POV Edward

– Pronto? – Bella me perguntou.

– É, né? – sorri.

Por um momento pensei que Bella teria desistido dessa história de encontrar garotas pra eu conhecer. Eu sei, eu sei. Eu que pedi isso a ela. Mas a questão é que havíamos nos beijado e pensei que algo estivesse acontecendo entre nós. Porém, vendo ela tão esforçada pra encontrar alguém pra mim, vejo que me enganei. Sem problemas então, tendo Bella perto de mim independente de como seja é o que importa.

– Tá esperando o que? Vai lá! É aquela ali, ela se chama Ângela. – Bella apontou para a garota que usava óculos, blusa xadrez e rabo de cavalo. Uma pilha de livros e dois notebooks estava bem a sua frente. Fiz uma careta. Bella teria se enganado?

– Como assim? Você não vai comigo?

– Claro que não, né? Ou você acha que vou querer servir de castiçal? – revirou os olhos.

– Hmmm... Tá bom então. Me deseje boa sorte. – sorri.

– Boa sorte, Eddie! – respondeu meu sorriso com outro ainda maior.

Fui andando na direção de Ângela e olhei pra trás pra saber se Bella ainda estava ali. Ela já tinha se mandado, droga!

Eu já tive diversos encontros e sempre me dei muito bem, tenho meu charme, é claro. O problema é que a cada passo que dava, via que a Ângela não correspondia as minhas expectativas. Imaginei que Bella tivesse arranjado alguma gostosa, peituda, cheia de curvas, daquelas que fazem você ficar com torcicolo de tanto virar o pescoço pra olhar. Mas não. Ângela era uma típica nerd. Não que fosse feia, mas também não era algo que você dissesse “Uau!”.

Dei uma pequena tosse quando finalmente cheguei a mesa onde a Ângela se encontrava e ela me olhou com surpresa, espanto, não sei dizer.

– Er... Oi, Ângela? – disse.

– Olá, E-edward! - respondeu gaguejando e ficou parada me olhando com a mesma cara espantada. Qual é?

Segundos se passaram e ela nada disse.

– Se incomoda? – perguntei dando a entender que me sentaria junto com ela.

– N-não! Mas é claro que não!- falou com os olhos arregalados – Sente-se!

Dei um pequeno sorriso e ela ficou com a boca aberta me olhando como se eu fosse um alienígena. Bella, Bella, onde você foi me meter?

– E então... – tentei puxar assunto, mas ela logo me cortou.

– OMG! Não acredito que você realmente veio! – a olhei confuso. Ela sabia que eu viria? – Sabe, quando recebi o seu bilhete dizendo que queria me encontrar aqui achei que fosse alguma brincadeira de mau gosto, mas OMG!!! Não era! Você veio e eu mal posso acreditar! – sorriu exibindo seus dentes com aparelho.

– É, eu vim! – sorri sem jeito, Bella deveria ter mandado o tal bilhete. E cara, eu sei que sou lindo e que mamãe passou mel em mim quando nasci, mas pra que tudo isso?

– Bom, já que você veio acho que podemos começar!

– Sim, vamos começar! – não achei que a nerdinha fosse tão rápida, mas já que ela foi direto ao ponto... Comecei a molhar meus lábios e aproximei minha cadeira da sua. Quando achei que daríamos um fim nisso, a garota se afastou do nada buscando algo dentro de seus livros. Mas o que...?

– Achei! – se voltou pra mim com um sorriso de maníaco que me assustou. – Um pequeno questionário que você precisa responder. Desculpa, mas tenho que conhecer um pouco sobre você, não é verdade? – ela era doida?

– Tá, sem problemas – foi a única coisa que consegui responder.

– Primeira pergunta! Pra você qual o melhor navegador? – O QUÊ? O que essa menina tá falando?

– Mozilla?! – respondi meio que perguntando, o que eu tô fazendo aqui, meu Deus?

– Qual sua placa de vídeo?

– Eu não sei do que vo...

– Esquece, não tinha muita importância mesmo! - disse me cortando e apoiou o queixo nas duas mãos - Em D&D 3.0, em que nível de Mago se adquire magias de 9° nível?

Eu precisava dar o fora o quanto antes! Ângela não dizia coisa com coisa, pelo menos não pra mim. Essas coisas de nerd estavam me deixando maluco e quando decidi me levantar ela me bombardeou com mais perguntas.

– Ah, essa é a melhor! – disse com um brilho aterrorizante nos olhos - Qual a resposta para a vida, o universo e tudo mais?

– Ângela, sinto muito, mas tenho que ir! – aproveitei que ela tinha parado um pouco pra respirar.

– Mas ainda faltam...

– Olha, eu realmente preciso ir. Foi mal, depois nos vemos por aí... – não queria sair assim, mas pareceu ser a única forma. Se ficasse ali ela continuaria com suas perguntas viajadas e eu ficaria com dor de cabeça.

– Espera, Edward! – ela levantou o braço pra me puxar de volta só que ele bateu no café que estava em cima da mesa e o conteúdo caiu na minha calça me queimando. Gritei desesperado chamando a atenção de todos na biblioteca. – Ai meu Deus Edward! Me desculpa, eu... – Ângela se ajoelhou e balançou os braços, também assoprando onde o café havia sido derramado, acredito que pra quem via a cena de longe parecia que estávamos fazendo outra coisa.

Um burburinho logo se formou e quando levantei minha cabeça vi que havia uma rodinha em torno de nós onde as pessoas riam e gravavam a cena no celular. Maldição!

– O que está acontec... MEU DEUS! – a bibliotecária apareceu e pôs as mãos na boca estupefata com o que via. Ela certamente pensava que outra coisa ocorria, como todo mundo que estava ali.

– Me desculpa Edward, eu sei que não pude ajudar muito, mas... – Ângela se levantou falando e quando viram que se tratava dela os comentários aumentaram.

“Quem diria, hein?”

“Nerd safadinha”

“Se esconde por trás dos computadores só pra disfarçar”

Assim que Ângela se deu conta do que estava acontecendo ficou sem reação e seu rosto foi mudando de tonalidade aos poucos atingindo um vermelho intenso. Não sabia se era de vergonha ou raiva, mas descobri assim que ela me atingiu com um tapa na cara, o que não foi nada legal, ela tinha a mão pesada.

– Cretino! – recolheu os livros e notebooks, e saiu sendo acompanhada pelos curiosos.

Aos poucos a biblioteca foi se esvaziando sobrando somente eu e a bibliotecária que me encarava com uma cara nada amigável.

– Senhor Cullen... Me acompanhe, por favor.

Droga! A essa altura eu já não sentia mais nada me queimar, a distração foi tanta que acho que colaborou um pouco pra isso. Mas agora tinha que arcar com as consequências, mesmo sem ter feito NADA! Sabia que não poderiam me expulsar ou algo do tipo, eu não fiz absolutamente coisa alguma, e mesmo que tivesse feito não teriam o direito de aplicar algo em mim, ninguém é hipócrita ao ponto de dizer que isso não ocorre no campus.

Ainda molhado, acompanhei a velha senhora me levar pra sei lá onde. Quando passava próximo das prateleiras de livros jurei ter ouvido um pequeno riso, mas olhei pra trás e nada vi.

Respirei fundo.

Espero que os próximos encontros não sejam um desastre. E Bella bem que poderia ter escolhido uma garota melhorzinha, né? Francamente! Ela que preparasse os ouvidos porque se dependesse de mim, Bella iria ouvir muito.