- Não pode ser!
Soltei quase um grito encarando James.
- ELA NUNCA SE MATARIA JAMES! QUEM EM SÃ CONCIÊNCIA SE MATARIA? TIRAR A PRÓPRIA VIDA, AINDA MAIS UMA VIDA FELIZ?
James pareceu se assustar com o que eu dizia, e eu me senti maior do que eu jamais fui. Eu estava lutando por algo que nem mesmo me interessava, não me dizia respeito, não fora comigo, e eu estava lutando por justiça, mesmo assim.
James sorriu e me abraçou e eu fiquei um pouco paralisada com isso. O empurrei e o encarei com certa frieza.
- O que você quer?
Perguntei ríspida, o encarando como uma leoa encara um leão pomposo e visivelmente mais forte que ela.
- Você entendeu o que eu quis dizer... Só isso...
Olhei-o franzindo o rosto e cruzei os braços.
- Não entendi. Esclareça.
James sorriu e olhou para Frank que estava com a maior cara de lerdo do mundo, o sorriso dele era por eu pensar como ele ou por ele ter feito eu o entender sem perceber? Não sei até hoje.
- Ela não se mataria em Sã consciência. Ninguém se mataria se estivesse são.
- A nossa teoria é que ela foi... Forçada a se matar...
- Impérius... - Sussurrei incrédula.
- E não é só isso... Achamos que ela fez outra coisa...
- O quê?
- Ela ao se matar, perdeu a alma para algum tipo de magia negra, não descobrimos o quê, mas sua alma, não foi encontrada, ela não virou um fantasma.
- Ela não pode ter simplesmente morrido e pronto? Porque ela teria que ter virado um fantasma?
- Assuntos inacabados.
- Droga... Não acredito que isso foi pior do que eu pensava...
- Pode acreditar Lily... Mas podemos rastrear o feitiço, eu acho...
- Vamos tentar. - Falei decidida. - E não vamos desistir até punir os culpados!
James sorriu, e vi seus olhos brilhando muito. Alice segurou minha mão e a apertou forte, e eu entendi naquele momento, que mais que uma amizade, uma cumplicidade nascia entre nós quatro.
- Então, o que estamos esperando? Isso é muito importante para ser deixado de lado. Vamos logo!
Frank coçou a cabeça e começou a caminhar lentamente enquanto eu puxava Alice pelo pulso.
- Anda...
A verdade é que nós realmente tentamos rastrear o feitiço que foi jogado em Nina, mas o máximo que conseguimos foi provar que não foi ela quem se matou, apesar de ter jogado Avada Kedrava contra um ser de preto misterioso.
- Prior incantato.
- Não adianta James! A varinha de Nina não vai te falar nada a mais do que isso. O último feitiço que ela jogou foi um Avada Kedrava, mas não foi contra si. Não adianta.
James chutou a mesa onde se encontrava o corpo de Nina e eu suspirei. Havíamos invadido o local onde o corpo havia sido deixado depois de retirado da rua. A garota estava coberta por um pano fino e transparente, mas não havia mal cheiro.
Os outros bruxos que haviam observado a varinha da garota deixaram passar detalhes importantes sobre o último uso, por isso acabaram dizendo que foi suicídio, mas James percebeu uma fagulha quando revelou o último feitiço feito pela garota.
Começamos a discutir possibilidades e chegamos a conclusão de que ela foi forçada a fingir ter se matado para não haver outros suspeitos. Imperius. Agora tínhamos que descobrir quem era a mente por trás desse crime.
- Deve haver alguém com muito ódio de algo grande, por quê, não seria preciso ele mascarar a morte da garota se fosse só uma vingança contra ela.
Frank acenou com a cabeça e Alice franziu o cenho.
- Então estamos lidando com um maníaco?
- Por quê diz isso Alice?
Perguntou Frank olhando-a de lado.
- O ex-redator do profeta diário, aquele que foi morto semana passada. A morte dele foi bem parecida com essa de agora.
- Talvez tenha uma ligação. - Soltei logo
- Talvez seja um monte de vinganças encomendadas, ou... Algo bem maior.
Olhei para James quando ele disse isso, e sua expressão era séria, e eu diria que transparecia um poco de medo também. Pela primeira vez, vi James como um garoto comum, com um bom coração e... Humano.
- Todos os corpos já foram despachados. Vamos ver o último agora chefe.
- Ok. Espero o laudo na minha sala.
- Beleza chefe.
Essas palavras irromperam o corredor e nós quatro ficamos completamente atônitos, parecendo um bando de baratas tontas.
Olhei para Alice de branco e comecei a ter uma ideia. As vozes continuavam e eu me aproveitei disso.
- Temos que adiantar hoje por que amanhã eu quero beber até cair.
- Vamos naquele clube masculino, tem umas garotas muito boas lá.
Aquela voz de punhe***** quase me fez vomitar. Imaginei um bruxo gordo, suado, cheio de pelos e todo melado de cerveja. Visão deprimente, arg. Eca! Chega arrepiei de tanto nojo que fiquei.
- Agora o que temos pra fazer é só a garota da taberna. A gente bem que podia tomar umas antes de dar baixa no corpo daquela gostosinha né?
- Poha, não dá.
- Por quê? Esqueceu que o chefe não estipulou hora? A gente pode entregar esse aqui até o fim do dia, e ficar de bunda pra cima.
- Tá doido pra dar a bunda né cara?
Os dois começaram a rir, e pelo barulho que veio a seguir começaram a se empurrar. Alice estava arrancando fios de cabelos de Nina e os guardando em vidrinhos enquanto Frank tentava recuperar a última memória dela, o que seria muito difícil, e eu duvidava que ele conseguisse. Voltei meus ouvidos na porta e fiquei prestando atenção na conversa dos dois nojentos.
- Já ouviu falar em Tom Riddle?
Minha barriga gelou e meu cérebro quis entrar em colapso enquanto eu me segurava para me manter de pé. Era o nome que estava com Snape naquela noite, e eu sentia que não era um bom nome.
- Esse cara é aquele que estava procurando o Carrasco outro dia não é?
- É ele sim. E pelo que eu ouvi falar, ele procura membros fieis pra ajudar ele.
- Em quê?
- Pouco me importa, desde que eu ganhe melhor do que eu ganho roubando os pertences dos mortos nesse lugar.
- Dentes de ouro não valem 1 galeão sequer hoje em dia.
- Quer procurar esse cara?
- Vamos lá ainda hoje então, depois da gostosinha.
- Então vamos limpar a gostosinha logo!
- Héhé. Esse é o espírito, Brutus.
Engoli seco enquanto Alice balançava a varinha. A porta fez barulho e se abriu, eu pude vê-los muito pouco, mas tempo suficiente para marcá-los para toda a vida na minha cabeça. O tipo de lembrança que nem arrancando da memória se pode esquecer.
Dois velhos, barbudos, gordos, com a aparência relativa a um TROLL, só que de menor porte. O odor por eles produzido era pior que o de um monte de mortos juntos. Segurei o vômito enquanto Alice nos conduzia para fora de lá em silêncio, de forma que não seríamos detectados. Feitiço de omissão de presença, essa garota é ótima!
Dei uma última olhada naquelas duas criaturas esquisitas e muito desagradáveis, eu jamais esqueceria seus rostos, e depois tratei logo de aparatar ao lado de Alice, por que não conseguiríamos sair dali de dentro andando.