Hermione De Cabeça Para Baixo escrita por Saggita


Capítulo 6
Capítulo 6 - O passado errado




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Hermione dormiu poucas horas naquela noite, e ainda assim acordou de repente, completamente desperta. Desde depois o jantar que aquela idéia maluca apareceu em sua mente, ela mal conseguia parar para descansar. Algumas pessoas realmente pareciam trocadas ou fora do lugar: Abraxas, Tom Riddle, Hagrid... E, no entanto, algumas outras, nem tanto. Hermione passara o verão na sede da Ordem da Fênix, sabia muito bem que alguns membros da família Black foram desonerados, então ela supôs que Luc poderia ser um desses membros. Não sabia nada sobre Eileen, e se Dumbledore ia deixar de ser um bruxo das trevas, era ainda desconhecido a ela.

Mesmo assim, a idéia não saía da sua cabeça. De qualquer forma, naquele dia começariam as aulas, então pelo menos teria alguma distração, e por isso tentou esquecer as suas hipóteses. Tinha que se concentrar.

“E então, Mione?” Luc perguntou com um grande sorriso, fazendo-se ouvir sobre o barulho de talheres e conversas paralelas na mesa da Grifinória, pela manhã. “Está muito nervosa? Não precisa ficar, tenho certeza que todo mundo vai gostar de você.”

“Nem todo mundo.” Eileen disse monocórdia. “Temos aulas com o trasgo da montanha hoje. Fora isso...”

O pequeno discurso de Eileen terminou com a chegada de um garoto alto, de gestos atrapalhados. “Olá” disse ele, sem notar a presença de Hermione, e por isso não se dirigindo a ela. Hermione, no entanto, percebeu que havia algo de familiar nele, como ela percebeu com Eileen. Seus cabelos eram ruivos como os de Luc, porém de um tom escuro, quase castanho... Os olhos do tal garoto a lembravam de Ron.

Luc limpou a sua garganta, chamando a atenção dele. “Ignatius, essa é a Hermione. Hermione, esse é Ignatius, um amigo nosso.” Eileen erguera uma sobrancelha quando Luc disse “amigo”, mas ninguém fora Hermione viu o gesto.

“Ah.” Ignatius finalmente viu Hermione. “Você é a garota nova de quem Luc me falava ontem à noite... Bem vinda a Hogwarts, então.”

Os quatro andaram para a primeira aula do dia juntos. Eileen, entretanto, segurou firmemente o pulso de Hermione para que esta diminuísse a velocidade de seu passo. Hermione, ficando um pouco atrás, podia ver que Ignatius tropeçou em seu próprio pé, corando furiosamente e Luc riu, ajudando-o a ficar em pé de novo.

“Eles me irritam.” Eileen confidenciou a ela. “Luc ainda não percebeu que Ignatius está mais do que apaixonado por ela... E acredite, eu bem que tentei.”

Hermione desejou que a sua vida fosse normal assim...

O dia se passou normalmente, com várias explicações sobre os NOMs, e obviamente, muitos deveres de casa. Mesmo que estivesse em um universo paralelo, Hermione continuou a se aplicar em seus estudos para os NOMs como sempre. Assim, depois que as aulas acabaram ela foi direto para a biblioteca, enquanto Luc, Eileen e Ignatius retornaram à Sala Comunal da Grifinória para descansar. Só por cautela, Hermione decidiu levar um espelho.

Chegando lá, encontrou Abraxas sentado a uma mesa, parcialmente escondido pelas pilhas de livros, um livro flutuando aberto bem na frente do seu nariz. Ele rodava uma pena nos dedos, lendo o livro com uma linha entre as sobrancelhas. Hermione decidiu não incomodá-lo e passou por ele sem falar nada.

“Assim você machuca os meus sentimentos, Hermione.” ele murmurou, ainda estudando o livro.

Ela continuou o seu caminho, e somente retornou quando já havia pegado todos os livros que seriam necessários.

“Meus sentimentos continuam machucados.” Abraxas disse, rolando os olhos dramaticamente e afastando algumas pilhas para o lado, liberando espaço na mesa para Hermione.

“Eu achava que você estava ocupado.” respondeu ela, sentando-se e pousando os seus livros no espaço recentemente vazio.

“Bem observado.” Abraxas aparentemente aceitou as desculpas de Hermione, e eles ficaram em silêncio por longas horas. Ela mais imersa em seus pensamentos do que realmente estudando.

Ela achava que tinha ficado louca... Mas, ao mesmo tempo, achava que não. Precisava falar o que pensava a alguém, e a única pessoa passível de escutar o que ela pensava só poderia ser Abraxas. Ainda assim, ela hesitou por vários minutos, até que suspirou, e confessou: “Você me acharia maluca se eu dissesse que eu vim de outro futuro?”

Abraxas parou a sua leitura: “Que quer dizer?”

“Que... Que esse não é o meu mundo. Ao invés de ir para o meu passado, eu vim para outro.” Hermione explicou, ligeiramente ofegante. “E tudo aqui é diferente do que eu achava que conhecia.”

Abraxas batucou os dedos nos lábios levemente, considerando o que Hermione tinha dito. Depois, ele deu de ombros. “Pode ser. Explica algumas coisas. Como, por exemplo, porque Tom é de alguma forma, escolhido na Sonserina... Se ele já foi para a Grifinória, como você pôde ver. Já te acho maluca, seja como for.”

