Hermione De Cabeça Para Baixo escrita por Saggita


Capítulo 7
Capítulo 7 - Planos sem direção




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“Hermione, onde você está indo?” Hermione pôde ouvir Luc perguntando, enquanto saía da Sala Comunal às pressas.

Hermione julgou estar indo fazer alguma coisa. Sem dúvida, por mais confuso que fosse esse passado em que ela estava a Câmara Secreta e o basilisco ainda existiam. A diferença era saber quem abrira a Câmara, e estava atacando os alunos com o basilisco. Ela não tinha a menor idéia de quem seria se não fosse Tom Riddle. Mas levando em consideração o que estava fazendo, era melhor mesmo que não tivesse palpite algum.

Andou a passos rápidos no caminho mais curto para o escritório do Diretor que sabia. Bem adiante no corredor, Dumbledore e Tom Riddle conversavam. Estavam muito longe para distinguir se amigavelmente ou não. Os passos de Hermione se tornaram cautelosos e silenciosos, e ela se escondeu atrás de outra armadura, perto o suficiente para escutar o que os dois diziam.

“Tsc, tsc...” Dumbledore dizia. “Um monitor andando tarde da noite nos corredores. Que vergonha...”

“Caso o senhor não saiba, Professor Dumbledore...” Tom Riddle nem se preocupava em não soar irritado. “Um aluno foi atacado na porta da nossa sala comunal. Se não se importa, eu gostaria de avisar o Diretor sobre o assunto. Não tenho tempo para jogar conversa fora.”

“A título de curiosidade, Sr. Riddle, quem foi atacado?”

“Lestrange.”

Dumbledore girou nos calcanhares, e saiu andando por outro corredor, perpendicular aquele que Tom Riddle e Hermione estavam. Tom Riddle continuou parado, esperando Dumbledore ir embora. Hermione esticou mais o pescoço, para ver melhor quando ele começasse a andar novamente. Não sabia exatamente se deveria falar com ele e alertá-lo do basilisco ou segui-lo...

Mas então, ele olhou para trás e virou a cabeça para a direita, como se duvidasse do que estava vendo. Hermione tentou se esconder novamente, mas em vão. Tom Riddle já vinha caminhando em sua direção, e parou atrás da armadura no qual Hermione se escondia. “Srta. Granger...? Por que não está na sala comunal?”

“Por que...” murmurou ela. Talvez o plano não fosse tão bem arquitetado quanto parecia em sua mente quando saiu da sala comunal... “Porque eu estava imaginando se...”

Tom Riddle ergueu uma sobrancelha. “Se...?”

Ele parecia mais estar se divertindo do que realmente pensando em tirar alguns pontos da Grifinória pela infração que Hermione cometera, com a melhor das intenções, por mais absurdo que parecesse. O problema era que ela não podia contar quais intenções eram essas.

“Se você tem alguma idéia do que anda atacando essas pessoas. Eu... Nunca ouvi a lenda da Câmara Secreta.” Hermione disse aos borbotões, finalmente achando uma mentira – mesmo que quase insatisfatória.

Tom Riddle apenas lhe sorriu, parecendo um tanto confuso. “Imagino que não tenha. Não é daqui... Mas, veja, eu realmente tenho que me apressar e ir falar com o Diretor. Volte para a sala comunal, por favor, e amanhã vá à biblioteca e pegue um exemplar de Hogwarts, uma História. Vai encontrar a lenda. Se me der licença...”

Tom andou para o escritório do diretor com uma expressão cética em seu rosto durante toda a caminhada. Ele sabia muito bem que Hermione não se sentia exatamente confortável com ele – não foi tão difícil assim de observar isso – mas se assim fosse, por que ela o seguiu até ali?

Ela estava, certamente, esperando encontrá-lo. Mesmo que aparentemente ela não estava esperando que Tom a encontrasse, pelo visto. Ela sabia da lenda da Câmara Secreta. Por que segui-lo? Era possível que ela ainda achasse que Tom fosse o Herdeiro da Sonserina...?  Era algo que ele tinha de saber.

Não passou muito tempo pensando em como iria saber disso, porém. Outra coisa que ele sabia sobre Hermione, é que Abraxas estava pessoalmente tomando conta dela. Talvez Abraxas soubesse de alguma coisa, e se ele soubesse, era mais do que óbvio que iria ajudar.

O mistério da Câmara Secreta não era a única coisa que vagueava pela sua mente aquela noite. Dumbledore também fazia surgir vários pontos de interrogação. Ele era um bruxo poderosíssimo, parceiro de Grindelwald – isso não era segredo para ninguém – e ainda assim, manipulou o Ministério para que pudesse ensinar, e claro, espiar em Hogwarts. Por que ele estava fazendo isso? Qual era o seu objetivo final...?

