Num lugar escuro, iluminado somente pela luz do luar estava um bebê, chorando ao relento, coberto apenas por um manto fino.

-Shh.. vai ficar tudo bem – uma mulher estranha, que estava encapuzada disse carinhosamente enquanto desenhava alguns símbolos em volta da pedra onde o bebê se encontrava.

Aos poucos o desenho foi ficando mais elaborado, e a mulher deu um beijo na testa da criança antes de começar a recitar palavras estranhas, que mais pareciam latim.

- Vita, dimensiones.. spiritus – a mulher repetia incansavelmente.

Abri meus olhos, encarando o teto enquanto o sol batia em meu rosto.

Pisquei algumas vezes antes de levantar da cama, tentando afastar aquele estranho sonho da minha mente e fui em direção ao banheiro. Tomei um banho rápido, dei uma penteada básica em meu cabelo, e quando estava escovando os dentes escutei a campainha tocar.

Terminei rapidamente de escovar os dentes, coloquei uma roupa apresentável – mais especificamente, um vestido azul. – e desci as escadas, vendo Ric na porta de casa, falando com alguém.

-Bom dia – disse me aproximando, vendo Liz Forbes – mãe de Caroline – falando em um tom preocupado com Alaric.

-Bom dia Elena – Liz disse, sendo acompanhada por Alaric logo em seguida.

-Está tudo bem? – perguntei, o que traria a Xerife até aqui?

-Hã.. estamos prestes a ter uma conversa incomum, então se puderem me ajudar nela.. – ela disse, assenti.

-Sabem que Melanie Walters, membro do conselho foi assassinada há dois dias.. – Ela começou mas foi interrompida por Alaric.

-Sim, ela era amiga de Meredith, por quê? – ele respondeu, de repente me lembrei dos assassinatos que ocorriam pelo meio da temporada. Assassinatos os quais Alaric havia cometido.

Mas eu não havia o impedido de morrer duas ou três vezes? Ele não poderia ser o assassino.. poderia? (Aliás, desde quando Alaric estava andando com Meredith?)

-Estivemos investigando.. Alguém a matou com esta estaca – ela disse e mostrou uma estaca ensanguentada, envolta em um saco de plástico típico de séries policiais, onde os mesmos guardavam provas.

-É uma das nossas.. – Alaric disse pegando a estaca das mãos de Liz e analisando-a.

-Ela pertence ao conjunto da casa de seus pais – ele completou se referindo aos pais de Elena.

-É por isso que estou aqui, ainda não contei a ninguém, mas a perícia checou e só achou uma digital limpa.. A sua – ela disse virando-se em minha direção.

-O que? – perguntei assustada. Eu não tinha matado ninguém!

-Não se preocupe Elena, não estou desconfiando de você.. Só queria entender como a estaca foi parar nas mãos do assassino – Liz disse me tranquilizando um pouco, pois no fundo eu estava com muito medo de que Alaric tivesse matado a tal de Melanie.

-Eu não tenho ideia de quem possa ter pegado a estaca – respondi e vi Alaric assentir ao meu lado.

-Qualquer informação é só avisar, farei o mesmo caso eu tenha mais informações – Liz disse dando um meio sorriso simpático.

-Obrigado pela preocupação Xerife – Alaric disse e nos despedimos da Xerife, que nos desejou um bom dia e foi embora. Olhei para Alaric preocupada e fomos para a cozinha comer o café da manhã. Ficamos calados o café da manhã todo, eu pensando no que eu havia feito de errado, e Alaric provavelmente no que poderia ter acontecido para as estacas sumirem dessa maneira.

-Quem é Meredith? – perguntei com uma falsa curiosidade, logo após terminar de comer o último pedaço da panqueca. Eu já sabia quem ela era, mas até agora não havia falado e nem ouvido falar dela por aqui.

-Ela é médica aqui na cidade.. – ele começou a falar e logo eu já estava bem inteirada sobre ela – inclusive de que ela já havia estado aqui em casa uma vez ou outra com Alaric -.

De repente uma música barulhenta começou a sair do celular de Ric e logo ele já estava explicando toda a situação para Damon, que escutei uma vez ou outra falando “Meredith” e “Elena” no outro lado da linha.

Em pouco tempo a conversa acabou e eu estava novamente em meu quarto, sem nada para fazer e sem ninguém pra sair comigo – pelo o que eu soube Caroline estava com o pai dela, que havia sido internado depois de quase morrer por ataque de animal (mais especificamente, lobisomem.), Bonnie estava com sua mãe tentando abrir o caixão lacrado e Damon... Bem, eu não sabia o que ele iria fazer o dia todo, mas também não iria perguntar -.

Resolvi procurar por Jeremy, eu não o via há algum tempo e como “irmã” dele eu acho que eu tinha que saber por onde ele andava. O achei no quarto dele, de frente para o computador. Observei-o por algum tempo antes de resolver ir ao Mystic Grill.

Me arrumei rapidamente, vesti uma blusa branca com estampa, um casaco e uma calça jeans. Quando estava de saída avistei Jeremy na cozinha, comendo o que parecia ser um sanduíche.

-Saindo? – Jeremy perguntou antes de dar mais uma mordida no pão.

-Yeap, indo para o Grill. Quer vir junto? – perguntei pegando a chave de casa e colocando na bolsa.

-Não posso... Preciso terminar algumas coisas aqui. – ele respondeu simpático.

-Ah, ok. Tchau então. – disse dando um sorriso e abrindo a porta, escutei um “tchau” baixinho antes de fechá-la. Em alguns minutos eu estava no Mystic Grill, sentada em uma mesa no fundo do bar.

Suspirei admirando o local, era difícil acreditar que tudo isso estava acontecendo, no fundo eu ainda achava que tudo isso era um sonho e que eu iria acordar a qualquer momento.

-Elena? – escutei a voz de Matt logo atrás de mim, virei-me sorridente encarando seus olhos azuis.

-Matt! – disse me levantando para cumprimenta-lo.

-Tudo bem? – ele perguntou simpático.

-Ahn. Na medida do possível. – respondi. Com Stefan “rippah*”, problemas com Klaus, e um conflito interno de “conto ou não conto que não sou a Elena” eu não poderia falar que estava tudo as mil maravilhas – apesar de eu estar bem feliz de estar aqui -.

-E com você? – perguntei antes que ele dissesse mais alguma coisa.

-Tudo indo também. – ele deu um meio sorriso desanimado.

...

Após umas boas horas conversando sobre diversos assuntos – incluindo vampiros, dopplegangers, Klaus, irmãos Salvatore e híbridos -, jogando sinuca e comendo a boa comida do Grill, eu e Matt resolvemos ir para casa – até por que á estava no final da tarde -.

Conversamos mais um pouco enquanto andávamos pelas ruas da cidade – é, ele estava me acompanhando até em casa - e logo estávamos em minha casa. Peguei as chaves em minha bolsa e abri a porta. O plano era eu abrir a porta, me despedir de Matt e entrar em casa, mas o que vi ao abrir a porta com certeza não me deixaria fazer isso.  

-Ric! –