“Exato.” Hermione concordou. “Isso é uma das razões pelo qual eu acho que esse não é o meu passado... Outra razão é você.”

“Eu?”

“É. Acredite ou não, os Malfoy que eu conhecia todos foram para a Sonserina. Eu já tive o desprazer de conhecer o seu filho e o seu neto... E devo lhe dizer, eles não são traidores do sangue como você.” Hermione contou a Abraxas. “Você próprio era da Sonserina. Por isso fiquei tão surpresa quando encontrei você e vi que era da Corvinal. Conhece o Hagrid? Rúbeo Hagrid?”

“É...” Abraxas fez uma careta. “Já tive o desprazer. Causador de problemas, aquele ali.”

“Eu o conheci quando adulto.” Hermione sussurrou, completamente esquecendo o seu material de estudo. Não importava se Abraxas realmente acreditava nela ou não – pelo menos ela estava compartilhando aquilo com alguém. “Ele é, na verdade, um meio gigante. Que pertenceu à Lufa-Lufa, e foi expulso de Hogwarts no seu segundo ano, por causa de Tom Riddle.”

“Ele bem que pode ser expulso.” Abraxas disse. “Mas só se for por contra própria. Eu mesmo mal posso esperar por esse dia, para ser honesto com você.”

“E agora...?” Hermione perguntou. “O que eu faço?”

“O que geralmente se faz numa biblioteca?” Abraxas respondeu com outra pergunta. “Vamos pesquisar um pouco sobre o assunto. Madame Pince disse que você estava bem, não acho que isso seja um sintoma de se viajar cinqüenta anos no passado. Sei lá, memória embaralhada, ou algo assim...”

Mas após meia hora de pesquisa, Hermione viu que estava em uma enrascada. Tinha muito pouco material sobre bruxos que por azar quebraram os seus vira-tempos, e quase nenhum apareceu novamente. Eles simplesmente sumiram... E era só isso que se sabia.

E ela tinha certeza que não estava com a memória embaralhada... A certeza de sua teoria só aumentou no dia seguinte, quando teve aula de Defesa contra as Artes das Trevas, matéria cujo professor responsável era Dumbledore.

Dumbledore entrou na sala, queixo levantado, uma expressão desgostosa em seu rosto, seus olhos azuis frios como gelo. Aquele não podia ser Dumbledore... Hermione mal conseguiu prestar atenção, assim como Eileen que descansava o queixo em uma mão, aparentemente a ponto de tirar uma soneca ali mesmo.

“Não gosto do Dumbledore.” Luc confessou mais tarde, quando ela, Hermione e Luc já estavam em suas camas, prontas para dormir.

“Nem eu.” Hermione concordou.

“Somos três, então...” Eileen bocejou. “Com certeza não vou continuar com a matéria dele para os NIEMs.”

Hermione até que finalmente poderia ter dormido bem aquela noite, se não tivesse sido acordada com a claridade. Uma menininha do segundo ano tinha acendido as luzes do dormitório. “Alguém foi atacado!” disse ela.

Luc sentou-se imediatamente, tentando ajeitar seu cabelo com os dedos. “O quê?” ela olhou para a garotinha. “Quem...?”

Eileen sentou-se também, os cabelos em uma confusão negra ao redor de seu rosto. “Não podia ter sido atacado mais tarde?” ela sussurrou com a voz ainda mais arrastada que o normal, cheia de sono.

“Foi o Lestrange.” A garota respondeu. “Rosier ouviu ele sendo atacado, na frente do retrato...”

“O quê?” Eileen já estava completamente desperta, então. “O capitão do time do Quadribol? Eu mato quem fez isso. Com uma vassoura.” Ela, então, saiu correndo do dormitório, com Luc em seus calcanhares.

Hermione se levantou, mas primeiro achou melhor ir ao banheiro para lavar o rosto e despertar da maneira correta.  “O que aconteceu?” ela perguntou assim que achou Eileen e Luc no meio da confusão que se instalou sala comunal. Em um sofá, cinco garotos se espremiam. Um, ligeiramente mais gordo, parecia abalado. Ele deveria ser Rosier...

“Rosier e Lestrange saíram para fazer só Merlin sabe o quê.” Eileen explicou, calma novamente. “Rosier disse que Lestrange achava que estava sendo seguido... Daí Rosier entrou na sala comunal, mas Lestrange tinha se distraído com alguma coisa na armadura que estava aqui em frente. E então ele só escutou o barulho de alguma coisa pesada caindo... E ele saiu para o corredor de novo. E pronto. Lestrange já era uma estátua no chão.”

“Tom foi chamar o Diretor.” Luc emendou, orgulhosa. “Como o bom monitor que ele é.”

Hermione franziu o cenho. “E ele foi sozinho?”

“Acho que sim.” Luc respondeu, olhando ao redor. “A monitora está aqui...”

Se Hermione realmente não estivesse sem seu passado – duvidava fortemente que estava – então ele não sabia do basilisco.


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Notas finais do capítulo

Ignatius Prewett, para os que não sabem, é tio da Molly. Só que ele teoricamente ele não era contra as Artes das Trevas, porque está presente na Árvore Genealógica dos Black.
Pois é. Outro capítulo, e Imy, muito obrigado pela recomendação!