Ela havia se transformado nele. O garoto que fez sua vida virar de cabeça para baixo em apenas uma semana. Havia o trancado no armário sem fazer muito esforço e o adormeceu com apenas uma gota da poção do morto-vivo. Já estava na hora de agir.

Rose correu até o vestiário masculino do time da Sonserina - Já estava atrasada. Quando chegou lá, todos os sonserinos olharam para ela. Eles estavam sentados em um banco, já vestindo seus uniformes. Sem olhar muito para os garotos, Rose andara em direção ao único armário fechado do vestiário, que, tinha, em letras grandes, um "S.M." na porta.

No armário não havia cadeado ou números para se colocar a senha. Para abrir qualquer um dos armários dos vestiários, era preciso uma identificação de voz, onde a pessoa tinha que dizer seu nome completo. Se o nome estiver certo, mas a voz errada, ele não se abre. Fazendo, assim, que apenas o dono do armário conseguisse abri-lo. Ou não.

Mudar a voz, para um metamorfomago, era uma tarefa muito difícil, ainda mais se for mudar para uma voz já existente. Para muda-la, Rose teve que passar o último mês testando centenas de vozes possíveis até encontrar uma que fosse suficientemente parecida com a de Malfoy. Não sabia se a voz estava idêntica a original, mas, nas vezes que testara, a “cópia” havia ficado praticamente perfeita.

A ruiva, agora de cabelos loiros, olhou para a porta do armário e murmurou “Scorpius Hyperion Malfoy”. Nada aconteceu. Algumas cabeças se viraram na direção da ruiva, mas ela não se atreveu a olhar. Arrumou a voz e fechou os olhos. Tentou se concentrar ao máximo em Scorpius e em todas as coisas que ele havia feito com ela há menos de dois meses. Tudo o que ele disse e tudo o que ela passou por causa dele. O ódio voltara ao seu corpo. Ela abriu seus olhos raivosos e dissera novamente “Scorpius Hyperion Malfoy”, mas, desta vez, com mais imponência. Ela esperou alguns segundos até ouvir o armário abrir. Um pequeno sorriso nascera em seus lábios.

Ela abriu a pequena porta, pegou o uniforme de Quadribol e foi até o boxe mais perto se trocar – Não iria conseguir fazer isso na frente de todos. Vestiu-o rapidamente e juntou-se ao time. Seria um grande jogo. Um grande e divertido jogo.

Todos nas arquibancadas estavam muito ansiosos. O jogo seria, não importando o placar, memorável. Os jogos da Grifinória contra a Sonserina nunca eram esquecidos. Os alunos olhavam atentamente para o campo quando os times entraram. O barulho percorreu as arquibancadas. Os jogadores andavam lentamente pelo gramado segurando suas vassouras. Todas as atenções estavam naqueles alunos que pareciam muito calmos, mas, que estavam tremendo por dentro. Seria um jogo acirrado.

Os times conversavam entre si, fazendo estratégias e tramando planos. Rose prestava atenção em tudo o que o capitão sonserino, Alvo Severo, lhes dizia. Tinha que fazer tudo conforme seu plano, que era não fazer nada conforme o plano dele.

– Silêncio! – Ouviu-se a Senhora Venero, professora de Quadribol, dizer, utilizando o feitiço “Sonorus”, alguns minutos depois – Muito Bem, o jogo começará em instantes. Mas, antes, como sempre, tenho que dizer que não quero nenhum escândalo nem nenhuma brig...

– AHHHHHHHHHH! – Senhora Venero fora interrompida por um grito fino que vinha de algum lugar atrás dela – Tira isso de cima de mim! – A mulher se virou e viu Scorpuis Malfoy balançando seu braço sem parar.

– O que está acontecendo? – Ela perguntou se aproximando do garoto.

– Eu morro de medo de aranhas! Tira essa aranha do meu ombro! – Todos olhavam atentamente para o loiro. Alguns confusos, outros aos risos. A maioria das pessoas, até as das arquibancadas, riam da cena.

Todos se surpreenderam com o Malfoy gritando medonhamente igual a uma garota. Ele corria em círculos, desesperado, até que Alvo Severo o parou e passou a mão em seu ombro, espantando a pequena aranha.

– Ah! Obrigado, Alvo! – O moreno ouviu Malfoy dizer, com a voz ainda fina e delicada, logo antes do garoto o abraçar um pouco intimamente demais. Alvo ficou parado, sem reação, por alguns segundos.

Depois de cessar o abraço, Malfoy olhou para o garoto a sua frente, deu um pequeno sorriso e uma piscadela nada discreta, fazendo questão de que todos ao redor vissem. O moreno arregalara os olhos com as ações do loiro.

A Senhora Venero terminara de falar o que precisava, lançou as bolas e o jogo começou. Logo de início, a Sonserina conseguiu a posse da goles. Peter Hutcherson, um dos amigos de Malfoy, estava com a bola. Voava como uma bala, passando por todos. Desviou de um balaço e jogou a goles na direção de Rose. Ela a pegou, mas, ao invés de dar andamento à jogada programada, ele começou a voar em círculos e depois lançou a bola para Hugo Weasley, que fez os primeiros dez pontos para a Grifinória.

– Malfoy! – Alvo gritara – O que foi isso?

– Eu estava tonto!

– Então para de brincar de carrossel no meio do jogo!

– Desculpe! Vou tentar melhorar! – O aparentemente loiro disse, mas, não foi bem uma promessa.

O jogo continuou daquele jeito. Todas as vezes em que Rose tocava na boa, ela dava um jeito de se livrar dela, ou de favorecer discretamente o time adversário. Os sonserinos tentavam excluir a “garota” do jogo, mas, ela arranjava outras formas de interagir nele. A corvina quase foi atingida por um balaço que vinha de um batedor do próprio time da Sonserina por causa disso, mas, isso não a fez parar de tentar fazer a Sonserina perder.

Depois de duas horas de jogo, os grifinorios estavam com 290 pontos e os sonserinos com 50. Rose nem se importava mais em tentar ajudar a Grifinória. Não tinha mais jeito. Ela estava parada na vassoura, observando o apanhador da Sonserina voar atrás do pomo. Não despregava os olhos do moreno nem por um segundo – queria que seu primo pegasse o pomo logo para descer daquela vassoura. Mas, o simples fato de estar olhando para o garoto, atraiu muitos telespectadores.

Finalmente, o que ela esperava aconteceu. Alvo pegou o pomo. Mas, isso não era o suficiente para dar a vitória à Sonserina, então...

– Grifinória é a vencedora! – A professora disse enquanto os alunos iam à loucura.

Rose não esperou mais nenhum segundou, foi o mais rápido que pôde na direção do vestiário. Estava quase entrando no mesmo quando ouviu uma voz feminina.

– Olá, Scorpius! – Rose se virou e viu uma garota com cabelos negros e olhos verdes. A garota que ajudou Malfoy a arruinar a sua vida naquela semana terrível. Katie Fryland.