 As reflexões de Tom foram interrompidas pela visão da gárgula que guardava a escada, que por sua vez levava ao escritório do diretor.

Tom bateu levemente na porta do escritório com os nós dos dedos.

“Pode entrar, pode entrar...” ele escutou a voz fraca do Diretor dizer. Dippet era um homem velho, muito velho, e o sono já lhe faltava. Não era tão difícil assim encontrá-lo acordado durante a noite. O Diretor enrolava um pergaminho quanto Tom adentrou a sala.

“Temo que não trago boas notícias, Diretor.” Tom disse. “Outro aluno foi atacado.”

Dippet esfregou as rugas da testa, os dedos trêmulos. “Estou lhe dizendo, Tom, Hogwarts vai fechar antes de um piscar de olhos.” Um fraco sorriso. “Fechar o castelo não irá resolver o problema, mas estou velho demais para que a minha voz seja escutada pelo Ministério.”

De fato. Fechar Hogwarts somente deixaria toda a jovem população bruxa da Grã-Bretanha sem educação mágica, e isso era potencialmente perigoso no caso de nascidos trouxas... Tom tinha uma idéia sobre o quê vinha atacando os alunos: as duas únicas criaturas capazes de transformar pessoas em pedra eram a própria Medusa e um basilisco.

A primeira opção dificilmente fazia sentido – Medusa sem dúvida existiu um dia, mas já fora a muito morta. Sem mencionar que Salazar teria grandes problemas em mantê-la lacrada em uma Câmara durante séculos, e que nada podia controlá-la... A não ser que Salazar fosse muito mais poderoso que todos julgavam.

O basilisco, no entanto, fazia muito mais sentido. Um basilisco, sim, poderia ser mantido em uma Câmara por séculos, e Tom, sendo um ofidioglota, podia escutar, de vez em quando, alguma coisa sibilando nas paredes de Hogwarts. No primeiro momento, ele descartou o que ouvia, mas agora parecia uma peça importante do quebra-cabeça. No entanto, onde estava a Câmara Secreta? E como iria destruir o basilisco?

Hermione pensava mais ou menos o mesmo. Ainda que não soubesse quem era o herdeiro de Slytherin, e se realmente estava no seu passado ou não, era certo que não ia deixar o basilisco atacar mais alguém. Logo alguém iria morrer – Hermione estava incerta se ia ser a Murta que Geme – e isso precisava ter um fim.

Só que para ela, pensar nisso era doloroso... Harry tinha eliminado o basilisco com a espada da Grifinória. Hermione se questionava se a espada ia ser útil para alguma coisa... De qualquer forma, um feitiço que ultrapassasse as escamas de um basilisco teria que ser bem forte. E ela duvidava que pudesse achar e executar tal feitiço com sucesso. Teria que ser com a espada, então, mas como pegaria o Chapéu Seletor...? E como, exatamente, iria matar o monstro só com uma espada?

Se Abraxas foi bastante receptivo com a teoria maluca de Hermione, ela sabia que propor matar o basilisco com uma espada era uma sugestão muito mais insana do que ele acharia saudável.

O restante da noite se arrastou lentamente, trazendo Hermione para um espiral de tristeza. Frustrada porque não conseguia pensar em nenhum plano, mesmo que não quisesse, ela se punha a sentir saudades do que tinha deixado para trás, ainda que a sua condição presente não fosse tão ruim assim. Tinha Luc, e Eileen, e Abraxas... Talvez Hermione ainda sentisse certas dúvidas sobre ele, mas ele era uma boa companhia.

Porém, o que ela realmente queria era voltar para casa... Seria ela capaz de contar a Dippet a sua idéia? Dippet acreditaria? Será que poderia algum dia voltar para casa? E quando esse dia chegasse, que idade ela teria...? Não podia fingir que só retornasse quando tivesse quarenta anos, as coisas iam continuar do mesmo jeito. Claro que não iam...

Hermione enterrou a cabeça entre as mãos, no café da manhã, não disfarçando muito bem que estava se sentindo mal.

“Que foi?” Luc perguntou.

“Saudades de casa?” Eileen disse, como se estivesse continuando a pergunta de Luc.

“É, é... Acho que sim.” Hermione concordou fracamente. Não muito longe dali, estava sentado Tom Riddle, e ela sabia que ele estava observando-a discretamente. Claro que estava. “Vou pegar meus livros para a aula de Transfiguração.”

Hermione esperava que Luc e Eileen entendessem que precisava ficar sozinha. Só apareceu para a aula de Transfiguração, tendo como professora uma bem jovem Professora McGonagall. Hermione não pode deixar de olhar para a mesa dos professores de vez em quando na hora do almoço, para ver como McGonagall se comportava.

A jovem professora parecia bem próxima de Dumbledore.


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Notas finais do capítulo

Nada a acrescentar hoje... Acho.