenemente não fazer nada de bom.
O mapa desvendou os caminhos de Hogwarts e eu e Alice começamos a traçar um plano para conseguir pistas sobre a morte da garota. O fato dela ter sido morta não foi um fato isolado, descobrimos isso pouco tempo depois conversando com Frank. Ele disse que mais outras 2 pessoas tinham sido mortas nas redondezas e pelo mesmo feitiço, o que provavelmente nos leva a crer, que pela mesma pessoa.
Já passava das 17:30, e eu, Alice e Frank já havíamos combinado de voltar à taberna para procurar pistas, como resquícios de uma aparatação, sangue em algum local mais suspeito, e etc. Nosso foco agora, era descobrir quem era o inimigo, o resto, a gente definiria com o tempo.
Assim que enrolei o cachecol no pescoço, Alice me puxou pelo braço me escondendo atrás de uma pilastra. Ela estava fingindo que eu continuava doente para os outros alunos, um deles era Snape. Depois de Anna mandar todos os três personagens que se preocuparam comigo ir embora, nós saímos escondidos por uma passagem secreta mostrada no mapa do maroto, evitando assim, qualquer tipo de surpresa.
Assim que atingimos as ruas da cidade um ser parou à nossa frente com os braços cruzados.
- O que significa isso? Não tínhamos combinado de sairmos só EU e VOCÊ, Lilian?
James parecia chateado comigo por eu não tê-lo procurado na tarde anterior, nem hoje o dia todo, mas mesmo assim, se encontrava no local que combinamos outro dia.
- Tenho uma coisa importante a fazer.
Falei soando até mesmo meio grosseira. James não me faria mudar de foco.
- Então, eu posso ajudar?
- Claro que pode cara! Vamos procurar pistas de um assassinato. Tão Sherlock Holmes isso.
Frank soltou isso tão facilmente que eu me senti travar. Olhei para James e ele parecia um pouco surpreso com as palavras de Frank.
- Nina Shenreline? A garota da taberna, certo? Li no profeta diário que ela foi encontrada morta em frente a taberna, parece que se matou com um feitiço proibido.
- Ela não se matou! - Falei soando irritada. - Nina nunca se mataria assim por nada, e eu estive com ela, era impossível ela ter se matado.
- Os laudos bruxos dizem que foi suicídio...
James falou baixando a cabeça e eu levei as mãos a meus cabelos.
- Não pode ser... Não pode ser...